sábado, 25 de julho de 2015


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Toda as manhãs, às 5h30, Liu Desheng se junta a uma dúzia de aposentados que esperam o ônibus expresso para o centro de Pequim nesta pequena cidade na província de Hebei. Eles ficam na frente da longa fila, mas não embarcam.
Por volta das 6h30, chegam seus filhos adultos. A fila, que agora serpenteia pela rua, significa uma hora de espera. Começa uma série de empurrões. Porém, os aposentados pouparam seus filhos dessa provação. Quando o ônibus seguinte encosta, os jovens adultos tomam o lugar de seus pais e embarcam, sentando-se para uma viagem de 40 quilômetros que pode levar até três horas.
"Não há muito que eu possa fazer para contribuir para a família", disse Liu, 62, enquanto seu filho acenava pela janela do ônibus. "Ele fica exausto todos os dias, por isso se eu puder ajudá-lo a ficar um pouco mais descansado, farei isso."
Há décadas, o governo da China tenta limitar o tamanho da capital, Pequim, por meio de rígidas autorizações de residência. Agora, o governo planeja um ambicioso projeto para fazer de Pequim o centro de uma nova supercidade de 130 milhões de pessoas. A megalópole projetada se estenderá por 212 mil km2 e deverá remodelar a economia do norte da China.
"A supercidade é a vanguarda da reforma econômica", disse Liu Gang, professor na Universidade de Nankai, em Tianjin, que assessora governos locais. "Ela reflete as visões da alta liderança sobre a necessidade de integração, inovação e proteção ambiental."
A nova região ligará as instalações de pesquisa e cultura criativa de Pequim com a cidade portuária de Tianjin e o interior da província de Hebei.
Neste mês, o governo municipal de Pequim anunciou sua parte do projeto, prometendo transferir para o interior grande parte de sua burocracia, assim como fábricas e hospitais, num esforço para compensar os estritos limites de residência na cidade, reduzir os congestionamentos e espalhar empregos bem remunerados a áreas menos desenvolvidas.
Jing-Jin-Ji, como é chamada a região, deverá ajudar a área a acompanhar cinturões econômicos mais prósperos da China, como o delta do rio Yangtze, ao redor de Xangai, e Nanquim, no centro do país.
Diferentemente de áreas metropolitanas que cresceram de forma orgânica, Jing-Jin-Ji seria uma criação deliberada. Sua peça principal: uma expansão do trem de alta velocidade para colocar as grandes cidades a uma hora de viagem umas das outras. Porém, a construção de novas estradas e ferrovias ainda levará anos. Para muitas pessoas, a criação da supercidade, por anos, significará apenas mais tempo no transporte.
Incentivadas pelas políticas de residência relativamente abertas e pela habitação barata na província de Hebei, as pessoas estão acorrendo para subúrbios como esse. Yanjiao cresceu dez vezes em uma década, chegando a 700 mil habitantes. Mas ainda é uma cidade-dormitório para Pequim -torres de apartamentos com poucos serviços.
Muitos acreditam que os problemas de transporte serão solucionados. Um metrô e um trem leve têm inauguração planejada para daqui a três ou quatro anos, e uma nova ponte para Pequim está em construção. Mais preocupante para muitos é a escassez de hospitais e escolas. "Tudo o que vemos são cada vez mais pessoas chegando aqui", disse Zheng Linyun, que trabalha em Pequim e viaja cerca de cinco horas por dia. Seu filho de seis anos acaba de começar a escola elementar e tem mais de 65 colegas em sua classe.
Apesar de os prédios habitacionais idênticos, de 25 andares, se espalharem monotonamente pelo horizonte, há muito comércio, algumas ruas são arborizadas e o ar é muito mais limpo que o de Pequim. No entanto, a cidade não tem terminais de ônibus nem cinemas e oferece apenas dois pequenos parques. "As ruas ficam alagadas quando chove, porque não há boa drenagem", disse Xia Zhiyan, 42, empregado de uma gráfica.
Sem impostos sobre imóveis, as cidades chinesas dependem da venda de terrenos públicos para sua receita. Os municípios não podem ter outros impostos captados localmente. Por isso, cidades como Yanjiao não têm como financiar novas escolas, estradas ou ônibus.
Apesar dos problemas, vários fatores estão transformando Jing-Jin-Ji em realidade. O mais imediato é o presidente Xi Jinping, que apresentou um plano ambicioso de reformas econômicas em 2013 e aprovou a integração da região.
O plano atribui papéis econômicos específicos às cidades: Pequim deverá se concentrar em cultura e tecnologia. Tianjin será uma base de pesquisas industriais. O papel de Hebei está indefinido, mas o governo recentemente divulgou um catálogo de pequenas indústrias a ser transferidas de Pequim para cidades menores.
Melhorar a infraestrutura será fundamental. Wang Jun, historiador do desenvolvimento de Pequim, disse que criar a nova supercidade exigirá uma completa reformulação da atuação dos governos, incluindo a instituição de impostos territoriais e a permissão para que os governos locais os administrem. Só assim essas cidades poderão ser mais que provedoras da capital. "É um projeto enorme e complexo", disse Wang. "Mas, se tiver sucesso, mudará o norte da China."

