terça-feira, 23 de junho de 2015
As Nações Unidas investigaram a guerra na Faixa de Gaza em 2014 e
chegaram à conclusão que suspeitas de crimes de guerra cometidos tanto
pelo lado de Israel como pelo lado do Hamas. Um relatório divulgado pela
instituição esta segunda-feira dá conta que a ONU acusou Israel e a
Palestina de múltiplas violações da lei internacional.
De acordo com o relatório divulgado pela ONU (pode ser consultado aqui),
“a impunidade prevalece em toda a faixa” no que diz respeito às ações
das forças israelitas em Gaza. Os peritos do Conselho de Direitos
Humanos da ONU apelam a que Israel “rompa com o lamentável recente
historial de manter os responsáveis” que cometeram estes atos. A equipa
de peritos diz que aquele país lançou seis mil ataques aéreos em Gaza e
muitos destes ataques atingiram prédios habitacionais. “Pelo menos 142
famílias palestinianas tiveram três ou mais membros mortos no mesmo
ataque”. A ONU diz que uma vez que foram usadas armas de grande precisão
e que mesmo assim foram atingidos habitações civis que leva à suspeita
de que os ataques foram planeados uma vez que não foi dada qualquer
explicação para esta contradição. Como tal, diz o relatório que em
alguns casos “um ataque a uma casa direta e intencionalmente sem
objetivo militar específico, equivaleria a uma violação do princípio da
distinção” e como tal “pode também constituir um ataque direto contra
objetos civis ou contra civis” ou seja “um crime de guerra sob a lei
penal internacional”.
Já no que diz respeito às acusações ao grupo armado Hamas, a
ONU diz que há uma “natureza indiscriminada” no lançamento dos rockets e
morteiros disparados para o lado de Israel. Para a ONU “qualquer ataque
de morteiro dirigido contra civis constitui violações do direito
humanitário internacional, em particular do princípio da distinção, o
que pode constituir um crime de guerra”.
Tal como do lado
israelita, a ONU diz que os responsáveis políticos têm falhado em levar
os violadores da lei internacional à justiça.
De acordo com os
números da ONU, no ano de 2014, morreram 2251 palestinianos, 1462 civis
dos quais 299 eram mulheres e 551 eram crianças crianças. Do lado de
Israel morreram seis civis e 67 soldados.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
domingo, 21 de junho de 2015
Os visitantes que chegam de avião a esta agitada metrópole tropical
desembarcam em um aeroporto moderno de aço e vidro que simboliza as
aspirações de Mianmar de voltar a fazer parte do mundo globalizado, após
anos de isolamento e de problemas.
No entanto, a empresa que construiu o terminal, a Asia World, foi
fundada por um dos maiores chefões do narcotráfico local, cuja milícia
vendia heroína extraída dos campos de ópio do interior montanhoso do
país.
É quase impossível ir a Mianmar hoje sem topar com outras obras da
empresa: rodovias, hidrelétricas, grandes portos e um dos hotéis mais
luxuosos do país, o Sule Shangri-La, no centro de Yangon.
Não há evidências de que a empresa hoje tenha quaisquer vínculos com o
tráfico de drogas, mas num momento em que Mianmar procura se modernizar
após décadas de ditadura, o papel cumprido pela Asia World deixa muito
claro como o narcotráfico está profundamente entrelaçado com a nova
economia nacional.
"O capital semente da economia mianmarense vem da heroína", disse Ronald
Findlay, da Universidade Columbia, em Nova York. Findlay nasceu na
então Birmânia colonial. O governo militar mudou o nome do país para
Mianmar em 1989. "Se esse é um exagero, não é um exagero enorme."
De acordo com entrevistas com corretores imobiliários, economistas,
policiais e ex-policiais, os lucros do tráfico ilícito de drogas vêm
sendo uma fonte importante de investimentos na reconstrução do país.
As empresas ligadas ao tráfico estariam construindo novas rodovias e
pontes e mudando a linha do horizonte da maior cidade de Mianmar,
Yangon.
Até pouco tempo atrás, Yangon era uma cidade congelada no tempo e sem
altos edifícios, com calçadas perigosamente esburacadas e prédios
coloniais decrépitos. Hoje se veem guindastes em quase todas as partes
da cidade, e outdoors promovem a opulência de altos edifícios em
construção.
A nova infraestrutura pode ser bem-vinda, mas a economia baseada nas drogas coloca em risco a transição democrática no país.
Para analistas, o tráfico de drogas intensifica a corrupção, reforça o
poder dos militares e corre o risco de fazer Mianmar voltar a ser um
Estado pária.
Desde que o país começou a se abrir ao resto do mundo, quatro anos
atrás, o tráfico de heroína cresceu muito. As Nações Unidas estimam que o
cultivo da papoula do ópio tenha quase triplicado nos últimos seis
anos. Mianmar se converteu no segundo maior produtor mundial de heroína.
Especialistas dizem que os chefões do tráfico em Mianmar têm receita
anual estimada em cerca de US$ 2 bilhões. Entretanto, num país onde
muitas transações comerciais e imobiliárias ainda são feitas em dinheiro
vivo e onde menos de 15% dos adultos têm uma conta bancária, é quase
impossível identificar para onde vai todo esse dinheiro.
Economistas e corretores de imóveis dizem que o tráfico de drogas ajuda a
alimentar a alta vertiginosa dos preços dos imóveis nas maiores cidades
do país.
"Quase todos os envolvidos neste negócio estão fazendo lavagem de
dinheiro", disse U Sai Khung Noung, gerente de uma imobiliária de
Yangon.
Ele calcula que o preço médio dos apartamentos em Yangon tenha subido
600% nos últimos dez anos, chegando à média de US$2.700 por metro
quadrado -valor mais alto que o preço médio em um edifício residencial
novo em Bancoc (Tailândia), cidade muito mais rica.
As drogas ilegais não são a única fonte de dinheiro do mercado negro.
Durante o governo militar, que chegou ao fim em 2011, o tráfico de teca,
jade e gemas preciosas também gerou enormes fortunas ilegais.
A partir de 2007, quando o governo reduziu os impostos sobre imóveis de
proibitivos 50% para 15%, os traficantes aproveitaram a oportunidade
para aplicar o dinheiro vivo no setor.
O corretor imobiliário U Khin Maung Aye, de Yangon, contou que o
comprador de uma casa própria já lhe levou o pagamento de entrada, o
equivalente a US$ 200 mil, em sacos de arroz cheios de dinheiro vivo
-algo que não é incomum no caso de compras de imóveis. O comprador foi
preso posteriormente por tráfico de drogas e sentenciado a 20 anos de
prisão, segundo a polícia.
Porém, casos assim são relativamente raros no país, onde a polícia é
fraca e grandes territórios são controlados por milícias étnicas, não
pelo governo central.
