terça-feira, 23 de junho de 2015

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Programa de Convite a Descendentes de Japoneses das Américas Central e do Sul de Visita ao Japão


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http://www.br.emb-japan.go.jp/22jun2015.html

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As Nações Unidas investigaram a guerra na Faixa de Gaza em 2014 e chegaram à conclusão que suspeitas de crimes de guerra cometidos tanto pelo lado de Israel como pelo lado do Hamas. Um relatório divulgado pela instituição esta segunda-feira dá conta que a ONU acusou Israel e a Palestina de múltiplas violações da lei internacional.
De acordo com o relatório divulgado pela ONU (pode ser consultado aqui), “a impunidade prevalece em toda a faixa” no que diz respeito às ações das forças israelitas em Gaza. Os peritos do Conselho de Direitos Humanos da ONU apelam a que Israel “rompa com o lamentável recente historial de manter os responsáveis” que cometeram estes atos. A equipa de peritos diz que aquele país lançou seis mil ataques aéreos em Gaza e muitos destes ataques atingiram prédios habitacionais. “Pelo menos 142 famílias palestinianas tiveram três ou mais membros mortos no mesmo ataque”. A ONU diz que uma vez que foram usadas armas de grande precisão e que mesmo assim foram atingidos habitações civis que leva à suspeita de que os ataques foram planeados uma vez que não foi dada qualquer explicação para esta contradição. Como tal, diz o relatório que em alguns casos “um ataque a uma casa direta e intencionalmente sem objetivo militar específico, equivaleria a uma violação do princípio da distinção” e como tal “pode também constituir um ataque direto contra objetos civis ou contra civis” ou seja “um crime de guerra sob a lei penal internacional”.
Já no que diz respeito às acusações ao grupo armado Hamas, a ONU diz que há uma “natureza indiscriminada” no lançamento dos rockets e morteiros disparados para o lado de Israel. Para a ONU “qualquer ataque de morteiro dirigido contra civis constitui violações do direito humanitário internacional, em particular do princípio da distinção, o que pode constituir um crime de guerra”.
Tal como do lado israelita, a ONU diz que os responsáveis políticos têm falhado em levar os violadores da lei internacional à justiça.
De acordo com os números da ONU, no ano de 2014, morreram 2251 palestinianos, 1462 civis dos quais 299 eram mulheres e 551 eram crianças crianças. Do lado de Israel morreram seis civis e 67 soldados.

domingo, 21 de junho de 2015


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Os visitantes que chegam de avião a esta agitada metrópole tropical desembarcam em um aeroporto moderno de aço e vidro que simboliza as aspirações de Mianmar de voltar a fazer parte do mundo globalizado, após anos de isolamento e de problemas.
No entanto, a empresa que construiu o terminal, a Asia World, foi fundada por um dos maiores chefões do narcotráfico local, cuja milícia vendia heroína extraída dos campos de ópio do interior montanhoso do país.
É quase impossível ir a Mianmar hoje sem topar com outras obras da empresa: rodovias, hidrelétricas, grandes portos e um dos hotéis mais luxuosos do país, o Sule Shangri-La, no centro de Yangon.
Não há evidências de que a empresa hoje tenha quaisquer vínculos com o tráfico de drogas, mas num momento em que Mianmar procura se modernizar após décadas de ditadura, o papel cumprido pela Asia World deixa muito claro como o narcotráfico está profundamente entrelaçado com a nova economia nacional.
"O capital semente da economia mianmarense vem da heroína", disse Ronald Findlay, da Universidade Columbia, em Nova York. Findlay nasceu na então Birmânia colonial. O governo militar mudou o nome do país para Mianmar em 1989. "Se esse é um exagero, não é um exagero enorme."
De acordo com entrevistas com corretores imobiliários, economistas, policiais e ex-policiais, os lucros do tráfico ilícito de drogas vêm sendo uma fonte importante de investimentos na reconstrução do país.
As empresas ligadas ao tráfico estariam construindo novas rodovias e pontes e mudando a linha do horizonte da maior cidade de Mianmar, Yangon.
Até pouco tempo atrás, Yangon era uma cidade congelada no tempo e sem altos edifícios, com calçadas perigosamente esburacadas e prédios coloniais decrépitos. Hoje se veem guindastes em quase todas as partes da cidade, e outdoors promovem a opulência de altos edifícios em construção.
A nova infraestrutura pode ser bem-vinda, mas a economia baseada nas drogas coloca em risco a transição democrática no país.
Para analistas, o tráfico de drogas intensifica a corrupção, reforça o poder dos militares e corre o risco de fazer Mianmar voltar a ser um Estado pária.
Desde que o país começou a se abrir ao resto do mundo, quatro anos atrás, o tráfico de heroína cresceu muito. As Nações Unidas estimam que o cultivo da papoula do ópio tenha quase triplicado nos últimos seis anos. Mianmar se converteu no segundo maior produtor mundial de heroína.
Especialistas dizem que os chefões do tráfico em Mianmar têm receita anual estimada em cerca de US$ 2 bilhões. Entretanto, num país onde muitas transações comerciais e imobiliárias ainda são feitas em dinheiro vivo e onde menos de 15% dos adultos têm uma conta bancária, é quase impossível identificar para onde vai todo esse dinheiro.
Economistas e corretores de imóveis dizem que o tráfico de drogas ajuda a alimentar a alta vertiginosa dos preços dos imóveis nas maiores cidades do país.
"Quase todos os envolvidos neste negócio estão fazendo lavagem de dinheiro", disse U Sai Khung Noung, gerente de uma imobiliária de Yangon.
Ele calcula que o preço médio dos apartamentos em Yangon tenha subido 600% nos últimos dez anos, chegando à média de US$2.700 por metro quadrado -valor mais alto que o preço médio em um edifício residencial novo em Bancoc (Tailândia), cidade muito mais rica.
As drogas ilegais não são a única fonte de dinheiro do mercado negro. Durante o governo militar, que chegou ao fim em 2011, o tráfico de teca, jade e gemas preciosas também gerou enormes fortunas ilegais.
A partir de 2007, quando o governo reduziu os impostos sobre imóveis de proibitivos 50% para 15%, os traficantes aproveitaram a oportunidade para aplicar o dinheiro vivo no setor.
O corretor imobiliário U Khin Maung Aye, de Yangon, contou que o comprador de uma casa própria já lhe levou o pagamento de entrada, o equivalente a US$ 200 mil, em sacos de arroz cheios de dinheiro vivo -algo que não é incomum no caso de compras de imóveis. O comprador foi preso posteriormente por tráfico de drogas e sentenciado a 20 anos de prisão, segundo a polícia.
Porém, casos assim são relativamente raros no país, onde a polícia é fraca e grandes territórios são controlados por milícias étnicas, não pelo governo central.
As autoridades dizem que o trabalho da polícia é dificultado pelo legado da ditadura, sob a qual o sistema educacional foi destruído, milhões dos cidadãos mais qualificados abandonaram o país e a economia e os bancos se tornaram disfuncionais.
U Tin Maung Than, diretor de uma organização de pesquisas que assessora o governo, diz que o Mianmar não tem meios de distinguir o dinheiro limpo do dinheiro sujo. "Não existe mecanismo ou capacidade efetiva de reprimir a lavagem de dinheiro e a corrupção", afirmou.
Pelo fato de a maior parte da economia ser informal, ele explicou -ou seja, não regulamentada e movida a pagamentos em dinheiro vivo-, "se reprimíssemos os negócios do setor informal e o dinheiro sujo, não haveria espaço para tanta gente nos presídios do país".

