terça-feira, 28 de julho de 2009


Manga Mad -Tokyo Otaku é um documentário de 2008 que fala da evolução do mangá desde a Segunda Guerra Mundial até o século XXI, mostrando as obsessões culturais que o público japonês foi desenvolvendo em torno do mangá. Disponível para ver no link




Japão abriga legião de robôs desempregados
Por HIROKO TABUCHI
KITAKYUSHU, Japão - Eles podem ser os trabalhadores mais eficientes do mundo. Mas, em meio à crise global, enfrentam dificuldades para arrumar emprego. No Japão, país que tem o maior contingente mundial de operários mecanizados, legiões de robôs estão ociosas por causa da pior recessão das últimas décadas, que reduz a demanda mundial por carros e artigos eletrônicos.Numa grande fábrica da Yaskawa Electric, na ilha de Kyushu (sul), onde antes robôs produziam mais robôs, agora há uma solitária máquina girando com seus braços mecânicos, testando seus motores para o dia em que as encomendas voltarem. Seus "colegas" permanecem imóveis e enfileirados. É possível que passem muito tempo desempregados. A produção industrial japonesa despencou quase 40%, levando consigo a demanda por robôs.Ao mesmo tempo, o futuro parece menos brilhante. O aperto financeiro está injetando em alguns dos mais fantásticos projetos japoneses -como robôs de estimação ou recepcionistas cibernéticas- uma dose de realismo que pode paralisar a inovação mesmo por muito tempo depois de a economia se recuperar.
Embora em longo prazo os robôs possam ser mais baratos que operários de carne e osso, o investimento inicial é muito maior. "A recessão fez o setor dos robôs recuar anos", disse Tetsuaki Ueda, analista da empresa de pesquisas Fuji Keizai. Isso vale para os robôs industriais e para os simpáticos robôs de brinquedo. Na verdade, diversos modelos adoráveis já se tornaram vítimas da recessão. A fabricante Systec Akazawa declarou concordata em janeiro, menos de um ano depois de lançar o seu pequeno robô ambulante Plen.O Roborior, da Tmsuk -uma espécie de caseiro com rodinhas e formato de melancia, que percorre a casa usando sensores infravermelhos para detectar movimentos suspeitos e uma câmera para transmitir imagens a moradores ausentes-, sofre para encontrar novos usuários. Isso é uma vergonha, na opinião de Mariko Ishikawa, assessora de imprensa da Tmsuk, porque os ocupados japoneses poderiam usar o Roborior para ficar de olho nos seus pais idosos, quando estes moram no interior do país. "O Roborior é justamente o tipo de robô que a socidade japonesa precisará no futuro", disse ela.O envelhecimento da população japonesa criou mais um imperativo para o desenvolvimento dos robôs domésticos. Mas as vendas do My Spoon, robô da Secom que tem um braço articulado e equipado com uma colher, para ajudar idosos e deficientes a comer, também estão estagnadas, já que o equipamento custa ao redor de R$ 8.000.A Mitsubishi Heavy Industries não conseguiu vender nem um só exemplar do Wakamaru, um robô para tarefas domésticas, do tamanho de um bebê, que foi lançado em 2003. E a Sony deixou de fabricar seu cão-robô, o Aibo, em 2006, sete anos depois do lançamento. Embora inicialmente tenha sido popular, o Aibo, a um preço superior a R$ 4.000, jamais conseguiu atingir o mercado massificado. Já o pequeno i-Sobot, da Takara Tomy, capaz de reconhecer palavras faladas, vendeu 47 mil unidades desde o lançamento, no final de 2007, a R$ 600 cada. Mas, com a redução das vendas no ano passado, o fabricante não tem planos de lançar novas versões.Kenji Hara, analista da Seed Planning, empresa de marketing e pesquisas, diz que muitos projetos robóticos japoneses tendem a ser irreais, concentrando-se em humanoides e em outros saltos da imaginação que não podem ser prontamente levados ao mercado. "Os cientistas japoneses cresceram assistindo a desenhos de robôs, então todos querem criar companheiros de duas pernas", disse Hara. "Mas eles são realistas?Os consumidores realmente querem robôs empregados domésticos?"A Robot Factory, que já foi a meca dos fãs de robôs em Osaka, fechou em abril, após uma forte queda nas vendas. "Afinal, os robôs ainda são caros e não fazem muita coisa", disse Yoshitomo Mukai, cuja loja, a Jungle, assumiu parte do antigo estoque da Robot Factory.É claro que isso não vale para os robôs industriais -ao menos não quando a economia prospera. A Fuji Heavy Industries argumenta que seus robôs são práticos e fazem sentido economicamente. A empresa vende um gigantesco robô para limpeza que usa elevadores para percorrer sozinho os andares. "Um robô irá trabalhar dia e noite sem se queixar", declarou Kenta Matsumoto, porta-voz da Fuji. "Pode-se até economizar luz e calefação."



