terça-feira, 30 de novembro de 2010

Traffic Jam #1 São Paulo



Leticia Sekito, da Companhia Flutuante, participa como artista convidada de 2 performances na abertura do resultado da residência artística Traffic Jam #1 SP, dia 1 de dezembro, na Matilha Cultural.
Juntamente com o músico Paulo Gallian, participará da performance da sul-coreana Sojin Chun e do colombiano Jorge Lozano, ambos residentes no Canadá, `as  19h30, e logo após, participará  da performance da taiwanesa Hu Nung-Hsin, residente em Nova York.

TRAFFIC JAM reune artistas internacionais durante 1 mês em uma cidade e, a partir de um processo de criação colaborativo, cada artista realiza uma obra em vídeo interagindo e dialogando com a paisagem urbana local. TRAFFIC JAM#1 é a primeira edição do projeto, que pretende migrar internacionalmente. Durante novembro de 2010, 10 artistas de 7 países diferentes realizam residência artística na Casa das Caldeiras, em São Paulo, e desenvolvem as obras expostas no Espaço Matilha Cultural entre 01 e 12 de Dezembro.

TRAFFIC JAM unites international artists during 1 month in a city and, from a process of collaborative creation, each artist develops a video interacting and dialoguing with the local urban landscape. TRAFFIC JAM#1 is the first edition of the project, that intends to migrate internationally. During November 2010, 10 artists from 7 different countries undertake an art residency at the Casa das Caldeiras, in São Paulo, and develop the works exhibited at the Espaço Matilha Cultura between 01 and 12 of December.

Mais informações nos sites
http://trafficjamproject.wordpress.com/
http://matilhacultural.com.br/2010/11/matilha-recebe-traffic-jam-212-1212/

Sejam bem-vindos!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Chow Hon Lam, ou Flying Mouse, é um designer de camisetas de Kuala Lumpur, na Malásia. Para ele, esta peça de roupa é um meio através do qual histórias podem ser contadas, de forma engraçada ou simbólica.
No entanto, as suas imagens não precisam estar em formato físico para serem apreciadas. Com originalidade e humor, propõe-se trazer um sorriso ao mundo em tempos de crise e nos Best Awards 2007 ganhou três prêmios: Desgin Impresso, Novo Talento do Ano e Melhor Conceito para Design.
Além de ter o seu próprio website (http://www.flyingmouse365.com/store/) de vendas online, trabalha para a Lotus F1, Air Asia, Nike e para a Dave Matthews Band. As camisetas encomendadas demoram até 3 semanas a chegar e os pedidos podem ser feitos para qualquer país.
Chow Hon Lam faz um pouco de crítica à cultura popular. De entre os seus trabalhos destacam-se avestruzes que querem voar, pacotes de leite a falarem com as suas mães, polvos disfarçados e monstros de patins.
Em uma sociedade moderna e imediatista, que promove cada vez mais a ideia de que o importante é ter – e não ser – fica muito fácil, obviamente, perder a referência de quem se é. Para o artista chinês Jeffrey Wang é muito difícil ater-se a si mesmo quando se vive sob o ataque constante de influências de todos os tipos. É um caminho certo para a perda da identidade.
Por isso, ele criou IDENTITY, um conceito que explora, em fotografia, o processo que deforma a essência do indivíduo, por meio de intervenções externas. IDENTITY é o modo como Jeffrey Wang enxerga todo esse processo, que existe desde a hora em que nascemos. IDENTITY é a luta pela própria individualidade.
Sua arte é influenciada pela filosofia, na qual vê um dos principais fatores que definem o comportamento das pessoas. Em seus trabalhos, o artista procura representar as emoções humanas. Para ele, apesar de os sentimentos serem muito pessoais, na observação e entendimento da obra sempre haverá pessoas que sentem as mesmas coisas, que se sentem conectadas umas às outras. O fato de a obra incitar o mesmo sentimento em indivíduos diferentes é o aspecto genérico. O sentir-se, de fato, conectado ao outro, é a individualidade.
