sábado, 30 de agosto de 2014


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Park Yeon-mi era parte da geração do mercado negro na Coreia do Norte --a geração que cresceu em meio ao florescimento do comércio ilegal no país, isolado e apegado ao segredo.
A despeito da adesão oficial do país aos princípios comunistas, os norte-coreanos vêm demonstrando mais e mais lealdade extraoficial ao capitalismo.
Para Park, que escapou com sua família da Coreia do Norte em 2007, não foi apenas a exposição ao comércio desimpedido que abriu seus olhos aos limites da vida em seu país de origem. Foram os filmes estrangeiros, e acima de tudo uma cópia pirata de "Titanic", épico hollywoodiano de 1997.
Quando tinha nove anos, Park se viu forçada a assistir à execução da mãe de uma colega de classe. O crime pelo qual ela foi sentenciada?
Emprestar um filme sul-coreano a um amigo. Os moradores da sua cidade foram forçados a comparecer a um grande estádio para testemunhar a punição.
"Ela foi morta diante de nós", diz Park, 20. "Eu estava em pé ao lado de sua filha --toda a minha escola teve de comparecer".
Park agora vive em Seul, onde trabalha para o instituto de pesquisa Freedom Factory, e sua tarefa é ajudar a conscientizar o público sobre as dificuldades enfrentadas pelos compatriotas que ela teve de deixar para trás.
Na Coreia do Norte, assistir ou ouvir mídia estrangeira é considerado crime contra o Estado, passível de trabalhos forçados, prisão e até morte. A despeito disso, a popularidade dos filmes e programas de TV internacionais --contrabandeados para o país em pendrives e CDs e vendidos no mercado negro --não para de crescer.
"Existem níveis diferentes de punição", disse Park. "Se você for apanhado com um filme russo ou de Bollywood [Índia], é enviado para a prisão por três anos, mas se o filme for sul-coreano ou americano, você é executado".
A despeito dos riscos, Park e seus amigos não desistiram dos filmes que lhes ofereciam "uma janela para o mundo".
"Meus filmes favoritos eram Titanic', James Bond e Uma Linda Mulher' "" as pessoas contrabandeavam cópias piratas da China", ela contou ao "Guardian" por Skype, de Seul.
Park lembra que o preço de um DVD era equivalente ao de 2 kg de arroz, e por isso sua família e vizinhos trocavam os filmes comprados.
"Todo mundo tinha tanta fome que não podíamos bancar muitos DVDs", ela disse. "Por isso, se eu tinha Branca de Neve e um amigo tinha James Bond, nós trocávamos".
Estudos demonstram que acesso à mídia estrangeira solapa o controle do Estado em diversos níveis.
Um recente relatório produzido pela InterMedia a pedido do Departamento de Estado dos Estados Unidos constatou que "elevar o acesso direto à mídia vem acompanhado por crescente disposição da parte dos norte-coreanos a compartilhar informações com as pessoas em quem confiam", afirma o documento.

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Quase 15 anos depois do início da "invasão" japonesa, o mercado de histórias em quadrinhos no Brasil hoje está completamente miscigenado. Nas bancas, livrarias e nos estandes da Bienal do Livro de São Paulo, que chega ao fim neste domingo (31), os mangás aparecem em pé de igualdade com os tradicionais gibis de super-heróis ou mesmo clássicos brasileiros como a Turma da Mônica.
"O mangá está cada vez mais presente na vida do leitor", afirma Luciene Araújo, representante da editora Panini, que lança no Brasil os quadrinhos de heróis da Marvel e da DC e também HQs japonesas como "Naruto" e "Berserk". A editora aproveitou a Bienal para apresentar aos fãs o lançamento "Pokémon: Black & White", que há anos era aguardado pelos leitores em território nacional. Em poucos dias, as revistas esgotaram no estande da Panini.