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Há mais de 140 anos, o governo dos Estados Unidos designou Yellowstone o primeiro parque nacional.
Desde então, outras 450 áreas ganharam proteção, tornando-se importantes pontos turísticos para o país.
Hoje a China tenta fazer com alguns de seus espaços naturais o mesmo que os EUA fizeram durante seu florescimento industrial. Recentemente, as autoridades de Pequim anunciaram um plano para instituir parques nacionais em nove províncias nos próximos três anos.
"Um sistema de parques nacionais que proteja e administre as ricas e belas áreas ecológicas do país pode ser fonte de grande orgulho nacional e educação ambiental", disse Henry M. Paulson Jr., ex-secretário do Tesouro americano e fundador do Instituto Paulson, que tem dado grande destaque à pesquisa sobre os problemas ambientais da China. "O truque na China será permitir que o público compartilhe seus tesouros naturais e ao mesmo tempo os proteja."
Em alguns lugares na China onde a natureza ainda é pujante, como os populares parques alpinos de Huanglong e Jiuzhaigou, na província de Sichuan, as iniciativas de conservação tornaram-se secundárias frente a empreendimentos de companhias concessionárias de turismo.
Essas áreas também são muitas vezes ameaçadas pela poluição industrial e a construção.
Porém, em dezembro de 2013, segundo reportagens na imprensa estatal chinesa, o presidente Xi Jinping disse em uma reunião com autoridades graduadas do governo que o país deveria criar um verdadeiro sistema de parques nacionais.
O Instituto Paulson mantém contato desde o ano passado com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão do governo chinês que ajuda a supervisionar o planejamento econômico, sobre como poderia ajudar.
"Essa foi uma grande notícia", disse Rose Niu, a principal diretora ambiental no Instituto Paulson, sobre os comentários de Xi. "Número um, o sistema nacional de parques é um conceito novo na China. Número dois, essas questões de conservação ambiental nunca tiveram tanto destaque em um nível político tão elevado."
Niu, que é da província de Yunnan, disse que o instituto forneceria "apoio técnico" à agência chinesa enquanto as autoridades exploram maneiras de administrar e proteger os parques experimentais.
Esse apoio inclui a promoção de intercâmbios entre autoridades chinesas e especialistas dos EUA, o desenvolvimento de diretrizes para administrar os parques-piloto e estudos de caso de parques nacionais em sete países: Brasil, Alemanha, Japão, Nova Zelândia, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos.
Algumas autoridades chinesas nos níveis provincial e regional têm experiência em conservação de parques. Niu teve papel crítico ao ajudar a criar uma área de conservação chamada Pudacuo. A área protegida abrange cerca de 300 quilômetros quadrados, onde o fluxo paralelo dos rios Yangtse, Mekong e Salween escavaram vales profundos.
"A China quer desenvolver um sistema de parques nacionais de acordo com práticas e padrões internacionais, mas também adequado ao contexto chinês", disse Niu.
"Os recursos naturais existem cada vez menos na China. O país não apenas precisa combater a poluição do ar, da água e do solo, como também precisa investir em seu capital natural."