As autoridades dizem que o trabalho da polícia é dificultado pelo legado
da ditadura, sob a qual o sistema educacional foi destruído, milhões
dos cidadãos mais qualificados abandonaram o país e a economia e os
bancos se tornaram disfuncionais.
U Tin Maung Than, diretor de uma organização de pesquisas que assessora o
governo, diz que o Mianmar não tem meios de distinguir o dinheiro limpo
do dinheiro sujo. "Não existe mecanismo ou capacidade efetiva de
reprimir a lavagem de dinheiro e a corrupção", afirmou.
Pelo fato de a maior parte da economia ser informal, ele explicou -ou
seja, não regulamentada e movida a pagamentos em dinheiro vivo-, "se
reprimíssemos os negócios do setor informal e o dinheiro sujo, não
haveria espaço para tanta gente nos presídios do país".
Há mais de 140 anos, o governo dos Estados Unidos designou Yellowstone o primeiro parque nacional.
Desde então, outras 450 áreas ganharam proteção, tornando-se importantes pontos turísticos para o país.
Hoje a China tenta fazer com alguns de seus espaços naturais o mesmo que
os EUA fizeram durante seu florescimento industrial. Recentemente, as
autoridades de Pequim anunciaram um plano para instituir parques
nacionais em nove províncias nos próximos três anos.
"Um sistema de parques nacionais que proteja e administre as ricas e
belas áreas ecológicas do país pode ser fonte de grande orgulho nacional
e educação ambiental", disse Henry M. Paulson Jr., ex-secretário do
Tesouro americano e fundador do Instituto Paulson, que tem dado grande
destaque à pesquisa sobre os problemas ambientais da China. "O truque na
China será permitir que o público compartilhe seus tesouros naturais e
ao mesmo tempo os proteja."
Em alguns lugares na China onde a natureza ainda é pujante, como os
populares parques alpinos de Huanglong e Jiuzhaigou, na província de
Sichuan, as iniciativas de conservação tornaram-se secundárias frente a
empreendimentos de companhias concessionárias de turismo.
Essas áreas também são muitas vezes ameaçadas pela poluição industrial e a construção.
Porém, em dezembro de 2013, segundo reportagens na imprensa estatal
chinesa, o presidente Xi Jinping disse em uma reunião com autoridades
graduadas do governo que o país deveria criar um verdadeiro sistema de
parques nacionais.
O Instituto Paulson mantém contato desde o ano passado com a Comissão
Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão do governo chinês que ajuda
a supervisionar o planejamento econômico, sobre como poderia ajudar.
"Essa foi uma grande notícia", disse Rose Niu, a principal diretora
ambiental no Instituto Paulson, sobre os comentários de Xi. "Número um, o
sistema nacional de parques é um conceito novo na China. Número dois,
essas questões de conservação ambiental nunca tiveram tanto destaque em
um nível político tão elevado."
Niu, que é da província de Yunnan, disse que o instituto forneceria
"apoio técnico" à agência chinesa enquanto as autoridades exploram
maneiras de administrar e proteger os parques experimentais.
Esse apoio inclui a promoção de intercâmbios entre autoridades chinesas e
especialistas dos EUA, o desenvolvimento de diretrizes para administrar
os parques-piloto e estudos de caso de parques nacionais em sete
países: Brasil, Alemanha, Japão, Nova Zelândia, África do Sul, Tailândia
e Estados Unidos.
Algumas autoridades chinesas nos níveis provincial e regional têm
experiência em conservação de parques. Niu teve papel crítico ao ajudar a
criar uma área de conservação chamada Pudacuo. A área protegida abrange
cerca de 300 quilômetros quadrados, onde o fluxo paralelo dos rios
Yangtse, Mekong e Salween escavaram vales profundos.
"A China quer desenvolver um sistema de parques nacionais de acordo com
práticas e padrões internacionais, mas também adequado ao contexto
chinês", disse Niu.
"Os recursos naturais existem cada vez menos na China. O país não apenas
precisa combater a poluição do ar, da água e do solo, como também
precisa investir em seu capital natural."
O cartel internacional de produtores de petróleo há anos tem a mesma
estratégia. Quando o mercado é desfavorável, o grupo corta a produção
para aumentar os preços.
Mas a Arábia Saudita tem uma nova agenda. Hoje o país está menos
preocupado com o preço de petróleo cru nos mercados globais e mais com
produzir combustível para sua economia em expansão.
A mudança está invertendo as dinâmicas tradicionais do mercado que influenciaram a direção do preço do petróleo por décadas.
A Arábia Saudita, de longe o maior produtor na Organização de Países
Exportadores de Petróleo (Opep), vem bombeando cada vez mais barris. Sua
produção diária em março e abril quase se equiparou ao recorde
alcançado em 1980, quando os preços estavam em alta. Os aliados do país,
Kuwait e Emirados Árabes Unidos, também estão perfurando em índices
recordes, enquanto o Iraque tenta aumentar sua produção. Até o Irã
pretende desenvolver novos campos de petróleo.
A pressão aguda para cortar a produção também terminou: depois de uma
queda acentuada no ano passado, os preços praticamente se estabilizaram
em mais de US$ 60 o barril.
"Não haverá cortes na produção", disse René G. Ortiz, do Equador, que já
participou da Opep. "Cada país, especialmente os sauditas e as outras
monarquias do Golfo, vai proteger sua parcela de mercado e ampliá-la o
máximo possível."
Durante décadas, a Arábia Saudita foi a força básica que fez da Opep o
produtor determinante nos mercados globais, conhecido como swing, ou
oscilante -limitando sua produção conforme a demanda do mercado, para
mantê-lo em equilíbrio.
A produção de petróleo nos EUA quase duplicou nos últimos seis anos,
reduzindo as importações da Arábia Saudita e de outros países da Opep. A
situação obrigou os produtores a endurecerem a concorrência na Ásia com
uma oferta que antes inundava o mercado americano.
A Arábia Saudita também precisa se concentrar em necessidades domésticas
maiores e mais diversificadas. Conforme a população cresceu e a classe
média se expandiu, o consumo disparou nos últimos anos.
A Arábia Saudita vem procurando negócios com margem de retorno mais
alta, como refinarias e petroquímicas. O país tem uma nova joint venture
de US$ 22 bilhões com a Dow Chemical e várias novas refinarias que
custam US$ 12 bilhões cada uma.
Especialistas sauditas dizem que a política do petróleo é cada vez mais
definida por jovens tecnocratas que rodeiam o novo rei Salman, que
chegou ao trono em janeiro. A nova liderança ainda dá ênfase ao preço do
petróleo cru, mas também leva em conta que cortes na produção podem
desacelerar a economia saudita e prejudicar o mercado de trabalho.
