domingo, 14 de novembro de 2010

Durante anos, os organizadores da luta de sumô reivindicavam a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos de Verão.
Mas o Comitê Olímpico Internacional estabeleceu uma regra em 1994 que proibia a participação de esportes praticados por somente um sexo.
Então, a Federação Internacional de Sumô encontrou uma nova forma para a prática do esporte que ofenderia os puristas e surpreenderia quase todo mundo: sumô das mulheres.
"No mundo profissional do sumô, mulheres no ringue são tão impensáveis quanto um rabino no comando de uma fazenda com criação de porcos", disse Stephen Gadd, secretário-geral da União Europeia de Sumô e presidente da Federação de Sumô da Holanda.
Mudança tão radical no esporte não veio com facilidade, e o empurrão foi dado fora do Japão. "Nós organizamos o primeiro torneio de sumô feminino com as campeãs europeias em 1996", disse Gadd. "Depois disso, a modalidade decolou na Europa".
Enquanto as mulheres europeias não estão receosas sobre o sumô, as japonesas têm mais o que combater além das enormes lutadoras europeias.
A maior dificuldade das japonesas vem de um estigma nascido no século 18, quando, como maneira de entreter os homens, mulheres de topless lutavam sumô com homens cegos.
Ainda que esse lascivo ritual finalmente tenha ficado para trás na metade do século 20 depois de ser banido por diversas vezes, um tipo permanece em festivais regionais obscuros.
Por essa razão, quando a Federação de Sumô Feminina foi criada no Japão em 1996, as japonesas evitaram se envolver.
Elas foram mantidas fora da competição, por causa da regra básica do esporte: as mulheres não podem entrar no ringue sagrado, o dohyo, sob pena de contaminarem o lugar dos embates com sua "impureza".
O sumô feminino no Japão está avançando.
"Um número crescente de mulheres está se envolvendo, certamente na casa da centena", disse Katrina Watts, presidente da Federação de Sumô da Austrália e locutora dos eventos de sumô, incluindo dos campeonatos mundiais. "Diria que é um bom esporte para as mulheres, porque é um esporte de contato físico sem que seja violento".
Hoje em dia, as meninas vão para a escola ou a universidade, porque recebem bolsa de estudos pela habilidade no sumô. E há campeonatos só para mulheres, como o "All-Japan Women´s Sumo Championship", que ocorre nos meses de outubro em Osaka.
Uma garota de 18 anos, ainda no colegial, chamada Yuka Ueta, foi a mais forte lutadora do campeonato. Com 124 quilos, ela venceu os cinco jogos em sua classe de peso para conquistar sua primeira medalha de ouro no grupo das mais velhas.
"Pessoas com peso normal podem fazer qualquer esporte que gostem, mas alguém pesado não tem muitas opções", disse Ueta. "Sumô é perfeito para esse tipo de mulher.
E se ela tem complexo em relação ao corpo, isso mudará com a prática do esporte".
Mesmo que as japonesas sejam as mais numerosas, as europeias tendem a dominar, como foi o caso em Warsaw.
Quanto aos esforços para fazer do sumô um esporte olímpico, Gadd afirma que a melhor chance para obter sucesso está na vitória do Japão para sediar os Jogos em 2020.

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