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O pior dia de gravação de "Proibido na Síria", segundo seus atores, foi quando um franco-atirador os atacou em junho. Um pesquisador de locação se preparava para a filmagem do dia, na cidade de Aleppo, quando uma única bala o matou instantaneamente.
O elenco e a equipe continuaram sem vacilar. Esse é o acordo quando você assina o contrato para participar de uma série de TV rebelde em tempos de guerra: pouco pagamento e nenhuma segurança.
Não foi a única morte. Outro membro da equipe foi ferido em fogo cruzado e morreu dias depois. É comum que bombas de estilhaços e morteiros atrapalhem as cenas. Por respeito, a filmagem só para para a passagem de funerais. No final de cada dia, os técnicos lutam contra as lentas conexões de internet para enviar as cenas filmadas para os editores do outro lado da fronteira, em Gaziantep.
Os criadores de "Proibido na Síria", programa que parodia todos os lados da guerra civil no país, estão desesperados para que seu trabalho tenha sucesso como um entretenimento lucrativo -e como sátira política.
A maioria das cenas ocorre nas ruas cobertas de detritos de Aleppo ou em edifícios arruinados. O programa critica o ditador Bashar al-Assad e seu governo, assim como grupos religiosos que assumiram grande parte da rebelião. Ele zomba até dos rebeldes do Exército Livre da Síria, que lhe fornecem segurança quando o programa é filmado em locação.
"Nós caçoamos do modo como eles tratam os civis, mas eles não têm opção além de nos proteger", disse Yamen Nour, um dos astros do programa. Nour, 37, que liderou manifestações no país em 2011, considera seu trabalho no teatro e na televisão uma continuação da revolução por outros meios.
Tony el-Taieb, 24, o produtor, disse que ele e os cerca de 55 atores e membros da equipe que trabalham para sua companhia, a Lamba Productions, acreditam que os revolucionários da Síria devem estabelecer alternativas culturais àquelas geradas pelo governo de Damasco. "Não podemos deixar o campo do teatro para o regime", disse ele.
Taieb insistiu que a filmagem, a produção teatral e a maior parte dos programas de rádio ocorrem em Aleppo, uma cidade que já foi a locomotiva econômica da Síria e hoje simboliza as divisões intratáveis e a terrível destruição dos quatro anos de guerra.
A maioria das séries de televisão produzidas por rebeldes não é registrada entre as novelas e os seriados pelos quais a Síria há muito tempo é famosa em todo o mundo árabe. "Proibido na Síria" vai ao ar no Aleppo Today, um canal para revolucionários, mas Taieb disse que a série é mais vista no YouTube. Comentários no YouTube e no Facebook sugerem que membros do governo e soldados estão entre seus fãs.
Enquanto a milícia rebelde é majoritariamente sunita, a Lamba Productions reflete a diversidade étnica e sectária da Síria, com membros da equipe representantes de alauítas, cristãos, drusos e curdos.
A autenticidade é importante para os produtores, mas também o respeito ao orçamento. O elenco e a equipe disseram que apoiam a filmagem da série dentro do que consideram a "Síria libertada", mas também percebem que não podem pagar por muitos takes.
As complicações resultantes são visíveis em "Gênio, gênio", um dos episódios mais populares desta temporada, que mostra um gênio abobalhado que recebe desejos pungentes mas cômicos de moradores de uma Aleppo apocalíptica. "O passaporte que você me deu era falso!", queixa-se um sírio infeliz, interpretado por Jihad Saka Abu Joud, 32, que encontrou uma lâmpada mágica.
"Desculpe", responde o gênio, interpretado por Nour. "Meu fornecedor é um idiota."
Um morteiro de verdade explode ao fundo, e uma nuvem de fumaça aparece no quadro. O gênio diz sua fala seguinte sem fazer pausa. Abu Joud pisca os olhos e depois se recupera. A tomada continua.
A maioria dos atores é procurada pelo governo. Enquanto filmar durante uma guerra civil não é ideal, há pelo menos um benefício.
"Se não houvesse guerra, nosso trabalho demoraria muito mais", disse Nour.
"Pode imaginar quanto tempo levaria para construir o cenário de um prédio destruído?", disse Abu Joud. "Graças à guerra, tudo está pronto para filmar."

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A comédia é usada há muito tempo para atenuar o medo e o preconceito. Por isso, comediantes muçulmanos usaram recentemente o humor para contra-atacar a islamofobia nos Estados Unidos.
O Muslim Funny Fest [Festival de Humor Muçulmano] aconteceu de 21 a 23 de julho em Nova York. Segundo os organizadores, foi o primeiro evento do gênero realizado no país.
Dean Obeidallah, que apresenta um programa semanal de rádio na Sirius XM e escreve uma coluna para "The Daily Beast", organizou o festival de três dias com Maysoon Zayid, conhecida por sua popular palestra TED "I Got 99 Problems... Palsy Is Just One".
Os dois ficaram amigos no início dos anos 2000. "Ela era a única comediante árabe que eu conhecia além de mim", disse ele.
Em 2003, eles iniciaram o Festival de Comédia Árabe-Americano em Nova York para exibir comediantes árabes e se contrapor à hostilidade depois dos atentados terroristas de 11 de Setembro. O evento, em sua 12a edição, acontecerá em novembro.
Nos últimos anos, porém, eles começaram a sentir que também a religião os diferenciava. Por isso, decidiram fazer um evento separado com comediantes muçulmanos de diversas origens étnicas. "Só começamos a fazer comédia étnica e comédia muçulmana quando sentimos que nossa comunidade estava sitiada e que não éramos tratados nos palcos como iguais", disse Zayid.
No festival não foram servidas bebidas alcoólicas. "Achei que seria bom fazer uma noite sem álcool, para que pessoas bem mais conservadoras que eu ainda se sentissem à vontade para se expor."
A religião é tema de piadas há décadas, e os organizadores dizem que o festival não poderia ser diferente. "Não estamos censurando ninguém", disse Zayid. "Os comediantes podem falar sobre o que quiserem. Não vamos dizer: 'Oh, vocês não podem falar que adoram sanduíches de bacon'."
Os comediantes muçulmanos dizem que ainda lutam para serem aceitos pela corrente dominante.
Foi esse sentimento, segundo Negin Farsad, que inspirou o documentário "The Muslims Are Coming!", que seguiu Farsad, Obeidallah e outros comediantes muçulmanos em turnê pelos Estados Unidos.
O filme mistura cenas inventadas -como a da campanha "Abrace um Muçulmano"- com iniciativas para discutir narrativas muito repetidas, como a ideia de que os muçulmanos querem levar a sharia (lei islâmica) aos EUA.
Farsad e seu estúdio abriram um processo judicial contra o metrô de Nova York após a empresa se recusar a publicar anúncios do documentário no ano passado. "Acho que deveríamos poder contar nossa história, e nossa história é que os muçulmanos são hilários", disse Farsad.
Obeidallah disse que a hostilidade contra o islã é instigada quando organizações terroristas como a Al Qaeda e o Estado Islâmico dominam o noticiário, enquanto a maioria dos americanos não conhece muçulmanos que poderiam passar uma imagem diferente. Ele começa seu programa de rádio dizendo ao público: "Eu quero ser seu amigo muçulmano".
"A realidade é que eu e pessoas como Maysoon e Negin jamais seremos acusados de ser maus", disse. "Elas dirão: 'Você é um dos bons', mas como se fôssemos a exceção, e o EI fosse a norma. Mas eles são a exceção. Nós somos a corrente dominante do islamismo."

