terça-feira, 30 de setembro de 2014

BLOG DO ANDRÉ:


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O modesto jazigo familiar de uma dinastia militar fica na encosta de uma colina no município de Changshou.
Em uma lápide está entalhado o nome de Zhang Zhen, patriarca da família, que completaria cem anos em outubro e foi um dos generais mais influentes no Exército Popular de Libertação. Abaixo estão os nomes de seus filhos.
Um deles assegura que os soldados que controlam as armas nucleares da China se mantenham leais ao Partido Comunista (PC).
Outro, Zhang Lianyang, foi general antes de se tornar homem de negócios e é citado ao lado de sua mulher, Chen Xiaoying.
O casal também comanda a Citic 21CN, empresa de telemarketing e dados farmacêuticos agora controlada pelo grupo chinês de comércio eletrônico Alibaba e pela Yunfeng Capital, empresa de private equity parcialmente pertencente ao fundador e diretor-executivo do Alibaba, Jack Ma.
Chen é vice-diretora-executiva da Citic 21CN, da qual seu marido, Zhang, foi diretor até abril. O Alibaba é um dos maiores casos de êxito de uma empresa privada na China, onde estatais geralmente dominavam a economia.
O grupo começou a comercializar suas ações em Nova York no dia 19, com um salto de 36% em relação ao valor inicial logo no primeiro dia. Com a valorização, a empresa foi avaliada em US$ 228,5 bilhões (R$ 543,8 bilhões).
Desde que o Alibaba divulgou que aplicaria US$ 170 milhões (R$ 405 milhões) em ações da Citic 21CN e assumiria 54,3% da empresa, as ações de Chen passaram a valer US$ 500 milhões (R$ 1,19 bilhão), um dinheiro caído do céu conforme foi noticiado.
Todavia, as conexões familiares por trás da transação não eram conhecidas. O enriquecimento da elite política com a vendas de ações e aquisições de empresas tem gerado protestos na China, onde funcionários públicos não precisam divulgar seu patrimônio.
Não há evidências de que o Alibaba soubesse dessas conexões. A empresa disse que comprou a Citic 21CN devido a sua "vasta base de dados de produtos farmacêuticos", como um esforço para instituir padrões de tecnologia para informações médicas e de saúde.
Procurado antes da oferta de ações em Nova York, o Alibaba se recusou a comentar, citando restrições vigentes nesse período. Anteriormente, porém, a empresa afirmou que confia no mercado para conduzir seus negócios.
"Para quem está de fora e aponta as várias 'ligações suspeitas' da empresa, afirmamos que nunca tivemos isso antes nem agora, e não precisaremos disso no futuro", declarou a empresa em julho.
O comunicado foi feito após um relato de que empresas ligadas a líderes do PC tinham participação no Alibaba, incluindo a New Horizon Capital, que, dentre os fundadores, está o filho do ex-premiê Wen Jiabao. Chen não deu retorno a solicitações para entrevistá-la.
Até abril, a maior acionista da Citic 21CN era a estatal Citic Group, no qual trabalham muitos membros da elite. Chen é a segunda figura mais poderosa.
O presidente da Citic 21CN até abril era Wang Jun, ex-presidente do Citic Group. Seu pai foi vice-presidente da China e um dos responsáveis pelo Massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Como parte de seu cargo, Wang tinha direito a opções, o que ele exerceu em março para comprar 30 milhões de ações a um preço abaixo do valor de mercado.
Executivos do mundo inteiro estabelecem laços com políticos influentes. Caso sejam encobertos, porém, esses laços podem levantar dúvidas sobre a transparência e as operações de uma empresa.
No ano passado, o Alibaba gastou mais de US$ 4 bilhões (R$ 9,5 bilhões) em aquisições, incluindo um time de futebol. Essa agressividade suscitou dúvidas sobre se o Alibaba preda as empresas.
Fundada em 1998, a Citic 21CN lucra principalmente com um serviço de telemarketing terceirizado. Todavia, o Alibaba declarou ter interesse pelo ramo farmacêutico.
A Citic 21CN não declara lucros desde 2006, mas a divisão farmacêutica teve receita de US$ 7,4 milhões (R$ 17,6 milhões) em 2013.
"Antes do investimento do Alibaba na Citic 21, a empresa parecia pequena, não lucrativa e sem perspectivas de crescimento", comentou o analista Jeff Dorr.
Poucos dias antes do anúncio do acordo do Alibaba com a Citic 21CN, Chen comprou uma casa em Hong Kong por US$ 68,4 milhões (R$ 162,8 milhões), uma das dez transações imobiliárias mais vultosas de todos os tempos no país.
De volta a Changshou, parentes dizem que o nome de Chen foi gravado na lápide muito depois dos outros. Ela entrou no lugar da primeira mulher do general Zhang, que se divorciou dele.

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Antes de chegar à capital francesa, a dona de casa chinesa Wu Shuyun, 56, imaginava a cidade como o cenário perfeito de uma história de amor, visualizando-se como princesa cercada de parisienses elegantes, vestindo modelitos Chanel.
Em vez disso, disse Wu, vinda de Kunming, no sul da China, ela se chocou com as pontas de cigarros e fezes de cachorros, a atitude brincalhona e grosseira dos parisienses e as demonstrações de afeto em locais públicos.
Embora amigos a tivessem avisado sobre ladrões, ela contou que se espantou quando um membro de seu grupo foi assaltado num vagão do metrô, sob o olhar de outros passageiros.
"Nos diziam que 'Deus vive na França'", comentou Wu recentemente, após duas semanas em Paris em que passou pela torre Eiffel e pela elegante loja de departamentos Galeries Lafayette.
"Quando notei que os parisienses são indiferentes, decidi aproveitar a viagem ao máximo, mas nunca mais voltar."
Profissionais do setor de turismo chinês em Paris dizem que mais e mais turistas chineses -munidos de muito dinheiro, normalmente incapazes de falar francês e um pouco ingênuos quanto aos costumes ocidentais- são vítimas de ladrões porque são facilmente identificáveis como asiáticos.
Recentemente o governo chinês cogitou em mandar policiais chineses a Paris. A capital francesa é o maior destino turístico europeu da classe média e dos milionários, segundo a Federação Europeia do Turismo Chinês.
O Escritório de Turismo de Paris informou que em 2013 quase 1 milhão de chineses foi à cidade, gastando mais de € 1 bilhão (R$ 3,1 bilhões) com relógios Cartier, refeições em restaurantes dotados de estrelas Michelin e mais.
O dispêndio foi maior que o de japoneses e americanos. Agora, porém, em meio às denúncias sobre assaltos a turistas, Paris estaria perdendo sua atratividade.
O escritório de turismo da cidade disse que o número de chineses em Paris subiu 21% no ano passado, mas que o crescimento caiu quase pela metade em 2014.
Muitos chineses já estavam com os nervos à flor da pele depois de 23 turistas serem atacados, em março do ano passado, numa área periférica da cidade.
O líder do grupo de turistas se feriu, e os ladrões fugiram com € 7.500 (R$ 23.025), passaportes e passagens aéreas. Após estudantes chineses de produção de vinho serem assaltados em Bordeaux, três meses depois, Pequim exigiu uma reação da França.
Thomas Deschamps, diretor de pesquisas do Escritório de Turismo de Paris, disse que o choque cultural é especialmente forte entre turistas asiáticos.
"Eles assistem a filmes como 'Amélie Poulain' e pensam que todos andam com bolsas Louis Vuitton e usam perfumes da Dior. Não sabem nada sobre a periferia, os garçons explorados, as partes mais violentas da cidade. Paris não é um museu."
Deschamps disse ainda que a prefeitura intensificou a segurança em locais turísticos, além de ter distribuído avisos em mandarim sobre furtos. Mas os próprios chineses reconhecem sua parcela de culpa.
"Os chineses estão acostumados a cuspir no chão, a estalar os dedos ou até gritar para chamar um funcionário", disse Pierre Shi, da Federação Europeia de Turismo Chinês. "Se você fizer isso com um garçom francês, ele o ignorará ainda mais."