"A Arábia Saudita ainda está disposta a fazer o papel de swing e a jogar
com toda a economia doméstica, refinarias, usinas de energia,
dessalinização, petroquímica, só para cumprir as expectativas dos
produtores da Opep ou não Opep?", disse Sadad Ibrahim al-Husseini,
ex-vice-presidente da Aramco, a companhia de petróleo estatal saudita.
"A resposta é não, obviamente não."
O consumo de energia na Arábia Saudita cresce mais depressa do que em
quase qualquer outro país, a uma média de 6% ao ano na última década. O
petróleo é o combustível básico para a produção de eletricidade e
dessalinização da água no território.
A Arábia Saudita bombeia 10,3 milhões de barris por dia. O reino precisa
produzir quase 8 milhões de barris para coletar o gás natural que sai
do chão com o petróleo -o gás é crítico para suprir necessidades
residenciais e industriais.
A demanda saudita por gasolina, diesel e combustível para aviões
cresceu. Para compensar, o país espalhou negócios de refino por todo o
mundo, construindo e expandindo nos EUA, na China, no Japão e na Coreia
do Sul. Muitos desses empreendimentos visam processar graus inferiores
de petróleo cru saudita, para se proteger de produtos semelhantes,
especialmente na América Latina.
O investimento doméstico e internacional também dá ao país vantagens em um negócio cada vez mais competitivo.
Uma enorme rede de refinarias fornece aos sauditas um lar para seu
petróleo em um momento em que eles combatem rivais da Opep como Irã e
Iraque por mercados, especialmente na Ásia.
"Quando a concorrência está ávida para vender petróleo cru, os sauditas o
vendem em sistemas que podem controlar", disse Fereidun Fesharaki, da
empresa de pesquisas FGE.
"Eles não querem ter de lutar por cada barril. Ninguém mais pode fazer isso."
quinta-feira, 18 de junho de 2015
No ano em que se celebram 120 anos do acordo, múltiplos eventos que
promovem a cultura japonesa estão acontecendo no Brasil. Há atividades
culturais, esportivas, comerciais e acadêmicas. Em bit.ly/1GLXjZ4 há uma lista completa de eventos em todo o país que fazem parte da celebração. Veja alguns destaques abaixo.
18º Festival do Japão
Considerado o maior acontecimento de cultura japonesa do mundo, o festival contará com shows, atrações culturais e gastronômicas. São esperadas cerca de 180 mil pessoas ao longo dos três dias.
Considerado o maior acontecimento de cultura japonesa do mundo, o festival contará com shows, atrações culturais e gastronômicas. São esperadas cerca de 180 mil pessoas ao longo dos três dias.
QUANDO de 24 a 26 de julho
ONDE São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (rodovia dos Imigrantes, km 1,5)
QUANTO R$ 15 (antecipado) e R$ 18 (no dia)
INFORMAÇÕES tel. (11) 3277-6108
ONDE São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (rodovia dos Imigrantes, km 1,5)
QUANTO R$ 15 (antecipado) e R$ 18 (no dia)
INFORMAÇÕES tel. (11) 3277-6108
4º Festival do Japão em Brasília
As atrações incluem apresentações de judô, workshop de shogi (xadrez japonês), shows musicais, atividades gastronômicas e exposições.
As atrações incluem apresentações de judô, workshop de shogi (xadrez japonês), shows musicais, atividades gastronômicas e exposições.
QUANDO 20 e 21 de junho
ONDE Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade Sarah Kubitschek
QUANTO R$ 14 por dia (meia R$ 7). Quem levar 1 kg de alimento não perecível paga meia
INFORMAÇÕES tel. (61) 3349-3129
ONDE Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade Sarah Kubitschek
QUANTO R$ 14 por dia (meia R$ 7). Quem levar 1 kg de alimento não perecível paga meia
INFORMAÇÕES tel. (61) 3349-3129
Japan & Asian Food Show
Único encontro de negócios da culinária asiática realizado no Brasil, a feira será dividida em exposições de empresas, workshops com especialistas em culinária asiática e gestão de negócios. Os interessados devem se cadastrar em bit.ly/1elLgXY.
Único encontro de negócios da culinária asiática realizado no Brasil, a feira será dividida em exposições de empresas, workshops com especialistas em culinária asiática e gestão de negócios. Os interessados devem se cadastrar em bit.ly/1elLgXY.
QUANDO 3, 4 e 5 de agosto
ONDE Expo Center Norte (r. José Bernardo Pinto, 333)
INFORMAÇÕES tel. (11) 2226-3100
ONDE Expo Center Norte (r. José Bernardo Pinto, 333)
INFORMAÇÕES tel. (11) 2226-3100
Mês do Japão nas Naves do Conhecimento no Rio
As atividades, que ocorrem em diversos pontos do Rio, incluem oficinas de mangá e origami e mostra de filmes japoneses. A inscrição deve ser feita em bit.ly/1uFKfuo.
As atividades, que ocorrem em diversos pontos do Rio, incluem oficinas de mangá e origami e mostra de filmes japoneses. A inscrição deve ser feita em bit.ly/1uFKfuo.
QUANDO 16 de junho a 12 de julho
ONDE Nas seguintes unidades do projeto Naves do Conhecimento: Triagem, Madureira, Vila Aliança, Padre Miguel, Santa Cruz, Penha e Nova Brasília
INFORMAÇÕES tel. (21) 2332-4085
ONDE Nas seguintes unidades do projeto Naves do Conhecimento: Triagem, Madureira, Vila Aliança, Padre Miguel, Santa Cruz, Penha e Nova Brasília
INFORMAÇÕES tel. (21) 2332-4085
Simpósio Internacional de Língua Japonesa como Língua Global
O objetivo do evento em São Paulo é discutir a política linguística e a globalização da língua japonesa por meio de conferências, minicursos e relatos ligados a língua, cultura, sociedade
e hibridismos culturais.
O objetivo do evento em São Paulo é discutir a política linguística e a globalização da língua japonesa por meio de conferências, minicursos e relatos ligados a língua, cultura, sociedade
e hibridismos culturais.
QUANDO de 9 a 13 de agosto
ONDE Casa da Cultura Japonesa (av. Prof. Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária)
INFORMAÇÕES tel. (11) 3091-2416
ONDE Casa da Cultura Japonesa (av. Prof. Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária)
INFORMAÇÕES tel. (11) 3091-2416
8ª Mostra de Arte Nikkei de Brasília
Exposição de obras de nove artistas plásticos nipo-brasileiros (nikkeis) do Distrito Federal. Entre os trabalhos, há pinturas em óleo e acrílica, esculturas e desenhos.
Exposição de obras de nove artistas plásticos nipo-brasileiros (nikkeis) do Distrito Federal. Entre os trabalhos, há pinturas em óleo e acrílica, esculturas e desenhos.
