quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Tieko Yonamine canta junto com o galo: às 7h15 do domingo (30), ela
tomou o palco de um campeonato de karaokê na Casa Verde para mostrar seu
domínio sobre o cancioneiro japonês.
Uma etiqueta com o número um colado nas costas da mão que Tieko usa para
segurar o microfone mostra que a aposentada de 75 anos é a participante
com mais idade no torneio. Mas ela não está só.
"Até um ano atrás, as competições começavam às 9h. Agora, tem de ser às
7h, para todos os idosos cantarem e o evento seguir com as categorias
mais novas. Tem de terminar até as 22h por causa da lei do Psiu",
explica Marcia Matsuo, da União Paulista de Karaokê, que organiza os
campeonatos.
O aumento de competidores com mais de 70 anos foi da ordem de 40% nos
últimos três anos, estimam os organizadores do circuito oficial de
karaokê.
"A expectativa de vida da comunidade é grande, e os idosos têm interesse
em cantar. Despertar a atenção dos jovens é nosso desafio", diz
Massanobu Aguena, 73, vice-presidente da Associação Okinawa da Casa
Verde, que organiza cantorias e premia com arroz japonês, além de
troféus.
Os competidores são divididos por idade nessa competição, com cada faixa
compreendendo um intervalo de cinco anos. Criou-se nos últimos tempos a
categoria 8, para cantores com idade maior ou igual a 85 anos.
"É melhor que bingo", diz, Yukio Suri, 88, se desculpando pelo "pouco
português". Ainda que consiga se comunicar bem na língua de Camões, é
entoando refrões como o de "Kita No Yado Kara", sua escolha para
competir no salão da Liberdade, que ela se sente à vontade. "Cantar é
exercício e é diversão. É como ver televisão e fazer amigos ao mesmo
tempo."
As associações afirmam que metade dos veteranos musicais comece a cantar
já depois da terceira idade. Munehiro Kayo, 74, ainda está esquentando
as cordas vocais. "Comecei faz um ano e pouco. Venho uma vez por semana,
ainda que não ache bom cantar tão cedo."
"Eu sempre canto a mesma música, até ganhar", diz o orgulhoso detentor
de um troféu. Que não ficou entre os primeiros colocados no domingo
passado. Fica para a próxima matina de domingo.
sábado, 6 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Gangnam Style se tornou o vídeo mais visto do YouTube, ultrapassando a barreira de um bilhão de visualizações no final de 2012. Esse número só cresceu desde então, até chegar a um limite que o Google não previa: Gangnam Style “quebrou” o contador de visualizações do YouTube.
O YouTube usa uma base 32-bit para as visualizações. Nela, é possível armazenar os números de -2.147.483.648 (valor negativo) até 2.147.483.647 (valor positivo) – este último é o número máximo de visualizações que um vídeo do YouTube poderia comportar.
Só que o vídeo do Psy ultrapassou esse valor. E agora? O Google diz apenas que vai atualizar o YouTube para resolver isso.
Se mudarem o contador para aceitar apenas valores positivos, ele poderia chegar a quase 4,3 bilhões antes de quebrar novamente. No entanto, para evitar bugs, o Google não recomenda fazer isso.
Por isso, talvez eles mudem o contador para uma base de 64 bits. Nesse caso, o número máximo de visualizações seria de aproximadamente 9,2 quintilhões – um limite bem mais difícil de ser quebrado.
O Google também nota que, se você passar o mouse por cima do contador de Gangnam Style, vai surgir um número negativo. É uma referência aos valores positivos e negativos que o padrão 32-bit pode guardar: some os dois, e você verá em quanto o contador “estourou” o limite – da última vez que vimos, a diferença era de quase 10 milhões de visualizações
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
LETÍCIA QUE MANDOU:
Encontro para uma Pausa Dançante é um convite para
quem já dança, qualquer que seja sua dança e para quem quer ser sincero
consigo próprio, olhando de frente e com ternura aquilo que neste
momento traz no seu corpo e na sua dança. As perguntas são: Será que o
que está visível para mim está visível para o outro? E será possível
tornar visível o invisível ? Para nos debruçarmos nessas questões
propomos o improvisar. Improvisar para contar o que está no corpo e
reconhecer suas ideias, seus tempos, seus jeitos e trejeitos. E poder
seguir adiante, talvez com mais autonomia. Propomos a improvisação
porque, como já disse a improvisadora Kate Duck, “Quando você improvisa
eu vejo quais foram seus professores, que aula você
fez, que treinamento você fez...”, e acrescentaríamos: que vemos os
hábitos de dança, padrões, escolhas e ações preferidas e repetidas, além
do jeito de se estar e mover no mundo. Na improvisação o novo está nas
recombinações e nas surpresas que emergem no momento do acaso e no
encontro com elementos externos dialogando com os internos e vice-versa.
O ponto de partida para a improvisação será pautado na necessidade de
mover-se inicialmente pela sensação física, seja pela pele, ossos,
músculos, órgãos, líquidos do corpo ou na combinação/integração dessas
camadas. E as sessões de improvisação contarão com algumas restrições:
restrição espacial, restrição temporal e restrição sonora.
Letícia Sekito é diretora e dançarina da Companhia Flutuante. Desenvolve
projetos de dança contemporânea e performance em constante diálogo com
outras linguagens artísticas, como música, artes visuais e vídeo. Em
1996, concluiu sua formação em Lisboa, com Sofia Neuparth, Peter Michael
Dietz, entre outros. Quando retornou ao Brasil, trabalhou de 1997 a
2006 no Estúdio Nova Dança e foi co-criadora e integrante da Cia. 2 Nova
Dança, São Paulo. Recebeu a Bolsa Rede Stagium 97, PROAC 2006 e 2009,
Rumos Dança Itaú Cultural 2006/07, Prêmio de Dança Funarte Klauss Vianna
2009, Prêmio Funarte REDES Artes Visuais 2011 e Programa Municipal de
Fomento à Dança 2010 e 2012. Entre 2004 e 2008 criou a trilogia:
Disseram que eu era japonesa, E eu disse: e O Japão está aqui?. Criou
performances como Experimento Portátil_ uma ação sob encomenda (2007/09)
e com o sonoplasta Jorge Peña Instantâneo (2006) e Corpo e Plástico
(2009). Em 2011, estreou Flutuante, seu primeiro trabalho para grupo. Em
2012 coordenou o projeto Corpo em Movimento, envolvendo as performances
Fluxos em Preto&Branco, sob a orientação de Suiá Ferlauto, com os
artistas Alex Ratton, Priscila Jorge, Ligia Chaim, Sandra Ximenez e
Felipe Julian do Projeto AXIAL, Joana Porto, Inês Corrêa, Paula Viana e
também com Vanessa Lopes, Maíra Silvestre, Ivan Okuyama e Cecilia Noriko
Ito Saito, além da instalação Três, de Roberto Freitas. Como
preparadora corporal trabalhou em 2012 e 2013 com o grupo Damas em
trânsito e os Bucaneiros, sob a direção de Alex Ratton e recentemente
fez a direção corporal da performance Caibo-me?, da artista Mariana
Piza. Em 2014 dá continuidade ao projeto Fluxos em Preto&Branco
projeto de dança e desenho. Letícia é praticante de Aikidô
(A.P.A/Aikikai), está ligada ao projeto Danceability®, ao Núcleo Dança
Aberta e faz a formação do programa BMC®-Body Mind Centering. www.companhiaflutuante.com
Serviço:
Dias: 13 e 14/12
Horário: 10:00 às 13:00h
Valor:R$150,00
Público: bailarinos, atores, performers, pessoas que gostam de se mover.
Vagas: 12
Inscrições: fitacrepemovimento@gmail.c om
Serviço:
Dias: 13 e 14/12
Horário: 10:00 às 13:00h
Valor:R$150,00
Público: bailarinos, atores, performers, pessoas que gostam de se mover.
Vagas: 12
Inscrições: fitacrepemovimento@gmail.c
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
A mais alta corte iraniana determinou que o ex-procurador-geral de
Teerã Saeed Mortazavi, 46, seja suspenso de qualquer cargo do governo
por cinco anos por ter ordenado que manifestantes fossem torturados em
2009. Pelo menos três deles morreram sob custódia.
Mortazavi, conhecido como linha-dura, negou as acusações. Pela decisão
de um tribunal menor --sustentada pela corte suprema--, ele também não
poderá exercer sua profissão.
Até o início de seu julgamento, no último ano, ele chefiava a organização de bem-estar social do Irã.
Mortazavi foi procurador-geral de Teerã entre 2003 e 2009 e teve uma
atuação determinante na repressão aos protestos contra supostas fraudes
no pleito de 2009, no qual foi reeleito o presidente Mahmoud
Ahmadinejad.
Reformistas iranianos também apontam Mortazavi como um algoz da imprensa
iraniana, por ter sido o responsável pelo fechamento de mais de 120
jornais locais e pela detenção de dezenas de jornalistas e ativistas.
Em 2009, os protestos contra a reeleição do conservador Ahmadinejad
terminaram esmagados pelo regime, que colocou em prisão domiciliar
líderes da oposição reformista.
A Presidência é ocupada desde 2013 por Hassan Rouhani, um moderado.
sábado, 15 de novembro de 2014
Os casamentos no Irã há muito são assunto suntuoso, com as famílias
gastando milhares de dólares para celebrar uma união. Mas agora alguns
casais estão esbanjando seu dinheiro em uma forma diferente de
celebração nupcial: as festas de divórcio.