sábado, 25 de julho de 2009




A REVOLTA DA CARNE -DIÁLOGOS BRASIL-JAPÃO 0
SESC Consolação



Projeto composto por seminário, exposição e mostra de filmes que tem como proposta apresentar e discutir a história e o corpo contemporâneo a partir da obra de Tatsumi Hijikata e sua relação com artístas brasileiros como Ferreira Gullar,Lígia Clarck e Hélio Oiticica no início dos anos 60. Para a participação no seminário faça sua inscrição pelo site www.sescsp.org.br. Valores:R$20,00 (inteira); R$10,00 (Usuário matriculado, maiores de 60 anos, estudantes, professores da rede pública de ensino com comprovante); R$5,00 (Trabalhador no comércio e serviços matriculados e dependentes).




quinta-feira, 23 de julho de 2009

IGARASHI CAPÍTULO 3-RESUMO

Igarashi, Os Corpos da Memória Cap 3
A Nação que nunca é: O Discurso Cultural da Unicidade Japonesa
O autor examina alguns exemplos da literatura japonesa que enfatizam as características híbridas de entre-lugar da cultura japonesa, e através dos exemplos, faz uma análise crítica dos discursos culturalistas e nacionalistas, especialmente, dos efeitos das narrativas fundadoras no nacionalismo japonês, e no impacto destes discursos nas imagens dos corpos japoneses das décadas posteriores.
Assim, considerando que o discurso da década de 1980 tem raízes no discurso cultural gerado durante o pós-guerra. O autor explica como o Nihonjinron — discurso sobre a unicidade do Japão que ganhou popularidade nas décadas de 1970 e 1980, baseado em reducionismos sobre categorias supostamente a-históricas que comprovam a unicidade japonesa — tem raízes na década de 1950. Momento em que a nova realidade política precisava, desesperadamente, de uma representação discursiva da nação.
Nessa época, o tratado de segurança de 1951 estabeleceu as relações de poder entre EUA e Japão, nas quais o Japão era militarmente dependente dos EUA. Durante este período, o Japão passou por uma época de prosperidade econômica e de explosão de consumo por produtos semelhantes aos consumidos pelos americanos. Foi por isto que, na metade da década de 1950, floresceram as discussões culturais do entre-lugar e do hibridismo.
Igarashi expõe as posições dos principais intelectuais e críticos da época, como Kato Shuichi e Kato Hidetoshi. Mostrando diversas posições em relação ao hibridismo e ao entre-lugar na cultura japonesa. O cientista político Maruyama Masao publicou também, nesta mesma época, alguns artigos apontando que a tradição intelectual japonesa era fragmentada por natureza, como se adequasse e recriasse fragmentos de tradições estrangeiras ad infinitum.
Kato Shuichi escreveu uma tese sobre o hibridismo (zasshusei) da cultura japonesa, expondo que o Japão é o lugar onde o Oriente e o não Oriente podem se encontrar. Nisto residiria a unicidade do Japão, no encontro e na coexistência de diversas tradições culturais.
Maruyama Masao nega a tese de Kato. Para ele, a aceitação eclética de tradições estrangeiras somente revela a falta de uma posição subjetiva na tradição intelectual japonesa. Em vez de ver as possibilidades criativas da cultura híbrida, Maruyama enfatizou a infertilidade do clima intelectual do Japão, onde muitas tradições europeias somente coexistiam. Kato vê possibilidades culturais no hibridismo, e Maruyama enfatiza o aspecto negativo do ecletismo na tradição intelectual japonesa.
Os contos escolhidos por Igarashi de Kojima Nobuo e de Oe Kenzaburo trazem uma visão crítica do discurso japonês e examinam a qualidade híbrida do entre-lugar na cultura japonesa no discurso da década de 1950. Os dois autores centram suas análises, em particular, no retrato de figuras do entre-lugar, que encarnam o tropos para demonstrar seus efeitos específicos na sociedade. Kojima usa personagens americano-japoneses, e Oe apresenta um intérprete japonês e uma prostituta numa coletânea de contos de 1958. No primeiro, a nacionalidade já marca os personagens como entre-lugar, em contraste, Oe apresenta características de entre-lugar nas personagens.
Kojima representa, alegoricamente, estas condições na forma de uma unidade militar no momento do colapso do império nipônico. Particularmente, os idiomas e os corpos são o lugar de luta das personagens de Kojima para recuperar suas identidades dentro do espaço da unidade militar. No Enkei Daigaku Butai, de 1952, Kojima não faz referências a sociedade japonesa do pós-guerra. Ele foca as vidas cotidianas dos membros de uma unidade militar. Na análise do conto, Igarashi salienta a relação com a língua de cada uma das personagens. O protagonista está inseguro de sua identidade e, metaforicamente, também de sua língua nativa, ecoando a crítica de Maruyama Masao à celebração ao hibridismo da cultura japonesa. Para Maruyama, os elementos estrangeiros na cultura japonesa provocam, principalmente, confusão. Ao contrário, numa outra personagem de um japonês-americano, há a predisposição e a facilidade com diversas línguas, o que encarna a avaliação positiva de Kato sobre as condições culturais no Japão. Também sua forte sexualidade é apontada como uma possibilidade criativa que Kato vislumbrava no hibridismo japonês. O texto Enkei Daigaku Butai está dividido em duas partes e é baseado no contraste entre a relação entre as duas palavras: o outro e o não nomeado. O outro sendo os EUA, cuja presença é quase imperceptível e distante, e mais presente no imaginário coletivo.
