domingo, 23 de janeiro de 2011

IMAGENS DO MUNDO FLUTUANTE



O metrô de Tóquio é considerado o mais movimentado do mundo, com uma média de mais de 6 milhões de passageiros por dia. O fotógrafo Michael Wolf decidiu passar 30 dias em uma estação de metrô da capital japonesa registrando as expressões dos passageiros a caminho do trabalho na hora do rush. As imagens relembram situações que podem ser vividas em qualquer metrópole do mundo: o aperto no vagão, o cheiro de suor ou de perfume de outro passageiro, a sensação de ser espremido contra uma porta, o cotovelo de um estranho nas suas costelas. As fotografias foram tiradas em uma estação da linha Odakyu, a única em que Wolf podia chegar bem perto das janelas dos trens. Segundo o fotógrafo, muitas das pessoas se incomodavam com a presença da câmera, como se elas repentinamente se dessem conta da situação horrível em que se encontravam. Alguns passageiros protegiam o rosto com as mãos, enquanto muitos fechavam os olhos, como se estivessem tentando escapar das sensações de ansiedade e nojo. Também havia aqueles que olhavam diretamente para a câmera, mas sem nenhuma reação óbvia. As imagens fazem parte do projeto Tokyo Compression, ou Aperto em Tóquio, que se transformou em um livro da editora Peperoni Books. As fotografias também ficarão em exibição no Forum fur Fotografie, em Colônia, na Alemanha, até o dia 20 de fevereiro.

UKIYO-Ê PARFUM D´HANA SYOUBU

A casa da Hermès lançou mais um perfume na sua coleção de fragrâncias Hermessence chamado Iris Ukiyoé. Criado pelo perfumista Jean-Claude Ellena, o perfume é inspirado no gênero japonês de pintura de estampas conhecido como Ukiyo-ê. O perfume se refere mais especificamente ao sub-gênero Ukiyo-ê do jardim de íris (Hana Syoubu). Ellena é um colecionador de Ukiyo-ês, e ele criou Iris Ukiyoê como um buquê japonês cheio de nuances e paradoxos. O perfumista estabeleceu uma síntese de vários aromas de flores de íris que ele cultiva em seu jardim, procurando um ponto comum, o resultado é uma composição onde as texturas principais são rosa, flor de laranjeira, pétalas orvalhadas e tangerina. Ao mesmo tempo leve e sensual, o perfume proporciona uma presença envolvente que mostra como o mundo flutuante do Ukiyo-ê ainda pode ser uma influência para as mais diversas criações.

domingo, 16 de janeiro de 2011

EONNAGATA

Em cartaz em Paris depois de uma temporada em Londres, Eonnagata é um produto colaborativo. Co-criado e realizado pela bailarina francesa Sylvie Guillem, pelo coreógrafo inglês Russell Maliphant e pelo diretor, ator e dramaturgo canadense Robert Lepage, não é somente uma produção que reúne três artistas estelares, é um espetáculo que foi concebido como uma aventura compartilhada, um empreendimento capaz de ligar os três em um terreno novo.
Guillem, suavemente glamourosa de seda escarlate, começa a narrar o prólogo da obra de abertura; Lepage dança, enquanto Maliphant mostra sua habilidade com espadas de combate. Na sua fusão de dança e teatro físico nenhum dos participantes parece tão à vontade com o que faz. Enquanto as partes da produção são de uma beleza surpreendente, comovente e corajosa, paira no ar uma certa hesitação de artistas que parecem não estar totalmente no controle do que aparece no palco.
