terça-feira, 30 de julho de 2013

ENCONTROS DO CEO

16/08, TEMPLO SHAOLIN DA FRADIQUE COUTINHO, 19:00

Trinta e cinco anos depois de o livro pioneiro "Orientalismo", do crítico cultural e literário Edward W. Said, ter redefinido o termo, esse conceito ainda frequente em grandes exposições. É o caso, agora, da mostra "1001 Faces do Orientalismo", no museu Sakip Sabanci.
Edward Said via o orientalismo como uma mentalidade perigosa que abraçava pressupostos falsos e "preconceitos eurocêntricos" em relação às culturas asiáticas e do Oriente Médio, sendo essa visão perpetuada em parte por imagens romantizadas difundidas por exploradores, diplomatas e escritores ocidentais. As traduções europeias dos contos folclóricos "1001 Noites", por exemplo, contribuíram muito para difundir uma visão do Oriente como um lugar de intrigas sexuais povoado por gênios e ladrões.
A exposição no museu Sabanci desloca o foco da atenção para as influências orientalistas sobre a arquitetura, o turismo e a moda, influências essas que continuam fortes até hoje. Enquanto os europeus veem banhos, tendas e mesquitas como sendo "turcos", a exposição explica que alguma das estruturas neoislâmicas em Istambul foram inspiradas, na realidade, por edificações europeias que tinham reciclado detalhes complexos de um palácio mouro séculos mais velho -o Alhambra, na Espanha- e de construções islâmicas indianas.
Para o orientalismo, a maior referência arquitetônica é "a mesquita otomana genérica, com domos e minaretes finos e altos", disse Zeynep Celik, professora de arquitetura no Instituto Nova Jersey de Tecnologia, em Newark.
Um eco contemporâneo do orientalismo pode ser encontrado na planta do controvertido plano de reconstruir um quartel militar ao estilo da era otomana, com domos em formato de cebola, na praça Taksim, em Istambul. "O quartel em questão talvez seja a versão mais 'Disney' do orientalismo otomano", disse Celik.
Em escala mais ampla, disse ela, a arquitetura islâmica foi levada ao mundo ocidental pela primeira vez na Feira Mundial de 1867 em Paris.
À medida que o orientalismo foi percorrendo o mundo, as pessoas passaram a viajar em busca da "experiência oriental". O nome "Expresso do Oriente" suscitava fantasias de aventuras emocionantes em um trem.
A exposição também trata da moda orientalista, cujas influências ainda são visíveis hoje, segundo Celik, no trabalho de estilistas como Gonul Paksoy e Karl Lagerfeld.
A distância existente entre a percepção ocidental e a realidade oriental foi exemplificada pelas reações à pintura a óleo de 1860 "Visita, Interior de Harém", de Henriette Browne. Diferentemente dos artistas orientalistas homens, Browne conheceu um "haremlik" quando visitou Fatma Sultan, filha do sultão Abdulmecid, num palácio no Bósforo. Sua tela mostra um grupo de mulheres bem vestidas e cheias de dignidade. Não há cenas de banhos ou concubinas nuas. De acordo com as notas da exposição, quando o quadro foi exposto em Paris, em 1861, o público se decepcionou.
A casa noturna mais animada desta cidade industrial é um bar coberto de neon, localizado na mesma rua do parque industrial onde iPhones são produzidos 24 horas por dia.
Nos fundos de um terreno em construção sem muros, a Trough the Summer, como a casa noturna é conhecida, tinha de tudo numa recente noite de sábado -apitos de plástico, falso sabres de luz e um comediante vulgar que bebia cerveja pelo nariz.
Liang Yulong, 19, que testa placas-mães de iPhones no parque tecnológico Foxconn Zhengzhou, chegou à discoteca com um só objetivo em mente: tirar da cabeça, numa pista de dança dotada de molas, a sua lúgubre realidade diurna. "Dançar permite extravasar a raiva e o estresse", disse ele, com um cigarro na mão. "Quando estou aqui, esqueço todo o resto."
Nos rudes subúrbios de Zhengzhou, capital da província de Henan, a fauna noturna revela um aspecto pouco explorado da cadeia global de suprimento: as escapadas das horas vagas, que dão motivação às massas de operários para que eles voltem à linha de montagem.
As mãos que produzem os aparelhos eletrônicos do mundo pertencem quase inteiramente a jovens com sonhos próprios, entre os quais não está o de passar a vida se contentando com um penoso trabalho industrial. O precioso tempo livre desses operários é uma rara chance de desfrutar do presente. "Todos ficam malucos à espera do fim de semana", disse Bai Sihai, 24. Seu plano? Jogar videogame feito louco numa lan house e depois fazer uma ligação interurbana para a namorada.
Os donos das fábricas estão começando a ver os méritos do lazer nas horas vagas.
Nos últimos anos, uma onda de distúrbios e suicídios na província de Henan chamou a atenção para as condições trabalhistas. Em abril e maio, dois operários e um candidato a um emprego morreram ao se atirar dos alojamentos que hospedam trabalhadores da fábrica de Zhengzhou, propriedade da Foxconn, gigante industrial que produz aparelhos eletrônicos para a Apple e a Microsoft.
A Foxconn diz que os suicídios não tiveram relação com o trabalho na fábrica. Também em maio, um operário se suicidou numa fábrica da Samsung na província de Guangdong, onde organizações de direitos trabalhistas documentaram várias violações, como horas extras compulsórias e trabalhadores com idade inferior à permitida.
Sob pressão, a Foxconn aumentou os salários e reduziu as horas extras. Na fabrica da Quanta em Xangai, que produz componentes para empresas como Apple, Toshiba e Asus, os funcionários podem pagar para ter aulas de ioga e tae-kwon-do.
Após os novos suicídios no alojamento de Zhengzhou, a Foxconn instituiu uma regra que proíbe todas as conversas sobre assuntos extraprofissionais no chão de fábrica. Embora a empresa tenha posteriormente anunciado que revogou a medida por causa da reação popular, funcionários dizem que ela permanece em vigor.
Os empregados, que precisam usar uniformes, dizem que os supervisores costumam gritar e xingar. Na área residencial, alojamentos abrigam até oito operários cada um, em quartos preenchidos com beliches e uma combinação de chuveiro/privada.
Talvez por isso, o mundo fora dos portões da fábrica pareça uma gigantesca feira de rua.
No mesmo quarteirão, um terreno em construção abriga diversas atrações, como um estúdio de tatuagem montado na traseira de uma van, jogos eletrônicos com garras metálicas e uma espécie de cervejaria ao ar livre, onde hordas de jovens operários sorvem cerveja aguada e fumam sem parar em cima de travessas com joelhos de porco fatiados.