Veículos locais de mídia e blogs fervilham há meses com notícias sobre
essas celebrações, que são precedidas de convites sarcásticos e
comemoradas com bolos engraçados para os casais que se separam. O
fenômeno se tornou tão comum em Teerã e outras grandes cidades que um
importante religioso caracterizou os promotores dessas festas de
"satânicos".
Essas celebrações sinalizam uma tendência inegável: o divórcio está em
alta no Irã. Desde 2006, o total cresceu mais de 150%, e agora 20% dos
casamentos acabam.
Nos dois primeiros meses do ano pelo calendário iraniano (do final de
março ao final de maio), mais de 21 mil divórcios foram registrados,
segundo estatísticas oficiais.
Essa alta no número de casais que optam pela separação irritou os
conservadores do Irã, que veem a alta nos divórcios como afronta aos
valores da República Islâmica.
No mês passado, Mustafa Pour Mohammadi, líder religioso e atual ministro
da Justiça, disse que ter 14 milhões de casos de divórcio no Judiciário
"não é digno de um sistema islâmico", de acordo com a Agência de
Notícias dos Estudantes Iranianos.
Algumas das causas de divórcio no Irã, como em muitos outros países,
incluem problemas econômicos, adultério, vício em drogas ou abusos
físicos. Mas o aumento no número de divórcios aponta para uma mudança
mais fundamental na sociedade iraniana, dizem especialistas.
"Houve grande crescimento do individualismo no Irã, especialmente entre
as mulheres. Elas estão com melhor educação e ganharam poder
financeiro", diz Hamid Reza Jalaipour, sociólogo da Universidade de
Teerã.
"Antes, uma mulher se casava e tinha de se conformar. Agora, se não estiver feliz, se separa. Não é mais um tabu."
Mãe de uma adolescente, uma mulher de 41 anos formada em química e
diretora de relações públicas em uma fábrica de Teerã disse ter se
divorciado porque seu marido era viciado e a agredia.
Foram precisos quatro anos para lidar com a burocracia do governo. "Eles
não gostam de divórcios que venham do lado da mulher", disse sob
condição de anonimato. Mas no ano transcorrido desde o divórcio, disse
estar no "paraíso".
Nos últimos séculos, estrangeiros como o escritor francês André Gide e o
britânico Joe Orton viram no norte da África um porto seguro para
aventuras e fantasias sexuais com outros homens.
O turista britânico Ray Cole, 69, recentemente descobriu, no entanto, que o "seguro" não está sempre garantido por esses portos.
Ele viajou a Marrakech, símbolo do turismo gay no Marrocos, onde viu que
a homossexualidade não só é crime, como pode levar à prisão.
Cole visitava seu namorado, um morador local cuja identidade a Folha prefere preservar, quando foi abordado pela polícia.
Com base em imagens em seu celular, ele foi condenado por "atos
homossexuais", pelo que cumpriu 20 dias na cadeia. Seu namorado também
foi detido e responde, hoje, em liberdade.
A prisão de homossexuais, em especial de estrangeiros, é rara no
Marrocos. Mas a notícia do infortúnio de Cole serviu para derrubar a
procura por hotéis em Marrakech em um dia em 46%, de acordo com um site
de viagens, ao deixar evidente que os direitos dos gays ainda estão,
ali, longe de ser respeitados.
Em visita à cidade, a Folha conversou com dois jovens gays que
preferiram não dizer seus nomes reais. Ambos afirmaram, inicialmente,
que "é fácil ser homossexual no Marrocos". Com poréns. "Você só precisa
respeitar os outros", diz Muhammad, 24.
"Eu não beijo meu namorado na rua. Não quero ser preso", afirma, antes
de acusar o jovem detido com o turista britânico de não ter sido
"discreto" o suficiente.
"Não temos problemas, se não nos prostituirmos ou acompanharmos um velho
turista", diz Mahmud, 21. "Todo o mundo na minha universidade sabe que
sou gay. A repressão depende da mentalidade. Os idosos e os religiosos
não aceitam."
A associação Kifkif, de defesa dos direitos homossexuais, é exemplo da dinâmica marroquina de repressão e tolerância nessa área.
"Somos uma organização ilegal", diz, em Madri, o fundador da entidade,
Samir Bargachi, 27. O fato de a homossexualidade ser um crime lhes
impede de montar um aparato oficial no país. "Ao mesmo tempo, o governo
conhece as nossas atividades e faz vistas grossas."
Mas a lei, afirma, é apenas uma etapa inicial das mobilizações de
direitos gays no país. A questão seguinte, e que sustenta a própria
ideia de criminalizar a homossexualidade, é a social.
"O Marrocos é um país religioso e patriarcal, onde o papel masculino é
asfixiante. Seus genitais lhe definem", diz. "Na nossa vida está sempre
presente a possibilidade de que os vizinhos chamem a polícia."
Apesar de que, com os avanços sociais, Bargachi aponte também para a
existência de um debate político a respeito do tema, com cada vez mais
frequentes casos de juízes que se recusam a aplicar o artigo 489 da
legislação para condenar gays.
"É um caminho muito longo", diz Ibtisame Lachgar, do Movimento
Alternativo para as Liberdades Individuais, que organiza ações de
conscientização no país.
"A sociedade culpa os ocidentais', que enxergam como os responsáveis.
Para os marroquinos, foram os estrangeiros que trouxeram esse vício' ao
país. Eles não acreditam que haja marroquinos gays, e sim que essa seja
uma espécie de prostituição entre um ocidental e um local."
O que também significa que, enquanto o britânico Cole terá respaldo em
seu país desde que foi libertado, em outubro, seu namorado ainda está em
Marrakech diante da ideia de um pesadelo futuro.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Folha de São Paulo
Terça-feira, 11 de novembro 2014
Após suposto aumento no número de vistos falsos, eles passaram a ser separados dos demais estrangeiros no momento da vistoria de passaportes da Polícia Federal.
A determinação para o tratamento diferenciado partiu da delegada Rita de Cássia Favoreto, responsável pelo aeroporto do Galeão.
Ela emitiu uma ordem interna, em papel oficial ao qual a Folha teve acesso, para que todo o processo de entrada de cidadãos chineses seja controlado por policiais, em vez de funcionários terceirizados.
A delegada não quis atender a reportagem nesta segunda-feira (10) para explicar a decisão. Mas a Folha apurou que o principal motivo seria o suposto aumento do número de chineses que tentam entrar no Rio com vistos falsos --foram registrados 16 casos recentemente vindos de voos das companhias KLM e Air Italy.
A ordem emitida pela delegada trouxe preocupação a agentes da PF. Isso porque ela determina que "os policiais de plantão deverão realizar o procedimento migratório do seu início ao fim, inclusive logado com sua senha, não sendo permitido, de maneira verbal, repassar esta incumbência ao terceirizado".
Os policiais reclamam que não têm equipamento para conferir a autenticidade dos vistos e temem ser punidos caso chineses com documentos falsos entrem no país.
Antes, os agentes só usavam suas senhas pessoais para vistoriar passageiros suspeitos que tivessem o nome no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos.
"Não sei o motivo, mas realmente demorou mais que os outros", disse o estudante chinês Lucas Duan, 27, que teve de enfrentar uma fila separada no aeroporto.
Dez passageiros chineses que chegaram ao Rio em um voo da Emirates no final de semana relataram à reportagem que foram questionados sobre onde iriam se hospedar, quanto dinheiro haviam trazido ao Brasil e se falavam inglês ou outra língua.
A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal e com o consulado chinês no Rio, mas não houve resposta até a conclusão desta edição. A embaixada chinesa informou que o assunto deve ser tratado com o consulado.
Terça-feira, 11 de novembro 2014
PF separa chineses na imigração do Rio
Medida foi adotada no aeroporto internacional do Galeão após suspeita de aumento do número de vistos falsos
Iniciativa prolongou o tempo de espera dos passageiros do país na fila de checagem dos passaportes
DIANA BRITO
DO RIO
Os chineses que chegam ao Rio de Janeiro têm esperado mais tempo no
setor de imigração do aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão) desde o
último dia 30.
Iniciativa prolongou o tempo de espera dos passageiros do país na fila de checagem dos passaportes
Após suposto aumento no número de vistos falsos, eles passaram a ser separados dos demais estrangeiros no momento da vistoria de passaportes da Polícia Federal.
A determinação para o tratamento diferenciado partiu da delegada Rita de Cássia Favoreto, responsável pelo aeroporto do Galeão.
Ela emitiu uma ordem interna, em papel oficial ao qual a Folha teve acesso, para que todo o processo de entrada de cidadãos chineses seja controlado por policiais, em vez de funcionários terceirizados.
A delegada não quis atender a reportagem nesta segunda-feira (10) para explicar a decisão. Mas a Folha apurou que o principal motivo seria o suposto aumento do número de chineses que tentam entrar no Rio com vistos falsos --foram registrados 16 casos recentemente vindos de voos das companhias KLM e Air Italy.
A ordem emitida pela delegada trouxe preocupação a agentes da PF. Isso porque ela determina que "os policiais de plantão deverão realizar o procedimento migratório do seu início ao fim, inclusive logado com sua senha, não sendo permitido, de maneira verbal, repassar esta incumbência ao terceirizado".
Os policiais reclamam que não têm equipamento para conferir a autenticidade dos vistos e temem ser punidos caso chineses com documentos falsos entrem no país.
Antes, os agentes só usavam suas senhas pessoais para vistoriar passageiros suspeitos que tivessem o nome no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos.
QUEIXAS
Por causa da ordem interna, os chineses que chegam ao Galeão são
separados em uma fila única no setor de imigração. Com isso, a espera
para eles aumentou, o que gera queixas de discriminação.
