sábado, 30 de novembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Esgoto sem tratamento inundou ruas de um bairro do sul da Cidade de Gaza
nos últimos dias, ameaçando provocar um desastre de saúde pública,
depois que a escassez de energia elétrica e do diesel barato que vinha
do Egito ter levado o governo do Hamas a fechar a única usina de geração
de energia elétrica de Gaza, provocando a inundação de uma estação de
bombeamento.
Mais três estações de tratamento de esgoto da Cidade de Gaza e outras 10 situadas em várias localidades da Faixa de Gaza estão quase transbordando, disseram as autoridades sanitárias locais, e 3,5 milhões de metros cúbicos de esgoto não tratado estão têm vazado para o Mar Mediterrâneo diariamente. Em breve, é possível que o departamento de saneamento não seja mais capaz de bombear água potável para as residências dos moradores de Gaza.
"Cada dia que passa sem uma solução para esse problema tem efeitos desastrosos", Farid Ashour, diretor de saneamento da Empresa de Tratamento de Água dos Municípios Costeiros de Gaza, disse em entrevista concedida na última terça-feira. "Nós ainda não enfrentamos uma situação tão perigosa quanto a atual".
A crise do esgoto é a mais grave de uma série de problemas que tem afetado Gaza desde que o movimento islâmico Hamas, que governa o território, desligou a usina de geração de energia em 1º de novembro passado, quatro meses depois de o novo governo do Egito, apoiado pelos militares, ter fechado os túneis por onde passava contrabando e que eram usados para o transporte de aproximadamente um milhão de litros de diesel para Gaza todos os dias. O Hamas se recusou a importar diesel israelense devido aos impostos cobrados pela Autoridade Palestina.
Depois de ter se acostumado a anos de apagões programados, quando geralmente a população ficava oito horas sem eletricidade em dois de cada três dias, o 1,7 milhão de habitantes de Gaza estão atualmente enfrentando quedas de energia diárias de 12 ou até mesmo 18 horas.
As empresas locais reduziram sua produção, os hospitais estão racionando energia elétrica para manter os sistemas de hemodiálise e suporte cardíaco em funcionamento, os estudantes estão fazendo pesquisa na internet no meio da madrugada e as vendas de baterias estão aceleradas. Em toda parte, o zumbido dos geradores se mistura com o odor das lâmpadas de querosene.
Nema Hamad, que tem 64 anos e sofre de apneia do sono, tem se esforçado para não sufocar. Em algumas noites, seus filhos conectam fios improvisados a casas de vizinhos que têm energia elétrica para manter a máscara respiradora a pressão de Hamad funcionando. Em três ocasiões, eles pagaram US$ 100 para que Hamad dormisse em um hospital particular. Certa vez, ela acordou com falta de ar quando a energia elétrica caiu de forma inesperada e correu para a rua, buscando desesperadamente por oxigênio.
"Isso não é vida", diz Hamad sentada em um colchão, iluminada pela fraca luz de velas. "Às vezes, eu temo seja a última vez que vou me deitar para dormir". Gaza necessita da 400 megawatts de energia elétrica por dia para manter as luzes acesas em tempo integral, de acordo com a autoridade do setor de energia, administrada pelo Hamas. Durante décadas, o território comprou 120 megawatts de Israel por meio de cabos diretos. Durante a presidência de Mursi no Egito, que durou um ano e cuja Irmandade Muçulmana gerou o Hamas, Gaza recebia 30 megawatts diretamente do Egito, além de diesel suficiente através dos túneis de contrabando para gerar 85 megawatts por meio de sua usina geradora de energia.
A usina, inaugurada em 2002, era capaz de produzir até 140 megawatts por dia antes de Israel bombardeá-la após o sequestro, em 2006, do soldado israelense Gilad Shalit. Depois disso, a geradora ficou ociosa durante sete meses e nunca mais voltou a funcionar a plena capacidade.
Mas as autoridades do Hamas dizem que a escassez generalizada de energia elétrica piorou, passando de 40% antes Mursi ser deposto para 65% atualmente – e vai aumentar ainda mais à medida que o inverno se aproximar.
Por isso, Omar al-Khouli cortou pela metade a produção de pão de sua padaria aqui de Gaza. Ele liga um gerador quando a eletricidade acaba apenas para poder terminar a fornada de pães que está assando. Ele pretende começar a fechar sua loja durante a manhã, quando não há eletricidade.
"Eu culpo Israel, o governo de Ramallah e o Hamas pela crise", disse al-Khouli, referindo-se à sede da Autoridade Palestina. "Eles deveriam trabalhar juntos e encontrar uma solução para isso, pois são as pessoas que estão pagando o preço".
Algumas pessoas compraram caros inversores fabricados na China que fornecem corrente suficiente para acender uma lâmpada ou duas e para recarregar celulares.
Yasmeen Ayyoub, estudante de psicologia da Universidade Islâmica de Gaza, disse que quando falta energia durante o dia, ela é obrigada a estudar entre a meia-noite e as 6 horas da manhã "às custa das minhas horas de sono".
E no bairro de Sabra, perto da estação de bombeamento Zeitoun, que inundou três vezes desde domingo, o cheiro de esgoto pairava sobre as poças de água parada nas ruas. Os mosquitos eram abundantes e, segundo os moradores, seus filhos estavam vomitando e sofrendo de diarreia.
"Todos os dias, nós ligamos para a empresa de energia elétrica e eles dizem, 'Não é nossa responsabilidade'", reclamou Thabet Khatab, dono de mercearia de 56 anos que estava ocupado empilhando sujeira em frente de sua casa para evitar que o esgoto entrasse no interior de seus estabelecimento um segunda vez. "Nós ligamos para o município, mas eles dizem: 'Traga diesel para que nós possamos colocar o gerador da estação de bombeamento para funcionar".
A vizinha de Khatab, Nahla Quzat, mãe de oito filhos, disse: "Eles dizem que não há diesel para o gerador, mas os carros do governo não parecem estar sofrendo de escassez de diesel".
Mais três estações de tratamento de esgoto da Cidade de Gaza e outras 10 situadas em várias localidades da Faixa de Gaza estão quase transbordando, disseram as autoridades sanitárias locais, e 3,5 milhões de metros cúbicos de esgoto não tratado estão têm vazado para o Mar Mediterrâneo diariamente. Em breve, é possível que o departamento de saneamento não seja mais capaz de bombear água potável para as residências dos moradores de Gaza.
"Cada dia que passa sem uma solução para esse problema tem efeitos desastrosos", Farid Ashour, diretor de saneamento da Empresa de Tratamento de Água dos Municípios Costeiros de Gaza, disse em entrevista concedida na última terça-feira. "Nós ainda não enfrentamos uma situação tão perigosa quanto a atual".
A crise do esgoto é a mais grave de uma série de problemas que tem afetado Gaza desde que o movimento islâmico Hamas, que governa o território, desligou a usina de geração de energia em 1º de novembro passado, quatro meses depois de o novo governo do Egito, apoiado pelos militares, ter fechado os túneis por onde passava contrabando e que eram usados para o transporte de aproximadamente um milhão de litros de diesel para Gaza todos os dias. O Hamas se recusou a importar diesel israelense devido aos impostos cobrados pela Autoridade Palestina.