O verão boreal é a baixa temporada nas cidades industriais chinesas, então muitos trabalhadores tiram um dia de folga no fim de semana.
Há numerosos personagens pitorescos à mão para mantê-los entretidos. Numa noite, um grupo de artistas itinerantes vestidos como monges budistas havia montado uma loja. Eles distraíam a multidão de entediados transeuntes moldando bexigas e vendendo ornamentos abençoados para espelhinhos retrovisores. "O circo que apareceu meses atrás era melhor", disse Li Yu, 19. "Eles tinham leões e tigres de verdade."
O skate e a patinação têm seguidores fiéis. Meia dúzia de equipes com nomes como Rainbow, F-2 e Shadow se reúne para sessões semanais de skate em grupo por toda a cidade.
Às 23h, os motéis estavam ficando movimentados.
Após um longo dia fabricando iPhones, Wang Puyan, 20, e sua namorada se encaminhavam para seu apartamento alugado fora do parque industrial, já que os alojamentos da fábrica são separados por sexo.
Uma aventura romântica não estava programada, porém. "Nós nos vemos todo dia no trabalho", disse ele. "Por que sairíamos para namorar?"
As companhias multinacionais de medicamentos hoje empregam mais agentes de vendas na China do que nos Estados Unidos, seu maior mercado. Várias delas, incluindo a Glaxo e a GlaxoSmithKline (GSK), estão fazendo grandes investimentos no país, que incluem a construção de centros de pesquisa e de desenvolvimento. Isso porque, em breve, a China deverá superar o Japão como o segundo maior mercado farmacêutico do mundo.
Mas vender remédios e outros produtos na China é cada vez mais difícil, como demonstram acusações feitas neste mês de que a GSK subornou -com a ajuda de agências de viagens- médicos, hospitais e autoridades para reforçar as vendas da marca no país.
As autoridades chinesas compararam as operações da companhia ao crime organizado e detiveram quatro executivos chineses para interrogatório.
As autoridades chinesas disseram que estão investigando as políticas de preços de até 60 laboratórios estrangeiros e domésticos.
A série de investigações mostra como o mercado farmacêutico tornou-se crítico para as companhias globais e para o governo chinês. Os chineses não escondem seu objetivo de transformar a indústria de medicamentos do país em uma concorrência mais direta aos principais fabricantes mundiais.
Em consequência, as companhias globais podem esperar maior escrutínio, disse Tarun Khanna, professor da Escola de Administração de Harvard. "Práticas que talvez fossem aceitas algum tempo atrás passarão a ser detidamente analisadas", disse ele, especialmente quando o governo chinês pretende passar de uma economia baseada em exportações para uma que também enfoque vendas a consumidores locais.
Vários fatores contribuem para o boom de consumo chinês. O crescimento da economia deu origem a uma classe média que pode pagar por remédios ocidentais caros e tratar de doenças que poderiam ter passado antes despercebidas ou não ser medicadas.
A China também expandiu a cobertura do seguro-saúde a centenas de milhões de novos pacientes -95% da população tinham seguro-saúde em 2011, comparados com 43% em 2006, segundo um relatório da empresa de consultoria McKinsey. Até 2020, os gastos da China em tratamentos de saúde deverão crescer para US$ 1 trilhão, contra US$ 357 bilhões em 2011, segundo a McKinsey. O setor médico do país investiu US$ 160 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em 2012, quase superando o Japão, segundo um relatório da Lux Research, de Boston.
A GlaxoSmithKline vem lutando para reformar sua imagem, depois de uma multa de US$ 3 bilhões nos Estados Unidos no ano passado, em que a companhia admitiu promover de maneira inadequada seus antidepressivos e deixar de relatar dados de segurança sobre a droga contra diabetes Avandia. O executivo-chefe da empresa, Andrew Witty, proclamou repetidamente a companhia como líder global em práticas éticas e disse que ela abandonou seus lapsos anteriores.
Investigadores chineses contaram uma história diferente no dia 15 de julho. Em uma entrevista coletiva em Pequim, eles disseram que representantes da GSK na China tinham organizado conferências fraudulentas, cobrado excessivamente por sessões de treinamento e simulado outros serviços para os quais agências de viagens emitiam falsos recibos.
Com o dinheiro reembolsado pela GSK por esses "serviços", eles pagavam propinas para inserir a empresa no mercado chinês.
Como o negócio era lucrativo também para as agências de viagens, algumas delas chegaram a contratar prostitutas para satisfazer os diretores da GSK e tentar, assim, garantir o vínculo com a farmacêutica.
O governo chinês disse que deteve quatro executivos graduados -todos chineses. Em 15 de julho, um dos executivos presos apareceu na televisão chinesa e admitiu grande parte da atividade, segundo reportagens. Na entrevista, Liang Hong, o vice-presidente de operações da Glaxo na China, reconheceu ter organizado conferências falsas e outras atividades e disse que os pagamentos feitos a médicos e autoridades contribuíram para aumentar os preços dos remédios da empresa na China.
Em declaração, a Glaxo disse estar "profundamente preocupada" com as acusações, acrescentando que havia interrompido suas relações com as agências de viagens identificadas na investigação.
No entanto, vários analistas disseram que, em certo nível, essas atividades são típicas de empresas estrangeiras que tentam fazer negócios em mercados emergentes.
"A maior parte das investigações de corrupção em grande escala se concentra no uso de intermediários", disse Richard L. Cassin, editor do blog FCPA e advogado. Mas ele disse que a acusação de que a Glaxo canalizou até US$ 489 milhões por meio de mais de 700 agências de viagens torna esse caso excepcional.
"Setecentas agências de viagens é um número surpreendente", disse ele.
Depois de sair do trabalho, Abdul Wahid caminha 16 quilômetros por trilhas nas montanhas do norte do Afeganistão para embarcar num ônibus que o leva até um instituto de formação de professores em Salang. Ele volta para casa muito após o anoitecer, subindo a montanha a pé novamente, e descansa para encarar seu emprego no dia seguinte.
Em sua determinação de conseguir a formação de professor, Wahid, 33, simboliza muitos dos avanços conquistados recentemente na educação no Afeganistão. Mas sua situação também simboliza a distância que ainda falta ser percorrida.