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

MICHIKO QUE ORGANIZOU:

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Programação Semana do Japão: Biblioteca Mário de Andrade
22 de setembro, segunda-feira
18h30 – Abertura./ auditório
19h – Apresentação Iaidô./ auditório
19h30 – Arte e culinária japonesa: similaridades – Palestra com Michiko Okano./auditório
20h30 – Abertura da exposição de shodô (caligrafia artística japonesa)./ espaço expositivo Terraço
23 de setembro, terça-feira
10h às 18h – Feira de Mangá e quadrinhos / hemeroteca.
10h às 18h – Exposição O que é Mangá / hemeroteca.
15h – Oficina de shodô com Monica Terada./convivência
18h30 – Entre silêncios: a influência da música japonesa no Ocidente – Palestra com Luiz Fukushi-ro /auditório
19h30 – Filme: 5 centímetros por segundo. Mostra Makoto Shinkai/ auditório
24 de setembro, quarta-feira
10h às 18h – Feira de Mangá e quadrinhos / hemeroteca.
15h – Oficina de sumiê (pintura japonesa) com Suely Shiba./convivência
18h30 – Cerimônia do chá, o encontro da arte na arte do encontro. Palestra com Erika Kobayashi./auditório
19h30 – Filme: Vozes de uma estrela distante. Mostra Makoto Shinkai./ auditório
20h30 – Espetáculo de Taikô (arte dos tambores japoneses)./ auditório
25 de setembro, quinta-feira
10h às 18h – Feira de Mangá e quadrinhos / hemeroteca.
15h – Oficina de Furoshiki com Sofia Katamani./convivência
18h30 – O percurso da tinta, tatuagem japonesa no Brasil – Palestra com Karina Takigushi./auditório
19h30 – Filme: O jardim das palavras. Mostra Makoto Shinkai./ auditório
26 de setembro, sexta-feira
10h às 18h – Feira de Mangá e quadrinhos / hemeroteca.
15h – Oficina de gô (jogo milenar de tabuleiro) com Thiago Shimada./deque
18h30 – Gestos da escrita, os múltiplos olhares da caligrafia japonesa – Palestra com Rafael Miya-shiro./auditório
19h30 – Filme: O lugar prometido em nossa juventude. Mostra Makoto Shinkai./ auditório
27 de setembro, sábado
10h30 – Oficina de mangá com Douglas de Sousa / hemeroteca
10h às 18h – Feira de Mangá e quadrinhos / hemeroteca.
10h30 – Oficina de origami para crianças com Mari Kanegae./convivência
13h – Palestra sobre o cosplay no Brasil./ auditório
14h30 – Filme: Crianças que perseguem estrelas. Mostra Makoto Shinkai./ auditório
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terça-feira, 16 de setembro de 2014










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A empresa Renley Watch ajudou o sudeste da China a desbancar a Suíça como polo da produção de relógios.
Agora, porém, a Renley, assim como muitas fábricas de relógios, está cogitando uma mudança para o interior dol país.
Funcionários públicos em Chongqing, no oeste chinês, estiveram recentemente com executivos do setor relojoeiro e ofereceram um pacote atraente para que eles transfiram suas fábricas para lá, disse Stanley Lau, executivo da Renley. Os incentivos incluíam terrenos com grandes descontos, inspeções ambientais mais brandas e salários mais baixos.
Quando alguns executivos manifestaram preocupação com os custos da mudança, a resposta foi imediata. "O governo de Chongqing afirma que não há razão para preocupações, pois paga os custos da mudança das fábricas para cá", afirmou Lau, acrescentando que pelo menos dez fábricas de relógios já se preparam para mudar.
Tais reuniões são cada vez mais comuns, à medida que a economia chinesa passa por uma desaceleração gradual. Com a queda nos investimentos estrangeiros, Províncias no interior estão competindo entre si para atrair indústrias domésticas, oferecendo-lhes incentivos financeiros e fazendo concessões em áreas cruciais como o controle ambiental.
Governos de Províncias costeiras argumentam que as empresas devem decidir onde instalar suas fábricas com base em critérios econômicos como a qualidade dos portos e das rodovias.
"Acho que os governos não devem dar dinheiro para as empresas se transferirem", opinou Li Chunhong, formulador de políticas econômicas na Província de Guangdong, no sudeste do país.
Essa Província foi a primeira da China a adotar o capitalismo no final dos anos 1970 e rivaliza com Xangai como um dos principais polos de exportação do país.
Dezenas de milhões de operários de toda a China foram trabalhar nas fábricas em Guangdong, que tem se destacado nacionalmente no combate à poluição por obrigar as fábricas a instalar novos equipamentos, a ficar longe de aglomerados populacionais ou até a encerrar suas atividades.
Atualmente, Guangdong está perdendo empregos de baixa remuneração para Províncias do interior. Os trabalhadores braçais são escassos na China e seus salários estão aumentando, pois o nível de escolaridade quintuplicou na última década e poucos estudantes que se formam querem trabalhar em fábricas.
Na busca por empregos, muitos migrantes escapam de viagens de ônibus e trem de até 30 horas até as Províncias costeiras, pois encontram trabalho perto de casa. Isso deixa as fábricas, sobretudo em Guangdong, desesperadas por pessoas que possam trabalhar em linhas de montagem.
Novas rotas ferroviárias do oeste da China para a Europa, assim como aeroportos com terminais de carga no interior do país, possibilitam despachar produtos de fábricas no interior diretamente para mercados estrangeiros, sem depender dos gigantescos portos de Guangdong e Xangai.
O processo de sedução começa pelos salários mais baixos. Embora a remuneração esteja em alta, ainda não assustam as empresas interessadas. Chongqing também tem terrenos em abundância.
A cidade cobra um terço a menos do que Dongguan, na Província de Guangdong, e os terrenos são próximos a grandes estradas e distritos comerciais.
Dongguan tem uma ocupação urbana tão densa que os únicos distritos novos ficam a várias horas de distância por estrada.
O controle ambiental é uma das questões mais delicadas. Lau disse que Chongqing exige que as fábricas instalem equipamentos para reduzir a poluição e adotem certos procedimentos, mas são feitas poucas vistorias para atestar o cumprimento das exigências.
Quatro agências municipais de Chongqing se negaram a fazer comentários sobre suas atividades.
A Renley Watch ainda não decidiu se vai se mudar. Este ano Chongqing ofereceu 2 milhões de yuanes (R$ 747.500) para cobrir as despesas de mudança para as primeiras 20 fábricas de relógios que se instalarem na cidade.
No entanto, um fator pode ser decisivo para que fábricas como a de Lau fiquem em Guangdong.
"Se nos mudarmos para Chongqing, será que meus assistentes e técnicos virão conosco?", indagou. "Temos de levar isso em consideração."