Sua obra também é marcada por características da cultura chinesa. Wang afirma que o essencial em toda a arte é acrescentar um toque pessoal. Desse modo é possível atingir a todos. Não importa o quão abstrata seja a arte: quando há uma genuína individualidade na forma de transmitir uma visão de mundo, há, da mesma forma, uma genuína e fundamental conexão com o outro.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Uma visita monitorada, um curso-percurso. É assim que denominamos a nova aula que a professora Marcela Canizo irá promover no dia 27 de Novembro.
Aproveitando o centenário de nascimento do cineasta Akira Kurosawa, a Dô Cultural, associada à Japan Brazil Group, uma nova extensão de eventos da editora JBC lança um encontro, onde o público poderá visitar a exposição dos desenhos de Akira Kurosawa, ora em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, guiados por Marcela Canizo, especialista em cinema japonês. Ela contará sobre a fina sintonia entre os desenhos de Kurosawa e suas obras filmadas. A aula prossegue para dentro do Restaurante Rangetsu, para onde os alunos serão levados e continua agora, com uma degustação especialmente preparada para a ocasião. O Rangetsu, como sabem, está com o Festival Gastronômico Kurosawa A La Carte, mas para os participantes do curso, o proprietário Hajime Fujinawa preparou um menu especial, com um pouco de cada item oferecido no cardápio. Ou seja, participando do curso, o aluno poderá fazer uma degustação quase completa (só o Shabu Shabu não deu para incluir, devido a sua especificidade).
O dinheiro realmente pode comprar o amor na China – ou pelo menos esta parece ser uma crença comum neste país cada vez mais materialista.
Muitas histórias pessoais parecem confirmar que o marido ideal é aquele que pode dar uma casa e um carro, entre outras coisas; o sentimento fica em segundo lugar.
Mas apesar desse espírito mercantilista disseminado, nem todos pensam que é uma coisa boa. Uma série de peças, programas de televisão e filmes chineses tem levantado a pergunta: o que é o amor em uma era de crescimento econômico vertiginoso?
Muitos chineses ficaram chocados neste ano quando uma candidata em um popular programa de namoro na TV, “Se Você Fosse a Pessoa Certa”, anunciou: “Eu prefiro chorar em uma BMW do que sorrir em uma bicicleta”. Mas outros insistiram que a candidata, Ma Nuo, atualmente conhecida como a “mulher BMW”, estava apenas expressando uma realidade social.
A alta dos preços dos imóveis nos últimos anos contribuiu para esses sentimentos, com muitas pessoas em Pequim e em outras cidades aceitando a ideia de que uma mulher buscará o relacionamento com um homem apenas se ele já for dono de um apartamento.
Feng Yuan, 26 anos, que trabalha em uma empresa de educação do governo, tentou unir uma amiga a um homem que ela considerava um bom candidato.
“Quando ela soube que ele não era dono de um apartamento, ela nem mesmo quis conhecê-lo”, lembrou Feng. “Ela disse: ‘Qual o sentido? Sem um apartamento, o amor não é possível’.”
O medo alimenta essa postura. Após três décadas de crescimento rápido e desigual, há uma enorme ansiedade entre aqueles que sentem que estão ficando para trás, carentes de oportunidades e contatos para ganhar muito dinheiro, enquanto à volta deles outros prosperam e os preços sobem.
O novo credo pode ser duro, como um organizador de eventos culturais de 26 anos descobriu.
O homem, que pediu anonimato para proteger sua privacidade, ganha cerca de 4 mil yuans, ou US$ 600, por mês, o que deixa fora de seu alcance até mesmo um apartamento modesto em um bairro deselegante de Pequim. Esses imóveis podem custar cerca de US$ 3 mil por metro quadrado. A inflação imobiliária é severa. Há dez anos, um apartamento semelhante custava aproximadamente US$ 345 por metro quadrado.