Wahid é o diretor da escola de ensino médio de seu povoado, Unamak. Embora ele próprio só tenha o diploma do ensino médio, é o professor mais instruído com que contam seus 800 alunos.
A demanda por melhor ensino para os afegãos -e da oportunidade de frequentar a escola, especialmente no caso de meninas- chegou ao ponto mais alto em décadas. Mas há receios de que muitas das promessas de melhora não estejam sendo cumpridas e de que problemas importantes estejam ficando sem solução.
Muitas das escolas estão operando três turnos diários, o que significa que os alunos só têm três horas de aula por dia. De acordo com estatísticas da Unicef, a maioria dos professores do Afeganistão não é qualificada pelas leis do país. Em muitas áreas rurais, se veem professores que estudaram apenas até a nona série.
Quase metade das escolas do país funciona em barracas de lona ou à sombra de uma árvore. Em um país marcado por extremos climáticos no inverno e no verão, isso quer dizer que muitos dias letivos são perdidos.
O sistema escolar público afegão cresceu tremendamente nos últimos anos, reforçado por assistência internacional. A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) teria doado US$ 934 milhões nos últimos 12 anos para programas educacionais no Afeganistão.
O ministro da Educação, Farouk Wardak, insiste que há 10,5 milhões de alunos matriculados neste ano, 40% dos quais meninas. Em 2001, sob o governo do Taleban, havia apenas estimados 900 mil, entre os quais quase não havia meninas. Muitos consideram essas cifras sem fundamento.
Documentos do Ministério da Educação listam 252 mil estudantes matriculados na província de Khost no ano passado. Mas Kamar Khan Kamran, do departamento de Educação da província, disse que os números são radicalmente inflados: "Acho que mal vamos conseguir matricular 20 mil a 25 mil alunos neste ano".
Mesmo assim, a situação do ensino melhorou de modo marcante na última década.
Um exemplo de sucesso é o da escola feminina de ensino médio Sardar Kabuli, na capital.
No ano passado, mais de 290 meninas se formaram na escola, mais de um terço do número das alunas matriculadas neste ano para o primeiro ano. Mais de metade das que se formaram foram aprovadas nos exames de admissão de universidades.
Dois anos atrás, a escola consistia em 38 tendas e havia três turnos escolares. Hoje suas 6.600 alunas estudam em dois turnos (todas têm suas próprias carteiras) e cada livro didático é dividido por não mais que duas alunas.
O ministro da Educação tem orgulho do que já foi conquistado, mas se mostra defensivo ao falar da qualidade do ensino. "Tenho US$ 70 para gastar por ano com cada aluno", explicou. "Nos EUA se gastam US$ 20 mil, no Paquistão, US$ 130.."
Na escola Sayid Ismail Balkh, na capital, 8.000 alunos estudam em turnos de três horas diárias, em construções inacabadas. Em um dia dado, os 5.400 alunos estavam apertados: três diante de cada carteira, 40 em cada sala de aula, com dez livros didáticos por classe. Lonas formavam um teto improvisado. "Quando chove, não há aula", disse o diretor, Barat Ali Sadaqi.
Os banheiros e as instalações de água ainda não estão prontos, e o odor de esgoto permeia a escola. O fornecimento de eletricidade é intermitente. Há apenas seis computadores para todos os alunos da escola. "Isso é o desenvolvimento após dez anos em Cabul", disse Sadaqi.
Usman, que manca sobre uma perna curvada pela pólio que contraiu na infância, fez questão de proteger seus três primeiros filhos contra a doença, mas repeliu os vacinadores quando seu caçula nasceu.
Ele estava furioso com o fato de a Agência Central de Inteligência dos EUA ter encenado uma falsa campanha de vacinação durante a caçada a Osama bin Laden. Usman tinha passado a ver a guerra contra a poliomielite, ou paralisia infantil, como um complô ocidental.
Em janeiro, seu filho Muszharaf, 2, tornou-se a primeira criança a ficar atrofiada pela pólio neste ano no mundo. "Agora sei que cometi um erro", disse Usman, 32, que usa só um nome, como muitos da tribo pashtun.
"Mas vocês, americanos, causaram dor na minha comunidade. Os americanos pagam a campanha da pólio, e isso é bom. Mas vocês abusaram de uma missão humanitária para um propósito militar."
A indignação com a política externa americana levou a um revés no esforço global contra a pólio. Em dezembro, nove imunizadores foram mortos a tiros em Karachi, e dois comandantes do Taleban proibiram as vacinações em suas áreas, dizendo que elas só poderiam ser retomadas se os ataques com "drones" parassem. Em janeiro, dez vacinadores foram mortos no norte da Nigéria, dominado por muçulmanos.
Desde então, houve homicídios isolados -de um ativista, de um policial e de vacinadores-, sempre levando a uma suspensão temporária da campanha.
A guerra contra a pólio, que custa US$ 1 bilhão por ano e ainda deve durar pelo menos cinco anos, está em jogo. Quando ela começou, há 25 anos, 350 mil pessoas ficavam paralisadas por ano, a maioria crianças. No ano passado, menos de 250 ficaram, e apenas três países -Afeganistão, Nigéria e Paquistão- nunca chegaram a conter sua difusão em nenhum momento.
O Paquistão elevou o pagamento dos vacinadores a US$ 5 por dia nas áreas mais perigosas, aumentou as escoltas policiais e militares e criou salas de controle para acelerar respostas a crises.
Foi providencial que, há dois anos, a Índia, rival do Paquistão em tudo, do críquete ao arsenal nuclear, tenha eliminado a pólio. "Nada feriu tanto o nosso orgulho quanto isso", disse o médico Zulfiqar A. Bhutta, especialista em vacinas da faculdade de medicina da Universidade Aga Khan.
O Paquistão está mais perto do que nunca da erradicação. Houve, desde o começo do ano, apenas 21 casos de pólio. Há poucos anos, circulavam 39 subcepas do vírus da pólio. Atualmente, são apenas duas. Cerca de 300 mil crianças vivem em áreas perigosas demais para os imunizadores, mas quase todas as amostras de esgoto dessas áreas estão livres do vírus.
No fim das contas, porém, o sucesso dependerá acima de tudo de atos individuais de coragem, como o de importantes imãs que posam para fotos vacinando crianças. Ou o de Usman, que apareceu com Musharaf, seu filho afetado pela pólio, em um vídeo no qual pede a países ricos do golfo Pérsico que comprem vacinas para muçulmanos pobres de outros lugares.
Ou o de voluntários, como as mulheres da família Bibi, em Karachi, que formaram uma equipe de vacinação. Duas delas, Madiha, 18, e Fahmida, 46, foram mortas a tiros em dezembro. O noticiário de TV mostrou mulheres da família ajoelhadas junto aos corpos. Essas mulheres não só continuam vacinando como também uma irmã de Madiha, de 15 anos, se voluntariou para assumir o lugar dela.