A história que impulsiona o trabalho é a vida de Chevalier d´Éon, um soldado, espião e diplomata que era um dos favoritos na corte de Luís XV, até que ele foi forçado a fugir para Londres e ganhar a sua vida em um circo. Mas o que era mais extraordinário sobre Chevalier é que ele era um crossdresser, que não só cumpriu sua missão de espionagem disfarçado de mulher, mas que também (por opção e por édito real) usava vestidos em sua vida diária. O seu era um mundo que tinha muitas semelhanças com o do onnagata japonês, o ator de Kabuki masculino treinado para executar papéis femininos. E é a partir daí que o trabalho se alterna entre contar a história de Chevalier e as angústias e prazeres de uma alma dividida entre identidades sexuais. É um material extremamente rico, mas é muito para um trabalho de 90 minutos carregar. Mesmo com o auxílio da fantasia extraordinária de Alexander McQueen combinado com gênero, cultura, costumes e cruzando a poesia viva do desenho de luz de Michael Cascos, parte do trabalho de muitas cenas não materializa a intensidade e a clareza das informações exigidas.
Não é um problema que todos os três artistas representem diferentes aspectos de d'Éon, mas nem sempre é claro se os outros personagens estão envolvidos. No entanto, quando essa produção funciona, seu imaginário e sua execução podem ser mágicos. O dueto entre Guillem e Maliphant, mostrando as duas metades de d'Éon tentando se transformar novamente em um único corpo, o solo para Guillem, que tem sua ferocidade espirituosa ao empunhar uma caneta como se fosse a espada com a qual o cavaleiro sonha em vencer seus inimigos, a mistura de prazer sensual e angustiante com a fúria que ela veste sua roupa feminina.
O mais extraordinário é o momento em que Chevalier idoso evoca seus eus anteriores e Guillem e Maliphant, com seus virtuosismos e técnicas surpreendentes, dançam um dueto com um espelho, parecendo deslizar fisicamente, dissolver e desaparecer de vista. Ele é deixado sozinho para morrer, espalhado sobre a mesa de autópsia, com um único feixe de luz sobre seu corpo. É uma cena de cortar o coração e um dos vários momentos que confirmam que há um personagem no meio desta produção complicada, com o poder de fascinar e emocionar. Mesmo assim, Eonnagata ainda parece um trabalho em andamento que ainda não alcançou um foco de luz estável.

TAKAHIRO KIMURA-BROKEN FACE

 

Uma Turquia mais ressurgente do que em qualquer momento desde sua glória otomana está projetando influência por um turbulento Iraque, das cidades em boom no norte até os campos de petróleo mais ao sul, em Basra, em uma demonstração de poder que ilustra seu crescente peso em um mundo árabe que por muito tempo suspeitou dela.
Sua ascensão aqui, em uma arena disputada pelos Estados Unidos e pelo Irã, pode provar ser seu maior sucesso até o momento, ao emergir da sombra de sua aliança com o Ocidente para traçar uma política externa independente, frequentemente assertiva.
A influência da Turquia é maior no norte do Iraque e mais ampla, apesar de não tão profunda, do que a do Irã no restante do país. Apesar de os Estados Unidos terem invadido e ocupado o Iraque, perdendo mais de 4.400 soldados ali, a Turquia agora exerce o que poderá provar ser um legado mais duradouro –o chamado poder “soft” (suave), a afirmação da influência por meio da cultura, educação e negócios.
“Esse é o truque –nós somos bem-vindos aqui”, disse Ali Riza Ozcoskun, que chefia o consulado da Turquia em Basra, um dos quatro postos diplomáticos que o país possui no Iraque.
A influência recente da Turquia aqui ocorre ao longo de um eixo que vai aproximadamente de Zakho, no norte, até Basra, passando pela capital, Bagdá. Para um país que antes considerava a região curda no norte do Iraque como sendo uma ameaça existencial, a Turquia embarcou no que poderia ser chamado de o início de uma bela amizade.
Na capital iraquiana, onde a política não é para aqueles de coração fraco, o país promoveu uma coalizão secular que ajudou a formar, provocando a ira do primeiro-ministro, Nouri al Maliki. Para o petróleo e gás abundantes do Iraque, ele se posicionou como o portal do país para a Europa, ajudando ao mesmo tempo a atender suas próprias necessidades crescentes de energia.
Assim como o Partido Justiça e Desenvolvimento do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan reorientou a política na Turquia, ele está fazendo o mesmo no Iraque, com repercussões para o restante da região.