Em vez disso, ele tentou impressionar sua namorada por três anos economizando por um ano para comprar um iPhone 3. O iPhone 4 mais novo –um alto símbolo de status– tinha acabado de ser lançado. Mas custando US$ 900, estava além do seu poder aquisitivo.
O telefone não bastou. Na semana passada, ela o deixou, citando a pressão de seus pais para encontrar um companheiro mais rico.
Ele está de coração partido, acreditando que, apesar de tudo, sua namorada realmente o amava. “Por que mais ela ficou comigo por três anos?” –apesar de morarem em um apartamento alugado. Mas ele também é filosófico.
“Eu entendo a situação dela e a pressão de sua família”, ele disse. “Eu também entendo que os pais dela querem que sua filha encontre alguém que possa dar a ela uma vida melhor.”
A única forma de encontrar o amor, ele disse, é ficar rico. “O mais importante para mim agora é trabalhar e ganhar mais”, disse. “Eu preciso ficar mais forte, sustentar a mim e aos meus pais, e então minha futura namorada poderá ter uma boa vida.”
Mas esses cálculos têm seus críticos. A postura durona de Ma, a mulher BMW, lhe rendeu uma leve reprimenda do diretor de cinema Zhang Yimou. Em uma entrevista no “The South China Morning Post”, um jornal de Hong Kong, ele pediu aos jovens que repensem seus valores.
“Eu não acho que o progresso econômico e a busca pelo amor excluem um ao outro”, ele disse.
Zhang, que fará 59 anos no domingo, representa uma geração mais velha que lembra de uma era maoísta mais igualitária, apesar de mais pobre e mais politicamente repressiva, antes das mudanças econômicas que causaram a luta pela promoção material.
Seu mais recente filme, “Under the Hawthorn Tree” (sob o espinheiro branco) descreve o amor inocente entre uma professora Jing Qiu, e um geólogo, Lao San. Situado em 1975, perto do final da Revolução Cultural, e sem nenhuma BMW em vista, o filme mostra a professora passando bastante tempo sorrindo na bicicleta de seu namorado. O amor é o lance, conclui o filme.
Outras produções se juntaram ao debate.
“Fight the Landlord” (combatendo o senhorio), uma peça de Sun Yue, que estreou em Xangai no mês passado, é outra defesa do amor em uma era de materialismo.
Uma personagem conhecida como B, importunada por uma sogra potencial a respeito de sua renda ordinária, grita: “Não pense que por eu não ter nada do que me orgulhar, você pode me insultar e me destruir!”
“Eu tenho minha dignidade e orgulho”, diz B, “e não quero transformar o amor, que prezo tanto, em algo vulgar e pálido!”
Um novo filme, “Color Me Love”, celebra o culto do materialismo, mas também termina meio que do lado do amor. Inspirado em “O Diabo Veste Prada” e commerchandising de produtos da Hermès, Versace e Diesel, ele conta a história da pobre e bela Fei ao chegar a Pequim como estagiária de uma revista de moda.
“Fei, um dia você entenderá”, alerta Zoe, sua editora glamourosa. “Nada é mais importante do que a pessoa com quem você passará o restante de sua vida.”
Um namoro tumultuado com um artista amalucado chamado Yihong acaba com o casal unido em Nova York. A imagem final a mostra nos braços dele, com um diamante no dedo. A verdadeira fantasia, talvez, seja amor com dinheiro.
Feng, que não conseguiu encontrar um par para sua amiga sem apartamento, disse que as exigências que muitas mulheres chinesas fazem aos seus potenciais pretendentes refletem fraqueza, não poder. Inferiores em status, elas temem não conseguir o que querem na vida, e procuram homens que possam propiciar isso a elas.
“As mulheres são muito dependentes”, ela disse. “A culpa é delas. Por que não podem trabalhar duro e comprar uma casa junto com seu homem? Mas muito poucas mulheres pensam assim atualmente.”
Assim como poucos homens chineses, reforçando as regras do jogo. Para o organizador de eventos de 26 anos, perder seu amor para o dinheiro foi justificado.