Na tenda da Comix, uma das principais lojas dedicada aos quadrinhos em São Paulo, os mangás já representam 50% dos títulos comercializados, afirma o diretor comercial Ricardo Rodrigues. "O público jovem parece ter mais vontade de assimilá-lo", argumenta Rodrigues. "A 'Turma da Mônica Jovem' tem uma procura tremenda, muito maior do que pela 'Turma da Mônica' clássica", exemplifica Rodrigues, citando a versão atualizada dos personagens de Mauricio de Sousa, feita no estilo dos quadrinhos japoneses, e publicada pela mesma Panini há seis anos. Há também versões em mangá para heróis americanos como Batman e até para o romance "Helena", de Machado de Assis.
Versões da "Turma da Mônica" e do clássico de Machado de Assis "Helena" feitas no estilo mangá
Um dos segredos para o crescimento e consolidação do mangá no Brasil, aliás, é justamente a variedade de propostas disponíveis atualmente no mercado - são mais de 40 títulos novos em bancas por mês. "Existem mangás shounens (para meninos), seinens (para jovens adultos, que cresceu muito nos últimos dois anos), shoujos (para meninas) e até yaois (para meninas, mas que têm relacionamentos afetivos entre garotos). É mais fácil o leitor encontrar um mangá direcionado para sua idade agora do que em 2000", explica Marcelo Del Greco, editor da Nova Sampa, outra casa que aposta no segmento. 
Muitos desses leitores são de gerações que começaram a se interessar por animes e quadrinhos japoneses após os sucessos televisivos de séries como "Os Cavaleiros do Zodíaco" e o próprio "Pokémon", nos anos 90. Isso criou uma situação favorável para que novas editoras surgissem e para que antigas casas olhassem para o segmento.
Mais recentemente, com a explosão do gênero no mundo e a consequente exposição de animes (os desenhos animados japoneses) na internet, o mercado cresceu ainda mais, preenchendo uma "demanda reprimida", explica Cassius Medauar, editor da JBC, que participará de uma conversa sobre o tema com o jornalista e autor do livro "300 Mangás", nesta sexta-feira, às 19h, na Bienal. 
Para Medauar, a presença do mangá hoje é tamanha que se torna difícil dizer exatamente o que é o "quadrinho tradicional". "Se a referência for só a quadrinhos de 'heróis', dá para dizer que hoje há um empate técnico. Mas acho que não se deve comparar, e sim lembrar que, no fim, tudo são histórias em quadrinhos. O importante é o mercado se fortalecer como um todo", defende o editor no Brasil de títulos como "Sailor Moon", "Rurouni Kenshin" e "Soul Eater".

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Folha de São Paulo
quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mapa de Exército da China incorpora áreas em disputa

Publicação inclui regiões marítimas do sul do país e provoca protestos da Índia e de outros quatro vizinhos
Incidente eleva alerta na Ásia, já preocupada com a expansão militar de Pequim e a corrida armamentista na região
MARCELO NINIO DE PEQUIM
A notícia de que o Exército da China está distribuindo a seus soldados uma nova versão do mapa do país, com traçado mais amplo das fronteiras nacionais, intensificou o alerta nos países vizinhos.
A publicação do mapa, que foi revisado depois de 30 anos, foi anunciada em julho pelo jornal oficial do Exército da Libertação Popular.
Segundo militares, esta versão é "mais precisa" e já teve mais de 15 milhões de cópias entregues até 9 de julho.
Poucos dias depois, a principal agência de notícias da Índia (PTI, sigla em inglês) publicou reportagem dizendo que o novo mapa incorpora áreas de fronteira em disputa com outros países.
O artigo foi reproduzido pela imprensa indiana. A repercussão provocou mal-estar e levou Nova Déli a emitir um protesto contra Pequim.
Em encontro à margem da cúpula do grupo Brics em Fortaleza, em julho, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, enfatizou ao presidente chinês, Xi Jinping, a necessidade de resolver a crise.
China e Índia têm uma fronteira comum de mais de 4.000 quilômetros. Disputas territoriais que já levaram a uma guerra, em 1962, continuam sendo motivo de tensão entre os dois países mais populosos do mundo.
O potencial politicamente explosivo dos mapas chineses já havia se manifestado em outras ocasiões.