QUANDO de 16 a 30 de junho
ONDE Salão de Exposições da Legião da Boa Vontade (setor de Grandes Áreas Sul, 915, Lote 75/76)
INFORMAÇÕES tel. (61) 2192-9054
ONDE Salão de Exposições da Legião da Boa Vontade (setor de Grandes Áreas Sul, 915, Lote 75/76)
INFORMAÇÕES tel. (61) 2192-9054
quinta-feira, 11 de junho de 2015
segunda-feira, 8 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
Quando uma força irrefreável como o subcontinente indiano se choca com
um objeto imóvel, como a placa eurasiana, as consequências incluem as
montanhas mais altas do mundo e terremotos como o que atingiu o Nepal em
abril.
Muitas perguntas sobre a colisão ainda não têm resposta.
Como o subcontinente indiano chegou tão rápido ao local onde está hoje?
Qual era o tamanho original da Índia? Mesmo uma pergunta muito simples
-quando ocorreu o encontro entre a Índia e a Eurásia, a placa tectônica
sobre a qual ficam a Europa e Ásia- é objeto de discussões. As respostas
chegam a diferir em 30 milhões de anos.
Outro mistério é por que a Índia ainda está se deslocando em ritmo
acelerado -entre 3,8cm e 5cm por ano-, fato que seria a causa dos
terremotos devastadores.
"Pode não parecer muito, mas é o mesmo ritmo de crescimento de nossas
unhas", disse Douwe J.J. van Hinsbergen, professor de ciências da terra
na Universidade de Utrecht, na Holanda.
Os geólogos são como investigadores de acidentes, tentando decifrar o
que aconteceu a partir dos destroços, refletindo sobre como rochas do
leito oceânico foram parar no alto do Himalaia.
Boa parte da evidência está fora de alcance: é a parte da Índia que
afundou sob o Tibete e o Himalaia. Ao longo dos 4,5 bilhões de anos de
história da Terra, os blocos de terra alternaram entre períodos em que
convergiram, formando supercontinentes como a Pangeia, 300 milhões de
anos atrás, e períodos em que se distanciaram, como hoje.
Na era dos dinossauros, a Pangeia tinha se separado em dois continentes,
Laurásia e Gondwana. A Índia era uma parte de Gondwana, estando ligada à
Antártida e entre a África e a Austrália.
Mais de 100 milhões de anos atrás, a Índia se separou e se deslocou em
sentido norte. De acordo com a teoria amplamente aceita, esse fragmento
continental "fugitivo" colidiu com a Eurásia entre 50 milhões e 55
milhões de anos atrás em um dos poucos pontos onde hoje uma parte de um
continente colide com um continente, em vez de uma placa oceânica.
Mas nem todas as partes da visão convencional se encaixam perfeitamente.
Novas análises do magnetismo em rochas sugerem que a extremidade sul da
Eurásia tenha estado mais ao norte do que alguns pensavam, levantando
uma dúvida: se a Índia estava suficientemente perto da Ásia para fazer
contato com ela nessa época.
Outra pergunta crucial: quanto da Índia desapareceu? Se a colisão
ocorreu mais de 50 milhões de anos atrás, quase 3.200 quilômetros da
Índia devem ter sido empurrados para baixo da Ásia.
Os cientistas concordam que alguma coisa colidiu. "A dúvida não é tanto
se houve uma colisão continental 50 milhões de anos atrás, mas se isso
aconteceu com a Índia", disse Van Hinsbergen.
Em 2007, Jonathan Aitchison, hoje professor de geociências na
Universidade de Queensland, Austrália, montou uma linha de tempo
alternativa. A colisão que se pensava ter sido o encontro da Índia com a
Ásia teria sido, na realidade, a Índia atingindo um arco de ilhas ao
sul da Ásia, e 20 milhões de anos mais tarde a Índia teria empurrado
essas ilhas para dentro da Ásia. "Acreditamos que as evidências indicam
que a Índia convergiu com outras coisas antes daa Ásia", disse
Aitchison.
Van Hinsbergen propôs outra ideia. Para ele, entre 70 milhões e 120
milhões de anos atrás, a Índia teria se dividido em duas quando se
deslocava para o norte. O primeiro pedaço teria alcançado a Ásia entre
50 milhões e 55 milhões de anos atrás, mas a parte principal teria
ficado para trás, indo colidir apenas entre 20 milhões e 25 milhões de
anos atrás.
Os geólogos Oliver Jagoutz e Leigh H. Royden, do MIT, chegaram a uma
conclusão semelhante à de Aitchison -que a Índia teria se chocado com um
arco de ilhas antes de colidir com a Ásia-, mas acham que a segunda
colisão ocorreu 5 milhões de anos antes do que Aitchison teoriza.
De modo geral, o movimento dos continentes é causado pelas zonas de
subducção, onde uma placa tectônica passa por baixo de outra e depois
afunda no manto da Terra.
Os geólogos sabiam que havia uma zona de subducção em que a placa
indiana mergulha sob a Ásia. Com um arco de ilhas entre a Ásia e a
Índia, haveria duas zonas de subducção atraindo a Índia, fato que
explicaria seu deslocamento acelerado.
Mas nada disso explica por que a Índia ainda se movimenta tão rapidamente.
Aquilo que estava ao norte da Índia já desapareceu há muito tempo no
manto, e a crosta continental não exerce a mesma força de tração para
baixo.
"Ainda não está claro o que mantém a Índia se deslocando para o norte", disse Royden.
Os mais de 3.000 mil migrantes de Bangladesh e Mianmar que chegaram à
Indonésia e à Malásia encerraram semanas de pesadelo no mar apenas para
cair em um limbo administrativo que poderá demorar anos -ou até
décadas.
Em um potencial avanço na crise que envolve todo o Sudeste Asiático, a
Malásia e a Indonésia concordaram em abrigar os migrantes que foram
resgatados, e outros milhares que podem ainda estar no mar, sob a
condição de que eles sejam devolvidos para seus países ou reassentados
em outros dentro de um ano.
Mas poucas nações parecem dispostas a aceitar os migrantes, nem mesmo os
que se qualificam como refugiados e merecem asilo. Há também um enorme
número de candidatos a reassentamento, e as agências que lidam com o
problema estão sobrecarregadas.
"Mesmo que consigamos o status de refugiados da ONU, ainda não sabemos
quanto tempo teremos de esperar para sermos reassentados", disse Hasinah
Ezahar, 28, que sobreviveu a doença, fome e ameaças dos contrabandistas
a quem ela pagou pela viagem por mar com três de seus filhos, vindos do
oeste de Mianmar. "Até lá, nossas vidas ficam à espera."
Sua família faz parte da onda de migrantes de Bangladesh e Mianmar que
buscam escapar da pobreza e, no caso da etnia rohingya como Hasinah, da
perseguição religiosa.
Há pelo menos 200 mil migrantes rohingyas de Mianmar em Bangladesh e
apenas 32.600 deles receberam proteção da ONU como refugiados que fogem
de perseguição, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados.