Depois de ter se acostumado a anos de apagões programados, quando geralmente a população ficava oito horas sem eletricidade em dois de cada três dias, o 1,7 milhão de habitantes de Gaza estão atualmente enfrentando quedas de energia diárias de 12 ou até mesmo 18 horas.
As empresas locais reduziram sua produção, os hospitais estão racionando energia elétrica para manter os sistemas de hemodiálise e suporte cardíaco em funcionamento, os estudantes estão fazendo pesquisa na internet no meio da madrugada e as vendas de baterias estão aceleradas. Em toda parte, o zumbido dos geradores se mistura com o odor das lâmpadas de querosene.
Nema Hamad, que tem 64 anos e sofre de apneia do sono, tem se esforçado para não sufocar. Em algumas noites, seus filhos conectam fios improvisados a casas de vizinhos que têm energia elétrica para manter a máscara respiradora a pressão de Hamad funcionando. Em três ocasiões, eles pagaram US$ 100 para que Hamad dormisse em um hospital particular. Certa vez, ela acordou com falta de ar quando a energia elétrica caiu de forma inesperada e correu para a rua, buscando desesperadamente por oxigênio.
"Isso não é vida", diz Hamad sentada em um colchão, iluminada pela fraca luz de velas. "Às vezes, eu temo seja a última vez que vou me deitar para dormir". Gaza necessita da 400 megawatts de energia elétrica por dia para manter as luzes acesas em tempo integral, de acordo com a autoridade do setor de energia, administrada pelo Hamas. Durante décadas, o território comprou 120 megawatts de Israel por meio de cabos diretos. Durante a presidência de Mursi no Egito, que durou um ano e cuja Irmandade Muçulmana gerou o Hamas, Gaza recebia 30 megawatts diretamente do Egito, além de diesel suficiente através dos túneis de contrabando para gerar 85 megawatts por meio de sua usina geradora de energia.
A usina, inaugurada em 2002, era capaz de produzir até 140 megawatts por dia antes de Israel bombardeá-la após o sequestro, em 2006, do soldado israelense Gilad Shalit. Depois disso, a geradora ficou ociosa durante sete meses e nunca mais voltou a funcionar a plena capacidade.
Mas as autoridades do Hamas dizem que a escassez generalizada de energia elétrica piorou, passando de 40% antes Mursi ser deposto para 65% atualmente – e vai aumentar ainda mais à medida que o inverno se aproximar.
Por isso, Omar al-Khouli cortou pela metade a produção de pão de sua padaria aqui de Gaza. Ele liga um gerador quando a eletricidade acaba apenas para poder terminar a fornada de pães que está assando. Ele pretende começar a fechar sua loja durante a manhã, quando não há eletricidade.
"Eu culpo Israel, o governo de Ramallah e o Hamas pela crise", disse al-Khouli, referindo-se à sede da Autoridade Palestina. "Eles deveriam trabalhar juntos e encontrar uma solução para isso, pois são as pessoas que estão pagando o preço".
Algumas pessoas compraram caros inversores fabricados na China que fornecem corrente suficiente para acender uma lâmpada ou duas e para recarregar celulares.
Yasmeen Ayyoub, estudante de psicologia da Universidade Islâmica de Gaza, disse que quando falta energia durante o dia, ela é obrigada a estudar entre a meia-noite e as 6 horas da manhã "às custa das minhas horas de sono".
E no bairro de Sabra, perto da estação de bombeamento Zeitoun, que inundou três vezes desde domingo, o cheiro de esgoto pairava sobre as poças de água parada nas ruas. Os mosquitos eram abundantes e, segundo os moradores, seus filhos estavam vomitando e sofrendo de diarreia.
"Todos os dias, nós ligamos para a empresa de energia elétrica e eles dizem, 'Não é nossa responsabilidade'", reclamou Thabet Khatab, dono de mercearia de 56 anos que estava ocupado empilhando sujeira em frente de sua casa para evitar que o esgoto entrasse no interior de seus estabelecimento um segunda vez. "Nós ligamos para o município, mas eles dizem: 'Traga diesel para que nós possamos colocar o gerador da estação de bombeamento para funcionar".
A vizinha de Khatab, Nahla Quzat, mãe de oito filhos, disse: "Eles dizem que não há diesel para o gerador, mas os carros do governo não parecem estar sofrendo de escassez de diesel".
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, falou nesta segunda-feira
sobre a nova zona de defesa antiaérea e de identificação obrigatória de
aeronaves da China, anunciada neste sábado. A área inclui uma cadeia de
ilhas também reivindicadas pelo Japão, o que levou Tóquio a protestar
contra a medida. De acordo com Abe, a alteração da zona de defesa aérea
da China é inaceitável e agrava uma situação que já é tensa entre os
países.
"As medidas chinesas não têm nenhuma validade sobre o Japão e exigimos
que a China revogue quaisquer ações que poderiam infringir a liberdade
de voo no espaço aéreo internacional", afirmou Abe durante uma sessão da
Câmara Alta japonesa. O primeiro-ministro disse ainda que as medidas
impõem regras definidas pelo exército chinês e violam a liberdade de
voar acima do mar aberto, um direito assegurado por lei internacional.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, chamou o
movimento chinês de "tentativa de desestabilização na região". "Esta
ação unilateral aumenta o risco de mal-entendidos e erros de cálculo",
disse Hagel em um comunicado. "O anúncio por parte da República Popular
da China não vai alterar a forma como os Estados Unidos conduzem
operações militares na região", acrescentou.
Yang Yujun, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional da China,
disse que a reação do Japão foi "absolutamente infundada e inaceitável".
"Exigimos fortemente que o lado japonês suspenda todos os movimentos
que minam a soberania territorial da China, bem como observações
irresponsáveis que desencaminham opiniões internacionais e criam
tensões regionais", disse Yang. O porta-voz também pediu que os EUA
"respeitem a segurança nacional da China e parem de fazer comentários
irresponsáveis sobre o Mar da China Oriental e a zona de defesa aérea
da chinesa".
As Ilhas Senkaku – chamadas de Diaoyu
pelos chineses – estão situadas no Mar da China Oriental, a 200
quilômetros a nordeste da costa de Taiwan – que também reivindica o
arquipélago – e 400 quilômetros a oeste de Okinawa, no sul do Japão.
As relações entre Japão e China passam por uma crise devido à disputa
pelas ilhas. Em setembro de 2012, o Japão comprou o arquipélago de
proprietário japonês, o que provocou a ira de Pequim e motivou violentos
protestos em várias cidades da China.
O desabitado arquipélago Senkaku/Diaoyu é composto por cinco ilhotas e
três rochas. A área é importante rota e habitat de cardumes e por isso é
frequentada por navios pesqueiros do Japão. Acredita-se, além disso,
que a região na qual se encontram as ilhas possa abrigar grandes
reservas de gás.
O Irã e um grupo de seis potências mundiais chegaram
neste domingo a um acordo para que o governo iraniano reduza suas
atividades nucleares em troca de um alívio nas sanções internacionais
contra o país.