Apesar de algumas autoridades turcas se horrorizarem com a ideia de um neo-otomanismo –uma orientação da Turquia de distanciamento da Europa e voltada a um império que antes incluía partes de três continentes– o processo de globalização do país e sua atenção para os mercados do Oriente Médio está incomodando as suposições de que apenas o poder americano é decisivo. A Turquia se comprometeu aqui com uma integração econômica, vendo seu futuro em pelo menos um eco do seu passado.
“Ninguém está tentando tomar o Iraque ou uma parte do Iraque”, disse Aydin Selcen, que chefia o consulado em Erbil, que foi aberto neste ano. “Mas vamos promover uma integração com este país. Estradas, ferrovias, aeroportos, oleodutos e gasodutos –haverá um fluxo livre de pessoas e bens entre os dois lados da fronteira.”
Por fronteira, ele fala de Zakho e do posto de controle com 26 faixas de Ibrahim Khalil, por onde passam diariamente 1.500 caminhões, transportando bens turcos como materiais de construção, roupas, móveis, alimentos e praticamente tudo mais que abastece as lojas no norte do Iraque.
O boom econômico que ajudaram a fomentar reverberou por todo o Iraque. O comércio entre os dois países chegou a aproximadamente US$ 6 bilhões em 2010, quase o dobro do comércio em 2008, disseram autoridades turcas. Elas projetam que, em dois ou três anos, o Iraque poderá ser o maior mercado de exportação da Turquia.
“Este é apenas o início”, disse Rushdi Said, o ostentoso presidente curdo-iraquiano da Adel United, uma empresa envolvida em tudo, de mineração a amplos projetos habitacionais. “Todo o mundo começou a lutar pelo Iraque. Todos estão disputando o dinheiro.”
O terno de Said, enfeitado por um lenço preto e branco no bolso, brilha como seu otimismo, do tipo enriqueça rápido. De certa forma, ele é uma reencarnação de um mercador otomano, falando fluentemente curdo, turco, persa e árabe. Em qualquer uma dessas línguas, ele se gaba do que planeja.
Ele pensa em contatar Angelina Jolie, “talvez também Arnold e Sylvester”, para ver se eles se interessam por alguns de seus 11 projetos por todo o Iraque, para construção de 100 mil casas e apartamentos ao custo de alguns poucos bilhões de dólares. Até o momento, seu maior parceiro é Ibrahim Tatlises, um cantor curdo de origem turca, cujo retrato adorna a propaganda de Said para seu projeto Planície do Paraíso.
“As casas estão prontas!” diz Tatlises em comerciais de televisão. “Venha! Venha! Venha!”
Erbil, a capital curda no norte onde Said vive, se tornou o centro da política e negócios turcos, possibilitado pelo gume afiado do poder militar.
Cerca de 15 mil turcos trabalham em Erbil e em outras partes do norte, e empresas turcas, mais de 700 delas, representam até dois terços de todas as empresas estrangeiras na região. As exigências para viagem foram suspensas e o consulado em Erbil emite até 300 vistos por dia. Um movimento religioso turco dirige 19 escolas na região, educando 5.500 estudantes, árabes, turcomanos e curdos se integrando com o inglês como lingua franca.
As autoridades turcas falam em transformar a região em algo semelhante à fronteira americana-mexicana, uma fronteira tão ambígua quanto qualquer linha em um mapa é precisa. Até mesmo algumas autoridades curdas abraçaram a ideia, apesar de interpretando a noção de modo diferente.
Enquanto os turcos veem a integração como uma forma de explorar os mercados nascentes do Oriente Médio, algumas autoridades curdas a veem de forma mais emocional, como uma forma de ligá-los às regiões curdas nos países vizinhos, de uma forma que nenhum grau de negociação política poderia conseguir.
“As fronteiras entre nós não foram traçadas por nós”, disse Kamal Kirkuki, o presidente do Parlamento curdo local, sobre a fronteira com a Turquia, Irã e Síria, todos com minorias curdas. “É uma fronteira de fato e temos que respeitá-la, mas em nossos corações nós não a vemos. Nós queremos integrar as pessoas sem que as burocracias nos afastem.”