Em novembro passado, Japão, Taiwan e Coreia do Sul declararam sua irritação com a criação de uma zona de defesa aérea, que incorporava territórios disputados no mar do Leste da China.
Há dois meses, foi a vez de uma editora de Hunan, província na região central da China, divulgar um mapa em que inclui o Estado indiano de Arunachal Pradesh no território chinês e outras dez ilhas no mar do Sul da China.
Trata-se de uma expansão em relação à controvertida "linha de nove traços", que demarca as reivindicações marítimas chinesas. Feita em 1947, é usada como base para a política territorial adotada por Pequim.
Ricas em recursos naturais, as águas reivindicadas pela China são disputadas com pelo menos quatro vizinhos: Vietnã, Filipinas, Brunei e Malásia.
Em maio, as tensões entre China e Vietnã aumentaram depois que uma empresa estatal chinesa instalou uma plataforma de petróleo em águas que estão sob disputa.
Após várias escaramuças no mar, protestos violentos no Vietnã deixaram pelo menos três chineses mortos e causaram prejuízos a centenas de empresas chinesas.
Nesta semana, o governo vietnamita enviou uma delegação para tentar reduzir as tensões entre os dois países comunistas.
Outro motivo de preocupação dos vizinhos é o aumento da força militar chinesa. No ano passado, o país lançou seu primeiro porta-aviões e, em janeiro, testou mísseis nucleares, abrindo caminho para uma corrida armamentista no Extremo Oriente.
Além dos chineses, o Japão e a Coreia do Sul também ampliaram seu gasto militar para proteger suas áreas marítimas. No caso japonês, foi a maior modernização e expansão desde o fim da Segunda Guerra Mundial.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

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PUC-SP, 01/09, 16:00, SALA 100A
O Centro de Estudos Orientais do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica convida a todos para a palestra do professor José A. Sanchez, a ser proferida dia 01 de setembro às 16 horas.
Tras las sucesivas crisis de la representación que jalonaron el siglo XX y que dieron lugar a importantes transformaciones en la literatura, el pensamiento y las artes, el siglo XXI arrancó con la necesidad de repensar este concepto, si bien ahora la prioridad se sitúa en la esfera social y política. Una ética de la representación puede parecer algo contradictorio, ya que la ética opera en el ámbito de la práctica, y no de la representación. Pero ¿puede la representación tener una función práctica? Habrá que distinguir en primer lugar la ética de la moral. Habrá que distinguir los distintos conceptos que coinciden en el término representación. Y se propondrá pensar sobre las preguntas éticas que plantean algunas representaciones (estéticas y políticas) contemporáneas. En la conferencia se comentarán obras de Kiarostami, Jordá, Liddel y Mroué, entre otros. Y se discutirán conceptos propuestos por Virno, Spivak, Rancière y Alba Rico.
  José A. Sánchez es docente y autor de libros sobre práctica artística contemporánea en el ámbito de la literatura, las artes escénicas y el cine. Doctor en filosofía y catedrático de historia del arte en la Universidad de Castilla-La Mancha. Miembro fundador de Artea.

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Um grupo de atrizes pornô japonesas anunciou nesta segunda-feira (25) que participarão no próximo fim de semana de um evento de caridade contra a aids no qual durante 24 horas convidarão seus fãs a apertar seus seios.
As nove atrizes afirmaram em declarações à televisão local que estavam emocionadas por participar deste ato, que pode ser traduzido como "Seios e Ajuda" e que forma parte da campanha "Stop! Aids", mas pediram que seus fãs sejam suaves.
"Estou impaciente por ver muitas pessoas brincarem com meus seios", declarou Rina Serina ao jornal Tokyo Sports. "Mas agradeceria se, por favor, fossem delicados", acrescentou.
O evento será transmitido em um canal para adultos da televisão a cabo. Em troca de poder tocar seus seios, os fãs farão uma doação à campanha contra a aids.
"Nunca pensei que meus seios poderiam fornecer algo à sociedade", disse Serina.
Sua companheira de profissão, Iku Sakuragi, também não demonstrava apreensão por ser tocada por centenas de pessoas.