A presença da China aparece encarnada em uma mulher chinesa com quem o protagonista se relaciona. Ela tem três nomes, encarnando na sua identidade os três idiomas: Toshiko, Juia e um nome chinês que ela escreve na parede, mas nunca pronuncia.
Na discussão do pós-guerra sobre hibridismo cultural japonês entre Kato e Maruyama, a Ásia, particularmente a China, desaparece do cenário, e o hibridismo japonês é descrito somente em relação com o Ocidente. Da mesma maneira, no conto de Kojima, o silêncio do nome chinês prefigura a ausência da China no final da guerra, já que a guerra acaba sendo direcionada somente aos EUA. O autor detalha alguns outros momentos da narração, e mostra que o espaço descrito é muito semelhante ao que Kato e Maruyama descrevem nos escritos da década de 1950. Um espaço que é estático e sem referência ao contexto histórico.
No conto Hoshi (estrelas), o protagonista americano-japonês fica preso no Japão numa visita a sua avó. Sua identidade híbrida é estabelecida através de detalhes como sua educação e seu nome, e isto dispara uma série de respostas e atitudes das personagens japonesas a respeito “do outro”, o nissei, que é chamado de “América”. Somente as estrelas da hierarquia militar dão ao protagonista um lugar definido. A metáfora das estrelas percorre toda a busca da identidade do protagonista. No final da guerra, quando o poder dos EUA fica acima da autoridade dos militares japoneses, as estrelas restam como souvenir para os soldados americanos. Igarashi comenta como a sociedade japonesa do pós-guerra converte-se numa extensão do espaço militar, prevendo a transformação profunda da sociedade japonesa, ele salienta a ausência da representação dos japoneses-americanos na sociedade japonesa, e a importância da obra de Kojima Nobuo sobre este assunto.
Em 1953, houve um incidente onde três pracinhas jogaram um cafetão japonês da ponte Sukiya em Tóquio, e o homem morreu frente a passividade das testemunhas japonesas. Igarashi cita então a obra de Oe Kenzaburo, onde se menciona este incidente em duas histórias do final da década de 1950, relembrando ao leitor a passividade dos japoneses que participaram da cena, e a humilhação internalizada pelo Japão no período do pós-guerra. A inação demonstra que a sensação de humilhação foi apagada da mente de muitos. Nos seus contos, Oe retrata o que ele chama de os in betweens (entre-lugares) — um intérprete, uma prostituta com clientes estrangeiros, um gay japonês com um parceiro francês — e através dos quais analisa o conflito entre os estrangeiros como dominadores e os japoneses como dominados. Oe usa personagens de entre-lugar que encarnam o desejo sexual por trás dos relacionamentos.
Igarashi considera Oe como mais nacionalista que Kojima, e o relaciona com Benedict Anderson, no sentido da procura da união nacional no lamento das perdas. Oe deseja reinscrever a perda na história do Japão e insiste em fazer o lamento da perda e em reconhecer a humilhação do pós-guerra. Na história Totsuzen no oshi, que ocorre num pequeno vilarejo nas montanhas, um grupo de pracinhas e um intérprete japonês, chegam no vilarejo e geram fascínio e admiração pelos americanos. O intérprete é o porta voz de uma comunicação direta entre os habitantes e os soldados, porém, ele tem uma atitude arrogante perante a população, enquanto mantém uma atitude obsequiosa com os soldados. Aos poucos, a imagem do intérprete vai se tornando mais e mais conivente, revelando, de alguma forma, a ansiedade contida que é provocada pela presença dos soldados entre a população, e vai-se criando uma situação de conflito entre os americanos e os habitantes, o que acaba com a morte do líder dos habitantes do vilarejo. O filho do líder chora com o pai morto nos braços e a população inteira fica unida, revivendo a tensão pelos soldados. No final, afoga-se o intérprete no rio, eliminando, deste jeito, a possibilidade de comunicação com os soldados. O fim da mediação também elimina a obsequiosidade e traz a importância de chorar a perda da autoridade para recuperar a identidade com a rejeição ao inimigo.
Oe torna visível a tensão histórica entre o Japão e o Ocidente, oferecendo uma alegoria da perda e do lamento que uniu um vilarejo remoto. O intérprete simboliza a figura de entre-lugar na qual os japoneses olham passivamente como um homem morre.
Na condição do Japão do pós-guerra, a perda fundamental foi encoberta pela narrativa fundadora, que, efetivamente, disparou o tropos do hibridismo e do entre-lugar. A autoridade maior do Japão, o imperador, não morreu, e ficou como a figura de entre-lugar mais visível do período do pós-guerra: como o mediador entre os EUA e o Japão.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Entrevista Xinran Xue, revista Veja 22 jul 09