O acordo, conseguido após quatro dias de
negociações em Genebra, na Suíça, prevê que o Irã permita o acesso de
inspetores nucleares ao país e suspenda parte de seu programa de
enriquecimento de urânio.
Em troca, parte das sanções adotadas
contra o país ao longo dos últimos anos serão suspensas, permitindo um
alívio estimado em US$ 7 bilhões ao Irã.
As negociações em Genebra tiveram a participação
dos chanceleres do Irã e do grupo P5+1, formado pelos cinco membros
permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França,
Rússia, China e Grã-Bretanha), mais a Alemanha.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
elogiou o acordo, dizendo que ele inclui "limitações substanciosas que
impedirão o Irã de construir uma arma nuclear".
Ele afirmou, porém, que se o Irã não mantiver
seus compromissos, "suspenderemos o alívio (das sanções) e reforçaremos a
pressão".
O acordo deste domingo vale por seis meses, e depois disso se buscará um acerto permanente.
Em pronunciamento à TV, o presidente do Irã,
Hassan Rouhani, afirmou que seu país nunca teve como objetivo
desenvolver armas nucleares e que nunca o fará.
Segundo ele, o acordo em Genebra "reconheceu os
direitos do Irã a um programa nuclear" e afirmou que as atividades
nucleares do país seguirão iguais.
O governo do Irã afirma que seu programa tem
fins pacíficos, para a produção de energia, mas as potências ocidentais,
lideradas pelos Estados Unidos, acusavam Teerã de tentar construir
armas atômicas.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John
Kerry, afirmou que o acordo tornará a região do Oriente Médio mais
segura para os aliados dos americanos, incluindo Israel.
Mas o governo israelense chamou o acordo de "erro histórico" e disse que Israel não se sentia limitado por ele.
"Esse é um acordo ruim, que dá ao Irã o que o
país queria: uma suspensão parcial das sanções, ao mesmo tempo mantendo
uma parte essencial de seu programa nuclear", disse um comunicado
divulgado pelo governo do premiê Biniyamin Netanyahu.
A tensão forçou Obama a telefonar para
Netanyahu, na tarde de domingo, para dizer que Israel será ouvido nas
negociações do acordo permanente.
Acordo foi atingido poucos meses após a eleição do moderado Rouhani à Presidência do Irã
O acordo deste domingo foi alcançado apenas
cinco meses após a eleição do presidente iraniano Hassan Rouhani -
considerado moderado -, para substituir o linha-dura Mahmoud
Ahmadinejad.
No final de setembro, Rouhani e Obama
conversaram por telefone, no primeiro contato direto entre os líderes do
Irã e dos Estados Unidos desde a Revolução Islâmica de 1979.
Rouhani afirmou que o acordo nuclear poderia "abrir novos horizontes".
Segundo fontes envolvidas nas negociações,
representantes dos Estados Unidos e do Irã tiveram negociações secretas
ao longo do último ano, sobre as quais nem mesmo os aliados americanos
foram informados.
Os detalhes do pacto ainda não foram divulgados, mas os negociadores indicaram as suas linhas gerais:
- O Irã interromperá o enriquecimento de urânio
além de 5%, o nível no qual pode ser usado para desenvolvimento de
armamentos, e reduzirá seu estoque de urânio enriquecido além desse
ponto.
- O Irã permitirá um maior acesso a inspetores, incluindo acesso diário nas usinas nucleares de Natanz e Fordo.
- Em troca, não haverá mais sanções relacionadas ao programa nuclear por um período de seis meses.
- Também haverá um alívio estimado em US$ 7 bilhões nas sanções ao Irã em outros setores, incluindo o de metais preciosos.
O chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif,
afirmou que o acordo é uma oportunidade para "a remoção de qualquer
dúvida sobre a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear
iraniano".
Mas ele insistiu que o Irã não havia abdicado de seu direito de enriquecer urânio.
"Acreditamos que o acordo atual, ou o atual
plano de ação, como chamamos, tem em dois lugares distintos uma clara
referência ao fato de que o programa de enriquecimento nuclear iraniano
poderá continuar e será parte de qualquer acordo, agora e no futuro",
disse.
O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, disse que o acordo significava "boas notícias para todo o mundo".
Entre congressistas dos EUA, o acordo provocou
reações diversas. Alguns - democratas e republicanos - afirmaram que o
acerto favorece o Irã.
O secretário John Kerry pediu, porém, que o
Congresso americano não aprove nenhuma sanção contra o Irã durante a
vigência do acordo interino.
sábado, 16 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
O governo da China vai relaxar sua política de filho único, iniciada em 1979, anunciou a mídia estatal nesta sexta-feira (15).
Também foram anunciados a redução da aplicação da pena de morte e o fim do sistema de "reeducação através do trabalho".
Após uma importante reunião plenária, que terminou na terça-feira, o
PCC também anunciou mais facilidades para o investimento privado, em uma
tentativa de manter o ritmo de crescimento da economia chinesa.
As novidades foram reveladas pela agência de notícias oficial Xinhua.
Os anúncios constam de um gigantesco documento de 22 mil palavras
divulgado pela agência, três dias depois da conclusão da terceira
plenária do Partido Comunista.
O mundo aguardava com expectativa o encontro. As duas primeiras sessões
plenárias após um congresso do partido servem tradicionalmente para
designar os dirigentes do PCC e do Estado, enquanto a terceira fixa as
grandes linhas políticas e econômicas. Em 1978, em uma ocasião como
esta, Deng Xiaoping estimulou a liberalização da economia chinesa.
A abolição do sistema de "reeducação através do trabalho", que permite
enviar pessoas a campos por simples decisão policial, é parte dos
esforços para melhorar os direitos humanos e as práticas judiciais no
país, destacou a agência, que também informou que Pequim reduzirá "por
etapas" o número de crimes que podem ser punidos com a pena de morte.
O sistema de campos de reeducação através do trabalho (laojiao em
chinês) é utilizado pela polícia contra os delinquentes e pelas
autoridades locais para afastar alguém incômodo.
Por simples decisão policial, este sistema permite enviar a campos de
reeducação pessoas por até quatro anos, sem um julgamento.
O fundador da China comunista, Mao Tsé-Tung, introduziu em 1957 os campos de reeducação para punir os delitos menores.
Segundo um relatório da ONU publicado em 2009, quase 190 mil pessoas estavam detidas neste tipo de campo na China.
Nos últimos anos, os pedidos por uma reforma ou fim do sistema ganharam
força, sobretudo depois da polêmica provocada por alguns casos
divulgados pela imprensa.
A China também flexibilizará um pouco mais a política de controle da
natalidade, conhecida como "filho único", iniciada em 1979, segundo o
documento.
Os casais nos quais um dos integrantes é filho único estarão
autorizados a ter dois filhos, afirmou a agência estatal, que menciona
uma "reforma muito importante".
Atualmente, a legislação chinesa proíbe os casais de ter mais de um
filho, mas existem exceções para os casais nos quais os dois membros são
filhos únicos.
"A política de natalidade será ajustada e vai melhorar progressivamente
para promover o crescimento equilibrado a longo prazo da população da
China", afirma a Xinhua, ao mencionar a decisão adotada nesta semana
pelos dirigentes do Partido.