"É por uma causa benéfica", declarou a mulher de 21 anos. "Aperte, doe dinheiro, sejamos felizes".
Esta maratona peculiar de 24 horas começará às 20h locais do próximo sábado (8h em Brasília) e é apoiada pela fundação japonesa de prevenção contra a aids.

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É verão e a cidade praiana de Onjuku, na província de Chiba, está lotada de turistas. A população local, que beira os 7,5 mil moradores, mais do que dobra nos meses de julho e agosto, auge da estação mais quente no Japão.
Mas Isamu Yoshida, 65, proprietário de uma loja de empanados fritos, não se entusiasma com as vendas, apesar de não ter concorrência.
"Não posso reclamar das vendas no verão. Porém, no restante do ano, praticamente fico no vermelho", conta à BBC Brasil o comerciante, que toca a pequena e antiga loja aberta pelos pais há mais de 50 anos.
Localizada a cerca de duas horas de trem da capital japonesa, Onjuku sofre de um problema comum a quase metade das cidades, distritos e povoados japoneses: a queda constante e crônica da população, que pode levar inclusive estes municípios à extinção.
"É triste ver a cidade definhando aos poucos", lamentou Yoshida. "Todo mês vemos no jornal local que o número de mortes é sempre maior do que o de nascimentos", contou.
Segundo estatística do governo japonês, a população de Onjuku diminui em média 0,5% ao ano. Em 1995, a população era de 8.129 pessoas. Em 2013, caiu para 7.632.
Se continuar neste ritmo, em 50 anos a população local será pouco mais de 2,5 mil pessoas.
Segundo o relatório de uma subcomissão do Conselho de Política do Japão, quase metade dos municípios de todo o país poderá ter dificuldades para continuar operando normalmente até 2040.
 O estudo deu especial atenção à população de mulheres com idade de 20 a 39 anos, pois elas são consideradas um fator-chave que irá determinar o futuro da população japonesa.
O grupo, liderado pelo ex-ministro de Assuntos Internos, Hiroya Masuda, definiu cidades, vilas e aldeias cujas populações provavelmente diminuirão em pelo menos 50% ao longo do período 2010-2040.
Pesquisadores da comissão explicaram à BBC Brasil que a estimativa foi feita com base em várias estatísticas do Instituto Nacional de População e Pesquisa da Segurança Social.
No total, 896 municípios, ou 49,8% do total do país, foram indicados como locais que podem desaparecer.
O relatório também alertou que 523 localidades cujas populações estão abaixo de 10 mil moradores – o que representa cerca de 30% do total – têm uma alta propensão a "quebrar" já nas próximas décadas, a menos que medidas eficazes sejam tomadas.
Onjuku, visitada pela reportagem da BBC Brasil, está entre estes municípios.
"Infelizmente, esse problema tem sido ignorado há muito tempo, porque ninguém quer falar sobre um futuro desfavorável. Agora, nós devemos reconhecer essa grave questão", comentou à reportagem uma fonte da subcomissão.
Em contrapartida, a população nas grandes cidades tem aumentado, o que sugere que as pessoas estão deixando os pequenos municípios, onde quase não há oferta de emprego, para buscar oportunidades fora.
Kazuya Shiton, 25, de Onjuku, conta que está planejando deixar a casa dos pais e buscar um emprego melhor em Tóquio ou outra cidade maior.
 O jovem, que trabalha na construção de vias públicas, explicou que o serviço atual é ruim e rende pouco dinheiro.
"Aqui também não há locais para lazer para os jovens", lembra. "Todos os meus amigos já se mudaram para outras cidades. Não vejo outra saída."
Para a subcomissão do Conselho de Política do Japão, o problema mais grave é que muitos destes jovens que vão para a capital japonesa não têm filhos.
"Criar uma criança em um ambiente como Tóquio é muito caro. Além da dificuldade de encontrar creches, a assistência é pouca para os pais, o que contribui para a baixa taxa de natalidade verificada na capital japonesa", explicou a fonte da subcomissão.