quarta-feira, 22 de julho de 2015

LIVRO SOBRE IMIGRAÇÃO JAPONESA NO MARANHÂO

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Meu nome é Etevaldo Alves de Siqueira Junior. No ano passado defendi a minha monografia, intitulado O PROCESSO DE RETERRITORIALIZAÇÃO: IMIGRAÇÃO JAPONESA NO MARANHÃO. Que de certa forma é uma temática quase que inexplorável no estado no Maranhão, pois até o momento existem pouquíssimos trabalhos acadêmicos nessa temática. Muitos pesquisadores da área, Brasil afora, até desconheciam que o Maranhão teve uma Imigração Japonesa. Talvez o senhor tenha conhecimento, ou não.
Pois bem, logo em seguida a minha defesa monográfica, comecei o projeto de um livro, que reuniria os principais resultados da minha monografia, mais um material inédito. Dando como exemplo um capítulo inteiro dedicado ao antiniponismo maranhense. E o livro enfim está pronto, intitulado IMIGRAÇÃO JAPONESA NO MARANHÃO: UMA JORNADA DE 55 ANOS (ISBN 978-15-1190-957-0), que tem prefácio do Prof. Dr. Alfredo Kingo Oyama Homma (EMBRAPA). Com certeza essa obra será uma boa contribuição para a área de estudos e pesquisas referente à Imigração Japonesa no Brasil e as suas vertentes. O “lançamento oficial” será em breve, mas o livro já está à venda no link abaixo:


sábado, 18 de julho de 2015

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Na terceira edição do Programa Encontros no Sítio, que já contou com a participação dos artistas Tunga e José Miguel Wisnik, contaremos com a presença da pesquisadora e professora Christine Greiner para uma conversa aberta e lançamento do livro Leituras do corpo no Japão, de sua autoria. Christine Greiner é professora do Departamento de Linguagens do Corpo na PUC-SP, onde coordena o Centro de Estudos Orientais. Foi professora e pesquisadora convidada em diversas universidades japonesas nas cidades de Toquio, Osaka e Quioto.
Sinopse
Leituras do corpo no Japão não é um livro sobre a história do corpo no Japão. Parece mais um caderno de viagem que atravessa tempos e espacialidades, cruzando bibliografias, manifestos, performances, filmes, reportagens, documentários e algumas experiências pessoais. O objetivo é apresentar leituras do corpo realizadas por japoneses (fora do Japão) e ocidentais (vivendo no Japão), que se interessaram sobretudo pelos momentos de subversão dos estereótipos, desafiando a clausura das identidades.
Apresentação de Peter Pál Pelbart
Este é um livro que eu gostaria de ter lido antes de ter viajado ao Japão – teria ajudado a me situar em tudo aquilo que vi de fascinante e enigmático naquele país, desfazendo o cortejo de clichês sobre a identidade japonesa e seu contraste com o Ocidente, em que eu me apoiava para decifrar os corpos que eu cruzava e a sensação que suscitavam em mim. Para nossa sorte, as décadas de frequentação de Christine Greiner pela cultura viva e subversiva do Japão contemporâneo, através de sua dança, performance, pensamento, se constelaram nesta obra densa e leve, deliciosa de ler. Longe de qualquer academicismo, porém repleto de referências artísticas, literárias, históricas e filosóficas, com notas autobiográficas saborosas, esse texto é por si só uma viagem, que arrasta o leitor para paisagens inautidas e tocantes.
Ao colocar em xeque os dualismos corpo/mente, sujeito/objeto, natureza/cultura, mostra uma surpreendente proximidade entre autores japoneses e ocidentais. Como diz Kuniichi Uno, são os partidários da vida singular do corpo. Não se trata de relações de influência, por exemplo de Artaud sobre Hijikata, porém de uma empatia de questões que acometem artistas, filósofos e revolucionários. Ao partir destas experiências, Leituras do corpo no Japão apresenta a estética como uma tecnologia de transformação e a arte como reinvenção do corpo.
Mais informações
http://ositio.com.br/portfolio_page/17477/ 
Dia 28 de julho às 19h
Entrada: R$ 5,00 (cinco reais)
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Sob protestos da oposição, a Câmara Baixa do Parlamento do Japão aprovou um pacote de leis que modifica a política de defesa do país, em vigor desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com o intuito de permitir o envio de tropas ao exterior.
Impulsionados pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, os textos reinterpretam a Constituição pacifista pós-guerra, que vigora desde 1947. O projeto prevê o envio de tropas ao exterior a fim de apoiar países aliados, principalmente os Estados Unidos.
"A situação da segurança ao redor do Japão é cada vez mais grave", disse Abe após a votação, em uma referência à vizinha e rival China.
"Estas leis são necessárias para proteger a vida dos japoneses e prevenir uma guerra antes que ela comece", acrescentou.
A medida segue, agora, para votação na Câmara Alta do Parlamento. Caso seja recusado ou não seja votado em até 60 dias, o projeto retorna à Câmara Baixa, onde o partido de Abe tem a maioria necessária para aprová-lo.
Após terminarem seus discursos contra a aprovação da medida, os parlamentares da oposição deixaram o plenário, boicotando a votação.
Durante a noite, milhares de pessoas se reuniram perto do Parlamento japonês, protestando contra as leis de segurança.
Pesquisas de opinião demonstram que cerca de 80% dos japoneses não veem a medida com bons olhos, e a maioria considera que ela fere a Carta do país.
Embora a Constituição do Japão autorize o uso da força militar somente em situações em que haja risco à segurança nacional, tropas do país com fins humanitários foram mantidas no sul do Iraque entre 2004 e 2006.
Para legalizar essa operação, o governo do então premiê Junichiro Koizumi aprovou, em dezembro de 2003, uma lei sobre o envio de tropas ao Iraque.
Na época, a medida também sofreu resistência da oposição e da opinião pública japonesa.