Apesar dos muitos pedidos para flexibilizar as regras de planejamento
familiar, as autoridades chinesas repetiam até agora que a política do
filho único continuava sendo necessária e que um desenvolvimento
demográfico excessivo ameaçaria o crescimento econômico do país.
A China também detalhou nesta sexta-feira as reformas previstas nos
próximos anos para reduzir o controle do Estado sobre a segunda economia
mundial.
Entre os planos revelados no documento figura um aumento dos dividendos
que as empresas públicas pagam ao governo e também um aumento do papel
das companhias privadas na economia.
A partir de 2020, o governo vai cobrar 30% dos lucros obtidos pelas
empresas de capital público, para alimentar os fundos de previdência
social.
Atualmente, as 113 maiores empresas públicas, sob controle direto do
governo central, pagam entre 5% e 20% dos lucros em dividendos ao
Executivo.
A China também permitirá que empresas com capital privado adquiram
participações em projetos financiados pelo governo e a criação de
pequenos bancos privados.
Também promoverá a liberalização das taxas de juros e a conversibilidade da divisa nacional, o iuane.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Folha de São Paulo
13 de Novembro de 2013
Egito é o pior país árabe para as mulheres
País ocupa lanterna em ranking de 22 nações que considera fatores como leis antiestupro e escolaridade feminina
Má colocação egípcia, tal como as de Iêmen e Síria, mostra que Primavera Árabe trouxe poucos avanços
Má colocação egípcia, tal como as de Iêmen e Síria, mostra que Primavera Árabe trouxe poucos avanços
DIOGO BERCITO
DE JERUSALÉM
Três países cuja população saiu às ruas para protestar por liberdade
durante a Primavera Árabe estão entre aqueles que mais desrespeitam os
direitos das mulheres, de acordo com uma pesquisa divulgada ontem pela
Fundação Thomson Reuters.
O Egito ocupa a pior posição (22º) do ranking, que abrange apenas países
de maioria árabe. Síria e Iêmen aparecem respectivamente em 19º e 18º
lugares, com melhores resultados apenas em comparação à Arábia Saudita e
ao Iraque, além do Egito.
Líbia (9º) e Tunísia (6º), por sua vez, tiveram uma melhor avaliação, na
pesquisa que levou em consideração questões como o casamento infantil,
as leis relativas ao estupro e o nível de educação entre as mulheres.
Especialistas ouvidos pela fundação apontam, entre as razões para as
violações aos direitos femininos nesses países, as estruturas políticas
patriarcais e a ascensão de movimentos islamitas ao poder --contrariando
a vocação da insurgência, em que as mulheres tiveram papel fundamental
nas ruas.
A pesquisa foi realizada em agosto e setembro, ouvindo 336 especialistas
em questões de gênero, a partir das recomendações da ONU para a
eliminação da discriminação contra as mulheres.
A má colocação do Egito surpreendeu observadores, especialmente pelo
fato de o país ter registrado pior desempenho do que a Arábia Saudita,
em que mulheres precisam de autorização de um guardião masculino para
seus afazeres e são proibidas de dirigir.
"Esse resultado foi uma surpresa para nós", diz à Folha Monique Villa, diretora-executiva da fundação. "Sabíamos que as coisas estavam difíceis no país, mas não a esse ponto."
A avaliação egípcia foi prejudicada especialmente pelo assédio sexual.
Um relatório recente das Nações Unidas aponta que até 99,3% das mulheres
no Egito estão sujeitas a essa prática.
A situação na Tunísia também surpreendeu, apesar da boa avaliação.
"Antes da revolução, a situação era melhor. As mulheres representavam
parte da vanguarda", afirma Villa.
A melhor colocada na pesquisa da fundação foi Comores, um arquipélago no
oceano Índico. Os resultados nesse país foram positivos, exceto no
quesito "representação política". As mulheres, ali, ocupam apenas 3% dos
assentos no Parlamento. Por outro lado, metade dos prisioneiros no país
foram detidos por agressão sexual.
Esta é a primeira vez em que a Thomson Reuters produz um estudo focado
nas mulheres do mundo árabe. Não há, portanto, comparação com anos
anteriores.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Os leitores chineses da biografia do líder reformista Deng Xiaoping
escrita por Ezra Vogel podem ter sentido falta de alguns detalhes que
constavam na edição inglesa original.
A versão chinesa não mencionava que os jornais chineses haviam recebido
ordens de ignorar a implosão comunista em toda a Europa Oriental no
final dos anos 1980. Nem que o secretário-geral Zhao Ziyang, expurgado
durante a repressão na praça Tiananmen, chorou ao ser colocado sob
prisão domiciliar.
Vogel, professor emérito da Universidade Harvard, disse que a decisão de
permitir que censores chineses mexessem na sua obra representou uma
barganha desagradável, mas necessária, pois graças a ela o livro pôde
alcançar leitores com os quais muitos autores ocidentais só podem
sonhar.
Seu livro, intitulado "Deng Xiaoping and the Transformation of China"
[Deng Xiaoping e a transformação da China], vendeu 30 mil exemplares nos
EUA e 650 mil na China. "Para mim a escolha foi fácil", disse ele.
"Achei melhor ter 90% do livro disponível aqui do que ter zero."
Tais concessões estão se tornando comuns. Com uma população altamente
alfabetizada e faminta por obras de escritores estrangeiros, a China é
uma fonte crescente de faturamento para as editoras americanas. No ano
passado, os lucros dos editores dos EUA com a venda de livros
eletrônicos para a China cresceram 56%, segundo a Associação Americana
de Editores. As editoras chinesas adquiriram mais de 16 mil títulos do
exterior em 2012, frente a 1.664 em 1995.
Em outubro, editores e agentes literários chineses compareceram em peso à
feira do livro de Frankfurt, dando lances para a aquisição de obras de
escritores ocidentais e oferecendo polpudos adiantamentos. A China
também pode ser uma mina de ouro para os direitos autorais. No ano
passado, J.K. Rowling recebeu US$ 2,4 milhões daqui, e Walter Isaacson,
autor da biografia "Steve Jobs", ganhou US$ 804 mil, segundo o "Diário
Metropolitano Huaxi", de Chengdu.
Escritores ocidentais que concordam em submeter seus livros ao
imprevisível regime chinês de censura dizem que a experiência pode ser
irritante.
O romancista Qiu Xiaolong, que vive no Missouri e ambienta seus romances
de mistério em Xangai, disse que os editores chineses que adquiriram os
primeiros três volumes da sua série do inspetor Chen alteraram a
identidade de personagens centrais e reescreveram trechos do enredo que
eles consideraram desabonadores para o Partido Comunista.
De forma ainda mais rude, disse ele, os editores insistiram em eliminar
quaisquer referências a Xangai, substituindo-as por alusões a uma
metrópole chinesa imaginária chamada H, porque entenderam que a
associação com crimes violentos, ainda que fictícia, poderia macular a
imagem da cidade.