Várias centenas deles foram reassentados de campos de refugiados em Bangladesh para outros países.
Na Malásia, os que estão decididos a demandar status de refugiado e
pedir reassentamento, processo que poderá levar anos, estarão se
juntando a mais de 45 mil rohingyas que já são classificados como
refugiados e esperam para ser levados a outro país.
Eles não recebem ajuda do governo enquanto esperam nem podem trabalhar
legalmente. Tampouco podem mandar seus filhos a escolas do governo.
Eles ficam suspensos em um limbo social e jurídico que entidades
beneficentes locais e trabalhos informais aliviam apenas
temporariamente.
"É muito frustrante para nós", disse Anwar Ahmad, rohingya que vive na
Malásia há 18 anos e ganha a vida no mercado de trabalho informal.
"Estamos gratos por podermos ficar aqui e gratos pela ajuda que
recebemos, mas sem uma posição oficial mais forte não tenho futuro na
Malásia."
Até mesmo conseguir o reconhecimento como refugiado pela Agência de Refugiados da ONU tornou-se extremamente demorado.
Amy Smith, diretora-executiva da Fortify Rights, grupo de direitos
humanos que atua principalmente no Sudeste Asiático, disse que a ONU deu
prioridade aos que estão detidos.
Cerca de mil recém-chegados estão abrigados no centro de detenção de
imigração no nordeste da Malásia. Esses, segundo Smith, poderão ter seus
casos decididos em sete ou nove meses. Os outros vão esperar ainda
mais.
Especialistas em migração dizem que aproximadamente metade da última
leva de migrantes é de bengaleses fugindo da pobreza. Eles não cumprem
os requisitos para serem considerados refugiados e devem ser enviados de
volta ao seu país de origem, segundo os governos indonésio e malásio.
No entanto, Bangladesh pode recusar sua volta.
Os rohingyas, povo muçulmano apátrida que há muito tempo enfrenta
discriminação e é privado de direitos humanos básicos em Mianmar,
provavelmente preencherão os critérios de refugiados sob o direito
internacional. Caso seja reconhecido que eles possuem "um medo bem
fundado" de perseguição por motivos de raça, religião ou nacionalidade
em seu país natal, eles terão direito a reassentamento em outros países.
Os ministros das Relações Exteriores da Tailândia, Malásia e Indonésia
disseram no final de maio que seus países não abrigariam refugiados em
caráter permanente.
O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, também disse que seu país não receberá refugiados do atual êxodo.
Cerca de mil rohingyas foram reassentados nos Estados Unidos no último
ano. A Gâmbia se dispôs a receber todos os migrantes rohingyas, mas
especialistas questionaram se o país, da África ocidental, tem essa
capacidade.
A Europa enfrenta sua própria crise migratória. Mais de 1.700 migrantes
da África e do Oriente Médio morreram tentando entrar na Europa por mar
nos primeiros quatro meses deste ano. Outros 26 mil conseguiram chegar
ao continente.
Hasinah, que vive com seu marido e os três filhos em um único quarto em
uma casa compartilhada, tem uma preocupação mais premente: um filho de
13 anos que ela deixou para trás porque não podia pagar para que os
contrabandistas levassem todos. Sua família busca obter meios e dinheiro
para levá-lo à Malásia.
"Aonde quer que sejamos levados, quero estar com meu filho", disse ela.
No auge da seca, o jardineiro israelense Chabi Zvieli temeu por sua
subsistência. Um pesado imposto havia passado a incidir sobre o consumo
excessivo de água para fins domésticos. Muitos dos clientes de Zvieli
aderiram à grama sintética e trocaram as flores sazonais por plantas
nativas, mais resistentes. "Eu me preocupava com o que iria acontecer
com a jardinagem", disse Zvieli, 56.
Em todo o país, os israelenses foram orientados a tomar banhos de no
máximo dois minutos. Lavar carros com mangueiras foi proibido, e só quem
era rico o suficiente para absorver o custo da manutenção de um gramado
foi autorizado a regá-lo -ainda assim, só à noite. "Estivemos numa
situação muitíssimo próxima de alguém abrir a torneira em algum lugar do
país e não sair água", disse Uri Schor, porta-voz da Autoridade Hídrica
do governo.
Isso foi há cerca de seis anos. Hoje, há água em abundância em Israel. "O medo passou", disse Zvieli.
A revolução aconteceu em Israel. Um grande esforço nacional para
dessalinizar água do Mediterrâneo e reciclar águas residuais
proporcionou ao país água suficiente para todas as suas necessidades,
mesmo durante as secas graves. Mais de metade da água destinada às
famílias, à agricultura e à indústria em Israel atualmente é produzida
artificialmente.
"Não há hoje em dia nenhum problema com a água", disse Shaul Ben-Dov,
engenheiro agrônomo de Ramat Rachel. "O preço é mais elevado, mas
podemos viver uma vida normal em um país que está no meio do deserto."
Israel sofreu por décadas com a escassez e superexploração de seus
recursos hídricos. A água doce natural à disposição de Israel em um ano
médio não atende o uso total, em torno de 2 trilhões de litros. A
demanda por água potável deverá aumentar do atual 1,2 trilhão de litros
para 1,95 trilhão até 2030.
A reviravolta veio com uma seca de sete anos, iniciada em 2005, que
atingiu o seu auge no inverno boreal de 2008 para 2009. As principais
fontes naturais de água do país -o mar da Galileia, ao norte, e os
aquíferos das montanhas e da costa- foram esvaziados, o que ameaçou
causar uma deterioração irreversível na qualidade da água. Medidas para
aumentar a oferta e reduzir a procura foram aceleradas, sob a supervisão
da nova Autoridade Hídrica.
Quatro grandes usinas privadas de dessalinização entraram em operação ao
longo da última década. Uma quinta deve estar pronta dentro de alguns
meses. Juntas, elas produzirão mais de 492 bilhões de litros de água
potável por ano, com a meta de chegar a 757 bilhões de litros até 2020.
Israel, nesse período, tornou-se líder mundial na reciclagem de águas
residuais para a agricultura. O país trata 86% do seu esgoto doméstico,
reciclando-o para uso agrícola -volume que representa cerca de 55% de
toda a água utilizada na agricultura. A Espanha, segunda colocada nesse
ranking, recicla 17% de seus efluentes, segundo dados da Autoridade
Hídrica israelense.
O governo de Israel começou fazendo cortes nas quotas anuais de água aos
agricultores, encerrando décadas de uso extravagante e fortemente
subsidiado de irrigação agrícola.
A sobretaxa para o uso doméstico foi adotada no final de 2009, e um
sistema tarifário com duas alíquotas passou a vigorar. O uso regular da
água para fins domésticos agora é subsidiado pelo imposto ligeiramente
superior que os usuários pagam quando ultrapassam o consumo básico.