"Não sei o motivo, mas realmente demorou mais que os outros", disse o estudante chinês Lucas Duan, 27, que teve de enfrentar uma fila separada no aeroporto.
Dez passageiros chineses que chegaram ao Rio em um voo da Emirates no final de semana relataram à reportagem que foram questionados sobre onde iriam se hospedar, quanto dinheiro haviam trazido ao Brasil e se falavam inglês ou outra língua.
A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal e com o consulado chinês no Rio, mas não houve resposta até a conclusão desta edição. A embaixada chinesa informou que o assunto deve ser tratado com o consulado.
Os maiores jogadores de videogame da Coreia do Sul são nomes
conhecidos. Milhões de pessoas ligam a televisão para assistir às
competições de jogos eletrônicos. O maior portal sul-coreano da
internet, o Naver, tem uma seção dedicada exclusivamente aos resultados
das competições.
Os torneios de videogame estão crescendo em várias partes do mundo,
atraindo milhares de pessoas para grandes eventos. Mas na Coreia do Sul,
mais do que em qualquer outro lugar, eles já se consolidaram como um
fato cultural. É tão comum casais irem a clubes de games como ao cinema.
Mais uma vez, o país antecipa transformações relacionadas à tecnologia
antes de elas se espalharem pelo mundo, como aconteceu com a ampla
disponibilidade da banda larga e a adoção do smartphone. O país também
lidera as competições de videogames, chamadas em geral de "e-sports",
criando ligas organizadas, treinando equipes profissionais bem
financiadas e lotando estádios gigantes com torcedores ardorosos.
Esse tipo de entusiasmo pôde ser visto em Seul num domingo de outubro,
quando mais de 40 mil torcedores lotaram o estádio de futebol usado na
semifinal da Copa do Mundo de 2002 para acompanhar a competição mundial
da League of Legends, um dos mais populares games no mundo. Num palco,
duas equipes de cinco jogadores se sentaram diante de computadores,
munidos de mouse e teclado para controlar personagens fantásticos em uma
ofensiva contra a base da equipe adversária. Três telões mostravam a
ação.
A clara favorita da multidão era a Samsung White, equipe formada
exclusivamente por coreanos, que acabou conquistando o título e um
prêmio de US$ 1 milhão em dinheiro. A torcida começou a se exaltar logo
no começo, quando um jogador da Samsung White empunhou uma lança para
matar um jogador do Star Horn Royal Club, equipe formada por três
jogadores chineses e dois coreanos.
Embora jogadores e pessoas familiarizadas com o setor tenham diferentes
teorias sobre como os jogos eletrônicos se tornaram populares na Coreia
do Sul, quase todas as versões apontam para o final dos anos 1990.
Naquela época, em resposta à crise financeira asiática, o governo
sul-coreano se concentrou em infraestrutura de internet e
telecomunicações. Por volta de 2000, surgiu uma vibrante comunidade de
fãs de games, em grande parte graças às lan houses, conhecidos aqui como
"PC bangs", que usavam as novas conexões.
O governo também se envolveu, criando a Associação Coreana de E-Sports
para organizar essa atividade. Canais de TV de baixo custo despontaram
nessa época, e foi simplesmente natural que um deles, e depois outros,
se voltasse para os esportes eletrônicos.
Os "PC bangs" continuam sendo, no entanto, um importante espaço para os
jogadores. Numa recente noite, numa área residencial da zona sudeste de
Seul, um clube estava lotado de alunos do ensino médio. Eles se sentavam
em cadeiras diante de PCs, berrando estratégias ou gritando de alegria
ou frustração. Depois de abater um amigo com um fuzil de assalto no jogo
Sudden Attack, Kang Mi-kyung, 15, disse que ia à lan house umas cinco
vezes por semana. "Adoro este jogo, embora eu o ache violento demais",
disse ela.
Há mais ou menos uma década, as empresas começaram a ver que era
promissor patrocinar estrelas de jogos eletrônicos. Em pouco tempo
empresas como Samsung, de tecnologia, e CJ Games, um dos mais
bem-sucedidos desenvolvedores coreanos de games, já patrocinavam equipes
que moravam em repúblicas e treinavam 12 horas por dia.
A monomania dos jogadores causa preocupações sobre a dependência
psicológica e possíveis danos decorrentes de passar tanto tempo jogando
games. De vez em quando, a imprensa noticia a morte de um jogador por
exaustão em um "PC bang", após passar dias jogando. Uma lei determina
que clubes obriguem menores de 18 anos a deixar o local após as 22
horas.
Dias antes do torneio de League of Legends, no hotel onde a Samsung
White treinava, o capitão do time, Cho Se-hyoung, dizia sentir uma
enorme pressão da torcida nacional. Ele deu a entender que, aos 20 anos,
estava pensando em se aposentar. Ao ser perguntado sobre como se
enxergava, ele disse: "Eu sou um atleta".
domingo, 9 de novembro de 2014
O Irã é um dos poucos países em que atos homossexuais são punidos com a
morte. Clérigos, no entanto, aceitam a ideia de que uma pessoa pode
estar presa em um corpo do sexo errado. Gays podem ser forçados a se
submeter a uma cirurgia de mudança de sexo - e, para evitar isso, muitos
fogem do país.
Criado no Irã, Donya manteve seu cabelo raspado ou curto e usava bonés em vez de lenços. Chegou a visitar um médico para tentar interromper sua menstruação.
"Eu era muito jovem e realmente não me entendia", diz. "Pensei que se pudesse parar minha menstruação, ficaria mais masculina."
Se policiais pedissem sua identidade e notassem que ela era mulher, diz, iriam censurar-lhe: "Por que você está assim? Vá mudar seu sexo".
Criado no Irã, Donya manteve seu cabelo raspado ou curto e usava bonés em vez de lenços. Chegou a visitar um médico para tentar interromper sua menstruação.
"Eu era muito jovem e realmente não me entendia", diz. "Pensei que se pudesse parar minha menstruação, ficaria mais masculina."
Se policiais pedissem sua identidade e notassem que ela era mulher, diz, iriam censurar-lhe: "Por que você está assim? Vá mudar seu sexo".
Esta tornou-se sua ambição. "Eu estava sob tanta pressão que queria mudar meu sexo o mais rápido possível", diz.
Por sete anos, Donya submeteu-se a um tratamento hormonal que lhe engrossou a voz e lhe fez crescer pelos no rosto.
Mas quando os médicos propuseram a cirurgia, ela conversou com amigos que haviam se submetido à operação e tinham enfrentado "muitos problemas". Começou a se questionar se essa era a melhor opção para ela.
"Eu não tinha acesso fácil à internet. Muitos sites são bloqueados. Comecei a pesquisar com a ajuda de alguns amigos que estavam na Suécia e na Noruega", conta.
"Comecei a me conhecer melhor... Eu aceitei que era lésbica e estava feliz com isso".
Mas viver no Irã como homem ou mulher abertamente gay é impossível. Donya, agora com 33 anos, fugiu para a Turquia com seu filho de um breve casamento, e depois para o Canadá, onde recebeu asilo.
Não é uma política oficial do governo iraniano forçar homens ou mulheres homossexuais a mudarem de sexo, mas a pressão pode ser intensa.
Em 1980, o fundador da República Islâmica, o aiatolá Khomeini, emitiu uma fatwa - uma legislação islâmica - permitindo a cirurgia de mudança de sexo. Aparentemente, após ser convencido em um encontro com uma mulher que disse estar presa no corpo de um homem.
Por sete anos, Donya submeteu-se a um tratamento hormonal que lhe engrossou a voz e lhe fez crescer pelos no rosto.
Mas quando os médicos propuseram a cirurgia, ela conversou com amigos que haviam se submetido à operação e tinham enfrentado "muitos problemas". Começou a se questionar se essa era a melhor opção para ela.
"Eu não tinha acesso fácil à internet. Muitos sites são bloqueados. Comecei a pesquisar com a ajuda de alguns amigos que estavam na Suécia e na Noruega", conta.
"Comecei a me conhecer melhor... Eu aceitei que era lésbica e estava feliz com isso".
Mas viver no Irã como homem ou mulher abertamente gay é impossível. Donya, agora com 33 anos, fugiu para a Turquia com seu filho de um breve casamento, e depois para o Canadá, onde recebeu asilo.
Não é uma política oficial do governo iraniano forçar homens ou mulheres homossexuais a mudarem de sexo, mas a pressão pode ser intensa.
Em 1980, o fundador da República Islâmica, o aiatolá Khomeini, emitiu uma fatwa - uma legislação islâmica - permitindo a cirurgia de mudança de sexo. Aparentemente, após ser convencido em um encontro com uma mulher que disse estar presa no corpo de um homem.
Shabnam - nome fictício - é psicóloga em uma clínica estatal do Irã e
diz que alguns gays acabam sendo forçados a fazer a cirurgia. Médicos
são orientados a dizer a homens e mulheres gays que eles estão "doentes"
e precisam de tratamento. Pacientes gays são encaminhados a clérigos
para que sua fé seja fortalecida.
As autoridades "não sabem a diferença entre identidade e sexualidade", explica Shabnam.
Não há informações confiáveis sobre o número de operações de mudança de sexo realizadas no Irã. Khabaronline, uma agência de notícias alinhada com o governo, disse que os números subiram de 170 em 2006 para 370 em 2010. Mas um médico de um hospital iraniano disse à BBC que só ele realiza mais de 200 dessas operações todos os anos
Em outros países, mudar a sexualidade de uma pessoa é um processo complexo, que envolve psicoterapia, tratamento hormonal e, algumas vezes, grandes operações - durando anos.