"Todos os filhos do Paquistão são nossos filhos", disse Gulnaz Shirazee, 31, que comanda o grupo. "Cabe a nós erradicar a pólio. Não podemos parar."
Em Peshawar, celeiro da militância antiocidental, todas as vítimas da pólio são da tribo pashtun, cuja resistência à vacinação é maior. Ações do Exército paquistanês e ataques com "drones" americanos levaram muitos pashtuns a trocarem seus vales montanhosos por cidades.
O caso de Peshawar preocupa até mesmo Elias Durry, especialista em pólio da Organização Mundial da Saúde, geralmente otimista. "Você pode conseguir uma cobertura de 90% da vacina e voltar em alguns meses e estar com 50%", disse ele. "As pessoas se mudam rápido demais."
O isolamento e a pobreza da tribo pashtun estão associados à sua resistência. Muitos bairros pashtuns recebem poucos serviços, como postos de saúde e pavimentação de ruas, mas têm outdoors alardeando a luta contra a pólio, bancada por doadores ocidentais.
Em meados do ano passado, soube-se que, em 2011, a CIA pagou um médico local para tentar recolher amostras de DNA de crianças dentro de um imóvel de Abbottabad, para provar que elas eram parentes de Bin Laden.
O médico Shakil Afridi, que hoje cumpre pena de 33 anos de prisão por traição, oferecia vacina contra hepatite, mas, apesar disso, a ira popular se voltou contra as gotinhas antipólio.
Os líderes do esforço de erradicação da pólio -que já enfrentavam rumores de que os vacinadores estariam ajudando a definir o alvo dos "drones"- não poderiam ficar mais frustrados.
Eles, desde então, adotaram novas táticas. O médico Qazi Jan Muhammad, ex-subcomissário de Karachi Leste, descobriu que prédios de apartamentos inteiros haviam sido ignorados porque vigilantes pashtuns estavam afastando os vacinadores a tiros. "Eu precisei que a polícia dissesse a eles: 'Ou vocês os deixam entrar ou vocês vão para atrás das grades'."
Rotatórias de trânsito foram fechadas a pedido dele para que as equipes abordassem cada carro. Ele próprio comandou algumas equipes que atraiam pessoas segurando punhados de dinheiro. "Vi uma menina de uns 11 anos trazendo sua irmã de 2 anos", disse ele. "Eu dei uma nota de dez rupias a ela e disse: 'Deixa eu dar as gotas à sua irmã? Você pode comprar doces para você'."
"Ela disse a todas as crianças: 'Um homem está distribuindo dez rupias', e todas elas vieram correndo. Vacinei 400 crianças."
Os esgotos do distrito dele, que tem milhões de habitantes, estão atualmente livres do vírus.
A nova determinação do país também atraiu o Rotary International de volta para a linha de frente. O líder do clube, Aziz Menon, 70, e outros executivos rotarianos usam seu dinheiro e suas conexões políticas para manter a pressão. Eles indenizaram os parentes de vacinadores mortos.
Em um bairro industrial de Karachi, onde após o anoitecer predominam as gangues e o Taleban, Abdul Waheed Khan supervisionava uma clínica de combate à pólio do Rotary na sua escola, a Academia Naunehal. Sua única segurança eram adolescentes locais que acompanhavam seu carro de moto. "Diziam que eu era judeu", disse Khan, em abril. "Precisei que um amigo emitisse uma 'contra-fatwa' dizendo que eu sou um bom muçulmano."
Em 13 de maio, Khan foi morto por pistoleiros, que também feriram sua filha, de um ano.
A clínica dele não fechará, segundo Menon. "Ninguém pode substituir Waheed, mas a vida precisa continuar."
Os preços vêm quebrando recordes e provocando espanto no mercado da arte.
Mais de US$ 70 milhões (cerca de R$ 155 milhões) em 2007 por "White Center", de Rothko, um dos preços mais altos já pagos por uma obra desse artista. No mesmo ano, mais de US$ 20 milhões (R$ 44 milhões) por um armário de remédios de Damien Hirst, na época um recorde em valores pagos por um trabalho de um artista vivo.
Em 2011, US$ 250 milhões (R$ 550 milhões) por "Jogadores de Baralho", de Cézanne, o mais alto valor conhecido já pago por um quadro.
Graças ao sigilo no mercado da arte, poucos na época sabiam quem tinha desembolsado esses valores.
Mas vem ficando cada vez mais claro que essas e muitas outras obras foram adquiridas pelo Qatar, pequeno país do Golfo Pérsico que, além de usar recursos do petróleo para reforçar sua influência no Oriente Médio, com iniciativas como armar os rebeldes sírios, também investe para se tornar potência cultural.
"Os qatarianos são os compradores mais importantes do mercado de arte, hoje", diz Patricia G. Hambrecht, da casa de leilões Phillips.
As aquisições são realizadas por intermediários como a xeique Al Mayassa bint Hamad bin Khalifa Al Thani, presidente da Autoridade dos Museus do Qatar e irmã do novo emir do Qatar. Aos 30 anos, ela se tornou uma das figuras mais influentes no mundo das artes.
Especialistas estimam que Al Mayassa controle um orçamento de aquisições que chega a US$ 1 bilhão (R$ 2,2 bilhões) por ano. O Museu de Arte Moderna de Nova York, por exemplo, gastou US$ 32 milhões (R$ 70 milhões) com a aquisição de obras de arte no ano fiscal 2011-2012.
Segundo eles, os qatarianos vêm usando esses recursos para obter grande número de obras-primas modernas e contemporâneas de Francis Bacon, Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Jeff Koons.
Boa parte do acervo ocidental que está sendo formado deve fazer parte de uma nova instituição de arte contemporânea no país, apesar de as autoridades ainda não a terem anunciado.
Quanto aos princípios que norteiam as aquisições, especialistas dizem que a xeique está simplesmente interessada em obter o melhor do melhor, não importa o custo.
"A xeique tem uma visão muito grandiosa", disse Leila Heller, marchand nova-iorquina que trabalha com artistas do Oriente Médio. "Ela quer converter Doha em centro artístico da região, para que as pessoas não precisem viajar até Nova York para ver grandes exposições."
Especialistas dizem que esse esforço para criar um acervo de arte contemporânea de primeira grandeza, partindo do nada, fortalece o mercado de arte e contribui em parte para a escalada dos preços.
Por exemplo, os US$ 250 milhões pagos por "Jogadores de Baralho" foi quatro vezes mais alto que o maior preço público pago por uma obra de Cézanne.
"Quando concluírem seu programa de aquisições e se retirarem do mercado, deixarão um buraco enorme", diz David Nash, que por 35 anos foi executivo-chefe da Sotheby's. "E não vejo ninguém preparado para ocupar esse lugar."