Revista Veja Edição 2122 / 22 de julho de 2009

Entrevista XINRAN XUE

"Vocês não entendem a China"

A escritora que criou um programa de rádio para mostrar os problemas das mulheres chinesas diz que o mundo critica seu país sem levar em conta suas raízes culturais.


Acesse o link para ver a reportagem.

Manga na França

Pequena reportagem de uma feira de Mangá na França.

domingo, 12 de julho de 2009

seminário revolta da carne

A Revolta da Carne
Experiências antropofágicas
Franco-nipo-brasileiras
Dia 5 e 6 de agosto de 2009


Dia 5 de agosto de 2009

10h:00 – 11h:00 Abertura
Palestra de apresentação do projeto com os curadores Christine Greiner, Ricardo Muniz e Hideki Matsuka, Representante do Sesc e da Fundação Japão.

Será apresentada a proposta da exposição, os principais temas do seminário e os modos como foram relacionadas “a revolta da carne” no Japão e no Brasil, a partir de 1959 – ano que marca o nascimento do butô no Japão com a performance “Cores Proibidas” e é lançado o manifesto neo-concreto de Ferreira Gullar no Brasil.


11h:00- 11h:30
Excertos de filmes apresentam experiências, introduzindo o que o filósofo Kuniichi Uno chama de “partidários da vida singular do corpo”, como Tatsumi Hijikata, Antonin Artaud, Pasolini e Jean Genet.


11:h30 – 13h:00
Palestra com Kuniichi Uno
“Hijikata, Artaud e Terayma: gestos de ultrapassagem”

Uno estabelece algumas pontes entre estes três grandes artistas: o criador do butô Tatsumi Hijikata e os revolucionários do teatro Antonin Artaud e Shuji Terayama. Estes artistas-provocadores partilharam uma obsessão pela dissolução de fronteiras entre a vida e a morte, a ficção e a realidade, a palavra e o corpo.