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O cartel internacional de produtores de petróleo há anos tem a mesma estratégia. Quando o mercado é desfavorável, o grupo corta a produção para aumentar os preços.
Mas a Arábia Saudita tem uma nova agenda. Hoje o país está menos preocupado com o preço de petróleo cru nos mercados globais e mais com produzir combustível para sua economia em expansão.
A mudança está invertendo as dinâmicas tradicionais do mercado que influenciaram a direção do preço do petróleo por décadas.
A Arábia Saudita, de longe o maior produtor na Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), vem bombeando cada vez mais barris. Sua produção diária em março e abril quase se equiparou ao recorde alcançado em 1980, quando os preços estavam em alta. Os aliados do país, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, também estão perfurando em índices recordes, enquanto o Iraque tenta aumentar sua produção. Até o Irã pretende desenvolver novos campos de petróleo.
A pressão aguda para cortar a produção também terminou: depois de uma queda acentuada no ano passado, os preços praticamente se estabilizaram em mais de US$ 60 o barril.
"Não haverá cortes na produção", disse René G. Ortiz, do Equador, que já participou da Opep. "Cada país, especialmente os sauditas e as outras monarquias do Golfo, vai proteger sua parcela de mercado e ampliá-la o máximo possível."
Durante décadas, a Arábia Saudita foi a força básica que fez da Opep o produtor determinante nos mercados globais, conhecido como swing, ou oscilante -limitando sua produção conforme a demanda do mercado, para mantê-lo em equilíbrio.
A produção de petróleo nos EUA quase duplicou nos últimos seis anos, reduzindo as importações da Arábia Saudita e de outros países da Opep. A situação obrigou os produtores a endurecerem a concorrência na Ásia com uma oferta que antes inundava o mercado americano.
A Arábia Saudita também precisa se concentrar em necessidades domésticas maiores e mais diversificadas. Conforme a população cresceu e a classe média se expandiu, o consumo disparou nos últimos anos.
A Arábia Saudita vem procurando negócios com margem de retorno mais alta, como refinarias e petroquímicas. O país tem uma nova joint venture de US$ 22 bilhões com a Dow Chemical e várias novas refinarias que custam US$ 12 bilhões cada uma.
Especialistas sauditas dizem que a política do petróleo é cada vez mais definida por jovens tecnocratas que rodeiam o novo rei Salman, que chegou ao trono em janeiro. A nova liderança ainda dá ênfase ao preço do petróleo cru, mas também leva em conta que cortes na produção podem desacelerar a economia saudita e prejudicar o mercado de trabalho.
"A Arábia Saudita ainda está disposta a fazer o papel de swing e a jogar com toda a economia doméstica, refinarias, usinas de energia, dessalinização, petroquímica, só para cumprir as expectativas dos produtores da Opep ou não Opep?", disse Sadad Ibrahim al-Husseini, ex-vice-presidente da Aramco, a companhia de petróleo estatal saudita. "A resposta é não, obviamente não."
O consumo de energia na Arábia Saudita cresce mais depressa do que em quase qualquer outro país, a uma média de 6% ao ano na última década. O petróleo é o combustível básico para a produção de eletricidade e dessalinização da água no território.
A Arábia Saudita bombeia 10,3 milhões de barris por dia. O reino precisa produzir quase 8 milhões de barris para coletar o gás natural que sai do chão com o petróleo -o gás é crítico para suprir necessidades residenciais e industriais.
A demanda saudita por gasolina, diesel e combustível para aviões cresceu. Para compensar, o país espalhou negócios de refino por todo o mundo, construindo e expandindo nos EUA, na China, no Japão e na Coreia do Sul. Muitos desses empreendimentos visam processar graus inferiores de petróleo cru saudita, para se proteger de produtos semelhantes, especialmente na América Latina.
O investimento doméstico e internacional também dá ao país vantagens em um negócio cada vez mais competitivo.
Uma enorme rede de refinarias fornece aos sauditas um lar para seu petróleo em um momento em que eles combatem rivais da Opep como Irã e Iraque por mercados, especialmente na Ásia.
"Quando a concorrência está ávida para vender petróleo cru, os sauditas o vendem em sistemas que podem controlar", disse Fereidun Fesharaki, da empresa de pesquisas FGE.
"Eles não querem ter de lutar por cada barril. Ninguém mais pode fazer isso."

quinta-feira, 18 de junho de 2015


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No ano em que se celebram 120 anos do acordo, múltiplos eventos que promovem a cultura japonesa estão acontecendo no Brasil. Há atividades culturais, esportivas, comerciais e acadêmicas. Em bit.ly/1GLXjZ4 há uma lista completa de eventos em todo o país que fazem parte da celebração. Veja alguns destaques abaixo.
18º Festival do Japão
Considerado o maior acontecimento de cultura japonesa do mundo, o festival contará com shows, atrações culturais e gastronômicas. São esperadas cerca de 180 mil pessoas ao longo dos três dias.
QUANDO de 24 a 26 de julho
ONDE São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (rodovia dos Imigrantes, km 1,5)
QUANTO R$ 15 (antecipado) e R$ 18 (no dia)
INFORMAÇÕES tel. (11) 3277-6108
4º Festival do Japão em Brasília
As atrações incluem apresentações de judô, workshop de shogi (xadrez japonês), shows musicais, atividades gastronômicas e exposições.
QUANDO 20 e 21 de junho
ONDE Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade Sarah Kubitschek
QUANTO R$ 14 por dia (meia R$ 7). Quem levar 1 kg de alimento não perecível paga meia
INFORMAÇÕES tel. (61) 3349-3129
Japan & Asian Food Show
Único encontro de negócios da culinária asiática realizado no Brasil, a feira será dividida em exposições de empresas, workshops com especialistas em culinária asiática e gestão de negócios. Os interessados devem se cadastrar em bit.ly/1elLgXY.
QUANDO 3, 4 e 5 de agosto
ONDE Expo Center Norte (r. José Bernardo Pinto, 333)
INFORMAÇÕES tel. (11) 2226-3100
Mês do Japão nas Naves do Conhecimento no Rio
As atividades, que ocorrem em diversos pontos do Rio, incluem oficinas de mangá e origami e mostra de filmes japoneses. A inscrição deve ser feita em bit.ly/1uFKfuo.
QUANDO 16 de junho a 12 de julho
ONDE Nas seguintes unidades do projeto Naves do Conhecimento: Triagem, Madureira, Vila Aliança, Padre Miguel, Santa Cruz, Penha e Nova Brasília
INFORMAÇÕES tel. (21) 2332-4085
Simpósio Internacional de Língua Japonesa como Língua Global
O objetivo do evento em São Paulo é discutir a política linguística e a globalização da língua japonesa por meio de conferências, minicursos e relatos ligados a língua, cultura, sociedade
e hibridismos culturais.
QUANDO de 9 a 13 de agosto
ONDE Casa da Cultura Japonesa (av. Prof. Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária)
INFORMAÇÕES tel. (11) 3091-2416
8ª Mostra de Arte Nikkei de Brasília
Exposição de obras de nove artistas plásticos nipo-brasileiros (nikkeis) do Distrito Federal. Entre os trabalhos, há pinturas em óleo e acrílica, esculturas e desenhos.
QUANDO de 16 a 30 de junho
ONDE Salão de Exposições da Legião da Boa Vontade (setor de Grandes Áreas Sul, 915, Lote 75/76)
INFORMAÇÕES tel. (61) 2192-9054

PARABÉNS!