segunda-feira, 29 de julho de 2013


Os partidários do presidente egípcio deposto Mohamed Mursi se mostraram neste domingo (28) decididos a prosseguir com sua mobilização, apesar das ameaças do poder de dispersar pela força suas concentrações no Cairo, um dia após a morte de 72 pessoas em confrontos com a polícia.
Por sua vez, as forças de segurança egípcias mataram dez pessoas nas últimas 48 horas na península do Sinai, segundo a agência de notícias oficial Mena.
Durante a noite, foram registrados episódios violentos no país, principalmente em Port Said (nordeste), onde várias pessoas ficaram feridas.
"Há sentimentos de tristeza e de raiva, mas também uma grande determinação" no grupo dos partidários de Mursi, afirmou à AFP um porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad el Hadad.
Hadad rejeitou qualquer compromisso que signifique confirmar a deposição de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no país, em junho de 2012.
A Irmandade Muçulmana, de onde Mursi surgiu, exige sua reincorporação como condição prévia a qualquer discussão.
"Aceitamos qualquer iniciativa desde que se baseie na restauração da legitimidade e anule o golpe de Estado. Não negociaremos com o exército", disse.
Nos arredores da mesquita Rabaa al-Adawiya, no nordeste do Cairo, os vários milhares de pró-Mursi que estão acampados há quase um mês passaram uma nova noite em meio a barracas, rodeados de cartazes com a imagem do presidente islamita deposto.
Ignorando a ameaça das autoridades de desmantelar o acampamento pela força "muito em breve", alguns gritavam "Sissi, deixe o poder!", contra o chefe do exército e novo homem forte do país, o general Abdel Fatah al-Sissi.
O ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, prometeu uma intervenção "no âmbito da lei" com "o menor número de perdas possível" e pediu que os manifestantes abandonem o local "para evitar um derramamento de sangue".
Os 72 mortos registrados nos confrontos da manhã de sábado no Cairo constituem o balanço mais elevado de falecidos desde a deposição de Mursi pelo exército, no dia 3 de julho.
Os confrontos, pelos quais os dois grupos se acusam mutuamente, explodiram horas após a realização na sexta-feira de grandes manifestações dos simpatizantes do exército e da Irmandade Muçulmana.
O secretário de Estado americano, John Kerry, disse que seu país está profundamente preocupado pelo "derramamento de sangue e pela violência" das últimas horas, que elevaram a 300 o número de mortos em um mês de distúrbios políticos.
A organização Human Rights Watch denunciou um "desprezo criminoso" das autoridades pela vida humana.
Estes mortos demonstram "uma vontade chocante por parte da polícia e de certos (responsáveis) políticos de aumentar a violência contra os manifestantes pró-Mursi", estimou Nadim Houry, diretor da HRW para o Oriente Médio e o Norte da África.
Por outro lado, diversos confrontos explodiram na noite de sábado em vários locais do país, especialmente em Port Said, na entrada norte do canal de Suez, onde 15 pessoas ficaram feridas em confrontos entre os partidários e opositores de Mursi, segundo a Mena.
Uma fonte médica do hospital Al-Amiri confirmou à AFP ter visto "cinco feridos, dois deles em estado crítico, com ferimentos de bala no pescoço e no tórax".
Na península do Sinai, as forças de segurança egípcias mataram 10 "terroristas" armados e capturaram outros 20 nas últimas 48 horas, informou a Mena.
"Operações de segurança levadas adiante pelas forças armadas e pela polícia no norte do Sinai para prender terroristas armados terminaram com a morte de 10 destes elementos terroristas armados", disse a agência citando fontes de segurança.
A sede local da Irmandade Muçulmana em Menufeya, no delta do Nilo, foi incendiada durante a noite depois de terem sido registrados incidentes entre os dois grupos, informou a imprensa.
Para o ministério do Interior, a forte resposta ao chamado do general Sissi a protestar na sexta-feira para conceder a ele um mandato para "acabar com o terrorismo" demonstra que o povo "deseja a estabilização do país sob a proteção do exército".
Neste mesmo dia os islamitas também se mobilizaram nas ruas para apoiar Mursi, detido em um local secreto pelo exército desde sua queda e alvo, desde sexta-feira, de uma ordem de prisão preventiva por parte de um tribunal egípcio.
Uma corte da Tunísia rejeitou uma das acusações contra a ativista do Femen Amina Sboui, presa desde maio no país. Ela ainda tem outros processos a responder, que podem mantê-la atrás das grades por até cinco anos.
"O Judiciário começou a entender que ela foi acusada injustamente. É uma vitória", afirma o advogado de Amina, Ghazi Mrabet. "Esta decisão reassegura minha fé no Judiciário", diz a mãe da ativista à agência "AFP".
A ativista está livre das acusações de difamação e desobediência, após dizer que presos em sua cela eram torturadas. Ela ainda pode ser condenada por usar spray de pimenta para pichar o nome do grupo ativista da Ucrânia em um cemitério tunisiano. A pena vai de seis meses a cinco anos de prisão
Amina continua presa, em um momento delicado para a Tunísia. Berço da Primavera Árabe, em 2011, o país vive uma onda de manifestações pela renúncia do governo atual, após o assassinato de dois políticos da oposição.
Amina causou controvérsia em seu país no início do ano, após postar fotos suas com os seios de fora, em um protesto contra a linha-dura do islã no país.
No fim de maio deste ano, três ativistas do Femen - duas francesas e uma alemã - foram detidas após protestarem de topless diante do prédio da corte em Túnis, em apoio a Amina. O trio foi detido e liberado após a repercussão negativa das detenções na comunidade internacional.