Para tentar resolver o problema, o governo japonês deve anunciar no próximo mês a criação de um comitê que vai tratar exclusivamente da regeneração de cidades do interior, focado principalmente na criação de postos de trabalho para jovens e no aumento da taxa de natalidade.
Por conta própria, o empresário americano Del Ricks abraça a ideia. Instalado em Onjuku apesar dos riscos econômicos, ele é só sorrisos.
Há seis anos, Del Ricks e a companheira, a sul-coreana Kelly Cho, abriram um negócio praticamente de frente para a paradisíaca praia da cidade.
 "Não tenho do que reclamar", falou. "Enquanto a maioria dos comerciantes locais trabalha mesmo apenas dois meses por ano, nós temos clientela fixa por oito meses."
Ricks dá aulas de surf, aluga equipamento para a prática do esporte, tem uma lanchonete e ainda oferece quartos para turistas.
"Meu público não é o local. Trabalho com pessoas que vêm de Tóquio", explicou.
Além dos turistas que curtem praia, o casal trabalha principalmente com surfistas – que frequentam a cidade quase o ano todo –, pescadores, mergulhadores e empresas que buscam lugares diferentes para fazer festas para os funcionários.
Para o norte-americano, Onjuku poderia se tornar um local atrativo se o governo investisse mais para trazer jovens empreendedores e aposentados que moram nas grandes cidades.
"Aqui, o custo de vida é muito mais barato, além de ser muito menos estressante", defendeu.

sábado, 23 de agosto de 2014


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Mais de 24 anos de trabalho e 12 mil páginas repartidas em 61 volumes foram necessários para completar a biografia do falecido imperador japonês Hirohito, uma obra que foi apresentada esta semana e que será publicada em 2015 no Japão.
O livro, realizado pela Agência da Casa Imperial, relata o reinado de Hirohito (1901-1989), conhecido postumamente como o imperador Showa, que inclui delicados episódios históricos como a entrada do país na Segunda Guerra Mundial e o pós-guerra sob ocupação americana.
Os atuais imperadores japoneses, Akihito e Michiko, participaram da revisão da obra e completaram seus últimos capítulos, segundo informou o responsável da agência, Noriyuki Kazaoka, em declarações publicadas pela imprensa nacional.
A compilação de informação para redigir a biografia começou em 1990 e inicialmente estava previsto que se completasse em 16 anos, embora esta data limite teve que ser adiada por duas ocasiões e até chegar ao ano em curso.
A obra se baseia no princípio de "transparência", segundo a Agência do Palácio Imperial, que quis assim deixar para trás as críticas recebidas pela biografia do antecessor de Hirohito, o imperador Taisho (1879-1926), cujas algumas passagens foram censuradas.
No entanto, a agência imperial decidiu deixar de fora os registros acadêmicos de Hirohito e seu histórico médico.
A biografia se baseia em informações recolhidas de cerca de 3 mil diferentes fontes, entre elas os diários de assistentes do imperador, registros de suas visitas a outros países e entrevistas com meia centena de funcionários do Palácio Imperial.
Um total de 112 trabalhadores em tempo integral ou parcial desta instituição trabalharam na compilação da informação e na redação da obra, cuja elaboração custou 200 milhões de ienes (1,46 milhão de euros), sem contar despesas de pessoal.
A Agência do Palácio Imperial planeja publicar o primeiro volume do livro em março de 2015, e o resto dos tomos será editado durante os seguintes cinco anos.

sábado, 16 de agosto de 2014



Quando a fábrica de roupas de seus filhos foi bombardeada em Aleppo, o empresário considerou duas opções desanimadoras: continuar na cidade e correr o risco de morrer no próximo ataque aéreo ou fugir, como centenas de milhares de sírios, para a Turquia.
Sua decisão, porém, foi diferente. Ele pegou todo seu dinheiro e foi para o leste, rumo a Raqqa, a capital de fato da força jihadista que mais cresce no mundo. Lá ele encontrou um grau de ordem e segurança inexistente em outras partes da Síria.
"O conflito na Síria vai continuar, então é preciso tocar a vida", disse o empresário Qadri, que não revelou seu sobrenome.