sábado, 6 de junho de 2015


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Quando uma força irrefreável como o subcontinente indiano se choca com um objeto imóvel, como a placa eurasiana, as consequências incluem as montanhas mais altas do mundo e terremotos como o que atingiu o Nepal em abril.
Muitas perguntas sobre a colisão ainda não têm resposta.
Como o subcontinente indiano chegou tão rápido ao local onde está hoje? Qual era o tamanho original da Índia? Mesmo uma pergunta muito simples -quando ocorreu o encontro entre a Índia e a Eurásia, a placa tectônica sobre a qual ficam a Europa e Ásia- é objeto de discussões. As respostas chegam a diferir em 30 milhões de anos.
Outro mistério é por que a Índia ainda está se deslocando em ritmo acelerado -entre 3,8cm e 5cm por ano-, fato que seria a causa dos terremotos devastadores.
"Pode não parecer muito, mas é o mesmo ritmo de crescimento de nossas unhas", disse Douwe J.J. van Hinsbergen, professor de ciências da terra na Universidade de Utrecht, na Holanda.
Os geólogos são como investigadores de acidentes, tentando decifrar o que aconteceu a partir dos destroços, refletindo sobre como rochas do leito oceânico foram parar no alto do Himalaia.
Boa parte da evidência está fora de alcance: é a parte da Índia que afundou sob o Tibete e o Himalaia. Ao longo dos 4,5 bilhões de anos de história da Terra, os blocos de terra alternaram entre períodos em que convergiram, formando supercontinentes como a Pangeia, 300 milhões de anos atrás, e períodos em que se distanciaram, como hoje.
Na era dos dinossauros, a Pangeia tinha se separado em dois continentes, Laurásia e Gondwana. A Índia era uma parte de Gondwana, estando ligada à Antártida e entre a África e a Austrália.
Mais de 100 milhões de anos atrás, a Índia se separou e se deslocou em sentido norte. De acordo com a teoria amplamente aceita, esse fragmento continental "fugitivo" colidiu com a Eurásia entre 50 milhões e 55 milhões de anos atrás em um dos poucos pontos onde hoje uma parte de um continente colide com um continente, em vez de uma placa oceânica.
Mas nem todas as partes da visão convencional se encaixam perfeitamente.
Novas análises do magnetismo em rochas sugerem que a extremidade sul da Eurásia tenha estado mais ao norte do que alguns pensavam, levantando uma dúvida: se a Índia estava suficientemente perto da Ásia para fazer contato com ela nessa época.
Outra pergunta crucial: quanto da Índia desapareceu? Se a colisão ocorreu mais de 50 milhões de anos atrás, quase 3.200 quilômetros da Índia devem ter sido empurrados para baixo da Ásia.
Os cientistas concordam que alguma coisa colidiu. "A dúvida não é tanto se houve uma colisão continental 50 milhões de anos atrás, mas se isso aconteceu com a Índia", disse Van Hinsbergen.
Em 2007, Jonathan Aitchison, hoje professor de geociências na Universidade de Queensland, Austrália, montou uma linha de tempo alternativa. A colisão que se pensava ter sido o encontro da Índia com a Ásia teria sido, na realidade, a Índia atingindo um arco de ilhas ao sul da Ásia, e 20 milhões de anos mais tarde a Índia teria empurrado essas ilhas para dentro da Ásia. "Acreditamos que as evidências indicam que a Índia convergiu com outras coisas antes daa Ásia", disse Aitchison.
Van Hinsbergen propôs outra ideia. Para ele, entre 70 milhões e 120 milhões de anos atrás, a Índia teria se dividido em duas quando se deslocava para o norte. O primeiro pedaço teria alcançado a Ásia entre 50 milhões e 55 milhões de anos atrás, mas a parte principal teria ficado para trás, indo colidir apenas entre 20 milhões e 25 milhões de anos atrás.
Os geólogos Oliver Jagoutz e Leigh H. Royden, do MIT, chegaram a uma conclusão semelhante à de Aitchison -que a Índia teria se chocado com um arco de ilhas antes de colidir com a Ásia-, mas acham que a segunda colisão ocorreu 5 milhões de anos antes do que Aitchison teoriza.
De modo geral, o movimento dos continentes é causado pelas zonas de subducção, onde uma placa tectônica passa por baixo de outra e depois afunda no manto da Terra.
Os geólogos sabiam que havia uma zona de subducção em que a placa indiana mergulha sob a Ásia. Com um arco de ilhas entre a Ásia e a Índia, haveria duas zonas de subducção atraindo a Índia, fato que explicaria seu deslocamento acelerado.
Mas nada disso explica por que a Índia ainda se movimenta tão rapidamente.
Aquilo que estava ao norte da Índia já desapareceu há muito tempo no manto, e a crosta continental não exerce a mesma força de tração para baixo.
"Ainda não está claro o que mantém a Índia se deslocando para o norte", disse Royden.

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Os mais de 3.000 mil migrantes de Bangladesh e Mianmar que chegaram à Indonésia e à Malásia encerraram semanas de pesadelo no mar apenas para cair em um limbo administrativo que poderá demorar anos -ou até décadas.
Em um potencial avanço na crise que envolve todo o Sudeste Asiático, a Malásia e a Indonésia concordaram em abrigar os migrantes que foram resgatados, e outros milhares que podem ainda estar no mar, sob a condição de que eles sejam devolvidos para seus países ou reassentados em outros dentro de um ano.
Mas poucas nações parecem dispostas a aceitar os migrantes, nem mesmo os que se qualificam como refugiados e merecem asilo. Há também um enorme número de candidatos a reassentamento, e as agências que lidam com o problema estão sobrecarregadas.
"Mesmo que consigamos o status de refugiados da ONU, ainda não sabemos quanto tempo teremos de esperar para sermos reassentados", disse Hasinah Ezahar, 28, que sobreviveu a doença, fome e ameaças dos contrabandistas a quem ela pagou pela viagem por mar com três de seus filhos, vindos do oeste de Mianmar. "Até lá, nossas vidas ficam à espera."
Sua família faz parte da onda de migrantes de Bangladesh e Mianmar que buscam escapar da pobreza e, no caso da etnia rohingya como Hasinah, da perseguição religiosa.
Há pelo menos 200 mil migrantes rohingyas de Mianmar em Bangladesh e apenas 32.600 deles receberam proteção da ONU como refugiados que fogem de perseguição, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados.
Várias centenas deles foram reassentados de campos de refugiados em Bangladesh para outros países.
Na Malásia, os que estão decididos a demandar status de refugiado e pedir reassentamento, processo que poderá levar anos, estarão se juntando a mais de 45 mil rohingyas que já são classificados como refugiados e esperam para ser levados a outro país.
Eles não recebem ajuda do governo enquanto esperam nem podem trabalhar legalmente. Tampouco podem mandar seus filhos a escolas do governo.
Eles ficam suspensos em um limbo social e jurídico que entidades beneficentes locais e trabalhos informais aliviam apenas temporariamente.
"É muito frustrante para nós", disse Anwar Ahmad, rohingya que vive na Malásia há 18 anos e ganha a vida no mercado de trabalho informal.
"Estamos gratos por podermos ficar aqui e gratos pela ajuda que recebemos, mas sem uma posição oficial mais forte não tenho futuro na Malásia."
Até mesmo conseguir o reconhecimento como refugiado pela Agência de Refugiados da ONU tornou-se extremamente demorado.
Amy Smith, diretora-executiva da Fortify Rights, grupo de direitos humanos que atua principalmente no Sudeste Asiático, disse que a ONU deu prioridade aos que estão detidos.
Cerca de mil recém-chegados estão abrigados no centro de detenção de imigração no nordeste da Malásia. Esses, segundo Smith, poderão ter seus casos decididos em sete ou nove meses. Os outros vão esperar ainda mais.
Especialistas em migração dizem que aproximadamente metade da última leva de migrantes é de bengaleses fugindo da pobreza. Eles não cumprem os requisitos para serem considerados refugiados e devem ser enviados de volta ao seu país de origem, segundo os governos indonésio e malásio. No entanto, Bangladesh pode recusar sua volta.
Os rohingyas, povo muçulmano apátrida que há muito tempo enfrenta discriminação e é privado de direitos humanos básicos em Mianmar, provavelmente preencherão os critérios de refugiados sob o direito internacional. Caso seja reconhecido que eles possuem "um medo bem fundado" de perseguição por motivos de raça, religião ou nacionalidade em seu país natal, eles terão direito a reassentamento em outros países.
Os ministros das Relações Exteriores da Tailândia, Malásia e Indonésia disseram no final de maio que seus países não abrigariam refugiados em caráter permanente.
O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, também disse que seu país não receberá refugiados do atual êxodo.
Cerca de mil rohingyas foram reassentados nos Estados Unidos no último ano. A Gâmbia se dispôs a receber todos os migrantes rohingyas, mas especialistas questionaram se o país, da África ocidental, tem essa capacidade.
A Europa enfrenta sua própria crise migratória. Mais de 1.700 migrantes da África e do Oriente Médio morreram tentando entrar na Europa por mar nos primeiros quatro meses deste ano. Outros 26 mil conseguiram chegar ao continente.
Hasinah, que vive com seu marido e os três filhos em um único quarto em uma casa compartilhada, tem uma preocupação mais premente: um filho de 13 anos que ela deixou para trás porque não podia pagar para que os contrabandistas levassem todos. Sua família busca obter meios e dinheiro para levá-lo à Malásia.
"Aonde quer que sejamos levados, quero estar com meu filho", disse ela.