O primeiro-ministro tunisiano, Ali Larayedh, excluiu hoje, dia 29, a possibilidade que de renunciar ao seu cargo, mas pela primeira vez propôs que as eleições políticas ocorram no dia 17 de dezembro, para tentar superar a crise política provocada pelo homicídio do membro da oposição laica, Mohamed Brahmi. "Esse governo continuará garantindo suas funções. Não vamos ficar grudados ao poder, mas temos deveres e a responsabilidades que cumpriremos até o fundo", afirmou Larayedh, cujo Executivo é apoiado pelo partido islâmico Ennahda.   A polícia e o Exército tunisianos intervieram hoje na praça do Bardo, no centro da capital, Túnis, por desocupá-la de deputados que se auto-suspenderam e de outros manifestantes. Segundo alguns deputados, a ação das forças de segurança foi "duríssima" e dezenas de opositores ficaram feridos. Entre eles, o deputado Noomane Fehri, que, segundo quanto relatado pelos seus colegas, sofreu graves danos na coluna vertebral. Testemunhas informaram que a polícia usou contra os manifestantes os tasers, as pistolas elétricas paralisantes. Muitos feridos foram transferidos nos hospitais.

O Ministério do Interior do Egito informou  que foram encontrados 11 corpos com sinais de torturas nos últimos dias na zona de Rabea al Adauiyar e na praça de Al-Nahda, no Cairo, onde os islamistas realizam seus protestos.
Em comunicado, este departamento explicou que seis corpos foram encontrados em Rabea al Adauiyar, enquanto outros cinco apareceram em Al-Nahda.
Além disso, dez feridos denunciaram perante as forças de segurança terem sido torturados por manifestantes nestes dois lugares e acusaram membros da Irmandade Muçulmana de ter-lhes agredido.
Por outro lado, a polícia encontrou três corpos com sinais de tortura na zona de Al Omraniya, na província de Guiza, próxima ao Cairo, e deteve um dos acusados de ter efetuado o crime.
O detido reconheceu nos interrogatórios que ele e outros manifestantes da praça de Al-Nahda torturaram as vítimas em uma das tendas de campanha montadas no local.
O Ministério do Interior afirmou em comunicado que investiga cada fato para identificar os agressores e pediu aos cidadãos que comuniquem qualquer incidente deste tipo.
Ontem à noite, o Conselho de Defesa Nacional solicitou aos manifestantes islamitas de Rabea al Adauiya e de Al-Nahda que anunciem "imediatamente" sua renúncia a todo tipo de violência e de terrorismo.
Além disso, advertiu que vigiará os protestos e tomará medidas estritas contra qualquer violação da lei.
Estes manifestantes são seguidores do deposto presidente Mohammed Mursi que rejeitam o golpe militar do dia 3 e organizam protestos contínuos para pedir seu retorno ao poder.
Os islamitas convocaram novas manifestações para hoje e amanhã, coincidindo com a visita da chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, que se reuniu no Cairo com as novas autoridades egípcias.
Ashton pediu às partes no Egito que mantenham o autocontrole e se afastem da violência.
O Cairo foi palco de sangrentos distúrbios que deixaram 72 seguidores de Mursi mortos e cerca de 300 feridos.







http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2013/07/maior-campo-para-refugiados-sirios-na-jordania-completa-um-ano/