Funcionários da Autoridade Hídrica foram de casa em casa oferecendo a
instalação em chuveiros e torneiras de dispositivos gratuitos que
injetam ar no fluxo de água, reduzindo o consumo em cerca de um terço e
ainda dando a sensação de um fluxo mais forte.
Autoridades dizem que o uso mais consciente da água levou a uma redução de até 18% no consumo das famílias.
Empresas locais substituíram autoridades municipais na manutenção da
rede de água de cada cidade. O dinheiro arrecadado com a cobrança da
água é reinvestido na infraestrutura.
A Mekorot, empresa nacional de águas, construiu há 50 anos um sistema
destinado a transportar água do mar da Galileia, ao norte, até o árido
sul, passando pelas áreas populosas do centro. Atualmente, a companhia
constrói uma nova infraestrutura para levar água da costa do
Mediterrâneo para o interior do país.
A dessalinização, durante muito tempo rejeitada devido ao elevado
consumo de energia do processo, está se tornando mais barata, mais limpa
e mais eficiente do ponto de vista energético, graças ao avanço
tecnológico. Sidney Loeb, cientista americano que inventou o popular
método de osmose reversa, veio morar em Israel em 1967 e ensinou os
técnicos daqui.
A usina de dessalinização Sorek destaca-se no solo arenoso, cerca de 15
km ao sul de Tel Aviv. Apontada como a maior usina desse tipo no mundo,
produz 151 bilhões de litros de água potável por ano, o suficiente para
cerca de um sexto da população de Israel, de aproximadamente 8 milhões.
Sob um arranjo complexo, as usinas serão transferidas para a propriedade
estatal após 25 anos. Por enquanto, o Estado compra água dessalinizada
da Sorek a US$ 0,58 por metro cúbico, um preço relativamente baixo.
Alguns israelenses ironizam a atual revolução hídrica. Tsur Shezaf, que
cultiva vinhas e azeitonas no Negev, no sul, argumenta que a
dessalinização é essencialmente uma privatização do abastecimento da
água em Israel, beneficiando alguns magnatas, enquanto a reciclagem para
a agricultura permite que o Estado venda duas vezes a mesma água.
Ambientalistas israelenses dizem que a febre da dessalinização ocorreu
em detrimento de alternativas como o tratamento das reservas hídricas
naturais que foram poluídas por fábricas, em especial as indústrias
militares. Eles também dizem que o método de colher a água para
dessalinização em alto-mar, como fazem as usinas israelenses, pode
destruir a vida marinha, ao sugar ovas e girinos.
Num lugar seco como o Oriente Médio, a água também tem implicações
estratégicas. Disputas entre Israel e seus vizinhos árabes pelos
direitos da água na bacia do rio Jordão contribuíram para as tensões que
levaram à Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Israel, que partilha o aquífero das montanhas com a Cisjordânia, diz
fornecer aos palestinos mais água do que seria a sua obrigação conforme
os acordos de paz em vigor. Os palestinos dizem que o volume não é
suficiente e é muito caro. Uma nova era de generosidade hídrica poderia
ajudar a fomentar as relações com os palestinos e com a Jordânia.
Quando Anis Suhaila quer uma emoção barata, recorre ao Instagram e ao
Twitter para se informar sobre novos livros de bolso lançados no país.
Então, ela visita uma das feiras de livros que de vez em quando surgem
quase aleatoriamente nas ruas daqui.
É nessas feiras improvisadas que Anis, 24, provavelmente encontrará o
que busca: histórias picantes de crime, terror e amor tórrido entre
jovens escritas em malaio.
O estilo pode não ser dos melhores, mas a escrita é ágil e nervosa, com
enredos que eventualmente tocam em "algo relevante" para o cenário
político da Malásia, segundo Anis.
Essa forma repaginada de "pulp fiction", produzida em grande parte por
autores que começaram como blogueiros, é produto de uma irreverente
indústria independente que floresceu nos últimos quatro anos e que tem
aproveitado o desejo de escapismo dos malásios mais jovens, num momento
em que seu país se torna mais conservador em questões comportamentais.
Nos últimos anos, o islamismo da Malásia, antes mais relaxado, tornou-se rigoroso.
Cada vez mais, os jovens ouvem não só de pais e professores, mas também
de autoridades governamentais e religiosas, ordens sobre como se portar.
Decretos recentes proibiram a ioga, a celebração do Halloween e o
hábito de fumar narguilé no país. Jornais e TV são submetidos a censura.
Na Malásia, os autores e leitores "não têm muita liberdade, mas no papel
e nos livro eles podem basicamente se desnudar", disse Wani Ardy, 31,
dono de uma feira de livros itinerante.
Mais de uma dezena de editoras em língua malaia surgiram nos últimos
quatro anos. Elas lançaram centenas de títulos e estimam ter vendido
mais de um milhão de exemplares.
Essas obras costumam conter inúmeros erros de digitação, mas apresentam
capas bonitas. Alguns jovens as veem como uma espécie de acessório
descolado. Os livros são escritos com as gírias que os jovens usam nas
ruas e muitas vezes apresentam enredos que flertam com temas tabus, como
a promiscuidade sexual e o comunismo.
"Os jornais estão sujeitos à censura e a coisas como as leis sobre
crimes contra a honra. Já na ficção você pode criar cenários que as
pessoas de certa forma reconhecem", disse Amir Muhammad, 42, que há
quatro anos criou uma das maiores editoras independentes do país, a Buku
Fixi.
Seus dois maiores sucessos foram "Kelabu", uma picante história de amor,
e "Asrama", trama de terror ambientada numa escola para meninas.
A Lejen Press foi responsável por um dos maiores best-sellers já lançados, um romance chamado "Awek Chuck Taylor".
Escrito com gírias e mensagens de texto, ele já vendeu cerca de 40 mil
exemplares. O narrador, o vagabundo Hafiz, conta que corteja várias
garotas ao mesmo tempo.
O autor de "Awek Chuck Taylor", Nomy Nozwir, 31, que assina como Nami
Cob Nobbler, disse que a história é vagamente inspirada na sua própria
vida.
"Há pessoas que me desprezam", disse ele. "Dizem que a minha escrita é
muito vulgar. Mas o fato é que eu não estou escondendo nada."
Sobre as autoridades, Amir, que acaba de abrir sua própria loja, disse: "Tomara que eles continuem não lendo".
Mais de 250 anos atrás, os antepassados da família real saudita e um
pregador fundamentalista marginalizado formaram uma aliança que definiu
os destinos desta terra desde então.
Em troca da supremacia política, a Casa de Saud endossou a doutrina do
xeque Muhammad ibn Abdul-Wahhab e travou a jihad contra quem quer que
rejeitasse sua fé.