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No auge da seca, o jardineiro israelense Chabi Zvieli temeu por sua subsistência. Um pesado imposto havia passado a incidir sobre o consumo excessivo de água para fins domésticos. Muitos dos clientes de Zvieli aderiram à grama sintética e trocaram as flores sazonais por plantas nativas, mais resistentes. "Eu me preocupava com o que iria acontecer com a jardinagem", disse Zvieli, 56.
Em todo o país, os israelenses foram orientados a tomar banhos de no máximo dois minutos. Lavar carros com mangueiras foi proibido, e só quem era rico o suficiente para absorver o custo da manutenção de um gramado foi autorizado a regá-lo -ainda assim, só à noite. "Estivemos numa situação muitíssimo próxima de alguém abrir a torneira em algum lugar do país e não sair água", disse Uri Schor, porta-voz da Autoridade Hídrica do governo.
Isso foi há cerca de seis anos. Hoje, há água em abundância em Israel. "O medo passou", disse Zvieli.
A revolução aconteceu em Israel. Um grande esforço nacional para dessalinizar água do Mediterrâneo e reciclar águas residuais proporcionou ao país água suficiente para todas as suas necessidades, mesmo durante as secas graves. Mais de metade da água destinada às famílias, à agricultura e à indústria em Israel atualmente é produzida artificialmente.
"Não há hoje em dia nenhum problema com a água", disse Shaul Ben-Dov, engenheiro agrônomo de Ramat Rachel. "O preço é mais elevado, mas podemos viver uma vida normal em um país que está no meio do deserto."
Israel sofreu por décadas com a escassez e superexploração de seus recursos hídricos. A água doce natural à disposição de Israel em um ano médio não atende o uso total, em torno de 2 trilhões de litros. A demanda por água potável deverá aumentar do atual 1,2 trilhão de litros para 1,95 trilhão até 2030.
A reviravolta veio com uma seca de sete anos, iniciada em 2005, que atingiu o seu auge no inverno boreal de 2008 para 2009. As principais fontes naturais de água do país -o mar da Galileia, ao norte, e os aquíferos das montanhas e da costa- foram esvaziados, o que ameaçou causar uma deterioração irreversível na qualidade da água. Medidas para aumentar a oferta e reduzir a procura foram aceleradas, sob a supervisão da nova Autoridade Hídrica.
Quatro grandes usinas privadas de dessalinização entraram em operação ao longo da última década. Uma quinta deve estar pronta dentro de alguns meses. Juntas, elas produzirão mais de 492 bilhões de litros de água potável por ano, com a meta de chegar a 757 bilhões de litros até 2020.
Israel, nesse período, tornou-se líder mundial na reciclagem de águas residuais para a agricultura. O país trata 86% do seu esgoto doméstico, reciclando-o para uso agrícola -volume que representa cerca de 55% de toda a água utilizada na agricultura. A Espanha, segunda colocada nesse ranking, recicla 17% de seus efluentes, segundo dados da Autoridade Hídrica israelense.
O governo de Israel começou fazendo cortes nas quotas anuais de água aos agricultores, encerrando décadas de uso extravagante e fortemente subsidiado de irrigação agrícola.
A sobretaxa para o uso doméstico foi adotada no final de 2009, e um sistema tarifário com duas alíquotas passou a vigorar. O uso regular da água para fins domésticos agora é subsidiado pelo imposto ligeiramente superior que os usuários pagam quando ultrapassam o consumo básico.
Funcionários da Autoridade Hídrica foram de casa em casa oferecendo a instalação em chuveiros e torneiras de dispositivos gratuitos que injetam ar no fluxo de água, reduzindo o consumo em cerca de um terço e ainda dando a sensação de um fluxo mais forte.
Autoridades dizem que o uso mais consciente da água levou a uma redução de até 18% no consumo das famílias.
Empresas locais substituíram autoridades municipais na manutenção da rede de água de cada cidade. O dinheiro arrecadado com a cobrança da água é reinvestido na infraestrutura.
A Mekorot, empresa nacional de águas, construiu há 50 anos um sistema destinado a transportar água do mar da Galileia, ao norte, até o árido sul, passando pelas áreas populosas do centro. Atualmente, a companhia constrói uma nova infraestrutura para levar água da costa do Mediterrâneo para o interior do país.
A dessalinização, durante muito tempo rejeitada devido ao elevado consumo de energia do processo, está se tornando mais barata, mais limpa e mais eficiente do ponto de vista energético, graças ao avanço tecnológico. Sidney Loeb, cientista americano que inventou o popular método de osmose reversa, veio morar em Israel em 1967 e ensinou os técnicos daqui.
A usina de dessalinização Sorek destaca-se no solo arenoso, cerca de 15 km ao sul de Tel Aviv. Apontada como a maior usina desse tipo no mundo, produz 151 bilhões de litros de água potável por ano, o suficiente para cerca de um sexto da população de Israel, de aproximadamente 8 milhões.
Sob um arranjo complexo, as usinas serão transferidas para a propriedade estatal após 25 anos. Por enquanto, o Estado compra água dessalinizada da Sorek a US$ 0,58 por metro cúbico, um preço relativamente baixo.
Alguns israelenses ironizam a atual revolução hídrica. Tsur Shezaf, que cultiva vinhas e azeitonas no Negev, no sul, argumenta que a dessalinização é essencialmente uma privatização do abastecimento da água em Israel, beneficiando alguns magnatas, enquanto a reciclagem para a agricultura permite que o Estado venda duas vezes a mesma água.
Ambientalistas israelenses dizem que a febre da dessalinização ocorreu em detrimento de alternativas como o tratamento das reservas hídricas naturais que foram poluídas por fábricas, em especial as indústrias militares. Eles também dizem que o método de colher a água para dessalinização em alto-mar, como fazem as usinas israelenses, pode destruir a vida marinha, ao sugar ovas e girinos.
Num lugar seco como o Oriente Médio, a água também tem implicações estratégicas. Disputas entre Israel e seus vizinhos árabes pelos direitos da água na bacia do rio Jordão contribuíram para as tensões que levaram à Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Israel, que partilha o aquífero das montanhas com a Cisjordânia, diz fornecer aos palestinos mais água do que seria a sua obrigação conforme os acordos de paz em vigor. Os palestinos dizem que o volume não é suficiente e é muito caro. Uma nova era de generosidade hídrica poderia ajudar a fomentar as relações com os palestinos e com a Jordânia.