Há 15 anos, uma sensação de isolamento cada vez maior causada pelo envelhecimento levou Kayoko Okawa, então com 66 anos, a procurar um centro local de voluntários e perguntar timidamente se alguém da idade dela poderia criar uma comunidade online para idosos.
A enérgica Okawa, agora com 81, hoje é presidente do “Grupo das Avós do Computador”, e diz que usar a internet pode aliviar a solidão do crescente número de idosos que vivem sozinhos no Japão e, mais importante, evitar uma morte solitária – o que muitas vezes passa despercebido por longos dias.
“Gosto de lembrar da época em que escrevia cartas e enviava desenhos e fotos”, diz Okawa. “Era o toque pessoal que importava.”
Rejeitada 15 anos atrás por muitos grupos, com comentários do tipo “não há como uma vovó como você fazer uma coisa assim”, as perguntas hesitantes de Okawa terminaram por ser respondidas com entusiasmo amistoso e conselhos por dois jovens, que imediatamente se ofereceram para ajudar a montar a rede e imprimir cartões de visita para a fundadora.
Defendendo um maior uso da tecnologia da informação pelos idosos, as “Vovós da Computação”, grupo que hoje congrega mais de 250 mulheres e – homens – de todo o Japão, promovem duas aulas mensais para ensinar os idosos a usar a internet. Também operam uma lista de discussões que se tornou uma movimentada comunidade online.
“Suponho que a expansão aconteceu porque todo mundo se sentia solitário. É um momento da vida em que todos, homens e mulheres, se sentem um pouco sozinhos”, disse Okawa. “Falamos sobre a ‘sociedade em envelhecimento’ e sobre a ‘necessidade de apoio psicológico’ e coisas assim… mas a verdade é que todo mundo se sente um pouco sozinho”, acrescenta.
Quando Okawa começou sua jornada, os computadores pessoais ainda eram bem caros, com preços de mais de 600 mil ienes (US$ 7,8 mil em dinheiro atual), bem além do alcance dos aposentados.
Ela e um grupo de voluntários solicitaram doações de computadores usados a empresas, e conseguiram o que precisavam em uma visita à subsidiária japonesa da Microsoft. “Entrar no depósito deles foi como entrar em uma caverna do tesouro”, disse Okawa.

segunda-feira, 15 de julho de 2013



http://lounge.obviousmag.org/anna_anjos/2013/06/o-teatro-kathakali.html

http://www.guardian.co.uk/world/2013/jul/11/yakuza-magazine-yamaguchi-gumi-shinpo

Atingida por uma bala na cabeça, Malala sobreviveu milagrosamente, antes de ser transferida para um hospital no Reino Unido, onde vive desde então. Sua história comoveu o Paquistão e o resto do mundo.
Em dezembro, estudantes protestaram quando as autoridades decidiram renomear a escola local de "Malala", por medo de serem alvo dos insurgentes islamitas. Elas chegaram a rasgar fotografias da adolescente, que é cotada para receber o prêmio Nobel da Paz e que está entre as personalidades mais influentes do mundo, segundo a revista americana Time.
E ainda assim, o número de meninas matriculadas na escola no Vale do Swat, controlado pelo Talibã de 2007 até a intervenção do Exército em 2009, aumentou 6% desde o ano passado (102.374 contra 96.540), segundo as autoridades.
Mas este aumento se explica menos pelos esforços de Malala do que pela melhora na segurança local.
Ao disparar contra a jovem em 12 de outubro de 2012, os rebeldes islamitas do Talibã paquistanês tinham a intenção de alertar os habitantes do Swat (noroeste): as meninas não são bem-vindas nas escolas, sobretudo nas não-islâmicas.
"Mas esse salto é principalmente devido ao retorno à normalidade na região", considera Anwar Sultana, diretora do colégio mais antigo para meninas em Mingora, a principal cidade do Vale do Swat.
"O Talibã impedia as meninas de estudar e as ameaçava caso fossem para a escola. Hoje em dia, mais e mais meninas vão para a escola, o que significa que o medo começou a desaparecer", explicou, sentada na varanda do colégio. "Quando você exclui alguma coisa, essa coisa renasce com ainda mais força", acrescenta.
Nesta escola modesta, as salas de aula coloridas não têm mesas nem cadeiras. Os estudantes se sentam no chão, o que torna possível maximizar o número de alunos e permite que meninas como Saeeda Rahim voltem para a escola. Saeeda havia abandonado os estudos por causa do Talibã, e chegou a deixar o Vale do Swat. Em seu retorno, sua família relutou em matriculá-la na escola, por medo de represálias do Talibã. Mas os temores diminuíram e ela voltou aos livros.
Se o exemplo de Malala não foi o responsável por sua volta, a menina, coberta com um véu branco, diz, no entanto, se inspirar no jovem milagre. "Eu realmente aprecio suas palavras, quero continuar o seu trabalho, aparecer na mídia e convencer os pais de que a educação é um direito para as meninas", sussurra.
Mas, de acordo com Erfaan Hussein Babak, diretor da escola Pak Shama, em Saidu Sharif, cidade vizinha de Mingora, "muitas meninas pensam que Malala não fez nada para o educação e não merecia toda essa atenção da mídia". "Muitas pessoas pensam que Malala não tem nada a ver com o aumento do número de alunas, que se deve, de fato, à tomada de consciência pelas classes populares do direito à educação das meninas", acredita.
Apesar deste aumento, ainda há um longo caminho a ser percorrido pelo Paquistão, onde mais de cinco milhões de crianças não frequentam a escola primária, incluindo cerca de três milhões de meninas.
Na província de Malala, Khyber Pakhtunkhwa, região conservadora na fronteira com o Afeganistão, a taxa de analfabetismo é superior a 60% entre as mulheres. O Talibã também destruiu 750 escolas em quase cinco anos, mas 611 delas foram reconstruídos, garantiu à AFP o ministro da Educação provincial, Muhammad Atif.
O novo governo provincial, liderado pelo partido do ex-jogador de críquete Imran Khan, que disse estar pronto para negociar a paz com o Talibã, aumentou recentemente em 27% o orçamento para a educação, atingindo US$ 660 milhões por ano, assegura Atif. "A educação é nossa prioridade", diz.