Kuniichi Uno é professor da Universidade Rikkyo de Tóquio. É tradutor de diversos autores importantes como Jean Genet e autor de livros e artigos sobre Artaud, Hijikata e Gilles Deleuze, que foi seu orientador de doutorado no começo de sua carreira.

13:00h – 14h:00 almoço

14h:00- 15h:00
“As imagens do butô ” - com Takashi Morishita
Morishita apresenta fotografias históricas da vida e obra de Tatsumi Hijikata, assim como exemplos do método de notação (buto-fu) elaborado pelo artista a partir de seus cadernos de criação.

Takashi Morishita é responsável pelo “Arquivo Genético de Hijikata” da Universidade Keio de Tóquio.

15h:00- 16h:00
“As imagens de Helio Oiticica” com Celso Favareto
Favareto discute diferentes momentos da obra de Oiticica, com ênfase na passagem da representação pictórica para o envolvimento com o carnaval da Mangueira e as transformações radicais do corpo em movimento.


Celso Favareto é professor da Universidade de São Paulo, na Faculdade de Educação. Atua na área de Filosofia, com ênfase em Estética e em Ensino de Filosofia.


16h:00- 16h:30 Coffee Break

16h:30- 18h00
Possíveis conexões
Todos os participantes das palestras realizadas durante o dia fazem um bate-papo apontando possíveis conexões entre a obra e o pensamento dos artistas apresentados, com a mediação de Christine Greiner.

19h:00 – 22h:00
Abertura da exposição e exibição de filmes


Dia 6 de agosto de 2009

10:00h - 11:00h
Palestra com o professor Yoshikuni Igarashi

“O corpo no pós-guerra: as mãos japonesas”
Como o corpo se tornou a mídia mais importante para a reconstituição do Japão no período pós II Grande Guerra. Este tem sido o tema da pesquisa de Igarashi desde o seu primeiro livro “Corpos da Memória”, cuja discussão culmina no suicídio do escritor Yukio Mishima. Após uma breve contextualização do período, Igarashi apresenta a sua nova pesquisa sobre o corpo no pós-guerra a partir das visões da sociedade de consumo. A palestra será ricamente ilustrada por imagens e, ao focar na questão do trabalho, toma como ponto de partida as representações das mãos.

Yoshikuni Igarashi é professor do Departamento de História da Universidade Vanderbilt.

11h00 - 12:00h
Palestra com a professora Denise de Sant' Anna –
"O impacto da filosofia francesa nos estudos do corpo no Brasil"
Ao refletir sobre a história do corpo, Denise de Sant’Anna aponta conexões entre a filosofia francesa, sobretudo a fenomenologia francesa, e os modos como temos estudado o corpo no Brasil. Tais pontes conceituais e perceptivas impactaram não apenas os pesquisadores teóricos mas muitos artistas brasileiros.

Denise de Sant’ Anna é professora do Departamento de História da PUC-SP.

12h:00- 13h:00
Palestra com a professora Christine Greiner
"O impacto da filosofia européia nos estudos do corpo no Japão"
Há momentos diferentes de diálogo entre a filosofia européia e o Japão que começam sobretudo a partir de releituras de Heidegger e Nietzsche, e se desdobram posteriormente em discussões cada vez mais políticas através das pontes com os pensamentos de Georges Bataille, Levinas, Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jean-Luc Nancy e Giorgio Agamben. A palestra faz a ponte entre estas discussões e experiências artísticas.

Christine Greiner é professora do Departamento de Linguagens do Corpo da PUC-SP, onde dirige o Centro de Estudos Orientais.

13:00h- 14h:00 almoço

14h:00 às 16h:00
Palestra de Suely Rolnik
"Imagens de Lygia Clark”

A partir das imagens de Lygia Clark, Suely Rolnik demonstra a importância de algumas experiências da artista para os novos entendimentos do corpo, as políticas de subjetividade e o desafio de viver junto.

Suely Rolnik é psicanalista, ensaísta e curadora, professora do Núcleo de Subjetividade da PUC-SP.

16h30 – 17h:00 Coffee break

17h00 às 18h00
Documentário “Min Tanaka à la Borde” de Joséphine Guattari et François Pain (1986, 25').
O filme mostra vivências do dançarino de butô Min Tanaka na clínica La Borde, criada em 1951 por Jean Oury em um castelo na França. Esta clínica, muito marcada pela atuação Felix Guattari a partir da metade dos anos 50, foi fundamental, em vários sentidos, para o reconhecimento e respeito à individualidade de cada paciente nos tratamentos psiquiátricos.

comentários de Peter Pál Pelbart e Kuniichi Uno

Peter Pál Pelbart é filósofo e ensaísta, professor do Departamento de Filosofia da PUC-SP. Coordena a Cia. Teatral Ueinzz.

