terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ENCONTROS DO CEO


QUINTA-FEIRA (10/12), SALA 5OOC, 17:00

DANCE DANCE DANCE KOREA

ALUCINAÇÃO, COREIA MIX, ELEFANTE AZUL, BEYONCÉ COREANA

dongA.com

http://www.donga.com/

ANIMÊ IN BRAZIL?????

Depois de Cowboy Bebop e Samurai Shamploo, os mesmos produtores dessas duas série lançaram um animê que foi divulgado como se transcorresse no Brasil, mais especificamente em uma favela típica do Rio de Janeiro. Ao se assistir os 22 episódios de Michiko e Hatchin (2008-2009), descobre-se que, na verdade, este animê se passa em um país fictício em um ambiente que lembra a década de 1970, com base em algumas características de países latinos, sendo o Brasil o de maior importância. Até mais ou menos a metade do animê há uma combinação de diversas culturas latinas misturadas com a cultura brasileira, já a segunda metade do animê se passa quase toda com elementos somente do Brasil. Na trama, o olhar da cultura japonesa, que é normalmente vista como exótica, carrega nas tintas do exotismo ao retratar aspectos estereotipados, folclóricos e equivocados do que a visão estrangeira em geral imagina que é a América Latina.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ENCONTROS DO CEO

QUINTA-FEIRA (3\12), SALA 500C, 17:00




Quando uma das filhas de Kim Jong-chang, principal supervisor financeiro da Coreia do Sul, casou-se em junho passado, Kim fez algo pouco comum: ele dispensou o caixa e os envelopes cheios de dinheiro.
Este é um costume dos casamentos sul coreanos, tanto quanto o oficial de cerimônia. Antes de entrar no salão do casamento, os convidados fazem uma fila em frente da mesa do caixa para entregar um envelope cheio de dinheiro. O caixa abre o envelope e registra o nome do convidado, e a quantia dada, num livro-caixa com capa de couro - normalmente na frente dos próprios convidados.
"O problema com essa tradição é que ela pode ser usada como suborno", disse Kim, chefe do Serviço de Supervisão Financeira, que regula os bancos e o setor de investimentos da Coreia do Sul. "No meu caso, muitos banqueiros teriam aparecido com presentes em dinheiro.
Eles se perguntariam se eu fiquei chateado porque eles não colocaram o suficiente no envelope."
Presentear em dinheiro para ajudar os amigos a custearem as despesas de casamento ou dos enterros é um velho costume por aqui. Mas nos últimos meses, o costume tem sido considerado desperdício de dinheiro, e às vezes até mesmo um incentivo à compra de votos e ao suborno.
Em maio, depois que algumas reportagens criticaram casamentos extravagantes que aconteceram em hotéis cinco estrelas durante a crise econômica, o presidente Lee Myung-bak incentivou os ricos e poderosos da Coreia do Sul a darem o exemplo e lutarem contra a cultura dos casamentos "fúteis e extravagantes".

Kim faz parte de um pequeno grupo - cada vez maior - de pessoas, tanto entre as famílias comuns quanto entre as mais influentes, que se juntaram à campanha, recusando-se a aceitar presentes em dinheiro e mantendo sua lista de convidados relativamente pequena. Ban Ki-moon, o secretário geral da ONU de origem sul-coreana, convidou apenas alguns amigos mais próximos e parentes para o casamento de seu filho em maio, assim como o ministro de Exterior Yu Myung-hwan, quando sua filha se casou em abril. Em outubro, Chung Jung-kil, chefe de equipe de Lee, seguiu o exemplo.
Ainda assim, esses casamentos mais modestos foram considerados tão excêntricos que ganharam as manchetes.
Na Coreia do Sul, onde a "aparência" é notoriamente valorizada, o status social de uma família é medido pelo número de convidados nos casamentos, assim como pela quantidade de dinheiro doado e a suntuosidade do banquete. Nos funerais, o número de coroas de flores presenteadas pelos amigos, parceiros de negócios e políticos locais funcionam como uma métrica semelhante.
"Aqui, um casamento é muito mais uma ocasião para a família se mostrar do que uma celebração", disse Lee Yoon-ji, que coordena uma empresa de planejamento de casamentos e um estúdio fotográfico no bairro rico de Kangnam, em Seul. "Por exemplo, se a família da noiva descobre que tem bem menos convidados do que o noivo, é humilhante."
Algumas famílias enviam milhares de convites de casamento. Às vezes eles incluem o número de uma conta bancária para que as pessoas que não podem comparecer possam, ainda assim, enviar dinheiro.
Com frequência, a decisão de ir a um casamento está ligada ao fato de o casal, ou seus parentes, terem comparecido a casamentos ou enterros da família do convidado - ou se poderão comparecer no futuro. As famílias mantêm registros de quanto receberam de quem, para que possam retribuir. Não fazê-lo pode arruinar amizades.
"Às vezes você envia convites até para pessoas que não conhece muito bem", disse Kim. "Eles chegam como se fossem impostos ou cobranças".
Todos os anos, cerca de 330 mil casais sul-coreanos gastam em média 15 a 20 milhões de wons (R$ 22 mil a R$ 29 mil) em seus casamentos, disse Lee Woong-jin, dono da Sunoo, uma agência de casamentos que realiza uma pesquisa anual sobre os gastos com a cerimônia. O custo pode exceder os 50 milhões de wons (R$ 75 mil) para os casamentos realizados em hotéis.