Bem antes de extremistas entrarem no Iraque e tomarem grande parte do território, o grupo então conhecido como Estado Islâmico no Iraque e no Levante, ou EIIL, tomou o controle da maior parte da província de Raqqa, com população de cerca de 1 milhão, e montou um quartel-general em sua capital. O grupo, que agora adota a denominação de Estado Islâmico, ou EI, passou a impor seus preceitos à região.
Embora alguns o respeitem por restaurar uma aparente normalidade, muitos nessa comunidade com tradição de tolerância estão alarmados com as execuções públicas e códigos sociais rígidos.
Na cidade, policiais de trânsito mantêm o fluxo nos cruzamentos, os crimes são raros e os coletores de impostos emitem recibos. No entanto, estátuas consideradas blasfemas foram destruídas, como os marcantes leões do parque Al Rasheed. Espaços públicos, como a praça Al Amasy, onde rapazes e moças flertavam à noite, foram murados. Pessoas acusadas de furto tiveram suas mãos amputadas publicamente.
Recentemente, um repórter do "New York Times" passou seis dias em Raqqa e entrevistou uma dezena de moradores. O repórter e os entrevistados não estão identificados aqui para protegê-los contra retaliações dos extremistas.
A prefeitura de Raqqa abriga a Comissão de Serviços Islâmicos. O Banco de Crédito de Raqqa agora é a autoridade fiscal, cujos funcionários cobram US$ 20 (cerca de R$ 45) a cada dois meses de donos de lojas por energia elétrica, água e segurança. Muitos disseram que recebem recibos oficiais com o símbolo do EI e que os tributos são menores do que os subornos que tinham de pagar ao governo Assad.
"Sinto que estou lidando com um Estado respeitado, não com assassinos", comentou um ourives de Raqqa.
Um funcionário de agência humanitária que vai sempre a Raqqa disse que as forças do EI estão repletas de jovens estrangeiros de passagem, mais interessados em violência do que em governança. Para manter as coisas funcionando, o EI paga ou ameaça trabalhadores qualificados para que continuem em seus cargos, sob a supervisão de pessoas leais ao regime.
"Eles não podem demitir toda a equipe e trazer outras pessoas para dirigir um hospital, então trocam o administrador por alguém que irá impor suas regras e regulamentos", disse esse funcionário.
As três igrejas cristãs em Raqqa foram fechadas. Após ocupar a maior delas, a Igreja dos Mártires Católicos da Armênia, o EI retirou suas cruzes, pendurou bandeiras pretas na fachada e transformou-a em um centro islâmico que exibe vídeos de batalhas e operações suicidas. Os poucos cristãos restantes pagam um imposto de alguns dólares por mês aplicado às minorias.
A polícia religiosa proibiu fumar cigarros e narguilés em público -o que sufocou a vida social e levou ao fechamento de cafés. As mulheres também são obrigadas a cobrir cabelo e rosto em público.
Do ponto de vista pragmático, o EI conseguiu manter mercados abastecidos e padarias e postos de gasolina funcionando. No entanto, água potável e eletricidade podem ter cortes de até 20 horas por dia.
Na entrada sul da cidade, antigamente os visitantes eram saudados por um mosaico do presidente Bashar al-Assad e de Haroun al-Rasheed, o califa que governou o mundo islâmico a partir de Raqqa no século 9°. Agora há um enorme outdoor preto que homenageia o EI e os chamados mártires que morreram lutando por sua causa.


Este país tem uma lista generosa de alimentos que alguns acham difícil de engolir, como pupas fervidas de bicho-da-seda e filhotes vivos de polvo, que costumam prender as ventosas no palato dos comensais.
Mas a raia fermentada desta ilha do sul supera todos eles. Esse prato de peixe chamado hongeo é de longe a comida mais fedida da Coreia do Sul, descrita por amantes e detratores como algo que libera odores semelhantes ao de uma latrina. Servido geralmente na forma de fatias borrachentas, o hongeo é louvado pelo cheiro de amônia que libera, às vezes tão forte que causa escamações na boca de algumas pessoas.