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Autoridades na Província de Xinjiang, no oeste da China, oferecem dinheiro e incentivos para estimular casamentos entre minorias e a etnia han, grupo étnico dominante no país, em esforço para aplacar a violência étnica na região.
Os incentivos são parte de uma nova política no condado de Cherchen, no sul de Xinjiang, onde a violência entre uigures -um povo de língua túrquica, majoritariamente muçulmano- e hans explodiu nos últimos anos.
Em agosto, autoridades do condado de Cherchen passaram a pagar 10 mil yuanes (R$ 3.680) por ano, durante cinco anos, para recém-casados em que um deles seja han e o outro pertença a uma das 55 minorias da China.
Reportagens na imprensa chinesa dizem que os pagamentos têm por objetivo ajudar os casais a investirem em pequenos negócios e iniciar famílias.
Os casais também terão prioridade na solicitação de moradias e empregos públicos. A família receberá R$ 7.360 por ano em benefícios à saúde e os filhos desses casais terão educação gratuita até o ensino secundário.
O diretor do condado, Yasen Nasi'er, disse que os casamentos são "um passo importante na integração e desenvolvimento harmonioso de todas as etnias".
Ele definiu essas uniões como "energia positiva" e meio pelo qual Xinjiang poderia realizar o "Sonho Chinês", termo popularizado pelo presidente Xi Jinping.
James Millward, especialista em Xinjiang na Universidade Georgetown, em Washington, disse que os uigures poderão ver a política de um modo diferente.
"Há o risco", disse ele, "de que os esforços de 'mistura' e 'fusão' patrocinados pelo Estado sejam vistos pelos uigures na China ou por críticos da China em qualquer lugar como tendo de fato o objetivo de assimilação dos uigures à cultura han -em outras palavras, como uma tentativa de achinesar os uigures".
Ele acrescentou: "Isto acontece num momento em que muitos uigures veem algumas políticas recentes, como a destruição da velha Kashgar em nome do desenvolvimento, a eliminação da educação na língua uigur e a contínua migração han para as terras tradicionais em Xinjiang, tudo isso, como uma ameaça à preservação das características próprias da cultura uigur".
Cherchen tem uma população de 10 mil pessoas, das quais 73% são uigures e 27% hans, segundo dados de um site do governo.
Em Xinjiang, uma região de desertos e montanhas que ocupa cerca de um sexto do território chinês, mais de 43% da população é uigur e mais de 40% são hans, segundo o censo de 2000.
A população han cresceu depois da tomada do poder pelos comunistas, em 1949, causando receio entre os uigures. Os cazaques são 8% da população.
A política de casamentos em Xinjiang é semelhante a iniciativas no Tibete. Em junho, o "Diário do Tibete" publicou uma reportagem dizendo que Chen Qianguo, o chefe do Partido Comunista da Região Autônoma do Tibete, se havia encontrado com 19 casais interétnicos e ouviu histórias de casamentos felizes.
Chen disse que "políticas favoráveis" tinham levado a um aumento dos casamentos interétnicos, que passaram de 666 em 2008 para 4.795 em 2013.
Numa reunião de alto escalão em maio em Pequim, o Partido Comunista discutiu como assimilar melhor os uigures e suprimir a violência em Xinjiang.
Xi, presidente chinês e líder do partido, disse que mais uigures deveriam ir a partes da China dominadas pelos hans, atraídos pela educação e pelo emprego.
Ele afirmou que o partido e o Estado deveriam estabelecer "visões corretas sobre a pátria e a nação" entre todos os grupos étnicos, de modo que as pessoas reconheçam a "grande mãe pátria" e "o caminho socialista com características chinesas".