A maior parte disso é coberta pelos presentes em dinheiro. No ano passado, os sul-coreanos deram 8 trilhões de wons (R$ 12 bilhões), ou 524.500 wons (R$ 780) por família, em presentes de casamentos e funerais, de acordo com o Escritório Nacional de Estatística.
"Esta é uma tradição em que 'uma mão lava a outra'. Não vejo nada de errado nisso. Você paga e recebe ajuda em troca", disse Han Seung-ho, 33, fotógrafo cujo casamento em outubro atraiu 370 convidados. "Sem os presentes em dinheiro, meu casamento teria sido um grande fardo financeiro para mim."
Mas esses envelopes também refletem uma cultura na qual dar dinheiro é considerado tão natural que as pessoas às vezes chamam a oferta de "cumprimento" - e, em alguns casos, usam-na para encobrir subornos. Quando as leis eleitorais da Coreia do Sul foram revisadas em 2004, elas proibiram os políticos de oferecerem envelopes em dinheiro, exceto nos casamentos e enterros de parentes próximos.
Três candidatos que concorriam à eleição em cooperativas agrícolas e pesqueiras foram acusados em setembro e outubro de dar presentes em dinheiro nos casamentos de eleitores. Um supervisor educacional de uma província foi amplamente criticado na mídia em abril depois de ter convidado 2 mil pessoas - incluindo os diretores de todas as 460 escolas sob sua jurisdição - para o casamento de seu filho.
Chung Woo-jin, 50, presidente da Q&Q Medi, uma empresa de suprimentos médicos, disse que muitos convidados de casamentos comparecem à cerimônia "relutantemente", temendo que possam perder contratos de negócios ou promoções no trabalho se não forem. "Então eles comparecem para provar que estiveram lá, dão o envelope e se apressam para desfrutar da refeição, sem nem mesmo olhar para os noivos", disse ele.



Chung recusou-se a aceitar envelopes em dinheiro no enterro de sua mãe em junho. Mas ele disse que ainda se sente forçado a comparecer a 40 ou 50 casamentos e funerais de seus amigos, empregados e conhecidos dos negócios por ano, doando a cada vez uma média de 100 mil wons (R$ 150).
Enquanto isso, alguns casais mais novos estão se rebelando contra o que chamam da cultura "comercial" do casamento, controlada pelos pais. São os pais que normalmente enviam os convites, coletam o dinheiro e pagam pelo casamento, e como regra, muitos convidados comparecem muito mais por causa dos pais do que pelo casal.
"Algumas das minhas amigas se sentem frustradas, perguntando-se se o casamento é para elas ou para seus pais", disse Lee Eun-jeong, 35, que trabalha numa editora em Seul. Ela limitou seu casamento em junho a 135 convidados e não aceitou envelopes. "Nós também detestamos quando um amigo que não nos contatou por anos de repente nos procura antes do casamento, obviamente pensando nos nossos envelopes", disse ela.
A Coreia do Sul já teve campanhas pela frugalidade nos casamentos. Em 1973, o último homem forte militar, Park Chung-hee, tentou proibir os convites escritos, flores e presentes nos casamentos e enterros, na crença de que esses costumes eram supérfluos e incongruentes com sua campanha para construir e modernizar a economia.
Mas o incentivo foi, na melhor das hipóteses, esporádico, e os especialistas dizem que os casamentos ficaram ainda mais extravagantes depois de 1999, quando as restrições foram retiradas e os hotéis cinco estrelas e agências de casamento entraram no mercado.
Kim, o chefe de supervisão financeira, prevê que ainda levará tempo para que a tradição dos envelopes de dinheiro seja extinta.
"Francamente, eu me pego pensando: 'Dei todos esses envelopes ao longo dos anos. Por que não deveria recebê-los apenas uma vez no casamento da minha filha?'", disse. "Nem sempre é fácil dizer qual é a diferença entre subornos e presentes genuínos nos nossos casamentos."