18h:00- 19h:00
mesa redonda
Possíveis conexões
Todos os participantes das palestras realizadas durante o dia fazem um bate-papo apontando possíveis conexões entre a obra e o pensamento dos artistas apresentados, com a mediação de Christine Greiner.



Palestras para abrir as mostras de filmes de Hijikata e Terayama


Dia 12 de agosto
20 horas

Palestra com Kuniichi Uno apresentando a filmografia de Shuji Terayama

Dia 19 de agosto
20 horas

Palestra com Christine Greiner apresentando a filmografia de Tatsumi Hijikata

terça-feira, 7 de julho de 2009

capitulos 1 e 2 de Bodies of Memory

Cap 1 e 2

No primeiro capítulo, Igarashi discute o impacto da bomba atômica, a imagem do imperador Hirohito e o começo das turbulentas relações entre Estados Unidos e Japão.
Muitos americanos consideravam as bombas justificáveis para por fim à guerra, enquanto para os japoneses, evidentemente, a ação havia sido considerada repugnante e anti-humanitária. Da parte das autoridades, as narrativas eram igualmente contraditórias, tanto no que se referia às decisões de Truman ou às intervenções de Hirohito que, pela primeira vez, começava a se fazer presente. Igarashi explica que até 45, Hirohito estava escondido como as bombas e a sua aparição pela primeira vez em público modifica radicalmente o entendimento de corpo e de autoridade suprema que se tinha no Japão, até então. O encontro entre MacArthur e Hirohito fazia parte de um melodrama que identificava o imperador com uma figura feminina e o americano como o masculino, representando respectivamente os seus paises em uma relação de submissão e humilhação para o japoneses.
No papel de vitima, o Japão rapidamente muda para heroína de um melodrama que continuava a se instalar. Essas narrativas que começaram a se organizar foram traduzidas em filmes, romances e outras manifestações mídiaticas. Um filme que se destaca na época é The Barbarian and a Geisha, com John Wayne no papel de Townsend Harris, que negocia um tratado de abertura do Japão para os Estados Unidos e, no meio tempo, apaixona-se por uma geisha tentando a todo custo “salva-la”. Igarashi cita outros exemplos que replicam os melodramas reais e continuam até mais recentemente a expressar conflitos e ambivalências entre as duas culturas, como o romance Rising Sun de Michael Crichton de 1992, que começa com a descoberta do assassinato de uma jovem caucasiana no predito Nakamoto, de uma corporação japonesa. O protagonista, detetive Smith, aprende que a economia japonesa estava ultrapassando a americana e que a nova guerra não dispunha mais de bombas atômicas, mas de disputas no mercado financeiro e de consumo. Uma pista que Igarashi segue com ênfase maior ou menor no decorrer de todo o livro.
No 2 cap, explica que entre os japoneses, o “pensamento racional” manteve um viés despótico mas apos a guerra o corpo aparecia claramente se rebelando. Os japoneses passaram a desconfiar do pensamento, afirmando que o corpo é a verdade. A dor do corpo, o desejo do corpo, a fúria do corpo, a êxtase do corpo, a confusão do corpo, o sono do corpo – estas são as únicas verdades.
Para ilustrar isso, começa citando o escritor e performer
Tamura Taijiro, que se apresentará como o escritor da carne.