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http://globalvoicesonline.org/2015/07/15/this-chinese-singer-dared-to-publicly-propose-to-her-boyfriend/

http://www.lesinrocks.com/2015/07/news/apres-six-ans-de-prison-un-blogueur-iranien-retrouve-internet-et-trouve-ca-nul/

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Seu pai queria vê-la casada antes dos 12 anos. Sua mãe era radicalmente contra a ideia -e pagou caro por essa convicção.
O pai de Zainab Bangura abandonou a família, obrigando sua mãe a ganhar a vida, vendendo o que podia no mercado: lenha, comida e tecido para costurar vestidos. "Ela decidiu: 'Custe o que custar, a garota vai estudar.'", recorda Bangura.
A educação transformou seu destino e acabou levando-a a um dos empregos mais angustiantes da ONU.
Como enviada especial do secretário-geral para casos de violência sexual em conflitos, Bangura documenta a violência cometida contra mulheres. Depois, ela exorta os homens que comandam essas guerras a fazer alguma coisa a respeito.
A própria Bangura, 55, já foi refugiada de guerra; histórias de desespero e sobrevivência não são novidade para ela. No entanto, os casos que ela ouviu recentemente no Oriente Médio testaram seus limites. Na Síria, ela recebeu relatos de meninas entregues por seus pais para serem violentadas e escravizadas por extremistas. No Iraque, mulheres relataram ter sido compradas e vendidas, como cabeças de gado.
"A religião com que fui criada não pede que se vendam mulheres no mercado", disse Bangura, que é muçulmana.
Ela cresceu em Serra Leoa, onde seu pai era imã. Se não tivesse sido filha única, diz Bangura, sua mãe não teria tido meios de mandá-la à escola.
A morte de sua mãe assinalou outra virada em sua vida.
Segundo os costumes locais, cabia a seu pai sepultar sua mãe -não a ela, porque não era casada. Bangura ficou indignada. Assim, no dia do funeral, casou-se com o homem com quem já vivia. Juntos, eles sepultaram sua mãe. Continuam casados, 22 anos mais tarde. "Por causa daquela experiência, decidi me tornar ativista."
O ativismo a tirou de seu emprego estável em uma companhia de seguros e a levou às ruas, organizando mulheres para reivindicar seus direitos.
Era o início dos anos 1990, quando a situação em Serra Leoa era de turbulência. Um golpe militar tinha levado à suspensão da Constituição. O país estava prestes a mergulhar numa guerra civil que iria chocar o mundo.
Em junho de 1997, quando os combates tomaram conta do país, Bangura fugiu para a Guiné.
Depois do fim da guerra, em 2002, ela lutou pela condenação de estupradores.
Bangura se recorda de ter levado multidões de mulheres a fazer protestos na entrada de um tribunal em Freetown, a capital leonesa. As leis foram mudadas para garantir que sobreviventes pudessem prestar depoimento reservadamente.
Bangura se tornou a ministra de Relações Exteriores de seu país, até que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a chamou para seu cargo atual, em 2012.
Quando enfrentou questões no Oriente Médio, Bangura percebeu que teria que discutir uma série de problemas com autoridades governamentais, incluindo as leis que limitam a possibilidade de refugiados trabalharem em países como Jordânia e Líbano. Essas leis mergulham as famílias na pobreza e, para Bangura, deixam as mulheres vulneráveis à violência doméstica em casa ou ao assédio, se elas ousam trabalhar.
Em Damasco, a capital síria, Bangura pôde fazer uma rara visita a um centro de detenção mantido pelo governo -uma "masmorra", em sua descrição, em que estavam presas algumas mulheres.
Mais tarde, ela se encontrou com refugiadas na Jordânia que haviam sido detidas na Síria.
"Puseram correntes nas minhas pernas por 17 dias", contou uma mulher. O marido dela foi executado, e seu filho, de apenas 15 anos, foi obrigado a assistir. "Hoje meu filho não faz outra coisa senão ficar sentado sozinho, com a mente vagando."
Bangura a abraçou forte. Ela escolheu as palavras com cuidado, receosa de fazer uma promessa que o mundo não consiga cumprir. "Os crimes cometidos por quem quer que seja não ficarão impunes", disse Bangura.

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Meio século depois do massacre de centenas de milhares de supostos comunistas e simpatizantes, a Indonésia demonstra pouco interesse em prestar contas sobre essa terrível história.
Uma investigação da Comissão Nacional de Direitos Humanos que pediu o julgamento de líderes militares foi rejeitada. Os esforços para criar uma comissão da verdade e reconciliação falharam. Os livros escolares ignoram ou perdoam as chacinas. Um documentário de 2012 sobre o assunto ("O Ato de Matar"), indicado ao Oscar, não foi exibido nos cinemas do país.
Há uma exceção notável, porém: a cidade de Palu, a capital da ilha de Sulawesi, com cerca de 300 mil habitantes. Três anos atrás, o prefeito daqui fez algo surpreendente: pediu desculpas pelas chacinas durante um evento, tornando-se uma das poucas autoridades indonésias a fazer isso e, segundo historiadores, a primeira de modo oficial.
"Como ser humano, como prefeito, preciso me desculpar", disse o prefeito Rusdy Mastura em um vídeo gravado depois. "Por que é difícil pedir desculpas? Por que é difícil admitir que talvez tenham existido erros entre as medidas que tomamos? Agora temos que perdoar uns aos outros."
Mastura tinha sido convidado para uma reunião de ex-prisioneiros da ditadura indonésia e parentes das vítimas dos massacres.
Como filho de ativistas anticomunistas, seu apoio era pouco provável. Ele pertencia ao partido Golkar, pró-governo, e foi membro da Juventude Pancasila, organização nacionalista paramilitar, ambos os quais há muito tempo consideram as mortes justificadas.
O assunto ainda é tabu no país. Muitas reuniões como aquela já haviam sido canceladas por ameaças de violência. Apesar disso, Mastura compareceu e contou uma história notável.
Cinquenta anos atrás, quando ainda estava no ensino médio, ele foi posto para trabalhar no movimento anticomunista. Sua atribuição era vigiar prisioneiros e evitar fugas. Segundo Mastura, ao menos quatro dos presos que conheceu em Palu foram mortos. Ao longo dos anos, relatou, ele também viu muitos dos outros prisioneiros e suas famílias suportarem o trabalho forçado e a constante discriminação.
Uma das organizadoras do evento, Nurlaela A.K. Lamasituju, sentiu uma abertura ao ouvir o relato do prefeito. "Há algo que o senhor queira dizer às famílias das vítimas?", perguntou.
Mastura hesitou um pouco e, então, pediu desculpas.
Alguns dos participantes do evento lembram como o prefeito ficou emocionado. O próprio Mastura disse que teve uma iluminação naquela hora.
As vítimas e seus parentes, explicou ele em entrevista, "não sabiam de nada". "Essas pessoas vivem em condições que as deixam sem futuro por causa de diferenças políticas. Isso me comoveu. Foi então que me desculpei".
Os ativistas locais aproveitaram a oportunidade, e Mastura logo assumiu sua nova posição com gosto. "Nenhum outro líder local fez algo parecido", disse Galuh Wandita, diretor dos programas para a Indonésia e região da Asia Justice and Rights. "É um gesto contra a maré de impunidade."
No ano passado, Mastura instituiu um regulamento que reconhece oficialmente as vítimas de abusos aos direitos humanos de Palu. Foi criado um sistema que dá prioridade a essas pessoas em serviços da prefeitura, como financiamentos para a reforma de casas dilapidadas.
Até agora, o programa já identificou 485 vítimas locais dos atos anticomunistas de 1965-66.
Hoje, instituições como a Comissão Nacional de Direitos Humanos veem Palu como um modelo a ser seguido nacionalmente. "Tentamos mostrar que o prefeito pode ser um exemplo para todos os outros prefeitos da Indonésia", disse Nur Kholis, o presidente da comissão.
A organização fez parceria com a cidade na esperança de transformar a comemoração do aniversário da declaração de Mastura, neste mês, em um evento para promover outras reconciliações pela Indonésia.
Palu não foi a cidade em que ocorreram as piores chacinas. Somente algumas execuções foram confirmadas. Ainda assim, centenas de pessoas foram torturadas e presas ali, ou submetidas a trabalhos forçados, construindo grande parte da infraestrutura que ainda hoje serve à cidade, disse Kholis.
No entanto, a iniciativa de Mastura enfrenta problemas. Há poucas garantias de que o dinheiro para seu projeto continue quando ele deixar o cargo de prefeito, no final deste ano. Muitos que receberam promessas de ajuda da cidade também disseram que o auxílio demora a chegar.
Para Estepien Manarisip, que foi presa com seu marido, as mudanças em Palu são gratificantes, mas lentas. Ela perdeu o emprego de professora, e seu marido, um membro do Partido Comunista, ficou preso por mais de dez anos. Para sustentar seus filhos, ela vendeu bolos de porta em porta.
Embora seja grata pelo pedido de desculpas, disse, os auxílios financeiros prometidos ainda não chegaram. Com quase 80 anos, ela disse que ainda vai esperar um pouco."Não posso fazer nada além de me ajoelhar e rezar."