Como vender cerveja em um país onde cerca de 60% da população é muçulmana e proibida pelo governo de comprá-la? Com muito cuidado.
A Guinness Anchor, que conta com a maior participação de mercado dentre as três cervejarias na Malásia, celebrou recentemente o 250º aniversário da Guinness com um concerto perto de Kuala Lumpur, com participação do Black Eyed Peas. A empresa teve que criar uma área separada onde álcool podia ser servido e concordou em não usar a palavra "Guinness" no concerto ou na divulgação do evento.
Inicialmente, muçulmanos não estavam autorizados a ir, mas as autoridades posteriormente mudaram de ideia. O concerto não teve lotação esgotada, mas foi assistido por cerca de 16 mil pessoas. Não se sabe quantas eram muçulmanas.
"Nós voltamos nossas atividades principalmente aos chineses malasianos e aos indianos malasianos", disse Charles Ireland, o diretor administrativo da cervejaria, referindo-se às maiores comunidades não muçulmanas do país.
Apesar desses desafios culturais -e do fato da Malásia ter um dos impostos mais altos do mundo sobre o comércio de bebidas alcoólicas- o consumo de cerveja aqui permaneceu relativamente estável ao longo da última década. Analistas e fabricantes locais estão cautelosamente otimistas de que as vendas poderão aumentar gradualmente à medida que a economia melhorar, aumentar a renda disponível e crescer a população de 28 milhões de pessoas.

O Euromonitor International, um grupo independente de pesquisa de mercado, prevê que o consumo de cerveja na Malásia aumentará para 144 milhões de litros neste ano e para 171 milhões de litros em 2014, em comparação a 137 milhões de litros em 2008. Apesar do álcool ser proibido em alguns países de maioria muçulmana, na Malásia ele é legal para não-muçulmanos e está disponível em supermercados, bares e restaurantes. Ainda assim, ele continua sendo um assunto sensível.
Em julho, uma modelo muçulmana foi sentenciada a receber chibatadas após ser pega bebendo cerveja em um hotel, no Estado de Pahang, no leste. Na maioria dos Estados, muçulmanos pegos bebendo bebidas alcoólicas podem ser multados em até 3 mil ringgits (cerca de US$ 885), ser condenados a pena de prisão de até dois anos ou ambos. Muçulmanos pegos vendendo bebidas alcoólicas podem ser multados em até 5 mil ringgits e serem condenados a até três anos de cadeia.
O diretor administrativo da Carlsberg Malaysia, Sorem Holm Jensen, disse que as cervejarias tiveram que adaptar suas estratégias de marketing porque só podiam veicular publicidade em mídia impressa e no cinema, e só podiam voltar suas campanhas para não-muçulmanos. A Carlsberg, que está em segundo lugar em participação de mercado, à frente da Napex Corp., emprega mais publicidade relacionada a produto na Malásia, enquanto em outros países ela provavelmente retrataria pessoas bebendo em um contexto social, disse Jensen.
A Malásia, um país de renda média, busca se qualificar ao status de país desenvolvido até 2020. O Banco Mundial prevê que o produto interno bruto da Malásia crescerá 4,1% no próximo ano, após sofrer uma contração de 2,3% neste ano.
Com a recuperação do crescimento econômico, o único inibidor para o aumento das vendas de cerveja, segundo alguns analistas, seria um aumento do imposto sobre a venda.
Jensen disse que o imposto representa 7,40 ringgits por litro, dando à Malásia o segundo maior imposto sobre bebidas alcoólicas do mundo, atrás da Noruega.
Uma lata de 325 ml de Carlsberg geralmente custa 5 ringgits em um supermercado. O preço nos hotéis de luxo é de cerca de 20 ringgits por uma garrafa.
Em um relatório neste ano, a Euromonitor atribui um aumento nas vendas de bebidas alcoólicas na Malásia em 2008 à decisão do governo de não aumentar o imposto sobre a cerveja, somado ao aumento da renda dos consumidores e um aumento no número de mulheres bebendo cerveja.
Os analistas disseram que quando o governo teve que aumentar o imposto, como fez em 1998 e em todos os anos de 2003 a 2005, o consumo de cerveja caiu antes de se recuperar, à medida que os consumidores se adaptavam aos novos preços. Após o último aumento de imposto em 2005, as vendas de cerveja caíram para 4,8 litros por ano por pessoa, em comparação a 5,4 litros em 2004, segundo o Euromonitor.
A Guinness Anchor divulgou recentemente seu melhor desempenho em ano fiscal desde a formação da empresa há 45 anos, postando uma receita de 1,29 bilhão de ringgits e um lucro pré-impostos de 191,2 milhões de ringgits para o ano financeiro encerrado em junho.
Neste ano, o Partido Islâmico Pan-Malasiano pediu pela proibição da venda de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência na cidade de Shah Alam, de maioria muçulmana, perto de Kuala Lumpur. Apesar da proibição não ter ocorrido, um membro do partido no Parlamento por Shah Alam, Khalid Samad, disse que algumas lojas de conveniência na área decidiram voluntariamente parar de vender bebidas alcoólicas.
Siti Zubaidah Ismail, uma professora do departamento de shariah e lei da Universidade da Malásia, disse que geralmente cerca de 30 casos envolvendo consumo de álcool por muçulmanos costumam ser julgados nos tribunais a cada ano. Ela disse que pode ser difícil para as autoridades pegarem os muçulmanos consumindo álcool e que há preocupação de que o consumo de álcool possa estar aumentando entre os jovens muçulmanos.


