terça-feira, 5 de maio de 2009

CRÔNICAS MADE IN







Death Note made in brazil.
Death Note é um mangá criado pelo roteirista Ohba Tsugumi e pelo desenhista Obata Takeshi. A história tem como protagonista, o adolescente Raito Yagami que esbarra em um livro sobrenatural, o Caderno da Morte, que é jogado na Terra por um Shinigami, um deus da morte, chamado Ryuk. O caderno possibilita que ao se escrever o nome de uma pessoa nele, esta pessoa venha a morrer. Através do caderno, Raito tenta criar um mundo livre do mal eliminando aqueles que ele decide que devem morrer, e ao erradicar o mal, Raito será o deus deste novo mundo. O uso do caderno acaba criando uma trama complexa em que Raito tem que enfrentar aqueles que o veem como o mal a ser controlado e que precisam descobrir sua identidade para detê-lo. A exposição pública de seus extermínios faz com que ele seja apelidado de Kira (キラ), a derivação em japonês do inglês killer. Durante o transcorrer do mangá, por 108 capítulos e treze volumes de coletânea (no Brasil foram publicados apenas 12), Raito vai se tornando um personagem cada vez mais trágico. E em seu jogo de gato e rato com os seus nêmesis detetive L e Near, no final, Raito termina exemplificando a máxima de que o poder corrompe, e o poder total, corrompe totalmente.
A combinação de temática adolescente, thriller, sobrenatural e fábula moral transformou Death Note num dos mais famosos e bem sucedidos mangás contemporâneos. No Japão, Death Note virou literatura, animês e filmes, além de ser acompanhado por toda uma série de produtos variados (bonecos, ringtones, games, etc.), ao redor do mundo, o mangá foi traduzido e alcançou sucesso também nos mais variados países.
Sucesso que não foi diferente no Brasil.
Tanto que Death Note foi aqui, pela primeira vez, adaptado para o formato teatral. Pela iniciativa da Cia. Zero Zero de Teatro, as reviravoltas de uma longa narrativa foram condensadas em 105 minutos de peça. Com pitadas de drama, suspense e humor (em que há menções a símbolos brasileiros como Sílvio Santos, Ronaldo Ésper e o Playcenter), a história no palco tem como alvo principal o público adolescente. A homogeneidade do elenco garante atuações corretas, com destaque para Miguel Atênsia como detetive L e Bruno Garcia quando faz os dois Shinigamis, especialmente o Ryuk que parece uma mistura de Gene Simmons do Kiss com o Coringa do Batman. A direção de Alice K, conhecedora do teatro japonês, imprime uma mise en scène precisa e adequada ao viés adolescente, a cenografia de Laura Di Marc e a trilha sonora de Gregory Slivar geram soluções cênicas e sonoras criativas. O Caderno da Morte é um exemplo de bom entretenimento, cheio de ação e reflexão para um público que não precisa ser fã de Death Note para se envolver com essa peça que não só trata de temas atuais como é também um teatro feito com as qualidades e os defeitos da atual cena brasileira.

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