“Nós não precisávamos perder tempo em um relacionamento que estava condenado ao fracasso”, ele disse
A polêmica tomou conta dos cinemas da Índia com a estreia do primeiro filme produzido no país - cuja indústria cinematográfica é conhecida como "Bollywood" - que mostra um beijo entre dois homens.
A trama mostra dois jovens de classe média que se apaixonam e enfrentam dificuldades em serem aceitos pelas outras pessoas.
A homossexualidade é um tabu na sociedade indiana. Apenas no ano passado a relação entre pessoas do mesmo sexo deixou de ser crime no país.
Um dos protagonistas do filme diz que já recebeu ameaças anônimas pelo correio. Para ele, no entanto, a homossexualidade é parte de todas as culturas, inclusive a indiana.
Já representantes de diversas religiões, incluindo hindus, sikhs, muçulmanos e cristãos, condenam o que chamam de “celebração da homossexualidade”.
O público também parece dividido quanto o que pensar sobre a polêmica. Enquanto alguns defendem o banimento de filmes com temática gay, outros veem a homossexualidade como algo aceitável.

domingo, 14 de novembro de 2010


A Linguagem Espacial do Japão – Arquitetura e Jardins
Dôjô Cultural é uma Academia especializada em cultura japonesa, idealizada por Jô Takahashi, consultor especial de arte e cultura da Japan Foundation e diretor cultural do Instituto Brasil – Japão
As aulas são ministradas por especialistas conceituados, com concepção e coordenação de conteúdo de Jô Takahashi e promoção da Editora JBC.
A linguagem Espacial do Japão – Arquitetura e Jardins
As aulas percorrerão algumas obras representativas da arquitetura e de jardins, com visitas monitoradas que permitirão uma imersão e uma experiência espacial e tátil para uma compreensão mais consolidada dos tópicos.
Elaborada para pesquisadores, estudantes e profissionais que procuram na cultura japonesa uma referência para seus trabalhos acadêmicos e profissionais, a imersão permitirá aos participantes decodificar o significado das formas da arquitetura japonesa tradicional e contemporânea.
O programa é composto por
- Aula de introdução (gratuita) – A linguagem dos espaços japoneses*
- Módulo I: Arquitetura Suki-ya
- Módulo II: Jardins Japoneses
* Conteúdo teórico. Base conceitual recomendável para as pessoas que querem fazer o módulo I e II.
Informações Gerais
Datas, locais e horários
17/11: Aula de introdução (gratuita) – Fundação Japão, das 19h30 às 21h30
25/11: Módulo I – Restaurante Kinoshita, das 15h30 às 17h30
26/12: Módulo II – Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, das 15h30 às 17h30
Período de inscrição
até 22/11/2010
Investimento
total de R$ 119,00 (dois módulos)
Forma e condições de pagamento (à vista)
Depósito bancário ou Boleto Bancário (enviado ao e-mail informado).
Dúvidas e mais informações
E-mail: info@japanbrazilgroup.com
Telefone: (11) 5574-0045
Link para inscrição no curso: http://madeinjapan.uol.com.br/eventos/dojo-cultural/a-linguagem-espacial-do-japao-arquitetura-e-jardins/
Link para o Programa do Curso (PDF)

As mulheres na Índia estão optando por terninhos de trabalho que se ajustam às formas. No Sudão, uma mulher que vestir calças é mandada para a prisão. Nas capitais da Europa, o lenço de cabeça muçulmano torna-se um para-raios político. Em todo o mundo islâmico, novos estilistas instigam as mulheres a ampliar os limites da moda com roupas que misturam tendências das passarelas globais com costumes muçulmanos.
Nessas sociedades antigas que enfrentam um vendaval de produtos e ideias ocidentais, a mulher, muitas vezes, carrega nas costas as exigências opostas de tradição e modernidade. Seu modo de se vestir transmite muito mais que seu senso de estilo individual. Ela é avaliada pelo que usa ou não usa, seja por seus pais, cunhados, colegas de trabalho, homens grosseiros no ônibus e até por políticos, como ocorre com o debate sobre o lenço de cabeça islâmico.