Qiu, que escreve em inglês, mas foi criado na China, disse ter aceitado
relutantemente algumas das alterações, mas que outras foram incluídas
depois de ele ter aprovado as traduções que julgava serem definitivas.
"Algumas das mudanças são tão ridículas que tornaram o livro
incoerente", afirmou. Ele disse que se recusou a permitir que seu quarto
romance, "A Case of Two Cities" (Um caso de duas cidades), fosse
lançado na China.
Outros autores também já resistiram. Em 2003, Hillary Clinton determinou
que sua autobiografia, "Vivendo a História", fosse retirada das
prateleiras da China depois de ela ter descoberto que longos trechos
haviam sido eliminados da obra. James Kynge, autor de "A China Sacode o
Mundo", cancelou um contrato no ano passado porque um editor havia
exigido que um capítulo inteiro fosse cortado.
Mas posições como essa, ao que parece, estão se tornando cada vez mais
raras. Muitos autores se dizem divididos entre o seu desejo de proteger
sua obra e a necessidade de ganhar a vida numa era de adiantamentos cada
vez menores. Para outros, trata-se simplesmente de cultivar um público
no país mais populoso do mundo.
Michael Meyer, cujo livro "The Last Days of Old Beijing" (Os últimos
dias da velha Pequim), de 2008, lamenta a destruição do tecido histórico
da cidade, ficou surpreso ao ver que muitas passagens não foram
censuradas. Os editores fizeram alguns cortes previsíveis -incluindo uma
referência à repressão na praça Tiananmen-, além de uma alteração no
título a fim de apresentar o livro como uma carta de amor nostálgica
("Até Mais Ver, Velha Pequim").
Para Meyer, as mudanças mais curiosas foram feitas em relação a duas
mensagens de texto citadas no livro, que foram enviadas ao autor por um
arquiteto de Nova York que participava de uma discussão municipal de
planejamento em uma grande cidade litorânea. A primeira descrevia a
presença de uma moça de braços dados com um homem de meia-idade. A
segunda mensagem anunciava que o homem era o prefeito, e que a mulher
era a sua amante.
domingo, 10 de novembro de 2013
sábado, 9 de novembro de 2013
As guerras, como os empresários reconhecem há séculos, podem ser muito
rentáveis. A prova disso está em exibição aqui, onde meia dúzia de lojas
de suprimentos militares no centro da cidade, perto da fronteira com a
Síria, estão movimentadas, atendendo uma clientela vinda de todo o
Oriente Médio.
Segundo os lojistas, de onde exatamente vêm os clientes, não é da conta deles.
"Olha, nós não perguntamos aos nossos clientes as suas nacionalidades", disse Tayfur Bereketoglu, proprietário de uma loja que leva seu nome. "Mas eles têm longas barbas negras, eles não falam turco, e a realidade é que há uma guerra ao lado. Por que devemos perguntar de onde eles vêm?"
A maioria das pessoas aqui reconhece em privado, porém, que a nova base de clientes consiste de jihadistas estrangeiros, em sua maioria islamitas sunitas radicais que vêm lutar contra o governo alinhado com os xiitas na guerra civil cada vez mais sectária da Síria. Os combatentes estrangeiros, facilmente identificados por suas barbas espessas, entram na Turquia por Istambul, aterrissam no aeroporto de Antakya e deslizam para a Síria, não sem antes fazer algumas compras por aqui.
As lojas atendem as necessidades dos combatentes que vêm à região pela primeira vez ou que estão saindo da Síria para respirar: coletes militares, calças de camuflagem, facas, máscaras contra gases, rosários, bandeiras, geradores solares, telescópios, binóculos, lanternas, sem mencionar lâminas de barbear e shampoo -praticamente tudo, menos armas, que estão esperando por eles na Síria.
Os itens tornaram-se visivelmente mais ricos em qualidade e quantidade nos últimos meses, uma resposta, segundo os lojistas, à entrada de dinheiro em Antakya da Arábia Saudita e do Qatar, que se acredita estarem financiando muitos dos combatentes estrangeiros contra as forças do presidente Bashar al-Assad. Bereketoglu -sensível, como qualquer varejista, às flutuações de seu mercado- está apenas tentando obter a sua parte.
"Vou conseguir vender esses ou não?", perguntou Bereketoglu, 55 , pegando alguns chapéus e outras peças de vestuário com o logotipo do Exército Sírio Livre. O Exército Sírio Livre, que envolve facções e é apoiado pelo Ocidente, vêm perdendo terreno para os islamitas radicais. Talvez por isso os itens não estivessem mais vendendo bem, ele supôs.
Enquanto Bereketoglu avaliava seu inventário, quatro jovens, de barba e sem bigode, entraram na loja e olharam a seleção de coletes militares, mas saíram sem comprar nada. Lá fora, um dos homens, falando em árabe, disse que tinha achado a seleção da loja "excelente".
Questionado sobre a frequência com que comprava nas lojas de Antakya, ele respondeu: "Isso depende se vamos lutar na Síria".
De onde eles vêm? "Basta", disse ele, com cara de irritação.
Segundo os lojistas, de onde exatamente vêm os clientes, não é da conta deles.
"Olha, nós não perguntamos aos nossos clientes as suas nacionalidades", disse Tayfur Bereketoglu, proprietário de uma loja que leva seu nome. "Mas eles têm longas barbas negras, eles não falam turco, e a realidade é que há uma guerra ao lado. Por que devemos perguntar de onde eles vêm?"
A maioria das pessoas aqui reconhece em privado, porém, que a nova base de clientes consiste de jihadistas estrangeiros, em sua maioria islamitas sunitas radicais que vêm lutar contra o governo alinhado com os xiitas na guerra civil cada vez mais sectária da Síria. Os combatentes estrangeiros, facilmente identificados por suas barbas espessas, entram na Turquia por Istambul, aterrissam no aeroporto de Antakya e deslizam para a Síria, não sem antes fazer algumas compras por aqui.
As lojas atendem as necessidades dos combatentes que vêm à região pela primeira vez ou que estão saindo da Síria para respirar: coletes militares, calças de camuflagem, facas, máscaras contra gases, rosários, bandeiras, geradores solares, telescópios, binóculos, lanternas, sem mencionar lâminas de barbear e shampoo -praticamente tudo, menos armas, que estão esperando por eles na Síria.
Os itens tornaram-se visivelmente mais ricos em qualidade e quantidade nos últimos meses, uma resposta, segundo os lojistas, à entrada de dinheiro em Antakya da Arábia Saudita e do Qatar, que se acredita estarem financiando muitos dos combatentes estrangeiros contra as forças do presidente Bashar al-Assad. Bereketoglu -sensível, como qualquer varejista, às flutuações de seu mercado- está apenas tentando obter a sua parte.
"Vou conseguir vender esses ou não?", perguntou Bereketoglu, 55 , pegando alguns chapéus e outras peças de vestuário com o logotipo do Exército Sírio Livre. O Exército Sírio Livre, que envolve facções e é apoiado pelo Ocidente, vêm perdendo terreno para os islamitas radicais. Talvez por isso os itens não estivessem mais vendendo bem, ele supôs.