A Malásia não é o único país muçulmano onde as vendas de bebidas alcoólicas estão aumentando, como informou o Euromonitor. A Turquia deverá presentar vendas recordes de cerveja de 1,1 bilhão de litros neste ano, em comparação a 727 milhões de litros em 2004, enquanto as vendas no Egito deverão chegar a 182 milhões de litros neste ano, em comparação a 118 milhões de litros em 2004.
Carne de porco também é proibida para os muçulmanos e não é encontrada em muitos cardápios, então Werner Kuhn abriu o El Cerdo, um restaurante em uma área popular em Kuala Lumpur, em 2005. O nome significa "o porco" em espanhol.
"É preciso dar aos clientes um motivo para virem ao seu restaurante", disse Kuhn, um chef alemão. "É preciso oferecer algo que ninguém mais oferece."




domingo, 22 de novembro de 2009

ENCONTROS DO CEO


QUINTA-FEIRA (26\11), SALA 500C, 17:00





Duas vezes por semana, o novo ministro dos serviços financeiros do Japão é forçado a realizar duas coletivas de imprensa consecutivas: uma para os membros dos clubes de imprensa exclusivos do Japão, a segunda para os demais jornalistas.
Ele faz isso porque os membros do clube de imprensa rejeitaram sua proposta de abrir as coletivas para não membros. Apesar da agência fornecer os espaços para as coletivas, o clube de imprensa exigiu que o ministro, Shizuka Kamei, realizasse a segunda conferência em uma sala diferente.
O novo governo do Japão está desafiando um dos mais poderosos grupos de interesse do país, os clubes de imprensa, um arranjo centenário ao estilo cartel, no qual os repórteres de grandes veículos de mídia são posicionados dentro dos gabinetes do governo e desfrutam de acesso constante e próximo às autoridades.
O sistema há muito é criticado como antidemocrático tanto por analistas estrangeiros quanto japoneses, que o acusam de produzir uma imprensa relativamente sem personalidade, que sente dever mais satisfação às autoridades do que ao público. Em sua aparente relutância em criticar o governo, dizem os críticos, a imprensa fracassa em servir como uma fiscalização eficaz das autoridades.