Nem sempre é o caso no Irã.
"Eles [as autoridades] mostram o quão fácil pode ser", diz Shabnam. "Prometem te dar documentos legais e, mesmo antes da cirurgia, permissão para andar na rua vestindo o que quiser. Prometem te conceder um empréstimo para pagar a cirurgia", exemplifica.
Os defensores destas políticas oficiais salientam o lado positivo das medidas, argumentam que os transexuais iranianos recebem ajuda para ter uma vida decente e que gozam de mais liberdade do que em muitos outros países.
Mas a preocupação é que a cirurgia de mudança de sexo esteja sendo oferecida para pessoas que não são transexuais - e sim homossexuais.
"Está ocorrendo uma violação de direitos humanos", acredita Shabnam. "O que me deixa triste é que as organizações que deveriam ter um propósito humanitário e terapêutico podem estejam do lado do governo ao invés de olhar para o ponto de vista das pessoas."
Não há informações confiáveis sobre o número de operações de mudança de sexo realizadas no Irã. Khabaronline, uma agência de notícias alinhada com o governo, disse que os números subiram de 170 em 2006 para 370 em 2010. Mas um médico de um hospital iraniano disse à BBC que só ele realiza mais de 200 dessas operações todos os anos
Em outros países, mudar a sexualidade de uma pessoa é um processo complexo, que envolve psicoterapia, tratamento hormonal e, algumas vezes, grandes operações - durando anos.
Nem sempre é o caso no Irã.
"Eles [as autoridades] mostram o quão fácil pode ser", diz Shabnam. "Prometem te dar documentos legais e, mesmo antes da cirurgia, permissão para andar na rua vestindo o que quiser. Prometem te conceder um empréstimo para pagar a cirurgia", exemplifica.
Os defensores destas políticas oficiais salientam o lado positivo das medidas, argumentam que os transexuais iranianos recebem ajuda para ter uma vida decente e que gozam de mais liberdade do que em muitos outros países.
Mas a preocupação é que a cirurgia de mudança de sexo esteja sendo oferecida para pessoas que não são transexuais - e sim homossexuais.
"Está ocorrendo uma violação de direitos humanos", acredita Shabnam. "O que me deixa triste é que as organizações que deveriam ter um propósito humanitário e terapêutico podem estejam do lado do governo ao invés de olhar para o ponto de vista das pessoas."
Psicólogos sugeriram uma mudança de sexo para Soheil, um jovem gay
iraniano de 21 anos. A família exerceu grande pressão para que ele
concordasse com a operação.
"Meu pai veio me visitar em Teerã com dois parentes", diz ele. "Eles
fizeram uma reunião para decidir o que fazer sobre mim. Disseram: 'Ou
você muda seu sexo ou vamos te matar. Não deixaremos que você viva nessa
família'".
Soheil foi mantido em casa, na cidade portuária de Bandar Abbas, sob vigilância da família. Um dia antes da operação, conseguiu escapar com a ajuda de amigos. Eles lhe deram um bilhete de avião e o jovem voou para a Turquia.
O país, que não requer vistos de cidadãos iranianos, é muitas vezes o primeiro destino de quem foge. De lá, eles muitas vezes pedem asilo em um terceiro país da Europa ou América do Norte. A espera pode levar anos e, mesmo na Turquia, eles são alvo de preconceito e discriminação, especialmente em pequenas cidades socialmente conservadoras.
Arsham Parsi, que cruzou a fronteira do Irã para a Turquia de trem em 2005, vive na cidade de Kayseri, na região central do país. Ele foi espancado e teve tratamento hospitalar para deslocamenteo de ombro negado simplesmente por ser gay. Depois disso, não saiu de casa por dois meses.
Mais tarde, Parsi se mudou para o Canadá e criou um grupo de apoio para gays iraniano. Ele diz receber centenas de pedidos de ajuda por semana. Já auxiliou cerca de mil pessoas a deixar o Irã nos últimos dez anos.
Soheil foi mantido em casa, na cidade portuária de Bandar Abbas, sob vigilância da família. Um dia antes da operação, conseguiu escapar com a ajuda de amigos. Eles lhe deram um bilhete de avião e o jovem voou para a Turquia.
O país, que não requer vistos de cidadãos iranianos, é muitas vezes o primeiro destino de quem foge. De lá, eles muitas vezes pedem asilo em um terceiro país da Europa ou América do Norte. A espera pode levar anos e, mesmo na Turquia, eles são alvo de preconceito e discriminação, especialmente em pequenas cidades socialmente conservadoras.
Arsham Parsi, que cruzou a fronteira do Irã para a Turquia de trem em 2005, vive na cidade de Kayseri, na região central do país. Ele foi espancado e teve tratamento hospitalar para deslocamenteo de ombro negado simplesmente por ser gay. Depois disso, não saiu de casa por dois meses.
Mais tarde, Parsi se mudou para o Canadá e criou um grupo de apoio para gays iraniano. Ele diz receber centenas de pedidos de ajuda por semana. Já auxiliou cerca de mil pessoas a deixar o Irã nos últimos dez anos.
Alguns fogem para evitar a cirurgia de mudança de sexo, mas outros
descobriram que ainda enfrentam preconceito apesar de se submeter ao
tratamento. Parsi estima que 45% das pessoas que fizeram a cirurgia não
são transexuais, mas gays.
Eis um exemplo: recentemente, uma mulher o consultou com dúvidas sobre a
cirurgia. Ele perguntou se ela era transexual ou lésbica. Ela não sabia
responder, porque ninguém nunca havia lhe explicado o que era "ser
lésbica".
Marie, de 37 anos, deixou o Irã há cinco meses. Ela
cresceu como menino, Iman, mas estava confusa sobre sua sexualidade e
foi declarada por um médico iraniano como sendo 98% do sexo feminino.
Por isso, acreditou que precisaria mudar de sexo.
A terapia hormonal parecia ter-lhe trazido mudanças positivas, como o crescimento dos seios. "Isso me fez sentir bem", diz. "Eu me senti bonita."
Finalmente, Marie submeteu-se à operação - e veio a sensação de estar "fisicamente danificada".
Ela se casou com um homem, mas a relação terminou rapidamente. Assim como qualquer esperança de que a vida como mulher seria melhor.
"Antes da cirurgia, as pessoas me viam e diziam: 'Ele é tão feminino, ele é tão feminino'", diz Marie.
"Após a operação, sempre que eu queria me sentir como mulher, ou me comportar como mulher, todo mundo dizia: 'Ela se parece com um homem, ela é viril'. [A cirurgia] não ajudou a reduzir os meus problemas. Pelo contrário."
Marie diz que, se "estivesse em uma sociedade livre, gostaria de saber se seria como sou agora e se eu teria mudado meu sexo".
"Não tenho certeza", responde.
"Estou cansada. Cansada de toda a minha vida. Cansada de tudo."
A terapia hormonal parecia ter-lhe trazido mudanças positivas, como o crescimento dos seios. "Isso me fez sentir bem", diz. "Eu me senti bonita."
Finalmente, Marie submeteu-se à operação - e veio a sensação de estar "fisicamente danificada".
Ela se casou com um homem, mas a relação terminou rapidamente. Assim como qualquer esperança de que a vida como mulher seria melhor.
"Antes da cirurgia, as pessoas me viam e diziam: 'Ele é tão feminino, ele é tão feminino'", diz Marie.
"Após a operação, sempre que eu queria me sentir como mulher, ou me comportar como mulher, todo mundo dizia: 'Ela se parece com um homem, ela é viril'. [A cirurgia] não ajudou a reduzir os meus problemas. Pelo contrário."
Marie diz que, se "estivesse em uma sociedade livre, gostaria de saber se seria como sou agora e se eu teria mudado meu sexo".
"Não tenho certeza", responde.
"Estou cansada. Cansada de toda a minha vida. Cansada de tudo."
Deputados do Irã encaminharam um projeto de lei no qual propõem
tornar crime manter cães como animais de estimação ou caminhadas em
público com os bichos. Os infratores estariam sujeitos a 74 chicotadas
ou uma multa.
De acordo com o jornal iraniano "Shargh" desta
quinta (6), 32 membros do parlamento --a maioria da ala conservadora do
país-- apresentaram a proposta para votação no Legislativo.
Se o o Majlis (parlamento iraniano) aprovar o projeto, a multa
estipulada seria de um a 10 milhões de tomans --unidade de medida
monetária do Irã, equivalente a 10 rials, a moeda do país. Isso
corresponde a cerca de R$ 9,5 mil.
"Andar a pé e brincar com
animais, como cães e macacos ao ar livre e em locais públicos são
prejudiciais para a saúde e a paz de outras pessoas, especialmente
crianças e mulheres, e são contra a nossa cultura islâmica", diz o
projeto de lei. Forças policiais iranianas, caçadores licenciados,
agricultores e pastores estão isentos da punição, de acordo com a
proposta.
De acordo com o costume islâmico, os cães são
considerados animais impuros. A chamada polícia da moralidade do Irã,
que atua em locais públicos, reprime os donos de cães, alertando os
donos ou ameaçando confiscar os animais. Mas a tendência de cuidar de
cachorros têm crescido no país,
sobretudo entre as classes média e alta urbanas em grandes cidades. A
ala conservadora do país tem se mostrado preocupada com o hábito,
interpretado como um avanço da "invasão cultural" do Ocidente.
sábado, 8 de novembro de 2014
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
terça-feira, 4 de novembro de 2014
A jovem iraniana, que também tem nacionalidade britânica,
condenada a um ano de prisão em Teerã por tentar assistir uma partida de
vôlei masculino iniciou uma greve de fome, anunciou seu irmão.