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Quando Anis Suhaila quer uma emoção barata, recorre ao Instagram e ao Twitter para se informar sobre novos livros de bolso lançados no país. Então, ela visita uma das feiras de livros que de vez em quando surgem quase aleatoriamente nas ruas daqui.
É nessas feiras improvisadas que Anis, 24, provavelmente encontrará o que busca: histórias picantes de crime, terror e amor tórrido entre jovens escritas em malaio.
O estilo pode não ser dos melhores, mas a escrita é ágil e nervosa, com enredos que eventualmente tocam em "algo relevante" para o cenário político da Malásia, segundo Anis.
Essa forma repaginada de "pulp fiction", produzida em grande parte por autores que começaram como blogueiros, é produto de uma irreverente indústria independente que floresceu nos últimos quatro anos e que tem aproveitado o desejo de escapismo dos malásios mais jovens, num momento em que seu país se torna mais conservador em questões comportamentais.
Nos últimos anos, o islamismo da Malásia, antes mais relaxado, tornou-se rigoroso.
Cada vez mais, os jovens ouvem não só de pais e professores, mas também de autoridades governamentais e religiosas, ordens sobre como se portar. Decretos recentes proibiram a ioga, a celebração do Halloween e o hábito de fumar narguilé no país. Jornais e TV são submetidos a censura.
Na Malásia, os autores e leitores "não têm muita liberdade, mas no papel e nos livro eles podem basicamente se desnudar", disse Wani Ardy, 31, dono de uma feira de livros itinerante.
Mais de uma dezena de editoras em língua malaia surgiram nos últimos quatro anos. Elas lançaram centenas de títulos e estimam ter vendido mais de um milhão de exemplares.
Essas obras costumam conter inúmeros erros de digitação, mas apresentam capas bonitas. Alguns jovens as veem como uma espécie de acessório descolado. Os livros são escritos com as gírias que os jovens usam nas ruas e muitas vezes apresentam enredos que flertam com temas tabus, como a promiscuidade sexual e o comunismo.
"Os jornais estão sujeitos à censura e a coisas como as leis sobre crimes contra a honra. Já na ficção você pode criar cenários que as pessoas de certa forma reconhecem", disse Amir Muhammad, 42, que há quatro anos criou uma das maiores editoras independentes do país, a Buku Fixi.
Seus dois maiores sucessos foram "Kelabu", uma picante história de amor, e "Asrama", trama de terror ambientada numa escola para meninas.
A Lejen Press foi responsável por um dos maiores best-sellers já lançados, um romance chamado "Awek Chuck Taylor".
Escrito com gírias e mensagens de texto, ele já vendeu cerca de 40 mil exemplares. O narrador, o vagabundo Hafiz, conta que corteja várias garotas ao mesmo tempo.
O autor de "Awek Chuck Taylor", Nomy Nozwir, 31, que assina como Nami Cob Nobbler, disse que a história é vagamente inspirada na sua própria vida.
"Há pessoas que me desprezam", disse ele. "Dizem que a minha escrita é muito vulgar. Mas o fato é que eu não estou escondendo nada."
Sobre as autoridades, Amir, que acaba de abrir sua própria loja, disse: "Tomara que eles continuem não lendo".