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Se a felicidade se mede pelos bens materiais modernos, então o ex-criador de iaques e ovelhas Gere, 59, que vive na província chinesa de Qinghai, deveria estar contente.
Desde que o governo chinês o obrigou a vender seus animais e a se mudar para uma casa de concreto em Madoi, no planalto tibetano, há dois anos, Gere e sua família adquiriram uma máquina de lavar roupa, uma geladeira e um televisor a cores.
No entanto, Gere -que, como muitos tibetanos, usa apenas um nome-lamenta muitas coisas.
Como centenas de milhares de pastores nômades que nos últimos dez anos foram assentados em vilas, ele está desempregado, profundamente endividado e depende de subsídios governamentais minguantes para comprar o leite, a carne e a lã que antes obtinha de seu próprio rebanho."Não vamos passar fome, mas perdemos o modo de vida que nossos ancestrais seguiram por milhares de anos", disse.
O governo chinês está na etapa final de uma campanha de 15 anos que visou assentar os milhões de nômades que antes se deslocavam pelos imensos territórios de fronteira do país. Pequim diz que até o final do ano terá transferido 1,2 milhão de pastores nômades ainda restantes para cidades, com acesso a escolas, eletricidade e atendimento de saúde.
Segundo a mídia oficial, os ex-nômades estão gratos por terem sido salvos de um modo de vida primitivo. "Em apenas cinco anos, pastores de Qinghai que durante gerações vagaram em busca de água e pastagens transcenderam a distância de um milênio e fizeram avanços enormes em direção à modernidade", disse o periódico estatal "Diário dos Agricultores".
No entanto, pesquisadores chineses e estrangeiros dizem que as bases científicas do projeto são duvidosas. Antropólogos que estudaram os centros de assentamento construídos pelo governo documentam desemprego crônico, alcoolismo e a perda de tradições milenares.
O governo gastou US$ 3,45 bilhões no assentamento mais recente. Apesar disso, a maioria dos nômades não está se saindo bem. Os habitantes de cidades como Pequim e Xangai ganham em média duas vezes mais que os do Tibete e de Xinjiang.
Defensores dos direitos humanos dizem que os assentamentos muitas vezes são realizados por meio de coerção.
Na Mongólia Interior e no Tibete, há protestos quase semanais de pastores assentados. A repressão contra eles é cada vez mais dura. "A ideia de que os pastores destroem as pradarias é apenas uma desculpa esfarrapada para deslocar pessoas que o governo chinês considera que têm um modo de vida atrasado", disse Enghebatu Togochog, do Centro de Informações sobre Direitos Humanos dos Mongóis do Sul, sediado em Nova York.
Em Xilinhot, área da Mongólia Interior rica em carvão, nômades assentados, muitos deles analfabetos, contam que foram induzidos a assinar contratos que mal entendiam. Um deles é Tsokhochir, 63, um dos primeiros a se mudar com sua família para o vilarejo de Xin Kang, à sombra de duas usinas elétricas e uma siderúrgica. Ele contou que, em 2003, as autoridades o obrigaram a vender seus 20 cavalos e 300 ovelhas e lhe deram empréstimos para comprar duas vacas leiteiras. De lá para cá, seu rebanho bovino cresceu e hoje tem 13 animais. Porém, Tsokhochir diz que, devido à queda no preço do leite e ao alto preço da ração, ele mal consegue fechar as contas.
Nem todos estão insatisfeitos. O vendedor de ovelhas Bater, 34, vive em um dos novos prédios de vários andares em Xilinhot. Todo mês, ele percorre 600 quilômetros de carro em rodovias asfaltadas para falar com fregueses em Pequim. "Antigamente, demorava um dia para chegar de minha cidade natal a Xilinhot", comentou. "Hoje faço esse trajeto em 40 minutos." Fluente em mandarim, Bater, que fez ensino superior, criticou os vizinhos que se negam a aderir à nova economia.
Especialistas dizem que os assentamentos são feitos com outra finalidade: aumentar o controle do Partido Comunista sobre pessoas que sempre viveram nas margens da sociedade chinesa.
Um mapa revela a razão do interesse eterno do Partido Comunista em domar os pastores. As áreas de pastoreio pelas quais eles se deslocam cobrem mais de 40% do território chinês, desde Xinjiang, no extremo oeste, até as extensas estepes da Mongólia Interior, ao norte. Essas terras foram tradicionalmente habitadas por uigures, cazaques, manchus e outras minorias étnicas que rejeitam o controle de Pequim.
Para a maioria chinesa da etnia han, os habitantes das pradarias provocam fascínio e medo. As mais importantes fases de subjugação da China por forças externas se deveram a invasores nômades, incluindo Kublai Khan, cujos guerreiros mongóis governaram a China por quase um século, a partir de 1271.
"Essas regiões sempre foram difíceis de ser governadas por pessoas de fora. Sempre foram vistas como regiões de banditismo ou guerra de guerrilhas", disse Charlene W. Makley, do Reed College.
Gere diz que zombou da alegação do governo de que seus 160 iaques e 400 ovelhas fossem destrutivos, mas que não teve outra opção senão vendê-los. "Só um tolo desobedece o governo", disse. "Pastorear nossos animais não foi problema durante milhares de anos, mas, agora, de repente, dizem que é."
Os pastores reassentados pagam em média 30% do custo de suas casas construídas pelo governo. Gere disse que o estipêndio anual de US$ 965 recebido por sua família -por um prazo previsto de cinco anos- foi US$ 300 a menos que o prometido. "Depois que o subsídio acabar, não sei o que vamos fazer", disse.
Desde 2009, mais de 140 tibetanos, dos quais 24 nômades, imolaram-se para protestar contra as políticas de ingerência do governo chinês, entre elas as restrições impostas a práticas religiosas e a extração mineral em terras ambientalmente delicadas. Nos últimos anos, autoridades da Mongólia Interior prenderam dezenas de antigos pastores. Neste ano, habitantes do vilarejo de Xin Kang entraram em choque com a polícia.
Cientistas como Li Wenjun, professora de gestão ambiental na Universidade de Pequim, dizem que o assentamento de grande número de pastores em cidades exacerba a pobreza e agrava a escassez de água.
A professora se negou a ser entrevistada, citando questões políticas. Porém, em estudos publicados, ela diz que as práticas de pastoreio tradicionais beneficiam a terra. "O sistema de produção alimentar como a pastorícia nômade, que foi sustentável durante séculos, consumindo muito pouca água, é a melhor opção", escreveu em artigo recente.
Para atrair turistas, Gere montou uma tenda de couro de iaque, como um dia foi sua casa, ao lado de uma estrada. "Vamos servir chá e carne seca de iaque", disse, esperançoso. Ele mexeu com um molho de chaves amarrado a seu cinto. "Antigamente andávamos com facões. Hoje temos que carregar chaves."