Enquanto Bereketoglu avaliava seu inventário, quatro jovens, de barba e sem bigode, entraram na loja e olharam a seleção de coletes militares, mas saíram sem comprar nada. Lá fora, um dos homens, falando em árabe, disse que tinha achado a seleção da loja "excelente".
Questionado sobre a frequência com que comprava nas lojas de Antakya, ele respondeu: "Isso depende se vamos lutar na Síria".
De onde eles vêm? "Basta", disse ele, com cara de irritação.
Assistindo os quatro se afastando, Mehmet, um dos assistentes de Bereketoglu, disse que era inútil perguntar suas origens.
"Quando você pergunta, todos eles respondem que são sírios", disse Mehmet. "Mesmo que o sujeito seja preto e insista que é sírio, não podemos questionar o que ele está dizendo: é um cliente em nossa loja".
Tomando um chá, lojistas e funcionários, que em geral são bilíngues, como muitos turcos nesta parte do país, disseram que os sotaques árabes dos estrangeiros muitas vezes sugeriam que eram iraquianos, egípcios, jordanianos, libaneses ou sudaneses. Às vezes também aparecem tchetchenos, que têm a sua própria brigada dentro da Síria.
Em outra loja, o proprietário, Nizamettin Askar, 65, disse que os estrangeiros são metade de seus clientes. Alguns de seus produtos, incluindo os coletes militares e camisetas proclamando "Tawhid", ou a unicidade de Deus, em árabe, eram vendidos estritamente para estrangeiros. Outros itens, como calças de camuflagem e facas também atraíam os turcos.
"Mas eu sei que, se um turco compra essas coisas, ele vai usá-los para a caça", interveio Ali, 25, um assistente na loja. "Se ele tiver uma barba longa, sei que ele vai usá-los para combater dentro da Síria".
Assim como outros lojistas, Askar disse que, pela primeira vez, ele também estava recebendo encomendas grandes nos últimos meses, principalmente de indivíduos sírios.
"Alguém aparece e diz: 'Por favor, me dê 100 coletes até amanhã de manhã'", disse Askar, acrescentando que, nos 10 anos de sua loja, os negócios nunca foram tão bons.
Peixes pequenos em comparação com os comerciantes de armas em qualquer guerra, os lojistas, no entanto, ficaram na defensiva sobre lucrar com a guerra.
"Muitas empresas em Antakya estão se dando bem agora por causa da guerra, como hotéis, restaurantes, shoppings, bancos", disse Bereketoglu. "Muitas pessoas querem que a guerra dure. Eu não. Eu preferiria que a guerra acabasse agora, mesmo que isso significasse um declínio nos meus negócios".
"Esta não é uma loja que vende coisas para que as pessoas se matem umas as outras", acrescentou.
"Quando você pergunta, todos eles respondem que são sírios", disse Mehmet. "Mesmo que o sujeito seja preto e insista que é sírio, não podemos questionar o que ele está dizendo: é um cliente em nossa loja".
Tomando um chá, lojistas e funcionários, que em geral são bilíngues, como muitos turcos nesta parte do país, disseram que os sotaques árabes dos estrangeiros muitas vezes sugeriam que eram iraquianos, egípcios, jordanianos, libaneses ou sudaneses. Às vezes também aparecem tchetchenos, que têm a sua própria brigada dentro da Síria.
Em outra loja, o proprietário, Nizamettin Askar, 65, disse que os estrangeiros são metade de seus clientes. Alguns de seus produtos, incluindo os coletes militares e camisetas proclamando "Tawhid", ou a unicidade de Deus, em árabe, eram vendidos estritamente para estrangeiros. Outros itens, como calças de camuflagem e facas também atraíam os turcos.
"Mas eu sei que, se um turco compra essas coisas, ele vai usá-los para a caça", interveio Ali, 25, um assistente na loja. "Se ele tiver uma barba longa, sei que ele vai usá-los para combater dentro da Síria".
Assim como outros lojistas, Askar disse que, pela primeira vez, ele também estava recebendo encomendas grandes nos últimos meses, principalmente de indivíduos sírios.
"Alguém aparece e diz: 'Por favor, me dê 100 coletes até amanhã de manhã'", disse Askar, acrescentando que, nos 10 anos de sua loja, os negócios nunca foram tão bons.
Peixes pequenos em comparação com os comerciantes de armas em qualquer guerra, os lojistas, no entanto, ficaram na defensiva sobre lucrar com a guerra.
"Muitas empresas em Antakya estão se dando bem agora por causa da guerra, como hotéis, restaurantes, shoppings, bancos", disse Bereketoglu. "Muitas pessoas querem que a guerra dure. Eu não. Eu preferiria que a guerra acabasse agora, mesmo que isso significasse um declínio nos meus negócios".
"Esta não é uma loja que vende coisas para que as pessoas se matem umas as outras", acrescentou.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
No bairro de Shahrak-e Gharb, na zona oeste de Teerã, Porsches,
Toyota Land Cruisers e Mercedes-Benz de dois lugares sobem e descem a
rua com a música troando dos alto-falantes, cujo volume é rapidamente
abaixado quando passam carros de polícia.
O Irã, onde a gasolina custa cerca de US$ 0,50 o litro, tem uma próspera
cultura automobilística, com jovens passeando e exibindo seus veículos.
Quanto mais vistoso o carro, mais olhares e flertes receberá o
motorista. Recentemente, o brilhante Paykan cor de berinjela 1972 de
Saeed Mohammadi chamou toda a atenção.
Usando óculos Ray Ban Aviator e um chapéu preto típico dos gângsteres
iranianos da década de 1970, Mohammadi, 21, reluzia sua autoconfiança,
recebendo todos os olhares e sorrisos das motoristas mulheres e gritos
dos rapazes para seu Paykan. "Veja o Paykan", disse uma jovem da janela
de um carro. "Eu costumava ser levada à escola em um deles."
Oito anos depois de ter saído de produção, o antigo carro nacional do
Irã, o Paykan, está voltando à cena. Não que muitas pessoas se
interessem especialmente por dirigi-lo, com seu volante e câmbio
manuais, suspensão dura e cheiro de gasolina. Mas a ascensão de sua
popularidade -ele é tema de um documentário e duas exposições de arte-
parece representar o anseio por um passado mais simples.
"Todo iraniano tem lembranças desse carro", disse Shahin Armin, 37,
engenheiro de design iraniano-americano que já trabalhou na Chrysler e
na Honda em Detroit. "Talvez nem sempre boas, mas nós somos um povo
romântico. Quando as pessoas veem um Paykan hoje, lembram-se de um tempo
em que tínhamos menos opções e levávamos vidas mais simples."
Armin, que é moderador de um site dedicado a esse automóvel
(Paykanhunter.com), voltou a seu Irã natal no ano passado e se viu
apanhado no que chama de "renascimento Paykan". "Acho que hoje, quando
os tempos estão novamente difíceis, o carro nos lembra de nossa
sobrevivência como povo", disse Armin.
Para muitos iranianos, o Paykan foi o primeiro passo de ascensão na
vida, quando o dinheiro do petróleo começou a escorrer para a população
durante o regime do xá Mohamed Reza Pahlevi. Lançado em 1967 e baseado
no britânico Hillman Hunter -que era um produto da indústria
automobilística britânica em dificuldades no pós-guerra-, ele tinha
para-choques extrafortes para suportar o trânsito caótico do Irã.