Os curdos representam quase 20% da população da Turquia e os governos turcos por muito tempo viram os pedidos por autodeterminação como sendo uma ameaça fundamental ao Estado. O mesmo vale para os curdos no Iraque, cuja autonomia poderia se transformar em uma inspiração para a minoria na Turquia. Desde 2007, essas suposições sofreram uma mudança sísmica.
Apesar das reservas dos militares turcos, que realizaram repetidos golpes contra governos eleitos, Erdogan promoveu medidas para reconciliação com os curdos da Turquia, no que o governo chamou de “abertura curda”. Elas tiveram um sucesso parcial, mas o novo clima reflete as mudanças: os diplomatas curdos daqui se referem casualmente ao Curdistão Iraquiano –a palavra começada por C por muito tempo um tabu– e Massoud Barzani, o presidente daquela região, não mais fala no Grande Curdistão.
De modo menos público, as autoridades americanas começaram a apoiar no final de 2007 a ação militar turca contra os rebeldes curdos na Turquia, que buscaram refúgio no norte do Iraque. A Turquia ainda mantém até 1.500 soldados aqui, dizem as autoridades, e a cooperação permitiu, como colocou um alto funcionário americano, “atacar de modo bastante eficaz” os rebeldes curdos.
As autoridades iraquianas em Erbil e Bagdá protestaram, exigindo certa dose de diplomacia americana para aplacar seu ressentimento. Mas ao menos por ora, as autoridades curdas veem sua aliança com a Turquia como sendo uma grande prioridade, em uma região ainda disputada pelo Irã.
Um elemento surpreendente do sucesso da Turquia é a imagem que conseguiu projetar no Iraque. Na estrada de Erbil para Bagdá, sua cultura popular está por toda parte.
Cartazes de séries de TV turcas –de “Muhannad and Nour” até “Forbidden Love”– são vendidos às dezenas de milhares. A série de ação “Valley of the Wolves” é uma sensação, com o ator principal emprestando seu nome para cafés. Seus cartazes são alterados por computador para mostrá-lo vestido em trajes tradicionais curdos ou árabes –excelente para um seminário de pós-graduação sobre a adaptabilidade de símbolos culturais.
A influência política da Turquia em Bagdá não é menor. Diferente do Irã e dos Estados Unidos, ela cultiva laços com virtualmente todos os blocos do país, apesar das relações com Al Maliki às vezes provarem ser difíceis. (A certa altura, suas autoridades tentaram revogar as credenciais do embaixador turco para entrada na Zona Verde. “Um mal-entendido”, foi como os diplomatas turcos chamaram o caso.)
Os diplomatas turcos permanecem por dois anos, diferente dos americanos, que ficam por um ano, e ao longo desse tempo eles conseguem se entender com parceiros improváveis, como os seguidores do clérigo populista xiita Muktada al Sadr.
A maioria dos legisladores do bloco de Al Sadr já viajou para a capital turca, Ancara, para treinamento em protocolo parlamentar. Em outubro, os turcos eram os únicos diplomatas presentes na comemoração promovida pelos sadristas na Universidade de Bagdá.
“Não é um grupo que deve ser excluído”, disse um deles.
O cortejo aos sadristas, entretanto, é um espetáculo secundário para o verdadeiro prêmio buscado nos meses prolongados de negociações para formação de um novo governo. A Turquia apoiou fortemente a sorte da coalizão liderada por Ayad Allawi, um político xiita secular que conta com o apoio dos sunitas do país. Mais do que qualquer outro país, incluindo os vizinhos árabes do Iraque, a Turquia é creditada por forjar a coalizão.
Os interesses americanos e turcos nem sempre se alinham em relação à formação do governo e alguns diplomatas questionaram se as autoridades americanas não estariam apoiando demais Al Maliki.
Um ato de corda bamba”, disse um alto funcionário americano, descrevendo as relações turco-americanas de modo geral.
Mas esses interesses por ora estão aproximadamente alinhados e o grau de poder que a coalizão de Allawi vier a exercer no governo ilustrará vividamente o peso relativo da Turquia no Iraque.