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Um vídeo soturno circula entre agricultores nas planícies quentes do grande Estado indiano de Maharashtra, passando de um celular a outro.
O vídeo mostra um homem com seus dois touros em uma feira de gado. Ele grita que os touros, seus animais de tração, estão velhos, não conseguem mais trabalhar, e que suas economias parcas quase acabaram.
Ele precisa vender os animais, mas nenhum dos compradores usuais -os intermediários hindus que vendem os touros a muçulmanos para serem abatidos-está comprando. Sem o dinheiro dos touros velhos, ele diz que não terá como comprar animais novos. "Como vou poder continuar a trabalhar na terra?", grita o homem. "Ou será que eu devia simplesmente me enforcar?"
Não parece uma ameaça vazia. Essa região da Índia ganhou notoriedade internacional pelos suicídios: desde 2011, mais ou menos quatro agricultores dali se suicidam por dia, em média.
Os fracassos das safras são frequentes. Os agricultores contraem empréstimos com vencimento anual, e muitos deles pagam os empréstimos em parte com a venda de touros que já passaram da idade útil. Embora sejam em sua maioria hindus, que veneram a vaca como mãe altruísta, gentil e sagrada, esses camponeses não se importam com o que é feito dos touros, que enxergam em termos mais práticos, como uma apólice de seguro.
Essa apólice, no entanto, perdeu valor em outubro, quando o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata, o BJP, ganhou as eleições em Maharashtra, o Estado que inclui Mumbai.
Em março, o partido aprovou uma legislação que estava parada havia muito tempo -a Lei (Emenda) de Preservação Animal de Maharashtra. A norma proíbe o abate da "prole de vacas" e criminaliza a venda ou até posse de carne bovina, que pode ser punida com até cinco anos de prisão.
A lei acabou com a venda de gado e carne bovina, fonte de subsistência de mais de 1 milhão de moradores de Maharashtra de todas as religiões, segundo representantes sindicais.
As pessoas de fora da Índia podem se surpreender com a simples existência de um setor de venda de carne bovina no país. Aproximadamente 80% do 1,25 bilhão de habitantes da Índia se dizem hindus, um terço pratica algum grau de vegetarianismo e, segundo a ONU, o índice indiano de consumo de carne é o mais baixo do mundo.
Porém, a Índia também possui o maior "estoque bovino" do mundo, com mais de 300 milhões de cabeças de gado bovino, incluindo búfalos. A carne de búfalo é o produto de exportação agrícola mais valioso do país. Muçulmanos, dalits, cristãos e alguns hindus consomem carne bovina. Antes da proibição, era comum em Mumbai encontrar barracas vendendo espetinhos de carne e restaurantes que serviam bifes ou cozidos de carne.
Antes da proibição, o mercado de gado em Savda fervilhava de negociantes comprando touros. Quando o camponês Bahundas Bhaviskar, 38, chegou ao mercado, em abril, já tinha passado 15 dias indo a mais de meia dúzia de outras feiras com seus touros e ainda não tinha conseguido vendê-los.
Cada vez que transportava seus animais a um mercado diferente, isso lhe custava 1.600 rúpias, cerca de US$ 25, e suas economias estavam sumindo. Bhaviskar esperava usar o dinheiro da venda dos touros para ajudar a saldar os empréstimos que contraíra.
"Se eu não puder saldar minha dívida, vou ter que emprestar mais, e depois mais..."
A proibição da carne bovina foi ratificada pela Alta Corte de Bombaim em abril. Os consumidores de carne bovina podem adaptar sua dieta, mas a derrota legal foi avassaladora para a comunidade qureshi de Maharashtra, que tem centenas de milhares de membros. No quebra-cabeça que é o sistema indiano de castas, os qureshi, que são muçulmanos, formam a peça responsável pelo abate de gado. Quase todos os membros da comunidade adotam o sobrenome Qureshi, de modo que muitos são conhecidos apenas por seu primeiro nome.
Badshah tem 50 anos e dois filhos. Antes da lei, ele vendia miúdos bovinos a restaurantes locais. Desde que a proibição entrou em vigor, ele não ganhou mais dinheiro. "Passei minha vida toda fazendo o mesmo trabalho. Proibir a carne bovina é como proibir os qureshis."
Badshah e centenas de outros qureshis trabalham no matadouro Deonar, em Mumbai. Quando o matadouro foi aberto, em 1971, era o maior da Ásia e tinha máquinas das mais modernas. No entanto, as máquinas se deterioraram.
Hoje o abate dos animais e o processamento da carne nos 16 espaços cavernosos do matadouro são feitos por qureshis, usando facas de açougueiro e sua própria força muscular.
O vice-gerente geral do matadouro disse que, antes da proibição, 80% dos animais abatidos ali eram touros -uma média de 450 por dia. Os outros 20% eram búfalos. Os qureshis que trabalham no matadouro estão tendo dificuldade de penetrar no ramo da carne de búfalo, que é controlado por empresas grandes, voltadas à exportação. Muitos deles estão vivendo precariamente.
Qadar contraiu um empréstimo a juros altos, dando o título de sua casa como garantia. Sharif, que tem 29 anos e trabalhou no matadouro Deonar desde os 12, agora está dirigindo um riquixá motorizado, sem ter carteira de habilitação. Desde que o trabalho do matadouro diminuiu, ele só está ganhando o suficiente para pagar a escola de dois de seus quatro filhos. Ramzan, que é açougueiro, ainda trabalha num açougue pequeno, onde é o único funcionário que restou. "Antes vendíamos 250 quilos de carne por dia", comentou. "Agora que é só carne de búfalo, caiu para 40 quilos."
Mohammed Ali Qureshi, diretor da Associação Suburbana de Bombaim de Vendedores de Carne Bovina, disse que não tem solução a propor a quem agora está sobrevivendo com dificuldade.
Embora não tenha sido feita nenhuma pesquisa oficial, ele estimou que 500 mil pessoas ou mais, boa parte das quais são qureshis, perderam seus empregos com a proibição da carne bovina.
Milind Ranade é organizador de um dos sindicatos de trabalhadores mais antigos e respeitados da Índia, o Sarva Shramik Sangh. Ele destacou que, embora a maioria dos que perderam seus empregos possa ser muçulmana, a proibição pode ter afetado a subsistência de um número ainda maior de hindus.
"O BJP quer que esta questão seja vista como uma questão sectária, porque isso agrada à sua base eleitoral. E é claro que a proibição é uma maneira de punir os muçulmanos", disse Ranade. "Mas como ficam os milhões de agricultores hindus para quem a venda de gado era uma fonte crucial de renda?"
A proibição entrou em vigor em um momento em que o ritmo da vida na zona rural de Maharashtra passa por mudanças sutis que tornam os touros menos necessários nas fazendas. Os tratores estão ficando mais acessíveis, e muitos agricultores compraram tratores ou os alugam, o que lhes custa menos que alimentar touros durante a estação do plantio.
O agricultor Sanjay Tupkar mantém seis touros. Ele gasta US$ 80 por mês para alimentar cada um e pagar um garoto para cuidar deles. Enquanto os touros estão saudáveis, a despesa se justifica, mas, quando eles se tornam menos produtivos, vendê-los é a única opção prudente. Agora, porém, ele não sabe bem o que fazer.
Seu sobrinho, Ravikant Tupkar, lidera uma associação de agricultores e admira a desobediência civil. "Estamos dizendo às pessoas que um dia destes vamos nos unir e soltar os touros velhos diante da sede do governo", falou. "Eles poderão perambular pelas ruas como se fossem cachorros."