"Eu costumava pensar que as pessoas não conseguiam comer essas coisas, a menos que fossem loucas", disse Park Jae-hee, um executivo de marketing. "Mas, como o queijo azul fedido, não tem substituto uma vez que você se apaixona por ele."
Mesmo aqueles que deliram com seu sabor exótico admitem alegremente que essa paixão acarreta alguns prejuízos sociais. Um trajeto de metrô após comer hongeo pode deixar a pessoa isolada. Os proprietários de restaurantes especializados em hongeo aconselham os clientes a cobrirem seus casacos com sacos plásticos antes da refeição.
O modesto peixe, outrora apenas uma especialidade regional nas províncias de Jeolla do Sul e Jeolla do Norte, no sudoeste da Coreia, acompanhou a migração de trabalhadores rurais durante o "boom" industrial sul-coreano do século 20, com a abertura de restaurantes especializados para atender às crescentes populações dispersas de nativos.
Há cerca de dez anos, um acordo de livre comércio com o Chile ajudou a reduzir a resistência ao peixe, inundando o mercado com a raia chilena, mais barata.
Fãs do peixe comparam a textura aveludada do fígado congelado de hongeo derretendo sobre a língua ao foie gras. O cheiro, na cabeça deles, é o maior atrativo, junto com a sensação de formigamento na boca por causa da amônia. Gourmets dizem que um bom jantar com hongeo precisa terminar com uma sopa do peixe, exalando vapores de amônia fervente. Esse peixe que se alimenta no fundo do mar e tem um sorriso de Guy Fawkes tempo sustenta a economia da ilha de Heuksan, e barcos pesqueiros saem várias vezes por mês até as águas próximas, onde o hongeo se alimenta e desova.
Os ilhéus dizem que o peixe inicialmente ganhou admiradores por aqui devido a um capricho da biologia. Antes de existir refrigeração, os antepassados dos pescadores aprenderam que o hongeo era o único peixe que poderia ser enviado ao continente, a cerca de 100 km, sem ser salgado. O hongeo não tem bexiga, e por isso excreta o ácido úrico pela pele. Ao fermentar, exala amônia, que evita que ele estrague.
"O hongeo não faz xixi, e é aí que começa o milagre", disse Kim Young-chang, 77, o proprietário de um restaurante de hongeo aqui. Convicto dos poderes do peixe, Kim desfiou uma lista de supostos benefícios para a saúde de quem o come. "Eu nunca vi ninguém ter problemas de estômago depois de comer hongeo", proclamou.
O peixe está ajudando a rejuvenescer esta ilha de 2.200 habitantes, que já foi um grande porto, onde milhares de barcos procuravam abrigo contra tufões e onde tripulantes negociavam seus peixes e visitavam seus famosos bares. A cidade havia diminuído nas últimas décadas, já que os barcos com armazenamento refrigerado podiam levar sua produção até mais longe, tornando a ilha menos útil como entreposto comercial em alto mar.
Com a crescente popularidade do hongeo, os moradores começaram a apresentar a ilha como uma atração turística, onde as pessoas poderiam saborear o autêntico "Heuksan-do hongeo", e restaurantes de hongeo já substituíram muitos dos bares à beira-mar.


Uma dúzia de soldados arrombou as portas de uma pequena casa no meio da noite, arrastou Thangjam Manorama para um quarto e começou a torturá-la. Seu irmão mais velho tentou detê-los e foi duramente espancado. Sua mãe se levantou para defendê-la, mas levou uma pancada e desmaiou.
Depois de aproximadamente uma hora, Thangjam foi levada para fora da casa. Na manhã seguinte, a família encontrou seu corpo crivado de balas no acostamento da estrada. Os soldados alegaram que Thangjam era uma insurgente que foi baleada enquanto tentava escapar. Um médico legista disse que ela foi alvejada à queima-roupa enquanto estava deitada, e que as manchas em seu vestido eram de sêmen, mas os tiros em sua vagina impossibilitaram a comprovação de estupro. Não havia dúvida sobre os responsáveis: os soldados não fizeram nenhum esforço para esconder seus rostos.