Essa aliança formou a base do Estado saudita moderno, que, em tempos
recentes, vem fazendo uso de sua riqueza petrolífera para converter a
doutrina rígida do clérigo -conhecida como wahhabismo- em uma importante
força no mundo muçulmano.
Agora, este local, o berço de tudo, está se convertendo em atração
turística. Centenas de operários estão restaurando os palácios de
tijolos de barro onde a família Saud vivia e erguendo museus para
destacar a história da família real. Uma estrutura elegante abrigará uma
fundação dedicada ao xeque e a sua missão.
O projeto acontece em um momento difícil para a Arábia Saudita. Revoltas
populares e guerras civis abalaram a ordem regional. A queda nos preços
do petróleo atingiu o Orçamento nacional, e o reino está novamente
sendo acusado de promover uma vertente intolerante do islã, semelhante à
que é seguida pelo Estado Islâmico.
O desenvolvimento de Diriyah é um projeto caro ao novo rei, Salman. A
previsão é que o novo complexo seja inaugurado em dois anos. O custo
total é estimado em cerca de meio bilhão de dólares.
As autoridades sauditas esperam que o projeto conecte os cidadãos ao seu
passado e reabilite a reputação do xeque Abdul-Wahhab, que, segundo
elas, foi injustamente maculada.
Embora o wahhabismo tenha seguidores em todo o mundo, muitos muçulmanos
detestam essa corrente porque ela vê os xiitas e os seguidores de outras
seitas não sunitas -além de cristãos e judeus-como infiéis. Outros
consideram que a divulgação do wahhabismo no exterior pela Arábia
Saudita forneceu combustível ideológico a grupos como Al Qaeda e Estado
Islâmico.
"É importante que os sauditas saibam que o Estado veio de um lugar
específico, que foi preservado e erguido com base em uma ideologia
verdadeira, correta e tolerante", disse Abdullah Arrakban, da Alta
Comissão para o Desenvolvimento de Riad.
Depois de Diriyah ter passado séculos abandonada, famílias se mudaram
para a cidade e ergueram novas casas de tijolos de barro em meados do
século 20. Em 1982, o governo adquiriu o local. O programa de
desenvolvimento começou por volta de 1990, quando o rei Salman era
governador da província de Riad.
O complexo vai incluir parques, restaurantes, estacionamentos
subterrâneos e uma série de museus dedicados à vida tradicional saudita,
à guerra e aos cavalos árabes. Os visitantes poderão percorrer o bairro
antigo construído de tijolos de barro, Turaif, que em 2010 ganhou o
status de Patrimônio Mundial da Unesco.
Num final de tarde recente, as trilhas para pedestres que serpenteiam
entre restaurantes e cafés estavam cheias de crianças brincando e
andando de bicicleta, enquanto famílias faziam piqueniques sob as
tamareiras. Outras pessoas tinham vindo para conhecer a história.
Turki al-Shathri, herdeiro de uma família destacada de clérigos,
comentou: "A França foi fundada sobre a revolução, a América, sobre seus
fundadores. A Arábia Saudita tem como base a missão do xeque
Abdul-Wahhab."
Malek Layouni não estava pensando no islã ou em seu véu quando levou
seu filho de nove anos a um parque de diversões perto de Paris. Mas, no
fim, era só isso que importava.
Funcionários a pararam a caminho dos brinquedos, citando normas que proíbem cães, pessoas alcoolizadas e símbolos religiosos.
Layouni ainda cora quando recorda a humilhação de ser barrada diante de
amigos e vizinhos e de não ter resposta a dar a seu filho, que não
parava de lhe perguntar: "O que foi que fizemos?"
Mais de dez anos depois de a França ter aprovado sua primeira lei contra
o uso do véu, proibindo meninas de usá-lo em escolas públicas, o
assunto tornou-se uma das questões mais voláteis nas tensas relações do
país com sua crescente população muçulmana.
Políticos franceses de direita ou centro continuam a defender novas
medidas para negar o acesso de mulheres que usam véus a empregos e
instituições educacionais. Frequentemente, eles dizem que o fazem em
nome da ordem pública ou da laicidade, termo usado pelos franceses para
designar a separação entre religião e Estado.
Porém, críticos das leis dizem que esses esforços incentivam a
discriminação contra muçulmanos. O resultado é o aumento da impressão de
muitos muçulmanos de que a França, que celebra feriados cristãos nas
escolas públicas, pratica o racismo de Estado. Para alguns críticos, a
proibição do véu também atende aos interesses de alguns islâmicos que
querem aprofundar as divisões entre muçulmanos e não muçulmanos no
Ocidente.
A França aprovou duas leis: uma, em 2004, proíbe o uso do véu nas
escolas públicas primárias e secundárias; outra, promulgada em 2011,
proíbe o uso do véu facial completo, usado por apenas uma fração
minúscula da população.
Muçulmanas devotas na França dizem que a discussão constante sobre novas
leis as converteu em alvo de insultos, cuspes e empurrões nas ruas.
Não é de hoje que a França, onde os muçulmanos compõem 8% da população,
demonstra mal-estar diante de muçulmanas que cobrem a cabeça
-comportamento que segue os ensinamentos do Alcorão sobre modéstia.
Nos últimos anos, porém, os líderes franceses vêm sendo motivados por
vários fatores, incluindo a ascensão da extrema direita e o fato de que
extremistas muçulmanos nascidos e criados na França lançaram dois dos
piores ataques sofridos no país, incluindo o ataque ao jornal satírico
"Charlie Hebdo".
Muitos líderes franceses dizem que a proibição do véu facial completo é
necessária por razões de segurança, observando que a Bélgica aplica
medida semelhante. Eles afirmam que a proibição do véu nas escolas se
deve à defesa da laicidade (e que solidéus, crucifixos grandes e outros
símbolos religiosos são igualmente proibidos).
O conceito de laicidade foi desenvolvido durante a Revolução Francesa com o objetivo de limitar a influência da Igreja Católica.
Recentemente, porém, especialistas dizem que ele se converteu na
bandeira da direita, que o redefiniu como arma para defender as
tradições francesas contra algo que muitos veem como a influência
assustadora de uma população muçulmana crescente.
A lei francesa que proíbe os véus que cobrem todo o rosto vem sendo
problemática. Nos três anos desde que entrou em vigor, foram emitidas
apenas cerca de mil multas, cujo valor pode chegar a €150. Parece que
várias mulheres se divertem incitando a polícia. Uma já recebeu mais de
80 multas. Poucas pagam. Um rico empresário argelino criou um fundo para
pagar qualquer multa emitida.
Muitos muçulmanos franceses ironizam a lei, dizendo que turistas ricas
do Oriente Médio que usam véu facial completo podem passear na avenida
Champs-Elysées ou tirar férias na Côte d'Azur sem serem multadas. Dizem
também que a discussão constante sobre as leis do véu deixam muitas
pessoas confusas em relação ao que é ou não ilegal.