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Para uma das fotos de recordação de suas férias na cidade-balneário, dois turistas limparam o rosto de um amigo bêbado com um panfleto que anunciava drinks à vontade. Então, eles seguraram o corpo do companheiro embriagado entre eles, eternizando o momento com a câmera de um smartphone.
Ninguém prestou muita atenção à cena em Punta Ballena, faixa iluminada a néon com bares, boates, lanchonetes de kebab e lojas com nomes como Sorry Mom Tattoo [Tatuagens Desculpe Mamãe]. O desfile de passantes, no entanto, também não era a plateia desejada. Mais importante era impressionar os conhecidos que veriam a imagem no Facebook, Instagram ou Twitter, talvez transformando-a em uma postagem viral nas redes sociais.
Com fotos nus em Machu Picchu e filmagens de mergulhos arriscados em piscinas de hotéis, viajantes de todo o mundo têm se dedicado ao que as autoridades e especialistas em turismo descrevem como uma epidemia de narcisismo e rebeldia. O objetivo parece ser transformar polos de férias e locais históricos em cenários para vídeos e fotos pessoais.
Nos últimos meses, houve diversos casos em que turistas ofenderam sensibilidades locais -e causaram danos patrimoniais- enquanto tentavam se fotografar em um momento memorável.
O fenômeno levou autoridades de destinos turísticos populares da Espanha à Malásia a reagir e a considerar medidas severas para controlar comportamentos destrutivos. Entre elas, estão multar e prender visitantes rebeldes, limitar a presença de grupos de turistas e até publicar fotos dos malcomportados na tentativa de envergonhá-los em público.
No entanto, a atração dos "paus de selfie" e dos drones que tiram fotos é forte. "Antes bastava tirar fotos da torre Eiffel ou do monte Everest, mas agora não mais", disse Jesse Fox, professora-assistente de comunicação na Universidade Estadual de Ohio, em Columbus. "Hoje os turistas têm de se colocar na foto. O principal sou 'eu', não o lugar visitado." Esse narcisismo, disse ela, "resulta nesses comportamentos extremos e estúpidos".
Em março, duas mulheres da Califórnia foram presas em Roma sob acusação de vandalismo, depois que rabiscaram iniciais em uma parede do Coliseu e tiraram uma foto. Em maio, dois turistas em Cremona, Itália, que tinham subido numa escultura em mármore do século 18 de Hércules para tirar uma selfie, acabaram fazendo com que uma coroa da escultura caísse e se quebrasse.
Alguns incidentes vão além do descuido e demonstram falta de respeito pelos costumes locais.
As autoridades da Malásia recentemente prenderam quatro turistas do Canadá, da Holanda e do Reino Unido durante três dias, sob a acusação de indecência em público, depois que eles tiraram fotos de si mesmos nus no monte Kinabalu, em Bornéu.
Neste mês, um vídeo no YouTube que mostra um turista perturbando uma sentinela no castelo de Windsor, perto de Londres, tornou-se viral. Quando o turista o tocou, o soldado virou seu rifle para ele e gritou: "Afaste-se do guarda da rainha!".
Alguns atos podem ser autodestrutivos, como a proliferação do "balconing" -quando turistas embriagados saltam entre sacadas de hotel ou mergulham delas para a piscina, muitas vezes resultando em ferimentos ou morte.
As visitas de turistas internacionais atingiram o recorde de 1,13 bilhão no ano passado, segundo a Organização Mundial de Turismo. O crescimento foi estimulado em parte pelos voos com descontos promocionais e a crescente classe média em países como Brasil e China.
Os chineses foram os turistas que mais gastaram no ano passado, despendendo US$ 165 bilhões no exterior. No entanto, segundo autoridades, esses gastos deram a alguns viajantes a sensação de direito adquirido. Por isso, o governo chinês tomou a medida incomum neste ano de criar uma lista negra para bloquear os vistos de viagem a seus cidadãos mais ofensivos -entre eles, um passageiro que atirou água quente em uma comissária de bordo em uma discussão sobre assentos.
"Viajar hoje em dia é muito barato, e as pessoas pensam que podem fazer o que quiser em um mundo globalizado", disse Mark Watson, da Tourism Concern, organização londrina que promove o turismo ético. "As férias não são mais uma ocasião para se envolver com culturas diferentes, e sim uma oportunidade de consumir álcool barato e se embriagar."
Em Magaluf, onde o "turismo bêbado" saiu de controle, o prefeito quer recrutar policiais do Reino Unido para ajudar a controlar os turistas britânicos.
No ano passado, surgiu nas redes sociais o vídeo de um jogo entre turistas em um clube de Magaluf que dava um coquetel como prêmio por realizar sexo oral. "Foi muito ruim para nossa imagem", disse Alfonso Rodríguez, prefeito de Calvià, que inclui Magaluf, sobre o clipe.
Nesta temporada, circulou um vídeo, feito na mesma região, de um anão seminu chicoteando um futuro noivo em sua festa de despedida de solteiro.
Ben Newberry, 26, do País de Gales, disse que ficou surpreso quando a polícia o parou por carregar um copo vazio. "Não estávamos causando nenhum problema", disse Newberry, que passeava por Punta Ballena com um grupo de despedida de solteiro, vestido como uma senhora barbada com rendas e peruca grisalha. "É Magaluf, e Magaluf tem má reputação. Todo mundo só quer se divertir."
Em Florença, na Itália, o prefeito Dario Nardella publicou uma advertência no Facebook em junho, depois que um visitante quebrou um dedo da escultura "O Rapto de Polyxena", de Pio Fedi. Ainda assim, desde então, foram relatados casos de turistas que subiram em uma estátua de Dante Alighieri para tirar selfies e que urinaram na cúpula da catedral da cidade.
Nardella quer leis para punir os vândalos com penas de prisão severas. "Quem quer que ataque a cultura", disse, "ataca o coração da história e a identidade de uma comunidade."