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Mais de 250 anos atrás, os antepassados da família real saudita e um pregador fundamentalista marginalizado formaram uma aliança que definiu os destinos desta terra desde então.
Em troca da supremacia política, a Casa de Saud endossou a doutrina do xeque Muhammad ibn Abdul-Wahhab e travou a jihad contra quem quer que rejeitasse sua fé.
Essa aliança formou a base do Estado saudita moderno, que, em tempos recentes, vem fazendo uso de sua riqueza petrolífera para converter a doutrina rígida do clérigo -conhecida como wahhabismo- em uma importante força no mundo muçulmano.
Agora, este local, o berço de tudo, está se convertendo em atração turística. Centenas de operários estão restaurando os palácios de tijolos de barro onde a família Saud vivia e erguendo museus para destacar a história da família real. Uma estrutura elegante abrigará uma fundação dedicada ao xeque e a sua missão.
O projeto acontece em um momento difícil para a Arábia Saudita. Revoltas populares e guerras civis abalaram a ordem regional. A queda nos preços do petróleo atingiu o Orçamento nacional, e o reino está novamente sendo acusado de promover uma vertente intolerante do islã, semelhante à que é seguida pelo Estado Islâmico.
O desenvolvimento de Diriyah é um projeto caro ao novo rei, Salman. A previsão é que o novo complexo seja inaugurado em dois anos. O custo total é estimado em cerca de meio bilhão de dólares.
As autoridades sauditas esperam que o projeto conecte os cidadãos ao seu passado e reabilite a reputação do xeque Abdul-Wahhab, que, segundo elas, foi injustamente maculada.
Embora o wahhabismo tenha seguidores em todo o mundo, muitos muçulmanos detestam essa corrente porque ela vê os xiitas e os seguidores de outras seitas não sunitas -além de cristãos e judeus-como infiéis. Outros consideram que a divulgação do wahhabismo no exterior pela Arábia Saudita forneceu combustível ideológico a grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico.
"É importante que os sauditas saibam que o Estado veio de um lugar específico, que foi preservado e erguido com base em uma ideologia verdadeira, correta e tolerante", disse Abdullah Arrakban, da Alta Comissão para o Desenvolvimento de Riad.
Depois de Diriyah ter passado séculos abandonada, famílias se mudaram para a cidade e ergueram novas casas de tijolos de barro em meados do século 20. Em 1982, o governo adquiriu o local. O programa de desenvolvimento começou por volta de 1990, quando o rei Salman era governador da província de Riad.
O complexo vai incluir parques, restaurantes, estacionamentos subterrâneos e uma série de museus dedicados à vida tradicional saudita, à guerra e aos cavalos árabes. Os visitantes poderão percorrer o bairro antigo construído de tijolos de barro, Turaif, que em 2010 ganhou o status de Patrimônio Mundial da Unesco.
Num final de tarde recente, as trilhas para pedestres que serpenteiam entre restaurantes e cafés estavam cheias de crianças brincando e andando de bicicleta, enquanto famílias faziam piqueniques sob as tamareiras. Outras pessoas tinham vindo para conhecer a história.
Turki al-Shathri, herdeiro de uma família destacada de clérigos, comentou: "A França foi fundada sobre a revolução, a América, sobre seus fundadores. A Arábia Saudita tem como base a missão do xeque Abdul-Wahhab."

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Malek Layouni não estava pensando no islã ou em seu véu quando levou seu filho de nove anos a um parque de diversões perto de Paris. Mas, no fim, era só isso que importava.
Funcionários a pararam a caminho dos brinquedos, citando normas que proíbem cães, pessoas alcoolizadas e símbolos religiosos.
Layouni ainda cora quando recorda a humilhação de ser barrada diante de amigos e vizinhos e de não ter resposta a dar a seu filho, que não parava de lhe perguntar: "O que foi que fizemos?"
Mais de dez anos depois de a França ter aprovado sua primeira lei contra o uso do véu, proibindo meninas de usá-lo em escolas públicas, o assunto tornou-se uma das questões mais voláteis nas tensas relações do país com sua crescente população muçulmana.
Políticos franceses de direita ou centro continuam a defender novas medidas para negar o acesso de mulheres que usam véus a empregos e instituições educacionais. Frequentemente, eles dizem que o fazem em nome da ordem pública ou da laicidade, termo usado pelos franceses para designar a separação entre religião e Estado.
Porém, críticos das leis dizem que esses esforços incentivam a discriminação contra muçulmanos. O resultado é o aumento da impressão de muitos muçulmanos de que a França, que celebra feriados cristãos nas escolas públicas, pratica o racismo de Estado. Para alguns críticos, a proibição do véu também atende aos interesses de alguns islâmicos que querem aprofundar as divisões entre muçulmanos e não muçulmanos no Ocidente.
A França aprovou duas leis: uma, em 2004, proíbe o uso do véu nas escolas públicas primárias e secundárias; outra, promulgada em 2011, proíbe o uso do véu facial completo, usado por apenas uma fração minúscula da população.
Muçulmanas devotas na França dizem que a discussão constante sobre novas leis as converteu em alvo de insultos, cuspes e empurrões nas ruas.
Não é de hoje que a França, onde os muçulmanos compõem 8% da população, demonstra mal-estar diante de muçulmanas que cobrem a cabeça -comportamento que segue os ensinamentos do Alcorão sobre modéstia.
Nos últimos anos, porém, os líderes franceses vêm sendo motivados por vários fatores, incluindo a ascensão da extrema direita e o fato de que extremistas muçulmanos nascidos e criados na França lançaram dois dos piores ataques sofridos no país, incluindo o ataque ao jornal satírico "Charlie Hebdo".
Muitos líderes franceses dizem que a proibição do véu facial completo é necessária por razões de segurança, observando que a Bélgica aplica medida semelhante.  Eles afirmam que a proibição do véu nas escolas se deve à defesa da laicidade (e que solidéus, crucifixos grandes e outros símbolos religiosos são igualmente proibidos).
O conceito de laicidade foi desenvolvido durante a Revolução Francesa com o objetivo de limitar a influência da Igreja Católica.
Recentemente, porém, especialistas dizem que ele se converteu na bandeira da direita, que o redefiniu como arma para defender as tradições francesas contra algo que muitos veem como a influência assustadora de uma população muçulmana crescente.
A lei francesa que proíbe os véus que cobrem todo o rosto vem sendo problemática. Nos três anos desde que entrou em vigor, foram emitidas apenas cerca de mil multas, cujo valor pode chegar a €150. Parece que várias mulheres se divertem incitando a polícia. Uma já recebeu mais de 80 multas. Poucas pagam. Um rico empresário argelino criou um fundo para pagar qualquer multa emitida.
Muitos muçulmanos franceses ironizam a lei, dizendo que turistas ricas do Oriente Médio que usam véu facial completo podem passear na avenida Champs-Elysées ou tirar férias na Côte d'Azur sem serem multadas. Dizem também que a discussão constante sobre as leis do véu deixam muitas pessoas confusas em relação ao que é ou não ilegal.
Defendendo a proibição de mulheres com véus, Richard Trinquier, prefeito de Wissous, disse a um tribunal que estava defendendo o compromisso da França com o secularismo. De acordo com relatos de jornais, o prefeito disse que a presença de símbolos religiosos em público está se tornando "um obstáculo à convivência".
O juiz que julgou o caso em Wissous discordou, e o parque acabou sendo liberado para Malek Layouni. No entanto, o acontecimento a deixou traumatizada e dividiu a pequena cidade.
Depois do julgamento, o movimento na casa de chá de Layouni e seu marido diminuiu. Neste ano, eles fecharam o estabelecimento e se mudaram para outra cidade.