Defendendo a proibição de mulheres com véus, Richard Trinquier, prefeito
de Wissous, disse a um tribunal que estava defendendo o compromisso da
França com o secularismo. De acordo com relatos de jornais, o prefeito
disse que a presença de símbolos religiosos em público está se tornando
"um obstáculo à convivência".
O juiz que julgou o caso em Wissous discordou, e o parque acabou sendo
liberado para Malek Layouni. No entanto, o acontecimento a deixou
traumatizada e dividiu a pequena cidade.
Depois do julgamento, o movimento na casa de chá de Layouni e seu marido
diminuiu. Neste ano, eles fecharam o estabelecimento e se mudaram para
outra cidade.
Andando por uma rua na cidade de Sanya, no sul da China, ouvi uma versão
em rock do famoso hino do Partido Comunista, "O Socialismo é Bom",
saindo em alto volume de uma loja. Odeio essa canção, mas, quando a
música aumentou de volume, me vi cantarolando junto, baixinho. "Os
reacionários derrubados / Imperialistas fogem com o rabo entre as
pernas... O Partido Comunista é bom / O Partido Comunista é bom / O
Partido Comunista é um bom líder do povo."
Canções do Partido Comunista como essa ressoam nos ouvidos dos chineses
há décadas. Elas formaram a trilha sonora da juventude de muitas
pessoas, entre as quais eu me incluo. Mesmo hoje, apesar de o partido
ter se tornado comunista apenas no nome, essas músicas ainda enchem as
ondas aéreas. Seria difícil sobrestimar sua influência, não apenas sobre
o espírito chinês, mas sobre a própria língua chinesa.
Mais de 60 anos de educação comunista para o ódio, propaganda política
idiota e destruição da civilização clássica deram origem a um novo
estilo de discurso e escrita. A língua chinesa se brutalizou-e a culpa
disso é, em grande parte, do Partido Comunista.
Não são apenas as proclamações governamentais que exalam cadências
ásperas e fervor revolucionário, mas também as obras literárias e
acadêmicas e, o mais perturbador, o discurso cotidiano das pessoas.
O discurso-padrão dos altos funcionários do partido inclui aforismos
banais como "para ser convertido em ferro, o metal precisa ser forte".
As proclamações oficiais e os telejornais falam em "harmonia social" e
"espírito chinês". Além de promover o "sonho da China" e uma ética de
trabalho forte, o presidente Xi Jinping é conhecido por proferir frases
como "nunca permitir que comam a comida do Partido Comunista e depois
quebrem suas panelas".
A máquina de educação e propaganda política do governo já ultrapassou a
amargura revolucionária sedenta de sangue. Nossos livros didáticos são
litanias de feitos heroicos brutais: "Detenha uma arma de fogo com seu
peito, segure uma bomba nas mãos, deite-se sobre o fogo sem se mover,
até morrer queimado". Quase todas as crianças chinesas usam no pescoço
um lenço vermelho, "tingido com o sangue de mártires", e muitas crescem
cantando as canções dos jovens pioneiros: "Sempre preparados para
realizar feitos nobres e exterminar nosso inimigo".
Décadas de baboseira partidária influenciaram a mente das pessoas e o vernáculo chinês.
Nos últimos anos, cheguei a ouvir muitos amigos, alguns dos quais
dissidentes, usando a linguagem de nossos propagandistas -e não em tom
irônico.
Dois anos atrás, numa cidadezinha da província central de Shanxi, ouvi
dois camponeses idosos discutindo o que era melhor: uma tigela de arroz
ou um bolinho cozido no vapor. Quando a discussão esquentou, um dos
camponeses acusou o outro, sem ironia, de ser "metafísico".
Mao via a metafísica com ceticismo. Por isso, ela se tornou um conceito
dúbio, usado na propaganda chinesa como termo pejorativo. É justo supor
que esses dois camponeses não soubessem muito sobre metafísica, mas
estavam usando o termo como insulto -um xingamento saído diretamente do
léxico partidário.
Outros termos, como "idealista" e "sentimentalista pequeno-burguês",
passaram a ser usados cotidianamente como insultos, mesmo quando quem os
emprega evidentemente não tem ideia do que significam.
A linguagem revolucionária é onipresente. Descrevemos os setores
econômicos, como a indústria e a agricultura, como "frentes de batalha".
Continuar a trabalhar quando se está doente é "não abandonar o front".
Grandes empresas aludem a suas equipes de marketing como "exércitos" ou
"tropas" e descrevem seus territórios de vendas como "zonas de batalha".
Essa linguagem foi descrita como "linguagem de Mao" pelo acadêmico literário Perry Link e outros estudiosos.
Em um ensaio de 2012, Link escreveu que esse tipo de discurso "é muito
mais carregado de metáforas militares e vieses políticos".
Ele ofereceu alguns exemplos pontuais de como a linguagem de Mao se
infiltrou no cotidiano: "No final de banquetes, mesmo hoje, os chineses
às vezes pedem a seus amigos que 'xiaomie' [aniquilem] os restos. Na
última vez em que estive em Pequim, uma mãe no ônibus respondeu a seu
filhinho, que tinha dito 'mãe, preciso fazer xixi já!', dizendo
'jianchi! [seja resoluto], o tio motorista não pode parar aqui'".
No discurso que fez em Yan'an em 1942 exortando os escritores e artistas
a "servir ao povo", Mao pediu que os escritores usassem uma linguagem
compreensível. Mesmo em textos que escreveu antes de o Partido Comunista
chegar ao poder, Mao rejeitava o uso de palavras "de sentido dúbio" e
que "as massas" não pudessem entender. Em resposta direta aos seus
ditames, o partido promoveu a chamada "linguagem do povo" -um estilo
simples e de compreensão fácil.
A simplificação de nosso idioma pelo Partido Comunista foi um esforço
intencional de degradar o discurso público. Nesse ambiente, as palavras
perdem seu sentido. O partido pode então usar as palavras para mentir e
confundir.
Altos funcionários do partido falam em construir um Estado socialista
"regido pela lei", mas, quando usam esse termo, querem dizer que o
partido usa a lei para dominar a população.
Esse uso da linguagem para confundir e obscurecer tem um objetivo:
ocultar a realidade da falta de democracia da China e fingir que a
democracia existe.
Não posso dizer que eu tenha a resposta sobre como resistir ao uso da
linguagem pelo partido. Não sei como impedir que essa linguagem se
infiltre em nosso vernáculo. Mesmo alguém como eu, escritor que tem
consciência aguda de como o partido procura nos manipular, não posso me
impedir de cantarolar canções de vez em quando.
Meu maior medo foi resumido perfeitamente por George Orwell, que
escreveu: "Se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também pode
corromper o pensamento".
sexta-feira, 5 de junho de 2015
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