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Durante um tempo, parecia que maus tempos de antigamente haviam voltado na Indonésia. Em agosto, a Justiça rejeitou o recurso do candidato derrotado na última eleição presidencial, um ex-general e genro de um ex-ditador, que apontava fraude no pleito de julho.
No lado de fora do tribunal, seus partidários enfrentaram a polícia, que disparou jatos de água e gás lacrimogêneo para impedi-los de invadir o edifício.
Mas, então, algo estranho aconteceu: o derrotado aceitou a derrota, levando a um desenlace pacífico a eleição presidencial mais disputada na história da Indonésia. No mês que vem tomará posse Joko Widodo, culminando uma ascensão impressionante de um carpinteiro favelado a líder do quarto país mais populoso do mundo.
Dezesseis anos depois dos violentos protestos pró-democracia que levaram à derrubada de Suharto, o ditador autoritário cujo governo corrupto e brutal era apoiado pelos militares, a Indonésia se tornou um modelo de transição democrática pacífica no Sudeste Asiático, região onde isso é cada vez mais raro.
Na Tailândia, os militares derrubaram em maio, pela segunda vez em oito anos, um governo democraticamente eleito.
Malásia e Camboja estão mergulhados em turbulências política desde as eleições parlamentares do ano passado -em ambos os casos, alvo de denúncias oposicionistas de fraude. Malásia, Camboja e Cingapura jamais tiveram uma transferência democrática de poder para a oposição política.
As Filipinas já tiveram eleições democráticas, mas elas tendem a ser manchadas por fraudes e violência, e os dois últimos presidentes mandaram prender seus antecessores. E essas são as democracias.
O Vietnã adota um regime de partido comunista desde a sua unificação, enquanto Mianmar está dando seus primeiros passos na direção da abertura, após décadas de regime militar.
Enquanto isso, a Indonésia, além da eleição presidencial, realizou com sucesso um pleito parlamentar geral em abril, quando cerca de 140 milhões de pessoas votaram, uma participação de 75% do eleitorado inscrito.
"Não há dúvida de que a Indonésia é agora o país mais democrático do Sudeste Asiático, e isso é algo que ninguém poderia ter previsto em 1998", disse Marcus Mietzner, especialista em Indonésia da Universidade Nacional Australiana.
O desempenho da Indonésia em outras frentes ainda deixa espaço para melhorias. A corrupção permanece endêmica nesta nação de 250 milhões de habitantes, as minorias religiosas enfrentam discriminação e violência, e, de acordo com a Human Rights Watch, os membros das forças de segurança do Estado ainda gozam de "impunidade generalizada" por violações graves dos direitos humanos. Mas a maioria dessas áreas, também, apresenta um enorme progresso.
A razão central para o sucesso da Indonésia é que, ao contrário do que ocorreu na Tailândia, os líderes civis pós-Suharto tiraram as Forças Armadas da política. Os legisladores aprovaram emendas constitucionais que privaram os militares da sua bancada biônica na Câmara dos Deputados, dando lugar a eleições parlamentares diretas. Outro avanço fundamental para a Indonésia, segundo os especialistas, foi o seu ousado movimento na direção da autonomia regional em todos os cantos do vasto arquipélago, um ano depois da renúncia de Suharto, em maio de 1998.
Essa descentralização do poder rompeu o monopólio político de Jacarta e impediu o surgimento de uma nova e dominante força política nacional.
O movimento rumo à autonomia foi caótico, marcado pela condenação por corrupção de dezenas de líderes regionais.
Joko, no entanto, é um exemplo notável de sucesso desse processo. Nascido em uma favela em Surakarta, na região central da ilha de Java, esse artesão de 53 anos foi eleito prefeito duas vezes e usou a sua eleição como governador de Jacarta, em 2012, para se lançar no cenário nacional.
A recente eleição indonésia não foi isenta de percalços. O perdedor, Prabowo Subianto, reconheceu a derrota, mas continua a afirmar que a eleição foi marcada por fraudes. A coalizão de partidos que apoiaram sua campanha, a qual terá a maioria quando o novo Parlamento tomar posse, em outubro, ameaçou instalar uma CPI para investigar a eleição.
Analistas políticos, no entanto, dizem que isso é improvável, porque alguns dos partidos da coalizão devem abandonar Prabowo e aderir a Joko, dando-lhe uma maioria parlamentar.
"Parece que Prabowo não quer aceitar a derrota, mas a sua chamada 'coalizão permanente de oposição' vai mudar radicalmente nos próximos dias", disse o cientista político Ikrar Nusa Bhakti, do Instituto de Ciências da Indonésia, em Jacarta.
"Apesar de a Indonésia ser o país muçulmano mais populoso do mundo e ter mais de 300 grupos étnicos diferentes, o processo de democratização está no caminho certo", disse ele. "Os militares aceitaram a supremacia civil, que é o mais importante."

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Folha de São Paulo
Segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Vida noturna floresce no Azerbaijão

Capital do país asiático, Baku sedia maior torneio mundial de DJs, vive proliferação de boates e visa turista europeu
Nas pistas de dança da cidade, ex-soviética e de maioria muçulmana, coreografias misturam break e dança folclórica
CLAUDIA ASSEF COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BAKU (AZERBAIJÃO) A mistura de história milenar com uma "modernidade ostentação" bancada principalmente pelo petróleo grita aos olhos de quem visita Baku, a capital do Azerbaijão, pela primeira vez.
Durante o dia, a dica é passear pelas ruelas da Cidade Fortificada, que abriga dois patrimônios da humanidade, e visitar lojinhas de bugigangas onde senhores com dentes de ouro tentam se comunicar com turistas em inglês.
À noite, o quente é ir a algum clube noturno da cidade, turbinado por DJs que tocam de hits pop a house music e pista de dança onde se veem coreografias que fundem passos de break com dança folclórica.
"Em Baku a cena noturna está crescendo bastante", diz o ídolo local DJ Twist, codinome de Akper Annaghiyev. Ele foi um dos finalistas do Thre3Style, maior campeonato de DJs do mundo, sediado no país no início deste mês --DJ Twist já venceu três vezes esse torneio.
Neste ano, a quinta edição do torneio teve uma DJ brasileira, a paulistana Cinara Martins --primeira mulher a chegar a uma final-- entre os seis melhores do mundo.
O alemão Eskei83 foi eleito campeão na final do torneio, que ocorreu no sábado (6) na suntuosa casa de shows Crystal Hall, diante de um público de cerca de 3.000 azeris. Ele foi escolhido por um corpo de jurados composto por alguns dos melhores DJs do mundo, entre eles o inglês Krafty Kuts e os americanos Jazzy Jeff e Qbert.
EFERVESCÊNCIA
Ao longo de cinco noites de batalhas entre os 20 DJs finalistas do Thre3style, a vida noturna da cidade ferveu, graças a um público local carismático e muito dançarino.
"Estamos começando também uma cena de produção de música eletrônica. Tudo é muito recente, mas por aqui tudo está acontecendo muito rápido. Baku ainda não tem uma cultura enraizada de clubes noturnos, mas acho que estamos caminhando para isso", diz Twist.
O povo que lota casas noturnas locais como Pasifico, Eleven e The Public é jovem e parece querer romper com algumas limitações impostas pela religião muçulmana, praticada por mais de 90% dos azeris. Por isso, são vistas poucas meninas usando lenços na cabeça. Na noite de Baku vale até usar minissaia e sensualizar na pista.
"As pessoas gostam muito de exibir seus passos de dança, realmente damos duro na pista", afirma o estudante de tecnologia Akim Guliyev, 17.
Os passos misturam movimentos que lembram os de b-boys (como são conhecidos os dançarinos de break) com danças típicas do país.
CONEXÃO EUROPA
"Gostamos de dançar, de garotas, de curtir. Nos sentimos bem próximos da Europa agora e estamos gostando disso", resumiu um rapaz encostado numa Mercedes estacionada na porta da The Public, na noite em que a brasileira Cinara ganhou a etapa eliminatória.
A proximidade com a Europa tem motivações econômicas. Com dinheiro do petróleo oriundo da exploração do combustível fóssil em terra e no mar, o Azerbaijão virou o primo rico da região do Cáucaso, uma das fronteiras entre os continentes asiático e europeu. O boom ocorreu em meados dos anos 2000, com a inauguração de um gasoduto que incrementou o escoamento da produção do país.
O Azerbaijão, que pertenceu à União Soviética até 1991, tem sua história marcada por invasões e massacres: árabes, persas, mongóis, russos, armênios, otomanos ou turcos de olho no ouro negro dominaram o país em diferentes épocas, deixando nítida uma herança multiétnica e cultural nos costumes e também nos traços da população.
Agora, há uma profusão de prédios cheirando a fita inaugural recém-cortada, como o impressionante Heydar Aliyev Centre, um museu projetado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid.
Há ainda as Flame Towers, conjunto de três prédios que imitam o fogo eterno, um dos símbolos do Azerbaijão. O fogo é um elemento sagrado no zoroastrismo, religião fundada na região e uma das mais antigas da humanidade.