Para os líderes iranianos, o carro foi de início uma evidência de que o
país estava em ascensão no mundo e, mais tarde, um símbolo
revolucionário de resistência às pressões externas.
Os iranianos médios têm outra visão. "Nós vemos nele nossa própria
adaptabilidade e flexibilidade em relação a tempos e ideologias
diferentes", disse Armin. "O que quer que tenha acontecido naqueles
dias, o carro estava lá e continua sendo visto nas ruas, assim como,
aconteça o que acontecer, as pessoas continuarão aí. De uma maneira
retorcida, o Paykan é uma fonte de inspiração."
Mohammadi disse que as pessoas não se impressionam mais com carros de luxo importados.
"Esta é uma de nossas poucas fontes de orgulho", disse ele sobre seu Paykan. "Só agora as pessoas começam a apreciá-lo."
Em um leilão noturno da casa China Guardian, em maio de 2011, "Eagle
Standing on a Pine Tree" (Águia sobre um pinheiro), pintura a nanquim
feita em 1946 por Qi Baishi, um dos mestres da arte chinesa do século
20, foi arrematada por um preço surpreendente: US$ 65,4 milhões. Nunca
antes uma pintura chinesa tinha atingido valor tão alto em um leilão. No
final do ano, a venda da tela teve implicações globais, ajudando a
China a superar os Estados Unidos como o maior mercado mundial de arte e
leilões.
Dois anos depois, porém, a obra-prima de Qi Baishi ainda está parada num depósito em Pequim.
O autor do lance vencedor se negou a pagar pela tela porque a autenticidade dela foi questionada.
"O mercado se encontra em uma fase muito dúbia", disse Alexander Zacke,
especialista em arte asiática que comanda a casa de leilões
internacionais on-line Auctionata. "Ninguém leva muito a sério os
resultados na China."
De fato, ao mesmo tempo em que o mundo da arte reage com assombro ao
boom do mercado chinês, uma revisão feita pelo "New York Times" ao longo
de seis meses constatou que muitas das vendas não chegaram a se
concretizar. São transações que teriam gerado até um terço da receita
chinesa de leilões nos últimos anos.
Fato igualmente problemático é que o mercado está inundado de obras
falsificadas, com frequência produzidas em massa, e virou campo fértil
para a corrupção, na medida em que executivos de empresas subornam
autoridades com obras de arte.
A explosão de compradores de arte foi alimentada pelo consumismo antes
reprimido dos novos-ricos. Há duas décadas, a China praticamente não
tinha nenhum mercado para esse setor. Apesar disso, no ano passado, a
receita divulgada dos leilões no país subiu 900% em relação a 2003,
chegando a US$ 8,9 bilhões -embora tenha caído 24% em relação a 2011. Já
nos EUA, a receita do mercado de leilões em 2012 foi de US$ 8,1
bilhões.
Os compradores chineses geralmente se interessam por trabalhos chineses
tradicionais, alguns de mestres do século 15 e outros de artistas
modernos que optaram por trabalhar no estilo antigo.
Essa própria reverência ao passado cultural contribui para o aumento das
obras falsificadas. Os artistas na China são ensinados a imitar os
velhos mestres chineses, produzindo cópias de alta qualidade. Essa
tradição coincidiu com a demanda do mercado de arte, no qual reproduções
-que muitos artistas possuem a habilidade necessária para criar-
frequentemente são oferecidas como se fossem artigos genuínos.
"Esse é o desafio do momento", disse Wang Yannan, presidente e diretor
da China Guardian, a segunda maior casa de leilões do país. "A primeira
pergunta que cada chinês se faz é se a obra é falsificada."
Escândalos que vieram a público expõem a extensão das falsificações e
semeiam dúvidas quanto ao mercado mais amplo. Três anos atrás, veio à
tona que uma pintura a óleo atribuída ao artista do século 20 Xu Beihong
e vendida por mais de US$ 10 milhões tinha sido produzida 30 anos após a
morte do artista por um estudante, durante um exercício de sala de aula
em uma das principais academias de arte da China.
Ainda mais constrangedora foi a decisão tomada pelo governo em julho
passado de fechar um museu particular em Hebei por suspeitas de que
quase tudo em seu acervo fosse falsificado -40 mil artefatos, incluindo
um vaso de porcelana da dinastia Tang.
"Sempre existiram falsificadores no mercado, mas é uma questão de
proporção", comentou Robert D. Mowry, ex-curador de arte asiática na
Universidade Harvard e hoje consultor da Christie's.
O setor de leilões e o governo dizem que estão se esforçando para
combater os abusos, mas enfrentam a dificuldade de uma brecha na lei,
que exime as casas de leilões de responsabilidade quando uma obra
leiloada é falsificada.
O problema da falsificação ajuda a explicar o número crescente de casos
em que pagamentos não são realizados. Nos últimos três anos, um estudo
feito pela Associação de Leiloeiros da China sobre as casas de leilão
chinesas constatou que mais ou menos metade das vendas de obras de arte
de valor superior a US$ 1,5 milhão -que representam uma parte importante
do mercado- não foi completada porque o comprador deixou de pagar o
preço acordado. (No caso das grandes casas de leilão americanas, segundo
vários especialistas, o índice de não pagamento por obras de valor
equivalente é mínimo.)
"Isso tem algo a ver com o ambiente geral", disse a presidente da
associação, Zhang Yanhua. "Como vocês sabem, a China ainda está se
esforçando para construir a obediência às leis."
Para especialistas, outras explicações possíveis para a onda de
inadimplência e de pagamentos feitos com atraso incluem casos em que
pessoas se arrependeram dos lances que fizeram ou simplesmente fizeram
lances altos para elevar o valor de obras de um artista particular que
elas colecionam.
Mesmo levando em conta que os relatórios de receita nem sempre refletem a
realidade, a alta nas aquisições de arte nos últimos dez anos foi
meteórica. Bancos chineses, estatais e grandes empresários continuam a
investir no boom. Obras de arte viraram uma espécie de nova moeda na
China, e tantas pessoas colecionam arte que os leilões com frequência
recebem multidões. Mais de 20 programas de televisão na China oferecem
dicas para quem coleciona arte e quer identificar relíquias culturais.
Diante desse interesse enorme, os marchands chineses estão correndo para
a Europa e os Estados Unidos para recomprar relíquias chinesas que
estão fora do país.
Houve também uma série de furtos de antiguidades chinesas em museus.
Surgiu um mercado negro de artefatos, com chamados ladrões de túmulos
escavando tesouros enterrados que possam vender.
O interesse em reparar os pontos fracos do mercado pode ter contribuído
para a decisão recente da China de afrouxar as regras que dificultam o
acesso das casas de leilão ocidentais ao mercado chinês.
Agora a Sotheby's tem uma joint venture com uma empresa estatal, e a
Christie's ganhou uma licença neste ano para se tornar a primeira casa
internacional de leilões a operar independentemente na China. São
novidades que podem ajudar a fomentar a competição e a elevação dos
padrões no mercado
A manipulação de preços é frequente no mercado chinês de arte.