Ghoncheh Ghavami, de 25 anos, foi detida em 20 de junho em
um ginásio de Teerã, quando integrava um grupo de mulheres que tentava
assistir uma partida da Liga Mundial de vôlei entre Itália e Irã.
A jovem, formada em Direito em Londres, protesta contra o
que considera uma "detenção ilegal", afirmou sua mãe à rede britânica
BBC.
— Ela está em greve de fome desde sábado. Não come alimentos
sólidos e não aceita líquidos — afirmou o irmão da condenada, Iman
Ghavami.
A jovem, que aguarda a ratificação da pena, fez uma greve de fome de duas semanas em outubro para protestar contra a detenção.
Todas as mulheres foram impedidas de assistir a partida no ginásio Azadi de Teerã, incluindo as jornalistas credenciadas.
O procurador-geral ainda não confirmou a sentença. A jovem
foi acusada de fazer propaganda contra o regime, um argumento muito
utilizado pela justiça iraniana.
Ghavami foi acusada num tribunal de Teerã de atividades e
propaganda contra a República Islâmica. Segundo a agência de notícias
Ilna, o advogado de Ghavami, Alireza Tabatabaie, disse no sábado que a
sentença poderá ser reduzida devido a bons antecedentes.
O Reino Unido, que não tem presença diplomática permanente
no Irã, mas afirma planejar reabrir a sua embaixada, disse ter
preocupações sobre como Ghavami foi tratada e agora sentenciada.
"Estamos preocupados com os relatos de que Ghoncheh Ghavami
foi condenada a 12 meses de prisão por propaganda contra o Estado",
declarou o porta-voz do Ministério do Exterior britânico, em comunicado.
"Temos preocupações sobre o processo e com o tratamento em custódia de Ghavami", acrescentou o comunicado.
O Irã não reconhece dupla cidadania e trata os cidadãos com dupla nacionalidade como iranianos.
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Ghavami foi libertada logo depois da prisão em junho, mas
presa de novo em seguida. Em outubro, ela fez uma greve de fome de duas
semanas.
Tabatabaie disse que por "várias razões" não conseguiu se encontrar a acusada antes da sessão de sábado.
A prisão inicial de Ghavami ocorreu um pouco antes a
detenção de outra pessoa de dupla cidadania. Jason Rezaian, que também
tem nacionalidade norte-americana, é repórter do Washington Post e
permanece em custódia. Os Estados Unidos não têm ligações diplomáticas
diretas com o Irã.
Shah Rukh Khan, 48, tem muitos títulos. O grande astro de Bollywood é
conhecido como Rei Khan, Rei de Bollywood e Bollywood Badshah (ou
imperador). No verão passado, Khan recebeu do ministro francês das
Relações Exteriores, Laurent Fabius, a honraria civil mais prestigiosa
da França -Cavaleiro da Ordem da Legião de Honra.
Aamir Khan, o arquirrival de Khan e do qual não é parente, também está
vencendo as diferenças culturais. Em 25 de julho, seu filme mais
recente, "Dhoom 3", thriller de ação, estreou em 2.000 cinemas na China.
Os franceses e os chineses estão entre a diversificada e crescente base de fãs de Bollywood.
Há muito tempo, os filmes indianos fazem sucesso entre os 21 milhões de cidadãos do país que moram no exterior.
Nas décadas de 1950 e 1960, o ator e diretor Raj Kapoor era um nome
familiar na Rússia soviética. Na década passada, a mistura singular de
emoção, canções, danças e melodrama de Bollywood conquistou diversos
mercados.
Segundo a empresa de monitoramento de bilheterias Rentrak, as receitas
do cinema indiano em 36 territórios aumentaram de US$ 66,2 milhões, com
69 filmes em 2009, para US$ 289 milhões, com 170 filmes em 2013.
Há novos fãs em países tão díspares quanto Turquia, Peru, Panamá e
Iraque. Filmes indianos começaram a ser exibidos no Japão em 1952, porém
somente a partir do ano passado o país recebe lançamentos regularmente.
O músico pop japonês Matsumura Masahide (conhecido como Titi Matsumura)
disse que o apelo desses filmes reside em sua abordagem ardente. "Nós
gostamos de filmes indianos sentimentais e repletos de emoções, pois
contrastam com o comportamento contido do povo japonês", explicou.
Os alemães são fascinados por Shah Rukh Khan. A paixão teve origem em
2004, quando uma emissora de TV alemã exibiu no horário nobre "Kabhi
Khushi Kabhie Gham" ("Às Vezes Felicidade, Às Vezes Tristeza"),
apresentando Khan como filho de um industrial rico. O melodrama que
arrancava lágrimas -a chamada do filme era "O que importa é amar seus
pais"- abriu um novo mercado.
Todavia, não é fácil vender a marca Bollywood. Hollywood e produções
regionais tornam a concorrência acirrada. Até mesmo estúdios grandes
como o Disney India, que produz filmes da franquia Disney, têm pouca
penetração em outros países. Amrita Pandey, responsável no estúdio por
marketing e distribuição, citou alguns fatores: "Barreiras linguísticas e
culturais, os altos investimentos necessários para entrar em novos
mercados e a gramática específica dos filmes indianos também são
obstáculos".
A empresa americana Relativity Media espera mudar esse panorama. Em
maio, no Festival de Cinema de Cannes, ela anunciou uma joint venture de
US$ 100 milhões com a B4U, empresa de entretenimento de Bollywood.
Em vez de descobrir um filme que satisfaça ambas as preferências, a
estratégia da Relativity é adaptar o mesmo conteúdo para dois mercados.
Uma comédia de ação produzida atualmente, cujo elenco inclui Zach
Galifianakis, Owen Wilson e Kristen Wiig, deverá ser refilmada em
Bollywood.
Os filmes indianos também evoluíram junto com os consumidores e deixaram
de ser uma entidade monolítica pautada por música e dança. Produções
independentes autorais mais ousadas, os chamados filmes "hindie", também
estão ganhando espaço. No ano passado, "Lunchbox", estrelado por Irrfan
Khan, teve uma bilheteria global de cerca de US$ 10 milhões.
Filmes como esse poderão ajudar a indústria cinematográfica da Índia a
se expandir? Shah Rukh Khan deu sua opinião: "Nosso conteúdo e nossa
tecnologia estão melhorando. Chegou a nossa vez".
Num dos maiores protestos pró-democracia em Hong Kong, na noite de 4
de outubro, a cantora pop local Denise Ho apresentou uma nova canção,
"Raise the Umbrella", referência aos guarda-chuvas que muitos
manifestantes do local vêm usando para se proteger contra spray de
pimenta. Dezenas de milhares de pessoas extáticas agitaram no ar seus
celulares ligados.
Mas é pouco provável que Ho cante a mesma música na China continental,
de onde, conforme revelou outro dia, ela recebe 80% de sua renda,
principalmente de shows. Ela não recebe convites para cantar na China
desde o verão, quando começou a demonstrar publicamente seu apoio ao
movimento pró-democracia.
Recentemente, uma grife de moda cancelou um trabalho com ela, sem citar qualquer motivo especial para isso.
Anthony Wong, outro cantor de Hong Kong, contou que dois shows que ele
faria em novembro na China continental foram "adiados por tempo
indeterminado" pelos organizadores e que não tem mais convites pendentes
para se apresentar lá.
"É só um palpite, mas acho que querem nos proibir porque têm medo de
ouvir posições divergentes", disse Wong. "Têm medo que possamos difundir
nossas posições. É uma tentativa de nos punir, claro."
Wong, Ho e outras figuras artísticas de Hong Kong e Taiwan -incluindo
atores como Chow Yun-fat e Tony Leung e um cineasta, Shu Kei- estão
entre os rostos mais reconhecíveis vistos nos protestos que ocupam
partes de Hong Kong há semanas. Representantes da mídia estatal chinesa
os acusam de deslealdade a seu país.
Fotos de uma lista que continha os nomes de Anthony Wong, Denise Ho e
outros artistas circularam recentemente nas mídias sociais. Consta que
seria uma lista negra enviada a veículos de mídia noticiosa e empresas
de entretenimento da China continental, com instruções de não mencionar
ou citar os artistas incluídos.
Uma celebridade americana, o saxofonista de jazz Kenny G, parece ter se
envolvido em controvérsia quando postou na internet fotos dele próprio
em um dos locais dos protestos.
Mais tarde, o músico, que tem muitos fãs na China continental, deletou
as fotos e divulgou declarações dizendo que não teve a intenção de
manifestar apoio aos protestos. Num comentário, a agência de notícias
estatal, a Xinhua, deu a entender que haverá outras consequências para
as celebridades de Hong Kong.
"Vocês violaram os princípios de 'um país, dois sistemas', contestaram a
autoridade do partido central, ignoraram a Lei Básica e ganharam muito
dinheiro, mas depois se voltaram contra sua pátria e a repreenderam",
diz o comentário, citando por nome Denise Ho, Anthony Wong e um ator de
Hong Kong, Chapman To. "É assim que tratam o país que deu à luz a vocês e
os criou?"
"Chapman To e todos, não pensem que podem comer nossa comida e destruir nossas panelas ao mesmo tempo", avisou o comentário.
Não está claro com que rigidez será aplicada uma lista negra, se é que
ela existe. Por exemplo, a emissora pública CCTV não cancelou a
transmissão do filme "Mr. Cinema", de 2007, protagonizado pelo ator
Anthony Wong Chau-sang, cujo nome estaria na lista negra, mas livros do
autor popular Giddens Ko foram tirados das estantes das principais
livrarias da China continental.