domingo, 14 de setembro de 2014


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Quando se trata dos lugares menos visitados no mundo, restam poucas opções para sair da trilha batida. Cuba? Não é o que era antes. Birmânia? Basicamente aberta. Síria? Bem, isso está fora de cogitação por enquanto.
Mas para viajantes com um faro de Indiana Jones, o único lugar muitas vezes considerado impossível está se tornando cada vez mais viável: a Coreia do Norte.
Um número crescente de turistas ocidentais — chamados de “europeus” no país, apesar de cada vez mais incluírem americanos — está visitando a Coreia do Norte para ver se este último remanescente da Guerra Fria é realmente tão estranho quanto ele deveria ser.
— Eu queria uma experiência nova, ver este lugar com meus próprios olhos e formar minhas próprias opiniões — disse Victor Malychev, um russo especialista em telecomunicações que viveu em Washington, nos Estados Unidos, por 13 anos. — E acho que também queria uma marca de “feito” ao lado dele também — admitiu, enquanto estava em uma excursão organizada por Jovens Pioneiros, uma das empresas de viagens mais recentes que operam na Coreia do Norte.
O punhado de operadores turísticos no país formam um leque cada vez mais diversificado de experiências — incluindo esqui, ciclismo e golfe. Os turistas devem estar preparados não só para ter inspetores do governo constantemente ao seu lado, mas para perambular em torno de monumentos aos Kim e sua dinastia comunista.
Veja o Monte Myohyang, uma bela caminhada de duas horas ao norte de Pyongyang. A atração principal na Coreia do Norte, uma parada comum na rota turística, é a Exposição Amizade Internacional — um edifício de seis andares, com piso de mármore, construído para abrigar os cem mil presentes dados ao fundador do país, Kim II-sung, que permanece como o “presidente eterno” mesmo duas décadas depois de sua morte.
É uma galeria de antiguidades: Stalin, Mao, Assad, Kadafi, Fidel e Tito e o que eles deram a Kim. Todas mostram como o mundo adora o ex-líder e seus herdeiros, ou pelo menos é isso que o guia turístico diz. Mais pessoas poderão em breve estar caminhando através desses longos e imaculados corredores, com os sapatos envoltos em um material especial para que não entrem em contato com os pisos sagrados.
Sob uma nova política, a Coreia do Norte tem a meta de atrair um milhão de turistas ao país, embora não tenha definido um prazo para fazê-lo. Mesmo aqueles que trabalham com a indústria turística nacional dizem que o número é ambicioso, já que estima-se que o país tenha cem mil visitantes por ano. A grande maioria vêm da vizinha China, que tem a vantagem de ser não só geograficamente próxima, mas não muito distante em termos comunistas.
Além disso, os operadores turísticos relatam que o número de americanos que visitam o país caiu visivelmente desde que dois turistas dos Estados Unidos, Jeffrey Fowle e Matthew Miller, foram detidos em abril. Ambos foram acusados ​​de atos hostis. Ainda assim, mesmo que a Coreia do Norte não alcance a sua meta de um milhão, ela certamente está recebendo mais turistas do que estava poucos anos atrás.
Os números oficiais não estão disponíveis, mas “Chosun Sinbo”, um jornal pró Coreia do Norte no Japão, informou que houve um aumento de 20% no turismo estrangeiro no primeiro semestre de 2014 em comparação com o ano anterior, embora não dê números exatos.

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Na China, 10 de setembro é Dia do Professor. A comemoração anual, instaurada em 1985, celebra a contribuição dos educadores para a sociedade chinesa, e costumava ser o momento dos estudantes expressarem sua gratidão por meio de cartões e flores. Mais recentemente, porém, a data ganhou novos contornos e tornou-se comum os pais comprarem presentes extravagantes para os mestres de seus filhos, como iPads, cosméticos de luxo, bolsas de design e vale-compras opulentos.
Esses itens raramente refletem a sincera gratidão dos estudantes. Contrariamente, fazem parte da grande competição que se tornou a educação na China. E ser o preferido do professor é uma das facetas desse jogo.
Alguns pais com carteiras recheadas acreditam que um bom presente pode ajudar seus pequenos a obterem sucesso escolar - o que pode ser caracterizado como propina. Essas gratificações também perpetuam a desigualdade: nem todos os pais podem arcar com presentes desse porte, e um sistema que recompensa a riqueza com mais oportunidade é profundamente problemático.
A gratificação escusa de professores, contudo, está com os dias contados. Em 2012, o presidente condenou essa prática nas escolas durante uma campanha anticorrupção - durante a qual também recriminou outras atitudes como a realização de banquetes, a fabricação de tortas da lua (típico doce chinês) em ouro maciço e o consumo de bebidas alcoólicas caras. No ano passado, o governo de Xi Jinping elaborou um projeto de lei que propõe a mudança da comemoração do Dia do Professor para 28 de setembro, considerado o aniversário de Confúcio.
Há alguns dias, o Ministro da Educação aproveitou a proximidade do 10 de setembro e proibiu as gratificações extravagantes em todas as instituições educacionais do país. Nos anos anteriores, diversos sites vendiam vale-compras para o Dia do Professor de até mil yuans (US$ 160). Este ano, os presentes ofertados online são menores e mais baratos, como marcadores de livros e porta-canetas.
Os estudantes de uma escola de ensino fundamental com quem conversei na semana passada pretendiam homenagear seus professores com presentes simples; um deles planejava até fazer ele mesmo uma lembrança, pois "o esforço pessoal é o que conta". Outros falaram em cartões e flores, ou ainda em dizer um sonoro "feliz Dia do Professor" quando se curvassem ao mestre no início da aula (na China, as crianças inclinam-se para saudar o professor no início de todas as aulas).
Uma professora de inglês que trabalha há dez anos nessa mesma escola disse que guarda centenas de lembranças dos estudantes em casa, "todas pequenas e singelas". A coisa mais estranha que recebeu nesse período foi uma calcinha rosa, conta ela, sorrindo.
Segundo o jornal China Daily, o próprio Xi aceitou um presente de um estudante às vésperas do Dia do Professor, quando visitava a Universidade de Pequim: um chapéu uigur. Mas o verdadeiro presente de Xi é muito maior: apesar de muitos pais terem perdido a oportunidade de influenciar o desempenho escolar dos filhos, sua campanha anticorrupção ganhou popularidade entre muitos chineses.