Uma década depois, ninguém foi preso ou acusado pelo crime. Ativistas, advogados e outras pessoas dizem saber exatamente o motivo: uma lei da era colonial em vigor na periferia da Índia que dá total imunidade aos soldados indianos em tribunais civis para todos os tipos de crimes cometidos, incluindo o estupro.
Defensores de direitos humanos há anos pedem a revogação da lei, conhecida como Lei de Poderes Especiais das Forças Armadas. Mas a lei resiste. Sendo a maior democracia do mundo e berço de Mohandas K. Gandhi, pioneiro da resistência pacífica, a Índia há muito tempo é considerada umas das nações mais progressistas do mundo, com sólidos programas de combate à pobreza e esforços para fornecer benefícios especiais às comunidades marginalizadas. O país tem atualmente 168 entidades estaduais e federais de defesa de direitos.
Porém, uma realidade mais sombria se esconde por trás dessa imagem progressista, especialmente em localidades de difícil acesso. Na Caxemira, há milhares de sepulturas sem identificação em cemitérios secretos criados pelo Exército e pela polícia para esconder seus crimes. Mesmo quando autoridades civis confirmam que inocentes foram assassinados, não acontece nada.
"Temos todas essas importantes instituições de direitos humanos, mas ninguém na Índia consegue justiça quando o Estado assassina um membro de sua família", disse Henri Tiphagne, presidente do conselho do Fórum Asiático para os Direitos Humanos e o Desenvolvimento, com sede em Bangcoc. Comissões do governo têm repetidamente recomendado que a lei seja revogada, mas o Exército da Índia tem minado todos esses esforços.
"Se não tivéssemos essa proteção constitucional, você gostaria que fôssemos arrastados para um tribunal por acusações pequenas?", disse o general J. J. Singh, chefe do Exército, em uma entrevista coletiva em 2005. A lei está em vigor em grande parte do nordeste da Índia, uma protuberância territorial que às vezes não passa de 22 km de largura, contornando o norte e o leste de Bangladesh A ampla variedade de idiomas, culturas e animosidades da região há décadas alimenta revoltas sangrentas.
Soldados e policiais nem se preocupam em esconder as provas quando assassinam e estupram inocentes, disse Babloo Loitongbam, fundador da Human Rights Alert, em Imphal. "A liderança política e o Judiciário criaram um ecossistema onde a matança patrocinada pelo Estado é rotineira, e eles fazem isso com total insensibilidade", disse Loitongbam.
Uma investigação realizada no ano passado por uma comissão nomeada pela Suprema Corte da Índia, envolvendo seis casos representativos no Estado de Manipur, encontrou explicações oficiais para as mortes tão desprovidas de bom senso e em desacordo com os indícios disponíveis que a conclusão foi de que as vítimas foram todas assassinadas. Ainda assim, ninguém foi preso. Um dos agentes suspeitos recebeu a mais elevada condecoração indiana em tempos de paz, por bravura.
O ministro-chefe de Manipur, Okram Ibobi Singh, não respondeu a telefonemas para comentar o assunto. Um assessor recusou um pedido de entrevista com o ministro do Interior de Manipur, Gaikhangam Gangmei, encarregado de supervisionar a polícia. Os esforços de associações de vítimas, bem como a investigação da Suprema Corte surtiram efeito, disse Loitongbam, do Human Rights Alert.
Os policiais e soldados antes matavam centenas de pessoas todo ano; neste ano, a cifra caiu drasticamente. Viúvas formaram a Associação Manipur de Famílias de Vítimas de Execuções Extrajudiciais para ajudar as mulheres a obterem justiça.
A associação registrou 1.528 assassinatos cometidos por policiais entre 1979 e 2012, o que representa apenas uma fração das execuções ocorridas na Caxemira no período, mas suficiente para afetar a maioria das comunidades.
O Ministro da Defesa, Arun Jaitley, disse em junho que a lei de imunidade permanecerá em vigor até que a paz esteja assegurada.