Os protestos criaram uma divisão entre as celebridades de Hong Kong.
Muitas delas ficaram em silêncio, enquanto outras criticaram os
protestos abertamente. Numa mensagem postada no Sina Weibo o diretor de
cinema Wong Jing declarou que estava tirando Denise Ho, Chapman To e
Anthony Wong, o cantor, de sua lista de amigos.
Wong prometeu continuar a apoiar os protestos.
"Isso nos afeta muito porque boa parte de minha renda vem da China -mais
da metade", disse. "Mas acho que é isso que precisamos fazer. Nosso
mercado e dinheiro na China não são mais importantes que a necessidade
de dizer o que pensamos."
domingo, 2 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
Hello Kitty, uma suposta gatinha —uma menina, segundo seus criadores—,
criada no Japão e que virou um ícone global, completou 40 anos neste
sábado e presenteou os fãs com uma loja exclusiva e um parque temático
em Tóquio.
Uma Kitty de tamanho humano apareceu de surpresa na grande loja Mitsukoshi antes da abertura ao público, o que provocou muitos aplausos dos funcionários do empreendimento, que fica no popular distrito de Ginza.
A personagem, vestida de rosa, fez reverências aos presentes e seus gestos e poses provocaram ondas de de "kawaii" ('linda', em japonês).
Quando a loja abriu as portas, a personagem foi a primeira a saudar a multidão de clientes, que abraçaram a gatinha e pediram 'selfies'.
Kitty, chamada de 'garota eterna' por seu criador, também celebrou o aniversário com centenas de fãs no Sanrio Puroland, um parque temático ao oeste de Tóquio.
Do outro lado do Pacífico, Los Angeles inaugurou uma convenção da Hello Kitty no distrito "Little Tokyo", com um evento de quatro dias que espera atrair mais de 25.000 pessoas.
Em julho, a personagem terá um espetáculo próprio en Hong Kong e também fará uma incursão no espaço, já que para festejar os 40 anos Hello Kitty dará um passeio a bordo do satélite Hodoyoshi-3.
Em 1974, ninguém poderia imaginar que a personagem, esboçada em poucos traços, sem contorno de rosto e sem boca, com seis traços para formar um bigode, estabeleceria-se como um sucesso surpreendente em todo o mundo.
Atualmente, esta criatura, que tem fã-clubes em muitos países, arrecada vários bilhões de dólares anualmente para seus proprietários e aqueles que a usam para promover seus produtos.
Sua imagem está reproduzida em todo planeta em 50.000 artigos diferentes, de chiclete até a cabine de aeronaves, passando por eletrônicos, canetas e coleiras.
Nos últimos anos, Hello Kitty tornou-se um dos ícones do "Japão cool" e da cultura pop japonesa que invadiu o mundo com desenhos animados e mangás.
O universo rosa de Hello Kitty não se limita às meninas românticas, mas estende-se a todas as idades, no Japão e em todo o mundo. Segundo um porta-voz da empresa, o interesse atual seria até maior entre os adultos.
"De certa forma, Hello Kitty dá aos adultos o direito de brincar novamente, dá a possibilidade de externalizar uma parte de si que não pode ser expressada novamente", diz Christine Yano, uma antropóloga que estudou o fenômeno da "kawaii".
Uma Kitty de tamanho humano apareceu de surpresa na grande loja Mitsukoshi antes da abertura ao público, o que provocou muitos aplausos dos funcionários do empreendimento, que fica no popular distrito de Ginza.
A personagem, vestida de rosa, fez reverências aos presentes e seus gestos e poses provocaram ondas de de "kawaii" ('linda', em japonês).
Quando a loja abriu as portas, a personagem foi a primeira a saudar a multidão de clientes, que abraçaram a gatinha e pediram 'selfies'.
Kitty, chamada de 'garota eterna' por seu criador, também celebrou o aniversário com centenas de fãs no Sanrio Puroland, um parque temático ao oeste de Tóquio.
Do outro lado do Pacífico, Los Angeles inaugurou uma convenção da Hello Kitty no distrito "Little Tokyo", com um evento de quatro dias que espera atrair mais de 25.000 pessoas.
Em julho, a personagem terá um espetáculo próprio en Hong Kong e também fará uma incursão no espaço, já que para festejar os 40 anos Hello Kitty dará um passeio a bordo do satélite Hodoyoshi-3.
Em 1974, ninguém poderia imaginar que a personagem, esboçada em poucos traços, sem contorno de rosto e sem boca, com seis traços para formar um bigode, estabeleceria-se como um sucesso surpreendente em todo o mundo.
Atualmente, esta criatura, que tem fã-clubes em muitos países, arrecada vários bilhões de dólares anualmente para seus proprietários e aqueles que a usam para promover seus produtos.
Sua imagem está reproduzida em todo planeta em 50.000 artigos diferentes, de chiclete até a cabine de aeronaves, passando por eletrônicos, canetas e coleiras.
Nos últimos anos, Hello Kitty tornou-se um dos ícones do "Japão cool" e da cultura pop japonesa que invadiu o mundo com desenhos animados e mangás.
O universo rosa de Hello Kitty não se limita às meninas românticas, mas estende-se a todas as idades, no Japão e em todo o mundo. Segundo um porta-voz da empresa, o interesse atual seria até maior entre os adultos.
"De certa forma, Hello Kitty dá aos adultos o direito de brincar novamente, dá a possibilidade de externalizar uma parte de si que não pode ser expressada novamente", diz Christine Yano, uma antropóloga que estudou o fenômeno da "kawaii".
terça-feira, 28 de outubro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
sábado, 25 de outubro de 2014
As autoridades judiciais do Irã enforcaram na madrugada desde sábado
(25) Reyhaneh Jabbari, uma jovem de 26 anos condenada à morte por matar
um homem que supostamente a teria estuprado, disse à agência Efe sua
mãe, a atriz iraniana Shole Pakravan.
Ela foi condenada à forca pela morte do médico Morteza Abdolali Sarvandi, ex-funcionário do Ministério de Inteligência.
No final de setembro, a jovem, presa desde 2006, quando tinha 19 anos,
foi transferida do centro penitenciário em que cumpria pena para a
prisão de Rajaishahr, perto de Teerã, onde se realizam execuções.
Foi quando foram reativadas as campanhas e os pedidos internacionais
para evitar o enforcamento, que foi suspenso temporariamente.
Organizações defensoras dos direitos humanos, como Anistia Internacional
e Human Rights Watch, pediram o cancelamento da sentença por considerar
que o julgamento de Jabbari não contou com as garantias necessárias.
A União Europeia também pediu que as autoridades iranianas revogassem a decisão judicial e realizem um novo processo.
Mais de 240 mil pessoas assinaram um abaixo-assinado no Avaaz para pedir
a suspensão da execução alegando que a jovem "atuou em defesa própria".
No Facebook há diversas campanhas para apoiar sua causa, com páginas
intituladas "Eu sou Reyhaneh Jabbari" e "Salvemos a Reyhaneh Jabbari da
execução no Irã".
O relator especial da ONU para os direitos humanos no Irã, Ahmed
Shaheed, também pediu que a execução fosse cancelada e um novo
julgamento realizado, por entender que parte da acusação se baseou em
uma confissão obtida sob tortura.
Mês passado as autoridades iranianas intermediaram sem sucesso a
tentativa de conseguir o perdão da família do falecido, que se negou a
exercer esse direito, dado pela lei de guesas (lei islâmica de "olho por
olho", que exige o pagamento de sangue com sangue) que impera no Irã.
"Quero que o direito do sangue de meu pai seja cobrado o mais rápido
possível", declarou à agência Efe há duas semanas Jalal Sarvandí, filho
da vítima.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
"Aqui não há exploração como em outras fábricas têxteis. Todo o
dinheiro é dividido entre as pessoas que aqui trabalham.” A frase soa
estranha entre o ricocheteio rítmico das máquinas de costura. As
condições de trabalho no setor têxtil estão há décadas no centro das
atenções de consumidores conscientes e ativistas. Especialmente depois
que um edifício de oito andares, que abrigava várias oficinas têxteis,
desabou em abril de 2013 em Bangladesh, matando mais de 1.130
trabalhadores. A queda pôs em evidência a dantesca cadeia de produção do
setor têxtil que esquadrinha o planeta em busca dos países com mão de
obra mais barata para produzir peças de vestuário. Porém, as
funcionárias da Try Arm,
uma pequena fábrica nos arredores de Bancoc, garantem que há outro
caminho. “Todas somos donas da fábrica. Há coordenadoras, porém todas
somos iguais”, explica Jittra Cotchadet, uma das que coordenam as
operações.
A Tailândia foi, em certo momento, um desses países cobiçados pela
indústria têxtil. Nos anos 1980, o governo embarcou em um programa de
industrialização, que impulsionou a princípio setores pouco
qualificados, como o têxtil ou de alimentos. O país se encheu de
fábricas, e a Tailândia se converteu em um dos principais exportadores
de roupa para países ocidentais. No entanto o aumento de salários nos
últimos anos afugentou a indústria têxtil, que se mudou para países
vizinhos com mão de obra mais em conta, como Camboja, Mianmar ou mesmo
Bangladesh. As empresas que ficaram substituíram os trabalhadores locais
por outros procedentes desses mesmos países pobres, principalmente
Mianmar.