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Para um estrangeiro, aprender a ler na China pode ser como o jogo dos sete erros, aquele em é preciso encontrar as diferenças entre duas imagens quase idênticas.
Compare, por exemplo, o caractere para "especial" () e o para "apertar" (): é o mesmo, a não ser  pelo tracinho a mais na parte superior esquerda do primeiro, e pelo tracinho horizontal no pé esquerdo do segundo. Essas (para o olho estrangeiro) mínimas diferenças conferem significados distintos a cada um deles. Também são pronunciados de forma diferente: o primeiro, "te" (som fechado), e o segundo, "chi" (som aberto). Na primeira vez que me deparei com os dois caracteres, minha resposta foi apenas " não é justo".
Memorizar milhares de caracteres não é fácil. Durante os seis anos de estudo obrigatórios, os alunos de escolas chinesas passam várias horas por dia decorando pelo menos 3 mil caracteres, o mínimo para se ler o jornal. No fim do ciclo, as variações no domínio da leitura são muitas.
Infelizmente, há uma minoria que não aprende a ler como deveria - na China e em muitos outros lugares. A dislexia é considerada um problema grave de leitura entre estudantes de inteligência normal. De acordo com a Dyslexia Internacional, organização de apoio a disléxicos, entre 5% e 15% da população sofrem com esse distúrbio, dependendo do critério usado para se definir dislexia. Isso significa que 700 milhões de pessoas em todo o mundo apresentam traços desse problema.
Até pouco tempo atrás, assumia-se que a dislexia tinha origem biológica, independentemente do idioma de leitura. Mas ser disléxico na China é diferente de ser disléxico nos Estados Unidos, segundo Wai Ting Siok, da Universidade de Hong Kong. Seu grupo de estudo mostrou que tanto a leitura como a dislexia ativam partes diferentes do cérebro em usuários de alfabetos de letras, como o inglês, e de alfabetos icônicos, como o chinês. A leitura em chinês usa mais a parte frontal do hemisfério esquerdo do cérebro, enquanto a leitura em inglês usa mais uma parte posterior do órgão.
Aprender a ler com um alfabeto de letras implica conhecer o som das palavras, a visão mapeia o som de cada vocábulo. Quando se trata de um alfabeto iconográfico, como o chinês, a visão mapeia a imagem do caractere para memorizar seu sentido. A fonética de cada caractere chinês não corresponde necessariamente à sua forma, enquanto para ler em inglês, é preciso decodificar o som de cada segmento da palavra.
"O fato dos disléxicos ocidentais e chineses apresentarem diferenças na ativação do cérebro durante a leitura pode indicar que estamos falando de distúrbios diferentes de acordo com a cultura", analisa Siok. Outra conclusão de seu estudo é que o leitor chinês disléxico não é necessariamente disléxico em outro idioma com alfabeto de letras. O contrário também é verdadeiro: alguns ocidentais não disléxicos podem apresentar o distúrbio ao aprender o chinês ou outro idioma com alfabeto iconográfico.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014


Placa diz que estrangeiros não podem entrar se não tiveram um japonês nativo acompanhando

Uma recente onda de casos de xenofobia tem causado grande preocupação no Japão e levou a ONU e pedir que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe tomasse medidas concretas para lidar com o problema.
As principais vítimas nesse incidentes têm sido comunidades como a de coreanos e chineses, além de outras minorias chamadas de "inimigas do Japão".
Um exemplo dos abusos é um vídeo que se tornou viral e circula pelas redes sociais. Mostra um grupo de homens da extrema-direita com megafones em frente a uma escola sul-coreana em Osaka.
Eles insultam os alunos e professores com palavrões, fazem piadas com a cultura do país vizinho e ameaçam de morte os que se atreverem a sair do prédio.
Um relatório do Comitê de Direitos Humanos da ONU encaminhado ao governo japonês, destaca a reação passiva dos policiais em manifestações deste tipo.
As autoridades têm sido criticadas por apenas observarem, sem tomarem nenhuma atitude efetiva para conter os abusos.
No final de agosto, o Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial solicitou que o país "abordasse com firmeza as manifestações de ódio e racismo, bem como a incitação à violência racial e ódio durante manifestações públicas".
Desde 2013, o Japão registrou mais de 360 casos de manifestações e discursos racistas.
A questão ganhou os holofotes da mídia e está sendo amplamente debatida pelo partido governista, o Liberal Democrático.
Um caso que está sendo visto como teste para a Justiça japonesa nesta área é a ação movida, no mês passado, por uma jornalista sul-coreana, Lee Sinhae, contra Makoto Sakurai, presidente do grupo de extrema-direita Zaitokukai, por danos morais.
Ela quer uma indenização depois de ser "humilhada" por textos discriminatórios na internet.
"O que me preocupa é que muitos destes discursos estão deixando o anonimato da internet e já chegaram às ruas", disse Lee em uma coletiva de imprensa.
A jornalista alertou que várias crianças estão tendo contato com este tipo de pensamento e replicam no ambiente escolar, gerando casos de bullying.
No Japão, não há uma lei que proíba discursos difamatórios ou ofensivos. Para os opositores, banir os discursos de ódio pode acabar interferindo no direito das pessoas à liberdade de expressão.
Mas o país é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que entrou em vigor em 1969, e que reconhece expressões discriminatórias como crime.
Pela Convenção, os países seriam obrigados a rejeitar todas as formas de propaganda destinadas a justificar ou promover o ódio racial e a discriminação e tomar ações legais contra eles.
Segundo as Nações Unidas, o governo japonês ainda tem muito para fazer nesta área. O comitê da ONU insistiu para que o Japão implemente urgentemente "medidas adequadas para rever a sua legislação", em particular o seu código penal, para regular o discurso de ódio.
Exclusão dos estrangeiros
Para o escritor, ativista e pesquisador norte-americano naturalizado japonês Arudou Debito, "(essas atitudes discriminatórias) têm se tornado cada vez mais evidentes, organizadas e consideradas 'normais'".
Debito coleciona, desde 1999, fotos de placas de lojas, bares, restaurantes, karaokês, muitas delas enviadas por leitores de todo o Japão, com frases em inglês - e até em português - proibindo a entrada de estrangeiros.
A coletânea virou livro, intitulado Somente japoneses: o caso das termas de Otaru e discriminação racial no Japão.
Debito se diz ainda preocupado que, com a divulgação cada vez maior dos pensamentos da extrema-direita, a causa ganhe cada vez mais "fãs".
"No Japão ainda há a crença de que é pouco provável haver o extremismo em uma 'sociedade tão pacífica'", explicou.
"Eu não acredito que seja tão simples assim. Ignorar os problemas de ódio, intolerância e exclusivismo para com as minorias esperando que eles simplesmente desapareçam é um pensamento positivo demais e historicamente perigoso."
A comunidade brasileira no Japão também é alvo constante de atitudes discriminatórias. Quarto maior grupo entre os estrangeiros que vivem no país, os brasileiros estão constantemente reclamando de abusos gerados por discriminação racial e o tema é sempre levantado em discussões com autoridades locais.
O brasileiro Ricardo Yasunori Miyata, 37, é um dos que foi à Justiça depois que o irmão foi confundido com um ladrão em um supermercado de uma grande rede, na cidade de Hamamatsu, província de Shizuoka.
"O problema foi a abordagem. O segurança chegou gritando, como se ele fosse bandido e, mesmo depois de provado que tudo não passou de um engano, ele (o segurança) justificou que faz parte da índole do brasileiro roubar e que não poderíamos reclamar pois deveríamos estar acostumado com este tipo de coisa", contou o rapaz, ainda indignado.
O caso aconteceu há quatro anos, mas até hoje Ricardo divulga a história para que outros não passem pelo mesmo constrangimento pelo qual ele e a família passaram.
"Acionamos a polícia, fizemos a reclamação na matriz da rede, procuramos um advogado e, por semanas, os gerentes do supermercado tentaram nos convencer a não entrar com processo", lembra.
Depois de três meses, foi feito um acordo. "A rede trocou a empresa que faz a segurança local, pagou todas as despesas com advogados e exigimos ainda que os gerentes pedissem desculpas em público", contou Ricardo.
Há 20 anos morando no Japão, o brasileiro lembra que antigamente a situação era bem pior. "Quando entrava brasileiro em supermercados, por exemplo, geralmente tocavam uma música brasileira. Era um sinal para avisar os funcionários de que havia estrangeiro na loja", contou.
Ricardo já foi barrado em bares e também sofreu todo tipo agressão verbal. "Esse tipo de discriminação existe, é visível e constante. Enquanto as autoridades e a própria mídia não tomarem uma posição, esses abusos vão continuar acontecendo", destacou.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