“Eu diria que os turcos se esforçaram bastante a respeito e ainda estão se esforçando”, disse o alto funcionário.
No extremo sul do Iraque, o velho bairro otomano em Basra está ruindo. Suas janelas estão remendadas com blocos de concreto, apesar do fedor de esgoto ainda passar. Do outro lado da cidade fica a Centro Internacional de Exposições de Basra, montado pelos turcos e aberto em junho. Três feiras já foram realizadas lá, incluindo uma organizada em novembro pela indústria do petróleo do Iraque.
O petróleo ainda domina no Iraque e, tanto quanto as outras coisas, ressalta os interesses da Turquia aqui. O oleoduto de Kirkuk, Iraque, até Ceyhan, Turquia, já transporta aproximadamente 25% das exportações de petróleo do Iraque.
Os turcos assinaram para realização do projeto ambicioso do gasoduto Nabucco, no valor de US$ 11 bilhões, que poderá contornar a Rússia e levar gás iraquiano para a Europa. Empresas turcas têm duas participações em contratos de petróleo e outras duas em projetos de gás, potencialmente no valor de bilhões de dólares. Em uma terra de petróleo, nenhum lugar tem mais do que Basra.
Navios turcos em alto-mar fornecem 250 megawatts de eletricidade por dia. Empresas turcas reformaram o Hotel Sheraton em Basra e estão ajudando a construir um estádio para 65 mil pessoas. A companhia aérea nacional turca está planejando quatro voos por semana de Istambul para Basra; no momento apenas um é oferecido, pela Iraqi Airways. Vortex, Crazy Dance e outras atrações em Basraland são turcas. Assim como os doces vendidos ali.
“Ninguém está trabalhando aqui exceto a Turquia”, disse Ozcoskun, o cônsul turco em Basra.
Foi um pouco de exagero por parte do diplomata falador, mas não muito.
“Basra é virgem”, ele disse, uma frase que os diplomatas turcos também empregam para o restante do Iraque. “Quem chegar primeiro, quem se estabelecer primeiro, quem fizer os contatos primeiro, obterá os maiores lucros no futuro. Eu não sinto nenhuma concorrência no momento. Nenhuma.”

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

"Driblando o destino" (título brasileiro de "Bend it like Beckham") se tornou o primeiro filme ocidental a ser exibido na televisão da Coreia do Norte.
Mas a exibição, feita em 26 de dezembro, foi editada e reduzida para uma versão de apenas uma hora, ao invés dos 112 minutos originais.
O filme, rodado em 2002, é sobre uma adolescente fanática por futebol que desrespeita sua família indiana tradicional por idolatrar o jogador inglês David Beckham e integrar um time feminino.
Apesar de "Driblando o destino" ser sobre um esporte amado pelos norte-coreanos, o filme também aborda temas tabus, como relacionamentos inter-raciais, homossexualidade e religião.
Em uma mensagem no Twitter, o embaixador do Reino Unido na Coreia do Sul, Martin Uden, disse que a transmissão foi "o primeiro filme ocidental a ser exibido na TV" na Coreia do Norte. A embaixada britânica organizou tudo, afirmou.
Durante o filme, uma mensagem dizia que a exibição marcava o décimo aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre o Reino Unido e o país.
O ditador Kim Jong-il é um cinéfilo fanático. Durante anos, ele dirigiu seus próprios filmes de propaganda.
Mas o ditador está por trás da detenção de um importante cineasta sul-coreano e de sua mulher em 1978.
O cineasta foi "reeducado" na prisão e depois libertado e autorizado a voltar a filmar, mas acabou fugindo do regime durante uma viagem ao Vietnã em 1986.
Ela é a ex-modelo japonesa que emprestou do mundo da moda um arsenal plástico para criar suas obras.
Seus primeiros trabalhos mesclavam o apelo das garotas dos mangás com uma crítica latente à exploração da imagem feminina. Numa performance, aparece com roupinha de colegial, fones de ouvido gigantes e esferas multicoloridas, avatar da Lolita hype, numa obra com nome predestinado.