quinta-feira, 16 de julho de 2015



Serviço altamente popular no país, costuma disponibilizar alpacas, que vão acompanhadas de um instrutor, para participarem como 'damas de honra' nas cerimônias. O Hotel Epinard Nasu, em Tochige (Japão), fica próximo à um zoológico que fornece o serviço e afirma que o ato tem o intuito de 'embelezar' os casórios.

segunda-feira, 13 de julho de 2015


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Kim Cheol-woong sentou-se em seu piano em 2001 para praticar uma música que estava planejando tocar quando ele pedisse sua namorada em casamento. Eles se conheciam desde que tinham oito anos; começaram a tocar piano juntos.
Era uma balada, A Comme Amour, de Richard Clayderman. Normalmente, o risco de tocá-la é que talvez não agrade a quem não goste de melodias excessivamente açucaradas. Mas na Coreia do Norte, o perigo de tocar essa música, ainda que seja dentro de sua própria casa, é bem maior.
Alguém ouviu Kim tocando a canção francesa e o denunciou para o Departamento de Segurança.
"Eu não tinha me dado conta de que tocar uma música banida podia ser algo tão perigoso", disse Kim. "Onde você ouviu essa música pela primeira vez? Quem a ensinou?", questionaram agentes do governo, em um interrogatório que durou horas.
O pianista explicou que aprendeu a canção quando estudava na Rússia e que ele havia a decorado, para tocar para sua namorada quando ele voltasse para casa.
Seu talento como pianista foi identificado muito cedo e logo após sua graduação em uma universidade de elite em Pyongyang, ele foi enviado para estudar em um conservatório famoso em Moscou.
Nos cafés da Rússia, ele ouviu jazz pela primeira vez - e ficou encantado.
O governo ordenou que ele enviasse um pedido de desculpas de 10 páginas por tocar o tipo errado de música - o que o deixou chocado.
Ele disse que pelo fato de pertencer a uma família poderosa, foi poupado de punições. Mas conta que a experiência o fez pensar profundamente sobre o tipo de país onde ele vivia.
"Em Moscou, muita gente criticava a Coreia do Norte, mas eu me sentia mais patriota do que nunca. Pensava 'não importa o que eles dizem, não vou me preocupar, vou apenas fazer o meu melhor, ser leal e servir meu país com minha música'", disse.
"Mas eu comecei a perceber que teria de sacrificar muitas coisas para viver como um pianista na Coreia do Norte, e eu me senti desiludido. Passei três anos em agonia, tentando decidir se eu deveria ou não fugir do meu país."
No fim, ele decidiu fugir. Apesar de se preocupar com sua família, ele acreditava que eles apoiariam sua decisão.
E então ele deixou um bilhete para a namorada: "Não espere por mim". E partiu sem se despedir.
"Não havia como falar com ninguém sobre minha fuga. Eu tentei atravessar o rio Tumen para chegar à China."
Carregando US$ 2 mil, ele chegou ao rio no meio da noite. "Estava com muito medo e quando comecei a atravessar, um policial me apontou uma arma e disse: 'Mãos para cima'. "
"Então eu ergui minhas mãos e me lembrei do dinheiro. Dei tudo para ele, e ele me ajudou a atravessar até a China."
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1960-2015