ENCONTROS DO CEO

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12/09, SALA 4A-07, 13:00

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Spa, piscina olímpica, sala de ginástica e suítes conjugadas... O Centro Mohammed-Bin-Nayef, situado no subúrbio de Riad, lembra os palácios situados às margens do Golfo Pérsico. Mas esse complexo aberto em 2013 e batizado com o nome do atual ministro saudita do Interior não abriga nem empresários nem estrelas do show business. Ele é destinado à reabilitação de jihadistas locais, ex-membros da Al Qaeda que foram presos ao saírem de Guantánamo ou em operações antiterroristas dentro do reino.
Esses ex-seguidores de Osama Bin Laden, depois que cumprem sua pena de prisão, precisam passar alguns meses nesse lugar estranho, que é uma mistura de sanatório com centro de recuperação. Entre reuniões de família, aulas de religião, acompanhamento psicológico, oficinas de pintura e práticas de esporte, é feito de tudo para recolocar os residentes no caminho certo.
"Em dois anos, 3.000 ex-terroristas islamitas saíram de nossas prisões e só tivemos 10% de reincidentes", afirma o general Mansour al-Turki, porta-voz da polícia saudita. "Estamos conseguindo desconstruir os fatores sociais, psicológicos e religiosos que levam ao extremismo."
A ideia surgiu em meados dos anos 2000. Era a época em que a monarquia passava por uma onda de atentados e sequestros contra suas forças de segurança ou alvos ocidentais.
Bin Laden, ele mesmo de origem saudita, fazia um apelo para derrubar esse regime "ímpio", aliado dos Estados Unidos. Mohammed Bin Nayef, que era então chefe da inteligência interna, conduziu a contra-insurreição com punho de ferro. Milhares de militantes islamitas ou supostamente islamitas foram pegos, às vezes torturados, e os combatentes que não foram mortos se exilaram no Iêmen ou no Afeganistão.
Ciente de que a truculência não resolveria, o chefe do antiterrorismo deu seu aval à criação de um tratamento mais brando. Era o programa de reabilitação, que acabou se tornando um dos orgulhos do reino.
O convidado que hoje entra no centro Bin-Nayef, ainda que um simples jornalista, é acompanhado do começo ao fim por uma equipe de televisão interna. "Nós recebemos quase 300 personalidades estrangeiras desde 2007", se empolga Mansour al-Qarni, diretor do "Al-Mounassaha" ("o Conselho"), nome oficial do programa. "Até o ministro americano da Justiça veio."
O percurso começa com uma xícara de café amargo em um imenso diwan, salão típico das sociedades árabes do golfo. Depois o visitante é levado para um auditório, onde uma apresentação em Power Point o ajuda a se familiarizar com os métodos da casa.
Em um país tão conservador quanto a Arábia, estes evidentemente são impregnados em grande parte pela religião. Sheiks devidamente selecionados são recrutados para endireitar os fiéis desgarrados.
Durante conversas organizadas no centro, muitos deles se espantam, por exemplo, com o fato de que o jihad afegão contra o Exército soviético, nos anos 1980, tenha sido considerado lícito (halal), enquanto o mesmo engajamento contra os Estados Unidos no Iraque nos anos 2000 foi decretado ilícito (haram), assim como aquele contra o regime sírio de Bashar Assad hoje.
"É bom que os muçulmanos se ajudem, mas existem condições para ser autorizado a fazer o jihad", proclama Sahl al-Otaibi, um dos religiosos do centro. "O líder do país precisa dar seu consentimento e os pais, sua permissão."
Outro tema recorrente de frustração dos residentes é o sentimento de que o Ocidente está conduzindo uma guerra contra o islamismo. "Eu lhes digo que cabe ao rei resolver esses problemas. Depois que um deputado holandês insultou nossa religião, ele ordenou que fossem restringidas as relações econômicas com esse país."
A desradicalização à moda saudita é antes de tudo um recondicionamento, um lembrete das regras nas quais se baseiam o regime de Riad: aos Saud cabe a política, e ao clero wahhabita, a religião.
O programa também se esforça para recriar um verdadeiro casulo em torno dos ex-proscritos. Já na prisão e em um ritmo mais contínuo no centro de reabilitação, eles recebem várias visitas: pai, tio, chefe de tribo, policial, professor de história. São todas figuras de autoridade que cercam os futuros arrependidos, assim como os funcionários do centro, repletos de paternalismo.
"Os recrutas da Al Qaeda se isolam de sua comunidade", analisa o psicólogo Ali al-Afnan. "Nosso objetivo é facilitar a reintegração deles."
Depois do "Mounassaha", Khaled al-Jihani, que combateu em Tora Bora com os talebans antes de passar quatro anos em Guantánamo, foi recebido por Mohammed Bin Nayef. "Sempre me lembrarei de suas palavras: 'Você é nosso filho'. Aquilo me surpreendeu muito. No Afeganistão, haviam me dito que os dirigentes sauditas não eram muçulmanos."
Logo depois ele recebeu das mãos de Bin Nayef um carro novinho em folha e um cheque de US$ 800 (cerca de R$ 1.800), que lhe seria pago todo mês até que ele encontrasse um emprego. O Ministério do Interior também pagou integralmente as despesas de seu casamento. "É um programa patriarcal, adaptado a uma sociedade patriarcal", diz um diplomata estrangeiro.
E não seria o índice de fracasso superior aos 10% apresentados pelas autoridades? No mês de maio, uma suposta célula jihadista foi desmantelada, envolvendo cerca de 60 membros, sendo metade deles reincidente. Em fevereiro, 29 sauditas, suspeitos de pertencerem à Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), haviam sido extraditados para Riad pelas autoridades iemenitas, sendo que alguns deles também tinham passagem pelo centro Mohammed Bin Nayef.
A mistura de "mimo" com doutrinação praticada por essa organização atua sobre perfis como o de Khaled al-Jihani, que foi para o Afeganistão mais pelo gosto de aventura do que por um zelo religioso. Mas, junto aos mais fanáticos, essa abordagem parece menos eficaz. Said al-Chihri, um dos fundadores da AQPA em 2009, morto por um ataque de drone americano quatro anos mais tarde, também havia sido "reabilitado."
Para tratar o câncer jihadista, algumas vozes isoladas têm pedido por uma reforma do sistema de ensino saudita, que é notoriamente arcaico. "É a raiz de nossos problemas", admite Fouad al-Farhan, um blogueiro liberal.
O Ministério da Educação, que por muito tempo esteve dominado por fundamentalistas wahhabitas, recentemente foi confiado a um moderado, Khaled al-Fayçal. Mas levará tempo para mudar a mentalidade das pessoas.
"Meu filho, que tem 10 anos, um dia chegou em casa declarando que música era 'haram'", conta Mansour al-Turki, o porta-voz da polícia, frustrado. "´Foi um de seus professores que lhe colocou essa ideia na cabeça."