A Coreia do Sul é o país com a maior concentração de smartphones do mundo. Cerca de 70% da população tem um aparelho do tipo. Mas o excesso de tecnologia também tem provocado preocupações. As autoridades calculam que um em cada cinco menores de idade sofre com problemas como depressão e ansiedade quando fica sem mexer com celular. O problema do vício tem sido atacado por programas dos ministérios da Educação e da Saúde, que pedem que as escolas organizem acampamentos destinados a livrar as crianças dos efeitos negativos do problema.

quinta-feira, 11 de julho de 2013



http://www.guardian.co.uk/media/2013/jul/10/bruce-lee-johnnie-walker-whisky-ad

http://www.guardian.co.uk/film/2013/jul/10/akira-anime-japanese-cartoon-manga



http://www.guardian.co.uk/culture/2013/jul/06/10-best-arab-films
 

http://www.guardian.co.uk/culture/gallery/2013/jul/10/readers-10-best-arab-films

http://obviousmag.org/archives/2010/01/ciencia_tambem_e_arte_-_tomografias_de_kai-hung_fu.html

Nunca é tarde para apreciar as propriedades nutricionais do leite materno.
Com essa filosofia, uma empresa da metrópole de Shenzhen, sul da China, atraiu a atenção de marmanjos dispostos a pagar caro para ter uma ama de leite de plantão, que lhes forneça o alimento direto da fonte.
O polêmico serviço provocou uma avalanche de críticas de usuários das redes sociais chinesas, muitos enojados, outros sugerindo que trata-se de perversão sexual.
O que mais chocou os internautas foi a possibilidade de que o cliente seja literalmente amamentado.
"Eles podem escolher entre a amamentação direta ou por meio de um sugador", disse ao jornal "Southern Metropolis Daily" o porta-voz da empresa Xinxinyu, que oferece o serviço.
Segundo Lin Jun, o porta-voz citado, é crescente a procura do leite materno entre adultos com muito dinheiro e pouca saúde.
"Mas só alguns poucos mamam diretamente no peito das amas de leite", diz um dos entrevistados, que não é identificado. Ele conta que contratou a ama para morar em sua casa, a fim de garantir o fornecimento diário.
A reportagem estima que as fornecedoras cobrem em média 16 mil yuans (R$ 5.680) por mês, quatro vezes o salário médio mensal no país. O preço pode ser mais alto se a ama for atraente e comprovadamente saudável.
Mei Chunlai, um advogado consultado pelo jornal "China Daily", disse que, embora a lei do país proíba a venda de leite materno, a fiscalização é frouxa.
Devido aos períodos curtos de licença maternidade, o índice de aleitamento materno na China é baixo, de 28%, segundo relatório do Unicef publicado no ano passado.















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http://lounge.obviousmag.org/fuga_do_ponto/2013/06/untold-stories.html

http://www.youtube.com/watch?v=shg0X1CWPVM



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terça-feira, 2 de julho de 2013

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Os passageiros que esperavam um trem em uma estação da província de Jilin, na China, foram surpreendidos quando uma das telas gigantes das instalações começou a projetar um filme pornográfico devido à distração de um funcionário da manutenção.
O trabalhador, de sobrenome Iuane, não percebeu que seu próprio computador, no qual acreditava ver sozinho o filme erótico enquanto consertava a tela da estação, estava conectado à tela, publicou nesta terça-feira o jornal oficial "Global Times".
A distração pegou desprevenidas centenas de passageiros, que assistiram a várias cenas do filme.
Dez minutos depois, a concessionária da tela chamou a atenção do distraído para que desligasse o computador do aparelho, e o trabalhador, assustado, reagiu jogando o DVD por uma janela.
Apesar do desespero de Iuane e de sua reação ao saber do erro, a imprensa oficial informa que a polícia começou uma investigação sobre o assunto, e o trabalhador pode ser condenado a até dois anos de prisão se as autoridades considerarem que divulgou pornografia, segundo a lei chinesa.
Além disso, o filme, baseado no clássico da literatura erótica chinesa "A ameixa na jarra de ouro", está proibido na China continental.
Embora o romance tenha sido considerado pornográfico e tenha sido proibido durante séculos, a obra anônima já é acessível na China e chegou a ser traduzida para o inglês em 1939.
As autoridades mantêm a proibição sobre o filme, produzido em Hong Kong, que consideram "muito mais explícito", o que pode representar um problema ainda maior para o funcionário distraído

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A Lei dos Direitos dos Idosos entrou em vigor esta segunda-feira na China e obriga os filhos adultos, tenham que idade tiverem, a visitarem os seus pais. Quem não cumprir é multado e pode ir para a prisão.
Na base desta lei está a ideia de que os idosos não devem ser negligenciados e que os filhos devem preocupar-se com as suas necessidades.
De acordo com as estatísticas oficiais, em 2010 mais de 178 milhões de chineses tinham 60 ou mais anos. No final de 2030, de acordo com as previsões, esse número terá duplicado. E à medida que a população envelhece as histórias de negligência para com os mais velhos aumentam.
A BBC conta que houve uma onda de indignação quando os media noticiaram que uma idosa de 91 anos foi espancada pela nora por pedir uma taça de arroz. Dois dias depois, os internautas da rede social chinesa Weibo, relataram várias histórias semelhantes, uma delas sobre uma mulher de cem anos que era obrigada a dividir o quarto com o porco que a família estava a criar.
A lei foi considerada por alguns sectores como uma forma de alertar a população para o abandono dos idosos, um fenómeno que está a crescer na China. Mas muitos consideram o seu carácter obrigatório é errado. Primeiro, porque uma boa parte da população migrou para muito longe das suas zonas de origem, não podendo viajar com frequência para visitar a família que deixou para trás. Segundo, porque não há forma de averiguar se a lei está a ser cumprida - não é estipulado um regulamento, por exemplo quantas vezes por ano (ou de quanto em quanto tempo) os filhos devem visitar os pais. O texto diz apenas que "os que vivem longe devem ir a casa com frequência". Finalmente, há quem considere que as relações familiares devem ser regidas por laços emocionais e não por leis.
Trata-se de uma "mensagem educacional", explicou à BBC Zhang Yan Feng, advogado de Pequim. "É difícil pôr esta lei em prática, mas não é impossível. E é uma base para futuras acções judiciais. Mas se um caso for levado a tribunal acredito que o resultado seja um acordo [sobre o número de visitas]. Se não houver acordo, então o tribunal pode forçar um indivíduo a ir a casa um determinado número de vezes por mês".
"Quem não quer ir a casa com frequência? E o que é que quer dizer 'frequência'?", perguntava um chinês no Weibo. "Claro que gostamos dos nossos idosos, mas andamos muito ocupados a ganhar a vida e a pressão é muito grande", notava outro. Outro exemplo: "Aceito que não nos paguem para irmos visitar os nossos familiares, mas alguém tem que nos dar folgas para o fazermos".