O ataque contra o acesso exclusivo que há muito desfrutam os membros dos clubes de imprensa faz parte do esforço do novo governo de acabar com os laços estreitos entre a imprensa e as autoridades, particularmente com os poderosos ministros centrais de Tóquio. O primeiro-ministro Yukio Hatoyama, cujo Partido Democrático do Japão obteve uma vitória histórica no final de agosto sobre o Partido Democrático Liberal que estava há muito tempo no poder, promete uma "grande limpeza na governança pós-guerra".
Takaaki Hattori, um professor de estudos de mídia da Universidade Rikkyo, em Tóquio, disse: "O sistema do pós-guerra tratava-se de uma troca de favores entre pessoas de dentro do sistema, incluindo a grande imprensa. A mudança de governo poderá finalmente levar a um jornalismo real, a uma democracia real". Mas as mudanças não ocorrerão sem briga, como mostra o impasse na Agência de Serviços Financeiros.
"A imprensa do Japão é fechada", Kamei se queixou recentemente para jornalistas estrangeiros. "Eles acham que são os únicos jornalistas de fato, mas estão errados."
Em uma manhã recente, o contraste entre as duas coletivas de imprensa era notável. Na primeira, para os membros do clube de imprensa, cerca de 45 jornalistas, na maioria homens trajando ternos, sentavam-se em fileiras de mesas como alunos em uma sala de aula, levantado suas mãos para fazer perguntas detalhadas sobre a política financeira. Kamei, que estava sentado em um palanque diante de uma cortina azul-cinzenta, dava respostas curtas e até censurava os repórteres por sua cobertura.


A segunda foi realizada imediatamente após no gabinete revestido com painéis de madeira de Kamei, onde ele conversou demoradamente e brincava enquanto descansava em uma grande cadeira de couro. Uma assistente forneceu café para cerca de 25 jornalistas japoneses e estrangeiros, incluindo várias mulheres e homens sem gravata, alguns carregando capacetes de ciclismo. Eles pressionaram o ministro a responder uma série de perguntas sobre questões que iam do envelhecimento da sociedade japonesa e reforma dos correios até seu choque com a grande imprensa.
Enquanto a primeira coletiva de imprensa foi realizada atrás de portas fechadas, a segunda foi postada ao vivo em um site na internet. Para demonstrar seu descontentamento por ter que realizar duas coletivas, Kamei às vezes antecipa o fim da primeira coletiva para passar mais tempo na segunda.
Yasumi Iwakami, um redator online e free-lance de uma revista, disse que Kamei tem que agir com cautela por temor de provocar uma cobertura negativa por parte da grande imprensa, que Iwakami chamou meio brincando de quarto lado do "triângulo de ferro" do Japão pós-guerra, formado pelos democratas liberais, pelos burocratas e pelas grandes corporações.
Até o momento, ele disse, os grandes órgãos de imprensa têm dedicado pouca ou nenhuma cobertura à luta contra os clubes de imprensa.
"Esta é a glasnost do Japão", disse Iwakami, referindo-se ao fim da censura sob as reformas políticas de Mikhail Gorbachov nos anos finais da União Soviética.
Durante sua carreira, Iwakami, 50 anos, disse que já foi repetidas vezes impedido de entrar em coletivas de imprensa pelos jornalistas dos clubes.
Ele disse que os dois grupos de jornalistas raramente se encontram na Agência de Serviços Financeiros, que realiza as duas coletivas de imprensa consecutivas em andares diferentes. Mas durante uma coletiva de imprensa de emergência há poucas semanas, da qual participaram os dois grupos, ele disse que os jornalistas do clube ignoraram os forasteiros, recusando-se até mesmo a responder suas saudações ou mesmo olhar para eles.
O clube de imprensa da agência fica sediado no vizinho Ministério das Finanças, apesar de também contar com sua própria sala de cubículos na agência. Em uma tarde recente, os repórteres cochilavam em sofás surrados ou digitavam artigos em fileiras estreitas de mesas de madeira, enquanto uma jovem funcionária do ministério copiava documentos para eles.
Shinji Furuta, um repórter para o jornal "Mainichi Shimbun", que recentemente ocupou o cargo rotativo de secretário-chefe do clube, disse que ele não é tão fechado quanto parece. Mesmo antes da mudança no governo, ele disse, ele permitia a não-membros participarem das coletivas de imprensa como observadores, sob um critério caso a caso, permitindo a eles até mesmo fazerem perguntas, algo que outros clubes de imprensa ainda impedem esses observadores de fazerem.