terça-feira, 2 de setembro de 2014


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Depois de passar horas fazendo piruetas, dançando números de jazz e curtindo música de shows americanos num estúdio em Manhattan, Futaba Kawakami, de 8 anos, saiu do acampamento de férias TADA Youth Theater suada e um pouco rouca. Tirou sua camiseta nova do programa e pediu um sorvete à sua mãe.
Então Futaba e sua mãe, Keiko, foram de táxi até um apartamento de luxo atrás do hotel Plaza, alugado por período curto pela família Kawakami, que vive em Tóquio, para que Futaba pudesse conhecer algo que é comum para muitas crianças de grandes cidades: um "day camp" -algo como uma colônia de férias, só que as crianças participantes não dormem no local.
Os diretores desses programas educativos de férias dizem que crianças de famílias de alto poder aquisitivo de Pequim, Seul, Taipé e Tóquio invadem anualmente os estúdios de teatro, centros esportivos, piscinas e laboratórios de ciências de Nova York. Para quem pode pagar por isso, a experiência já virou um rito internacional de passagem.
Dez anos atrás, Cari Kosins, diretora de programas de férias da Little Red School House e da Elisabeth Irwin High School, raramente recebia um e-mail do exterior. Este ano, nove participantes e suas famílias vieram de Bali, da China, do Japão e de Cingapura para participar de "aulas de espionagem", workshops de criação de bijuterias, sessões de bandas de rock e escolinhas de futebol.
"As famílias vêm e depois voltam e contam o que viveram a seus amigos em seus países", ela comentou. "Não é incomum recebermos várias famílias da mesma cidade ou escola."
As famílias mais ricas de Nova York geralmente não colocam seus filhos em "day camps" na cidade, optando em vez disso enviá-las a colônias de férias no Maine ou nos montes Adirondack, para passarem o verão inteiro. Os "day camps" na cidade geralmente recebem crianças ou adolescentes com mãe e pai que trabalham, quando nenhum dos dois pode tirar férias no verão e que precisam de opções para manter seus filhos ocupados. Mas famílias abastadas de outros países enxergam os "day camps" em Nova York como uma oportunidade cobiçada.
Futaba disse que, para as crianças com quem convive no Japão, participar de um day camp em Nova York é uma experiência obrigatória. "É uma coisa realmente cool", ela falou, expressando-se em inglês quase perfeito.
"Não temos esse tipo de oportunidades no Japão", comentou sua mãe.
No verão passado, a consultora educacional Grace Leng acompanhou 15 estudantes chineses de 7 a 12 anos de idade numa visita de sete dias aos Estados Unidos. Filhas de executivos de tecnologia, hoteleiros e industriais, elas passaram suas manhãs na Robofun, projetando carros eletrônicos e monstros robóticos.
Outras crianças asiáticas chegam sem acompanhantes adultos. Foi o caso de meia dúzia de adolescentes da China e do Japão que participaram no ano passado do CampusNYC, um programa culinário de duas semanas. Hospedados num dormitório, passaram seus dias preparando "blanquettes de veau", "Philly cheesesteaks" e bolo de gengibre e chocolate sem farinha. Nos fins de semana, fizeram tours gastronômicos da cidade.
A maioria das crianças chega com pelo menos um de seus pais e se hospeda em apartamentos alugados de alto padrão. O apartamento alugado por Futaba e sua mãe tem cozinha com balcões de granito e sala ampla.
Somando as passagens aéreas, os preços dos "day camps", dinheiro para gastos extras e o custo da alimentação, muitas famílias podem gastar mais de US$ 15 mil por filho, segundo a consultora educacional Evelyn Sinae Jang, de Seul.
Douglas Murphy, diretor do CampusNYC, disse que os participantes internacionais do ano passado vieram armados com os cartões de crédito de seus pais e os usaram para gastar centenas de dólares com bijuterias. Uma adolescente gastou US$ 800 numa loja de maquiagens.
Mas a maioria dos pais diz que manda seus filhos a day camps em Nova York para receberem algo que o dinheiro não compra: imersão na cultura americana.
Uma mãe, Zou Lifen, disse que a família quer que seu filho de 5 anos, Cao Zilin, aprenda inglês e se familiarize com o modo americano de viver, participando do Pierce Country Day Camp, em Roslyn, Nova York. A esperança é que ele faça o colegial e a faculdade nos Estados Unidos. No acampamento, Tony, como ele estava sendo chamado, mergulhou numa das sete piscinas da colônia de férias, jogou basquete, decorou panquecas e, na aula de artes, fez um colar com seu nome escrito.
Keiko Kawakami gostaria que Futaba pudesse expressar-se melhor. "Em casa, ela fica inibida", explicou. "Mas ela se solta quando está em Nova York. Quero que ela sinta essa confiança o tempo todo."