Depois do colapso do regime de antes de 1945, os corpos que permaneceram entre as ruínas das cidades foram celebrados como signos da nova vida no Japão. A maioria das cidades japonesas tinha sido destruída pelo bombardeio americano, e havia pouca coisa para bloquear a visão nesses espaços urbanos. Para muitos sobreviventes da guerra, seus corpos eram o único objeto material que conseguiram resgatar da destruição dos ataques aéreos. Assim que Hiroito começou a viajar ativamente através do país destroçado pela guerra e se misturou com a população japonesa, a imagem do imperador mantendo-se em pé nas ruínas urbanas, metaforicamente representava o estado dos corpos japoneses no período imediatamente posterior a guerra. O corpo do imperador, que tinha sido submetido a um rígido sistema burocrático e que tinha sido afastado do olhar da população, voltou a aparecer perante as pessoas. Shiba Ryotaro, que cobriu a viagem do imperador a Kyoto em 1950 como repórter de um jornal, mais tarde comentou que a imagem do imperador foi produzida no percurso de suas viagens através do país acabado: “Existia o sentimento de que num Japão que não tinha nada, o imperador sozinho existia, e o resto eram ruínas. A imagem do pós-guerra do imperador foi criada quando ele fez as viagens a diversas regiões numa época como esta” . Aos olhos de muitos japoneses, a figura do imperador foi humanizada e liberada dos constrangimentos do regime prévio a 1945, assim como seus próprios corpos no período do pós-guerra.
Durante o 2 cap, Igarashi cita outros autores importantes como o professor da universidade de Tokyo e ideólogo nacionalista Kakei Katsuhiko que pretendia recuperar uma espécie de espírito nacional, que havia sido enfraquecido diante da derrota.
Esta postura acaba refletida em outras instancias importantes da sociedade japonesa, deflagrando uma fase de higienização que acomete por exemplo, os leprosários nacionais. Esta atitude vinha se firmando desde a década de 1930 e foi ainda mais incisiva em relação aos doentes mentais nos hospitais psiquiátricos. O objetivo era afastar esses doentes da sociedade, cultuando de alguma forma, a “normalização dos corpos”. Os corpos que não estavam em forma eram corpos antipatrióticos. O exercito era uma instituição que almejava, mais que todas as outras, produzir corpos ideologicamente sadios através de um treinamento vigoroso.
A luta pela supervivência nos primeiros anos de pós-guerra mudou radicalmente isso. Diante da fome massiva, era difícil sustentar a postura ideal. Por outro lado, foi um processo de recuperação dos sentidos corporais e particularmente, do entusiasmo pela sexualidade.O desfrute sexual marcou a liberação dos corpos japoneses do pós-guerra, expressando o desafio ao regime regulatório que demandava sacrifícios corporais. O fato do estado não conseguir restringir o mercado negro a pesar de uma serie de intentos, só confirmou a sua inabilidade para controlar a vida cotidiana dos corpos. O cuidado atento das funções do corpo e dos sentidos era o médio de ir além dos mandados regulatórios do estado. A cultura do pós-guerra que emergia das experiências nos mercados negros festejava a sexualidade como a materialização dos sentidos corporais. A partir daí, Igarashi cita muitos exemplos, sobretudo da literatura que ilustram essas mudanças de percepção do corpo.

JAPAN EXPO 2009 (Paris)

De quinta-feira a domingo passado (02-05/07), aconteceu em Paris a JAPAN EXPO (equivalente da ANIME DREAM em Sampa) que comemorou esse ano sua décima edição.
É uma das maiores feiras do tipo no mundo e reune mais fans a cada ano. Começou com apenas 3200 visitantes em 2000 e terminou no ano passado com 134 000. Não conheço os números definitivos para 2009 mas no único día de sábadom foram mais de 50 000 pessoas.
O manga representa 40% dos HQs vendidos na França e são mais de 150 novos títulos publicados todo mês. A França é o segundo país consumidor de manga no mundo, perdendo apenas para o Japão, representa 2/3 do mercado do manga na Europa e o japonês é agora a segunda língua mais traduzida para o francês.

Mangas, animês, CDs, shows ao vivo com bandas do Japão (AKB 48m entre outras), comidas, artigos diversos, atividades, pré-etréias e, é claro, roupinhas "adequadas".
Ainda existem pouquíssimas lojas especializadas em cosplay por aqui, especialmente, fora de Paris e muitos do cosplayers fabricam sozinhos suas fantasias e accessórios. Alguns começam os preparativos meses atrás... (como para o carnaval brasileiro!) e começam também a poupar dinheiro em previsão, pois os fãs gastam uma média de 100 a 200 euros durante o evento (as filas na frente dos caixas automáticos son enormes).
Com isso tudo, podem maginar que a JAPAN EXPO 2009 foi um sucesso...
(Para quem estiver interessado, tem mais fotos em meu blog)

PS : Parabens pelo trabalho com o livro do Igarashi !