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Andando por uma rua na cidade de Sanya, no sul da China, ouvi uma versão em rock do famoso hino do Partido Comunista, "O Socialismo é Bom", saindo em alto volume de uma loja. Odeio essa canção, mas, quando a música aumentou de volume, me vi cantarolando junto, baixinho. "Os reacionários derrubados / Imperialistas fogem com o rabo entre as pernas... O Partido Comunista é bom / O Partido Comunista é bom / O Partido Comunista é um bom líder do povo."
Canções do Partido Comunista como essa ressoam nos ouvidos dos chineses há décadas. Elas formaram a trilha sonora da juventude de muitas pessoas, entre as quais eu me incluo. Mesmo hoje, apesar de o partido ter se tornado comunista apenas no nome, essas músicas ainda enchem as ondas aéreas. Seria difícil sobrestimar sua influência, não apenas sobre o espírito chinês, mas sobre a própria língua chinesa.
Mais de 60 anos de educação comunista para o ódio, propaganda política idiota e destruição da civilização clássica deram origem a um novo estilo de discurso e escrita. A língua chinesa se brutalizou-e a culpa disso é, em grande parte, do Partido Comunista.
Não são apenas as proclamações governamentais que exalam cadências ásperas e fervor revolucionário, mas também as obras literárias e acadêmicas e, o mais perturbador, o discurso cotidiano das pessoas.
O discurso-padrão dos altos funcionários do partido inclui aforismos banais como "para ser convertido em ferro, o metal precisa ser forte". As proclamações oficiais e os telejornais falam em "harmonia social" e "espírito chinês". Além de promover o "sonho da China" e uma ética de trabalho forte, o presidente Xi Jinping é conhecido por proferir frases como "nunca permitir que comam a comida do Partido Comunista e depois quebrem suas panelas".
A máquina de educação e propaganda política do governo já ultrapassou a amargura revolucionária sedenta de sangue. Nossos livros didáticos são litanias de feitos heroicos brutais: "Detenha uma arma de fogo com seu peito, segure uma bomba nas mãos, deite-se sobre o fogo sem se mover, até morrer queimado". Quase todas as crianças chinesas usam no pescoço um lenço vermelho, "tingido com o sangue de mártires", e muitas crescem cantando as canções dos jovens pioneiros: "Sempre preparados para realizar feitos nobres e exterminar nosso inimigo".
Décadas de baboseira partidária influenciaram a mente das pessoas e o vernáculo chinês.
Nos últimos anos, cheguei a ouvir muitos amigos, alguns dos quais dissidentes, usando a linguagem de nossos propagandistas -e não em tom irônico.
Dois anos atrás, numa cidadezinha da província central de Shanxi, ouvi dois camponeses idosos discutindo o que era melhor: uma tigela de arroz ou um bolinho cozido no vapor. Quando a discussão esquentou, um dos camponeses acusou o outro, sem ironia, de ser "metafísico".
Mao via a metafísica com ceticismo. Por isso, ela se tornou um conceito dúbio, usado na propaganda chinesa como termo pejorativo. É justo supor que esses dois camponeses não soubessem muito sobre metafísica, mas estavam usando o termo como insulto -um xingamento saído diretamente do léxico partidário.
Outros termos, como "idealista" e "sentimentalista pequeno-burguês", passaram a ser usados cotidianamente como insultos, mesmo quando quem os emprega evidentemente não tem ideia do que significam.
A linguagem revolucionária é onipresente. Descrevemos os setores econômicos, como a indústria e a agricultura, como "frentes de batalha". Continuar a trabalhar quando se está doente é "não abandonar o front". Grandes empresas aludem a suas equipes de marketing como "exércitos" ou "tropas" e descrevem seus territórios de vendas como "zonas de batalha".
Essa linguagem foi descrita como "linguagem de Mao" pelo acadêmico literário Perry Link e outros estudiosos.
Em um ensaio de 2012, Link escreveu que esse tipo de discurso "é muito mais carregado de metáforas militares e vieses políticos".
Ele ofereceu alguns exemplos pontuais de como a linguagem de Mao se infiltrou no cotidiano: "No final de banquetes, mesmo hoje, os chineses às vezes pedem a seus amigos que 'xiaomie' [aniquilem] os restos. Na última vez em que estive em Pequim, uma mãe no ônibus respondeu a seu filhinho, que tinha dito 'mãe, preciso fazer xixi já!', dizendo 'jianchi! [seja resoluto], o tio motorista não pode parar aqui'".
No discurso que fez em Yan'an em 1942 exortando os escritores e artistas a "servir ao povo", Mao pediu que os escritores usassem uma linguagem compreensível. Mesmo em textos que escreveu antes de o Partido Comunista chegar ao poder, Mao rejeitava o uso de palavras "de sentido dúbio" e que "as massas" não pudessem entender. Em resposta direta aos seus ditames, o partido promoveu a chamada "linguagem do povo" -um estilo simples e de compreensão fácil.
A simplificação de nosso idioma pelo Partido Comunista foi um esforço intencional de degradar o discurso público. Nesse ambiente, as palavras perdem seu sentido. O partido pode então usar as palavras para mentir e confundir.
Altos funcionários do partido falam em construir um Estado socialista "regido pela lei", mas, quando usam esse termo, querem dizer que o partido usa a lei para dominar a população.
Esse uso da linguagem para confundir e obscurecer tem um objetivo: ocultar a realidade da falta de democracia da China e fingir que a democracia existe.
Não posso dizer que eu tenha a resposta sobre como resistir ao uso da linguagem pelo partido. Não sei como impedir que essa linguagem se infiltre em nosso vernáculo. Mesmo alguém como eu, escritor que tem consciência aguda de como o partido procura nos manipular, não posso me impedir de cantarolar canções de vez em quando.
Meu maior medo foi resumido perfeitamente por George Orwell, que escreveu: "Se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também pode corromper o pensamento".