Às vezes, ela se conforma com a tradição, às vezes a contesta. É o caso da Índia atual, onde uma década de crescimento econômico pujante foi acompanhada de novas oportunidades para a mulher urbana e, ao mesmo tempo, lhe oferece um cardápio de novos visuais.
"Quase todos os dias, eu sinto que este país está mudando", disse Anupama Dayal, uma estilista de Nova Déli cuja coleção de outono propõe vestidos curtos e túnicas frouxas. "E quem muda mais depressa? É a mulher."
Conforme a mulher conquista mais dinheiro, poder e liberdade, seu modo de se vestir geralmente muda. Mas, com maior frequência que os homens, as mulheres veem que suas opções de guarda-roupa são calibradas por expectativas culturais: recato, autoridade, ideais de feminilidade mutáveis.
O que pode conotar tradição para uma ocidental poderia ser um sinal de posição social elevada para uma mulher asiática ou africana.
Na Nigéria, por exemplo, uma estudante colegial está livre para usar jeans justos ou vestidos curtos, mas quando a mulher sobe na carreira profissional raramente é vista com roupas que não sejam as tradicionais do país, cujo custo e artesanato talvez não sejam evidentes para o olhar ocidental.
De maneira semelhante, na Índia uma jovem funcionária de escritório hoje quase sempre usa calças ou ternos. Mas é provável que uma gerente graduada escolhesse um sári.
"Eu realmente acho que o sári me dá muito mais autoridade", disse Ambika Nair, que trabalhou como jornalista e advogada e hoje dirige o ramo de publicações jurídicas da Thomson Reuters na Índia.
A vida das mulheres indianas está em profunda mudança. Há o mesmo número de meninas e meninos matriculados na escola primária. A porcentagem de mulheres no local de trabalho aumentou. As mulheres vivem cada vez mais por conta própria, viajam bastante, adotam crianças como mães solteiras e até se divorciam. Enquanto isso, elas têm de lidar com costumes sociais e religiosos arraigados, enfrentar o assédio sexual e, às vezes, a pura violência.
Como a prosperidade cria uma nova classe de obesos, uma nova consciência sobre estar em forma gerou um novo ideal feminino: magra, firme, em nada parecida com as beldades curvilíneas da antiga Índia, e com roupas adequadas. Os sáris para coquetéis, como são conhecidos, geralmente são feitos de chifom diáfano, às vezes bordado com cristais, talvez combinando com um bustiê.
Em alguns lugares, a globalização exportou as ideias ocidentais de beleza feminina e levou as mulheres a desnudar os corpos. Em outras partes, o ataque de imagens e ideias ocidentais reforçou a tradição, mas as roupas são elegantes.
Na Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo, o hijab, ou jilbab, como é conhecido, hoje é muito mais comum do que na geração passada. Mas hoje pode ser um lenço de estilista preso por um broche original, ou combinando com elegantes óculos de sol.
"Nós procuramos estilos e tendências no Ocidente e os modificamos para adaptar-se a nossas modestas necessidades", disse Liana Rosnita Redwan-Beer, editora de uma revista em Jacarta.
Zagarpur, hoje baseada em Dubai, começou a desenhar roupas para mulheres como ela: abrigos para corrida com tops mais longos, cobrindo o abdômen, túnicas de seda com estampas vivas, e até um hijab-capuz em uma peça, feito de tecido maleável e respirável. As fãs lhe escrevem para manifestar seu alívio; os críticos às vezes zombam de suas roupas por ser atraentes demais.
"Para mim", insiste Zagarpur, "ser recatada e chique é muito compatível."
Chique não parece ter sido a preocupação de Lubna Hussein, no Sudão, quando foi presa no ano passado acusada de indecência por usar calças, um crime passível de punição por 40 chicotadas sob a versão sudanesa da lei xariá. O tribunal acabou suspendendo a tortura, mas impôs uma multa de aproximadamente US$ 200. Quando Hussein se recusou a pagar, foi enviada para a prisão.