"Birth of a Star", ou nascimento de uma estrela, foi parar na capa da "Artforum", maior revista de arte contemporânea do mundo, quando Mori era quase aquilo, uma colegial.
"Não estava criticando a indústria da moda", diz Mori em entrevista à Folha. "Só usava o método para fazer imagens empregado por ela, esse molde comercial."
Na retrospectiva que abre neste mês no CCBB, em Brasília, e que vai depois para Rio de Janeiro e São Paulo, Mori, 43, reúne sua produção mais encorpada.
Estende a crítica à exploração do sexo para vender tendências ao modo de vida vazio que viu surgir com o consumismo exacerbado. Da fusão do japonismo pop com os anos passados em Nova York, onde vive, ela avançou nessa derrubada de fronteiras, inventando um mundo alucinógeno. Tentava prever a cara do século 21 em meados dos anos 1990.
"Queria criar imagens que sugerissem o futuro, tem essa intenção o trabalho", diz Mori. "E mesmo as formas que não sobreviveram ao tempo ainda parecem interessantes, ainda influentes do ponto de vista estético."
Nessa arquitetura futurista, Mori também fez uso amplo da tecnologia. É uma das primeiras artistas a entrar no campo que hoje mais cresce.
"Esse uso da tecnologia também serve para encontrar verdades, inventar espaços", afirma ela. "Mas o artista não pode virar escravo da tecnologia: a ideia deve ser suprema."
Mori leva a ideia suprema a sério e lança mão de todo um repertório religioso e espiritual para afirmar seus pontos. Com a diferença de que seu nirvana passa longe dos templos e vibra com certa ferocidade da era virtual.
24/1; de ter. a dom., das 9h às 21h; até 3/4
Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2, lote 22, Brasília, tel. 0/xx/61/ 3310-7087)
Na nova série Batman Inc., Bruce Wayne inicia seu plano de internacionalizar a marca Batman para enfrentar o crime em nível mundial.
O Cavaleiro das Trevas já passou por Tóquio, onde contratou Jiro Osamu (ex-Mr. Unknown) para ser o Batman Japão. Depois, veio à América do Sul recrutar El Gaucho para ser o Batman Argentina. Até aí, tudo bem. A controvérsia começou quando o super-herói foi à França, buscando o Batman parisiense. A ideia era colocar no cargo o Mosqueteiro, super-herói francês da Era de Ouro trazido de volta por Grant Morrison em seu arco de histórias sobre Batman e o "Clube dos Heróis".
O escritor David Hine, porém, considerou a seleção muito óbvia - e resolveu mexer no vespeiro das relações sociais francesas. O roteirista descartou o Mosqueteiro em favor de Bilal Asselah, o novo personagem Nightrunner, muçulmano sunita filho de argelinos que vive em Clichy-Sous-Bois, comna de periferia conhecida por seus violentos protestos.
A ideia causou revolta entre alguns fãs da DC Comics. Blogs diversos publicaram mensagens de desaprovação, exigindo um "verdadeiro francês" no cargo. Outros foram além, criando sua própria capa de revista em que Batman aparece lamentando sua escolha depois que seu operativo francês explode a Torre Eiffel em um ataque suicida. Abaixo, o Coringa gargalha dizendo "Islã significa paz". Veja.
“Eu quis criar o tipo de herói que eu gostaria de ver em uma história em quadrinhos se eu fosse francês", declarou, com certa soberba, Hines ao site de política e entretenimento Death And Taxes. “O processo de criação de uma história é complexo e observei vários fatores neste. A inquietude urbana e os problemas das minorias étnicas sob o governo de Sarkozy dominam as notícias da França e tornou-se inevitável que o herói viesse de um lar franco-argelino", completou o escritor.
Na história, Bilal, filho de mãe solteira, cresceu neutro em relação aos conflitos entre seus vizinhos muçulmanos e a polícia francesa, até o dia em que ele e seu melhor amigo são vítimas de um fogo cruzado. Bilal jura não buscar vingança, mas Aarif torna-se obcecado em fazer justiça com as próprias mãos e ateia fogo a uma delegacia, morrendo no processo. Bilal então decide que é hora de agir. Ele inicia treinamento em Parkour e assume o manto do herói Nightrunner, com o intuito de salvar sua nação da guerra civil e impedir que mais franceses - de qualquer etnia - morram. Seu primeiro alvo são os membros de um culto que incita a desordem civil. Durante essa missão ele entra em contato com o grupo de Batman que está investigando o caso.