Foi o que aconteceu na fábrica onde trabalhavam as mulheres da Try Arm,
um jogo de palavras que vêm do nome Triumph, marca que é uma das
líderes mundiais do setor de roupa íntima e proprietária da fábrica onde
trabalhavam. “O caso da Triumph é paradigmático, porque na verdade as
condições das pessoas que lá trabalhavam eram muito boas, já que o
sindicato era muito forte. Até que a empresa decidiu se desfazer do
sindicato”, explica Jittra Cotchadet, que foi, por sinal, uma das
líderes da associação de funcionários. Cotchadet explica que em outras
fábricas os trabalhadores frequentemente fazem horas extras não
remuneradas, são castigados com reduções de salário sem motivo aparente
ou são impedidos de se organizarem. “Na Tailândia é realmente difícil
criar um sindicato. E há represálias por fazer parte deles, como
aconteceu na Triumph”, diz Patchanee Kumnak, ativista por direitos
trabalhistas da organização Thai Labour Campaign.
Essas eram as condições que a Triumph queria lhes impor quando decidiu
fechar a fábrica que tinha em Bancoc e abri-la em uma cidade remota.
“Todos fomos demitidos e nem sequer cumpriram com os dois meses de aviso
prévio”, explica Cotchadet, que foi acusada de lesar a realeza por
liderar protestos dos trabalhadores. A Tailândia tem uma das leis de
lesa-majestade mais duras do mundo, com penas que variam entre 3 e 15
anos de cadeia por insultos à monarquia, e é frequentemente utilizada
com fins políticos ou econômicos.
Após as demissões em massa, os 1.900 trabalhadores organizaram
manifestações em frente à fábrica e ao ministério do Trabalho tailandês
para pedir readmissão. Em troca receberam máquinas de costura e algum
dinheiro como recompensa. E decidiram abrir uma nova fábrica com esses
recursos. “A maioria não acreditava que fosse possível abrir uma fábrica
por nossa conta”, explica Cotchadet, que conseguiu reunir 35
trabalhadoras no projeto, organizando-se em forma de cooperativa. E a
realidade tem sido dura; apesar de até agora terem conseguido
sobreviver, há meses em que o dinheiro não chega.
Agora a fábrica é pouco maior do que uma oficina. Mobiliada com duas
dezenas de mesas brancas com suas respectivas máquinas de costura,
apenas 12 trabalhadoras continuam no projeto. “No começo foi muito
difícil. E é verdade que, inclusive com o que ganhamos agora, eu podia
cobrar mais na outra fábrica. Mas prefiro trabalhar aqui, pois tenho
mais poder de decisão”, assegura Wipa, uma mulher miúda, quase
quarentona, que trabalhou durante 17 anos para a Triumph e que tem
costurado para diferentes marcas desde os 14 anos de idade. “Aqui
sinto-me mais segura, porque depende de mim, não de alguém que queira
me demitir”, afirma. Jarupa, no entanto, preferia trabalhar na fábrica
da Triumph. “Aqui é mais difícil. Nós temos de fazer tudo. Por exemplo,
não temos técnicos para consertar as máquinas. Tivemos de aprender”,
explica ela. “Ainda que não saiba ou não seja boa nisso, tenho de
fazê-lo”, continua.
“O marketing é o mais complicado. No caso, fazer com que as pessoas
comprem o que você produz”, explica Wipa Matchachat, que, além de ajudar
com as vendas, encarrega-se de encontrar tecidos a bom preço. Na falta
de uma rede de distribuição como a da Triumph, as trabalhadoras da Try
Arm usam os contatos pessoais e as redes sociais para expor seus
produtos. “Vendemos, na maioria das vezes, pelo Facebook. Ontem mesmo
vendemos 300 peças pela rede social” diz Jittra Cotchadet, que ganhou
fama de sindicalista combativa e que tem milhares de seguidores nas
redes sociais. “No Facebook posso conversar com os clientes. É como se
fosse uma loja de verdade”, diz.
O grupo também vende seus produtos em alguns mercados e eventos
sociais. O preço é sua principal estratégia de venda. “Creio que a
maioria não compra conosco para apoiar um projeto justo, mas porque
vendemos de fato mais barato e com a mesma qualidade”, explica
Cotchadet.
Try Arm não é a única fábrica desse gênero na Tailândia. A precursora
foi Dignity Returns, outra fábrica “livre de escravidão” que também
nasceu de outra demissão massiva em 2003. A “Fábrica da Solidariedade”,
como é chamada, produz principalmente camisetas e, assim como a
argentina La Alameda e outras três cooperativas, faz parte do projeto
internacional No Chains, que promove a produção têxtil sem escravidão. A
concorrência com as grandes marcas, porém, não é fácil, e na Try Arm
até agora só conseguiram exportar a outros países através de ONGs e
organizações sociais. “Podemos vender mais barato porque não temos
intermediários, mas nossa produção tem custo maior. Não podemos competir
no mercado normal, porque o que importa é o preço”, conclui Cotchadet.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Depois da decapitação do guia de montanhismo francês Hervé Gourdel,
no mês passado, por um grupo jihadista argelino alinhado com o Estado
Islâmico (EI), centenas de muçulmanos se reuniram diante da Grande
Mesquita de Paris para expressar seu repúdio à brutalidade de um grupo
cujo nome e ideologia, disseram, representam um insulto a muçulmanos de
todo o mundo.
Ahmet Ogras, vice-presidente do Conselho Francês da Fé Muçulmana, a
entidade que convocou o protesto, disse que o uso do nome Estado
Islâmico, agora comum, ameaça estigmatizar os muçulmanos da França, a
maior comunidade muçulmana da Europa.
Ele disse também que o nome confere legitimidade injustificada a um
grupo que promove matanças em nome do islã. "Este não é um Estado -é uma
organização terrorista", afirmou Ogras. "Não se pode brincar com as
palavras."
Enquanto a batalha liderada pelos EUA contra forças radicais segue
adiante no Iraque e na Síria, uma nova frente de guerra linguística se
delineia.
Grupos muçulmanos estão criticando o Estado Islâmico em protestos e nas
mídias sociais, defendendo nomes alternativos para descrever a facção,
hoje conhecida por várias siglas, incluindo EIIS (Estado Islâmico no
Iraque e na Síria), EIIL (Estado Islâmico no Iraque e no Levante), ECI
(Estado do Califado Islâmico) e EI (Estado Islâmico).
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, descreveu o grupo como "Un-Islamic
Nonstate" (Não Estado Anti-islâmico), mas poucos preveem que a sigla
UINS/NEAI ganhe grande aceitação.
Membros da Sociedade Islâmica Britânica e da Associação de Muçulmanos
Britânicos escreveram ao premiê David Cameron no mês passado sugerindo
que o uso contínuo do nome Estado Islâmico pode servir para radicalizar
mais jovens muçulmanos.
A França, que participa dos ataques aéreos contra o grupo no Iraque,
lidera o esforço de mudança de nome. No mês passado, o chanceler Laurent
Fabius anunciou que o governo francês vai evitar o termo Estado
Islâmico ou suas alternativas, EIIS e EIIL. Em vez disso, vai aludir à
milícia como Daesh, acrônimo usado por muitas pessoas que falam árabe e
que soa como a palavra que significa "esmagar".
Falando perante a Assembleia Nacional, Fabius declarou que o fato de o
Estado Islâmico afirmar que representa um califado -um Estado governado
por princípios islâmicos- na Síria e no Iraque é uma falsidade
geopolítica e linguística. "Trata-se de um grupo terrorista, não de um
Estado", declarou. "Eu os vou chamar de Facínoras Daesh."
Nos Estados Unidos, Nihad Awad, do Conselho de Relações
Americano-Islâmicas, disse que seu grupo decidiu pela sigla EIIS, mas
que ele pessoalmente descreve o EI como "Daesh" -"se bem que às vezes eu
diga 'o Estado Perverso'". Vários representantes de associações
islâmicas nos EUA disseram que qualquer dos nomes usados para aludir ao
grupo é aceitável, desde que não inclua o termo "islâmico".
O presidente Obama já deixou claro que rejeita o rótulo "Estado
Islâmico". "O EIIL não é islâmico", afirmou na televisão em setembro,
acrescentando depois: "O EIIL não é um Estado".
Peter Neumann, do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização,
no King's College London, disse que o termo Daesh dificilmente
encontrará ressonância internacional, porque o acrônimo EIIL é mais
fácil de pronunciar.
Mas, para ele, "o simples fato de dizer as palavras 'Estado Islâmico'
não quer dizer que você reconheça o grupo como um Estado. As pessoas
entendem que eles são impostores e que um nome é apenas um nome."
Durante meses, os pais dos adolescentes que morreram no naufrágio da
balsa Sewol acamparam na maior avenida da capital. Eles fizeram greve de
fome para protestar contra a suposta recusa do governo a investigar com
profundidade o papel da incompetência oficial e da má supervisão de
práticas de segurança no acidente. Por meses, o país compartilhou seu
luto.
Porém, à medida que os protestos levaram o Parlamento a um impasse, os
apoiadores da Presidência iniciaram outra campanha, acusando as famílias
de manter o país refém e dizendo que era hora de pôr fim ao luto.
Alguns chegaram a montar um acampamento perto dos que estavam em greve
de fome e fazer selfies enquanto se banqueteavam com frango frito,
macarrão e pizza.
Mais de cinco meses após o trágico naufrágio que uniu a Coreia do Sul no
sofrimento, o acidente polariza o país e ameaça desencarrilhar a agenda
política da presidente Park Geun-hye.
Na opinião dos pais enlutados, essa é a grande chance de a Coreia do Sul
pôr fim aos laços entre burocratas e empresas corruptos que formam o
lado oculto da ascensão econômica do país e que, segundo eles, são a
causa subjacente do acidente. "Nós não estamos exigindo a volta de
nossos filhos, já que é impossível ressuscitá-los, mas queremos
respostas", disse Yoon Kyung-hee, cuja filha de 16 anos morreu.