Colecionadores e investidores, possivelmente um fundo de investimento em
arte que tenha investido muito em um artista específico, fazem lances
altos sobre uma obra, com o objetivo de empurrar para cima o valor de
seu estoque inteiro. De acordo com especialistas, às vezes as próprias
casas de leilão fazem lances falsos. Os chineses têm um nome para esse
processo de empurrar preços para cima: "refogar".
Enquanto alguns colecionadores se importam profundamente com suas obras
de arte, muitos compradores, segundo especialistas, são investidores
interessados em lucrar com a revenda de uma obra de arte. Uma pintura de
Qi Baishi, "Fish and Shrimp" (Peixe e camarão), foi vendida quatro
vezes em leilões ao longo de dez anos até dezembro passado. Seu preço
subiu de US$ 30 mil em 2002 para US$ 794 mil, caindo no ano passado para
US$ 552 mil.
As oportunidades de revenda são uma prioridade para muitos compradores.
Em um leilão em Pequim em setembro, quatro homens de Guangzhou compraram
várias pinturas no valor de dezenas de milhares de dólares. Um deles
comentou: "A maioria das pessoas que você vê aqui não tem um emprego de
verdade. É o nosso caso, somos revendedores. Compramos as obras e as
revendemos a pessoas instruídas e ricas".
Analistas dizem que a revenda de obras de arte contribui para o problema
de inadimplência do mercado. Antes de um leilão, um comprador pode
encontrar um colecionador interessado numa obra. Ele pode fazer lances e
arrematar o trabalho, mas negar-se a pagar por ele se seu trato com o
colecionador não se concretizar.
E há os problemas de pagamento que surgem porque o mercado de arte
chinês é jovem, economicamente falando, e seus compradores adquiriram
seu dinheiro recentemente. "Ainda existe uma grande diferença entre
Oriente e Ocidente no entendimento dos leilões -sobre se elevar uma
placa de oferta num leilão constitui ou não um contrato legalmente
válido", disse Philip Tinari, do Centro Ullens de Arte Contemporânea, em
Pequim. "Alguma jovem atriz compra um lote de pinturas num leilão, sai
do local e fala 'não quero os números 13, 11, 7, 6 e 5'. Acontece o
tempo todo."
Mesmo com as fraudes e falsificações, muitos colecionadores e
investidores dizem que o mercado vale a pena. Mas o artista, crítico e
curador Jiang Yinfeng disse que as pessoas que têm pouca experiência
podem sofrer em um mercado tão superaquecido. "Alguns de meus amigos
usam suas próprias casas como garantia para comprar obras de arte",
contou. "Outros contraem empréstimos com juros altos."
Um dos fatores que tem movido o mercado de arte na China é o costume de
dar presentes, algo que leva autoridades provinciais a chegarem em massa
a Pequim durante o Festival de Meados de Outono, em setembro, levando
obras de arte, bebidas e outros objetos como presentes para dar a altos
funcionários governamentais.
A arte pode ser usada também em esquemas de suborno mais complexos. Em
alguns casos, um funcionário governamental recebe uma obra de arte com
instruções para oferecê-la em leilão. Depois, um empresário a utilizará
como moeda de propina, comprando a obra a um preço inflado.
Em muitos casos, a autenticidade da obra dada de presente não vem ao
caso, porque o comprador pretende gastar muito de qualquer maneira. E,
se o esquema fosse descoberto, o valor mínimo da obra falsificada
significaria que o castigo seria menor.
O uso de arte para pagar propinas a funcionários governamentais é algo
tão corriqueiro que os chineses cunharam um termo para descrever esse
tipo de corrupção estética: é o "yahui", ou "suborno elegante".
Em 2009, quando as autoridades detiveram Wen Qiang, o vice-chefe de
polícia da cidade de Congqing, por proteger uma quadrilha criminosa,
descobriram que ele tinha uma coleção de arte surpreendentemente grande e
cara. Wen teria recebido mais de cem obras como presente. Ele foi
executado por seus crimes no ano seguinte.
"Quem está presente no mercado de leilões?" perguntou Li Yanjun,
especialista e autenticador de obras de arte na Universidade Oriental de
Pequim. "Funcionários do governo. Eles se escondem e mandam outras
pessoas fazer lances por eles ou então compram todas as obras."
O rastro dos bronzes, pinturas e antiguidades falsificados percorre a
China inteira. Em Jingdezhen, no sudeste do país, oficinas produzem
belíssimas reproduções de porcelanas das dinastias Ming e Qing. Em
Yanjian, na região central da província de Yenan, elas aplicam amônia
sobre bronze para induzir a corrosão, de modo que um sino ou recipiente
usado em rituais com vinho possa se fazer passar por artefato escavado
em um túmulo. Em Pequim, Tianjin, Suzhou e Nanjing, pintores e
calígrafos reproduzem as pinceladas de mestres reverenciados.
Em todo o país, pintores copiam obras de mestres como Qi Baishi e Fu
Baoshi. "Já vi 700 a 800 pessoas numa oficina de pintura, com uma
divisão de trabalho muito clara, reproduzindo as obras de Qi Baishi",
diz Zhang Jinfa, autenticador profissional de obras de arte.
Um estudo feito no ano passado estimou que 250 mil pessoas em 20 cidades chinesas podem estar produzindo falsificações.
Milhares de pessoas em Jingdezhen, centro de produção de porcelana na
antiguidade, trabalham criando obras de argila segundo moldes antigos.
Mais adiante na linha de produção, pintores mergulham seus pincéis em
tinta e copiam sobre as cerâmicas os contornos de flores ou desenhos
chineses tradicionais.
A tradição da cópia na China reflete mais que uma simples atitude de
reverência diante do passado: é o reconhecimento de que a beleza foi
captada de uma forma que merece ser emulada. Diferentemente do Ocidente,
onde se admira o chamado "choque do novo", a China valoriza a tradição.
Suas obras mais vendidas com frequência homenageiam obras criadas
centenas de anos atrás e se parecem com elas.
Nas escolas de arte, alunos praticam o "lin mo", ou imitação dos grandes
mestres. A falsificação e a fraude não fazem necessariamente parte da
tradição, embora pintores famosos como Zhang Daqian, morto há 30 anos,
tenham se divertido ludibriando os especialistas.
"Zhang Daqian achava que estava no mesmo nível que os velhos mestres",
explicou Maxwell K. Hearn, diretor do departamento de arte asiática do
Museu Metropolitano de Arte de Nova York. "Assim, a verdadeira prova dos
nove era ver se seria capaz de copiar as obras deles."
Uma história que ilustra a abordagem irreverente de Zhang à cópia diz
respeito a uma viagem que ele fez em 1967 para ver uma exposição das
obras de Shitao, pintor do século 17, no Museu de Arte da Universidade
de Michigan. Os guias lhe mostraram, orgulhosos, os trabalhos do pintor
célebre, morto mais de dois séculos antes. Eles se espantaram quando
Zhang começou a rir e apontou para várias obras na parede, dizendo: "Eu
fiz esse! E também aquele!".
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