Na Índia, cuja sociedade está se modificando rapidamente, as mulheres têm de fazer opções delicadas o tempo todo.
Suhasini Haidar, uma âncora de televisão, usa um blazer feito sob medida quando está trabalhando. Mas sabe que para um jantar oficial do governo deve vestir um sári. "Existem vários lugares onde seria indelicado aparecer em roupas ocidentais", diz.
Para Dayal, o sári é reservado para momentos de reconhecimento. "Quando eu mais preciso de autoconfiança, tenho de usar um sári", ela diz. "Quando não posso assumir riscos, preciso usar sári -apesar de ter Armanis e Guccis e centenas de Anupamas em meu guarda-roupa."
Durante anos, os organizadores da luta de sumô reivindicavam a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos de Verão.
Mas o Comitê Olímpico Internacional estabeleceu uma regra em 1994 que proibia a participação de esportes praticados por somente um sexo.
Então, a Federação Internacional de Sumô encontrou uma nova forma para a prática do esporte que ofenderia os puristas e surpreenderia quase todo mundo: sumô das mulheres.
"No mundo profissional do sumô, mulheres no ringue são tão impensáveis quanto um rabino no comando de uma fazenda com criação de porcos", disse Stephen Gadd, secretário-geral da União Europeia de Sumô e presidente da Federação de Sumô da Holanda.
Mudança tão radical no esporte não veio com facilidade, e o empurrão foi dado fora do Japão. "Nós organizamos o primeiro torneio de sumô feminino com as campeãs europeias em 1996", disse Gadd. "Depois disso, a modalidade decolou na Europa".
Enquanto as mulheres europeias não estão receosas sobre o sumô, as japonesas têm mais o que combater além das enormes lutadoras europeias.
A maior dificuldade das japonesas vem de um estigma nascido no século 18, quando, como maneira de entreter os homens, mulheres de topless lutavam sumô com homens cegos.
Ainda que esse lascivo ritual finalmente tenha ficado para trás na metade do século 20 depois de ser banido por diversas vezes, um tipo permanece em festivais regionais obscuros.
Por essa razão, quando a Federação de Sumô Feminina foi criada no Japão em 1996, as japonesas evitaram se envolver.
Elas foram mantidas fora da competição, por causa da regra básica do esporte: as mulheres não podem entrar no ringue sagrado, o dohyo, sob pena de contaminarem o lugar dos embates com sua "impureza".
O sumô feminino no Japão está avançando.
"Um número crescente de mulheres está se envolvendo, certamente na casa da centena", disse Katrina Watts, presidente da Federação de Sumô da Austrália e locutora dos eventos de sumô, incluindo dos campeonatos mundiais. "Diria que é um bom esporte para as mulheres, porque é um esporte de contato físico sem que seja violento".
Hoje em dia, as meninas vão para a escola ou a universidade, porque recebem bolsa de estudos pela habilidade no sumô. E há campeonatos só para mulheres, como o "All-Japan Women´s Sumo Championship", que ocorre nos meses de outubro em Osaka.
Uma garota de 18 anos, ainda no colegial, chamada Yuka Ueta, foi a mais forte lutadora do campeonato. Com 124 quilos, ela venceu os cinco jogos em sua classe de peso para conquistar sua primeira medalha de ouro no grupo das mais velhas.
"Pessoas com peso normal podem fazer qualquer esporte que gostem, mas alguém pesado não tem muitas opções", disse Ueta. "Sumô é perfeito para esse tipo de mulher.
E se ela tem complexo em relação ao corpo, isso mudará com a prática do esporte".
Mesmo que as japonesas sejam as mais numerosas, as europeias tendem a dominar, como foi o caso em Warsaw.
Quanto aos esforços para fazer do sumô um esporte olímpico, Gadd afirma que a melhor chance para obter sucesso está na vitória do Japão para sediar os Jogos em 2020.