"Queremos apenas que os responsáveis sejam investigados e punidos para
impedir que isso volte a acontecer."
Os 250 estudantes morreram devido a erros e maus procedimentos que
poderiam ter sido evitados. Membros da tripulação, a maioria dos quais
depois abandonou a balsa, disseram aos passageiros para permanecer sob
os conveses. Cidadãos traumatizados puderam testemunhar os apavorantes
momentos finais da vida de alguns estudantes, quando vídeos feitos em
celulares foram recuperados. As imagens incluíam jovens gritando frases
de despedida a seus pais.
Promotores públicos já revelaram que a balsa afundou porque transportava
o dobro da carga permitida e passara por uma reforma para gerar mais
lucros que a deixou pesada demais. Após ganhar uma viagem da empresa de
balsas para uma ilha paradisíaca, funcionários públicos declararam a
balsa apta a navegar no mar, afirmaram os promotores.
Park prometeu vistoriar um sistema que, em suas próprias palavras, é
dominado por uma "espécie de máfia". Todavia, os pais e seus apoiadores
dizem que a presidente não age com firmeza. Eles ainda não receberam
respostas satisfatórias sequer para as perguntas básicas: por que a
tripulação deu orientações erradas? Por que os primeiros membros da
Guarda Costeira chegaram ao local do acidente sem equipamentos
apropriados nem profissionais especializados em resgate marítimo? Por
que eles não usaram megafones para instruir os passageiros encurralados a
abandonar a balsa? Segundo os pais, outro fato inaceitável é que o
governo tentou enfraquecer os poderes de uma comissão independente de
investigação em vias de ser criada. Além disso, dizem eles, os
apoiadores do governo usam clichês ideológicos remanescentes dos 30 anos
de ditadura militar no país.
Enquanto Yoon falava, ativistas de extrema-direita chegaram com placas
culpando os "comunistas pró-Coreia do Norte" pelos protestos. "Eu tento
não prestar atenção neles", disse Yoon. "Mas se me perguntarem direi que
a mesma desgraça pode acontecer com seus filhos. "
Park prometeu demitir parte da Guarda Costeira. Investigações feitas
pelos promotores públicos resultaram em acusações contra dezenas de
funcionários de órgãos fiscalizadores e da empresa de balsas e membros
da tripulação. No entanto, a maioria deles é composta por funcionários
de baixo escalão, e a atenção dos investigadores está focada na família
que controlava a empresa de balsas e a sucateou por dinheiro. Muitos
sul-coreanos acham que essa família se tornou um bode expiatório.
A desconfiança em relação ao governo Park aumentou no mês passado,
quando um ex-diretor da agência de espionagem do país foi condenado por
interferir na política antes da eleição presidencial de 2012 com uma
campanha tendenciosa na internet contra críticos do governo. "No
mínimo", disse o comentarista político Lee Byong-ik, "o acidente com a
Sewol agravou a guerra ideológica em nosso país."
Yasser Tabbaa, especialista em arte e arquitetura islâmica, lembra de
ter visitado um santuário do século 13 dedicado ao imã Awn al-Din, em
Mossul, no norte do Iraque. O prédio foi um dos poucos a sobreviver à
invasão mongol e tinha um teto abobadado belíssimo, como uma colmeia.
Por isso, ele ficou consternado quando viu um vídeo na internet que
mostrava o santuário sendo explodido pela facção Estado Islâmico (EI) e
virando uma nuvem de pó. "Acabou-se, simplesmente", disse Tabbaa.
Checar como estão os tesouros culturais da Síria e do norte do Iraque
virou uma tarefa que parte o coração de arqueólogos e estudiosos da
antiguidade. A lista de obras destruídas, depredadas ou saqueadas só
cresce à medida que o EI avança no Iraque.
Extremistas sunitas estão intencionalmente destruindo santuários,
estátuas, mesquitas, túmulos e igrejas -qualquer coisa que vejam como
exemplo de idolatria.
"Esta região representou o centro do mundo para todos os grandes
impérios da humanidade", disse Candida Moss, professora da Universidade
de Notre Dame, em Indiana. "Estamos falando em gerações sucessivas de
história em um só lugar, todas sendo destruídas ao mesmo tempo."
Em um discurso no mês passado, John Kerry, o secretário de Estado dos
EUA, prometeu ação. "Nosso patrimônio histórico e cultural corre perigo.
Acreditamos ser imperativo agir", disse.
Nos últimos três anos de guerra, contudo, vários grupos internacionais
chegaram ao limite do que podem fazer. Em muitos casos, a segurança de
edificações históricas ficou a cargo dos moradores das redondezas,
muitos dos quais correram riscos enormes para defendê-las.
Os estudiosos não sabem ao certo o que já foi destruído. Os artefatos
variam de minaretes do início do século 20 a tesouros milenares. Para
muitos especialistas, a maior catástrofe é a de Aleppo, um terminal
mercantil da antiguidade e maior cidade da síria. A parte central do
"souk", um grande e vibrante labirinto de lojas e pátios decorados do
século 17, foi destruída pelo fogo. Era o coração comercial da cidade,
importante para entender como as pessoas vivem desde os tempos
medievais.
Os combates danificaram a Grande Mesquita de Aleppo, uma das mais
antigas da Síria. Sua biblioteca, que continha milhares de manuscritos
religiosos raros, foi queimada. O famoso minarete de mil anos foi
derrubado. A icônica cidadela de Aleppo, um dos castelos mais antigos do
mundo e sítio de escavações arqueológicas, erguida sobre um promontório
rochoso maciço, também foi alvejada. Ela vem sendo usada como base por
forças do governo e foi atingida por foguetes.
Para Charles E. Jones, especialista em antiguidades na universidade
Pennsylvania State, parte dos danos pode ser reparada. Mesmo assim, "não
será a mesma coisa. Quando uma construção foi derrubada, foi
derrubada."
Mais ao sul, a guerra danificou o Crac des Chevaliers, um dos maiores e
mais bem preservados castelos de cruzados no mundo, uma maravilha da
engenharia medieval que atesta as correntes cruzadas das civilizações
europeia e islâmica. Boa parte dos danos foi causada pela decisão do
governo de bombardear posições rebeldes, mas, segundo especialistas, os
trabalhos de reparo já começaram.
Parte dos saques a sítios arqueológicos sírios pode ter sido promovida
ou incentivada pelo EI ou por redes criminosas maiores, mas tanto as
forças governamentais quanto os militantes parecem estar se
beneficiando.
Um dos lugares mais saqueados é Apamea, no oeste da Síria, que era um
dos sítios romanos e bizantinos mais bem preservados do mundo, com uma
rua em colunata e mosaicos. Agora, segundo especialistas que viram fotos
aéreas, com todas as crateras deixadas pelos saqueadores, o sítio mais
parece a face da Lua. "Levaram quatro a cinco meses para pilhar Apamea",
disse Emma Cunliffe, consultora de patrimônio cultural. "Há muitos
saqueadores com escavadeiras mecânicas."
Ainda mais grave, possivelmente, é a pilhagem de Dura-Eupopos, no leste
da Síria. Fundado num platô à margem do rio Eufrates, o sítio foi um
posto avançado e fortificado do império romano e contém um tesouro
arqueológico multicultural, incluindo uma sinagoga do século 3° e um dos
mais antigos exemplares de uma "casa-igreja" cristã, uma forma
primitiva de arquitetura eclesiástica.
Mas, apesar de todos os danos causados pelos saques, nada assusta os
estudiosos mais que os militantes do EI. "A velocidade com que estão
avançando pelo Iraque realmente lembra o avanço dos mongóis", disse
Sheila R. Canby, curadora do Metropolitan Museum, em Nova York.
Os militantes do EI e outros são motivados pelo desejo de punir a
"shirk", ou idolatria. Sob essa justificativa, eles vêm destruindo
sítios xiitas e sufistas, estátuas de poetas, relíquias mesopotâmicas da
Assíria e da Babilônia e santuários sunitas que extrapolam os limites
de suas crenças.
Extremistas atacaram igrejas de Maaloula e danificaram artefatos em
Raqqa, no norte da Síria, onde destruíram uma estátua assíria de um leão
do século 8 a.C.. Em Mossul, no norte do Iraque, e redondezas, os
militantes já destruíram dezenas de santuários sufistas e xiitas
menores, túmulos, mesquitas e construções do período otomano, segundo a
arqueóloga Lamia al-Gailani Werr. Possivelmente a mais importante baixa
cultural do EI até agora seja uma mesquita, destruída em julho, que
continha o que se acreditava ser o túmulo do profeta bíblico Jonas, cuja
história faz parte do cristianismo, do islã e do judaísmo.
As convenções internacionais deveriam ajudar a proteger o patrimônio
cultural durante conflitos violentos. Mas, segundo Bonnie Burnham, do
Fundo Mundial de Monumentos, o tratado principal -a Convenção de Haia
para a Proteção da Propriedade Cultural no Caso de Conflitos Armados, de
1954- é pouco aplicada.
Existem programas pequenos: a Unesco e o Smithsonian Institute, por
exemplo, estão ensinando curadores de museus sírios a proteger coleções.
A Iniciativa do Patrimônio Cultural Sírio pretende publicar relatórios
semanais e tem um site na internet para receber denúncias anônimas de
danos.
Muitos esperam que o avanço desenfreado do Estado Islâmico perca força à medida em que o grupo for combatido.
"Quando eles começarem a perder terreno, terão outras prioridades", disse Burnham.
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