A polêmica é apenas mais uma em meio aos diversos ataques, alguns deles beirando discursos supremacistas, sofridos pelos quadrinhos em 2010, em busca de uma correção política que muitos acham dispensável. Entre eles estão a inclusão de Idris Elba como o deus nórdico Heimdall no filme Thor, a clássica HQ Archie ganhando um personagem gay e até uma crítica a um movimento político em uma história do Capitão América.
Os dias dos quadrinhos de super-heróis como mero escapismo definitivamente terminaram. Mais protestos inflamados como estes são esperados. Fica o alerta para que as editoras e profissionais saibam como defender seus pontos-de-vista com um pouco mais de tato, porém. O tema pede cuidado.
A China vai proibir todas as ligações telefônicas que não são originadas pelas suas duas redes estatais, a China Unicom e a China Telecom. A medida afetará serviços de telefonia via Voz sobre IP, como o Skype. As informações são do “Telegraph”.
O Skype, no entanto, negou ter conhecimento da proibição. “Usuários na China no momento acessam o Skype via TOM Online, nosso parceiro majoritário em joint venture”, disse um porta-voz da companhia.
Além dos serviços de telefonia pela internet, o governo chinês já baniu sites como Facebook, Twitter e YouTube. O serviço de buscas do Google saiu do ar na China em março, depois de a empresa de internet parar de censurar as buscas conforme obrigatoriedade do governo do país.
Segundo o deputado-chefe do Departamento de Propaganda chinês, Wang Chen, em novembro “350 milhões de itens com informações prejudiciais, incluindo textos, imagens e vídeos, foram deletados da internet do país".
A China é o maior mercado de telefonia pela internet do mundo, que tem preços muito mais baratos do que a telefonia fixa do país e concorre diretamente com as gigantes estatais de telecomunicação do país.
Desde de setembro de 2007, usuários chineses do Skype passaram a utilizar o serviço em conjunto com a TOM, empresa de Hong Kong. O serviço tem sido criticado por monitorar as mensagens dos chineses na rede, especialmente as com assuntos como Falu Gong e o Tibet.
Especialistas afirmam que será difícil ou até mesmo impossível que a proibição funcione. Os usuários chineses poderiam simplesmente baixar na internet outras versões do Skype ou softwares que fazem ligações pela internet de sites fora da China
O governo chinês proibiu jornais, editoras e donos de sites de usar palavras estrangeiras, especialmente em inglês. A Administração Geral de Imprensa e Publicações, órgão estatal que controla a imprensa e as editoras da China disse que essas palavras estão destruindo a pureza da língua chinesa e determinou que o chinês padrão deve ser a norma.
Siglas e abreviaturas estrangeiras devem ser evitadas, segundo a determinação, que amplia normas que já se aplicavam ao rádio e à TV.
O órgão disse que, com o desenvolvimento econômico e social, línguas estrangeiras estavam sendo cada vez mais usadas em todos os tipos de publicações na China.
O costume estaria "prejudicado seriamente" a pureza da língua chinesa e resultado em "impactos sociais adversos" sobre o ambiente cultural, segundo o jornal People's Daily. Se uma palavra tiver de ser escrita em uma língua estrangeira, deve ser acompanhada de uma explicação em chinês - determinou o órgão.
Traduções de nomes de pessoas e de lugares estrangeiros devem ser padronizadas. Até o momento, no entanto, a mídia chinesa não parece estar dando muita atenção à medida.
No portal chinês Baidu, por exemplo, palavras como punk, rap e iPhone aparecem na grafia original. E a própria agência de notícias oficial do país, Xinhua, usa siglas inglesas como GDP (Gross Domestic Product, ou Produto Interno Bruto) e até UFO (Unidentified Flying Object, Objeto Voador Não Identificado).