Ele também notou que o clube apresentou uma pequena abertura na última década, ao permitir o ingresso das grandes agências de notícias financeiras americanas e britânicas. Mas ele disse que o clube de imprensa deseja assegurar o não ingresso de pessoas se passando por jornalistas e a não perturbação dos procedimentos.
"E se alguém tentasse cometer suicídio ou incendiar a si mesmo em uma coletiva de imprensa? Quem assumiria a responsabilidade por isso?", perguntou Furuta.
Tetsuo Jimbo, o fundador de um órgão de imprensa online, a "Video News Network", elogiou os esforços do novo governo. Mas ele disse que a maioria das coletivas de imprensa permanece fechada para jornalistas de fora como ele. Ele notou que os democratas abriram os procedimentos em apenas quatro ministérios e grandes agências, mas não cumpriram a promessa de campanha de abrir as coletivas de imprensa do primeiro-ministro.
"Os democratas estão lutando contra direitos adquiridos que existem desde a época de seus avós", disse Jimbo.
Ainda assim, há um amplo sentimento aqui de que os clubes de imprensa no final mudarão. Muitos jornalistas japoneses mais jovens que trabalham em grandes jornais se mostram descontentes com o sistema. As autoridades japonesas também disseram que os antigos arranjos seriam difíceis de serem mantidos, já que o Japão parece finalmente estar entrando em uma era em que o poder mudará regularmente de mão entre os partidos políticos.
"Abrir as coletivas de imprensa foi mais fácil do que imaginávamos", disse Motoyuki Yufu, diretor de relações públicas da Agência de Serviços Financeiros. "Em algum momento isso tinha que acontecer."














Anoiteceu há duas horas em Mandalay, antiga capital real de Mianmar. As ruas se esvaziam. Legumes abandonados pelos mercados ambulantes espalham-se pelas calçadas, condutores de riquixá fazem suas últimas corridas. A cidade se tornou invisível. Para encontrar a Rua 39, é preciso avançar de cruzamento em cruzamento, onde lâmpadas cintilam tremulamente. É ali que vivem os Moustache Brothers. Todo mundo os conhece em Mianmar. Esses três irmãos artistas performáticos desafiam a junta militar com esquetes satíricos, abalando todos os tabus e zombando dos militares. Em plena ditadura, eles exibem uma franqueza impressionante. Isso pode lhes custar, se não a cabeça, pelo menos a liberdade. Na verdade, há vinte anos eles são perseguidos pelo governo. Ameaças, trabalho forçado, prisão. Eles nunca desistiram.
Seu esconderijo é uma pequena casa remendada cujo andar térreo serve de sala de espetáculos. Um cômodo comprido e estreito, forrado de marionetes e de fotos de Aung San Suu Kyi posando com os artistas. É proibido tirar fotos da opositora em Mianmar. "Ela veio nos visitar, e também quis testemunhar em nosso favor em um julgamento, mas ela não teve direito de ir até lá", declara Lu Maw, 59, que se tornou porta-voz do grupo graças a seu conhecimento de inglês.
Uma vez instalado o público, Lu liga seu leitor de DVD: na tela, bonzos marcham em Yangun, um monge morto jaz com a cabeça na lama, um soldado-criança mutilado lança um olhar aflito para a lente, atores americanos manifestam seu apoio à rebelião dos monges... Na sala, nem uma mosca voa, de tanto que os limites do proibido estão sendo ultrapassados.
Em setembro de 2007, os bonzos birmaneses desceram às ruas para protestar pacificamente contra o aumento dos preços da gasolina e dos transportes. De repente, a mudança parecia possível. A repressão foi ainda mais brutal, aniquilando qualquer esperança de liberdade para um povo que há cinquenta anos se submete à ditadura dos militares. "Vimos que a junta não hesita mais em atirar, mesmo nos religiosos. Houve muitos mortos, foi terrível. Hoje, ninguém mais ousa se mexer", lamenta Lu em uma entrevista. Ainda que seus espetáculos só sejam abertos aos turistas - os espiões que os observam diante da porta se certificam disso -, a popularidade dos irmãos transporta sua mensagem para bem além das paredes do pequeno teatro.
Antes, a trupe percorria o país com dançarinos, músicos e acrobatas saídos do clã familiar para animar as festas com espetáculos que misturam tradição, burlesco e sátira política. As autoridades não se preocupavam realmente com isso. "A situação se endureceu com o levante de 8.8.88", explica Lu Maw. Nesse dia de agosto, o exército abriu fogo contra manifestantes que denunciavam a situação econômica e política. De repente, o humor dos artistas não agradava mais aos militares. Em 1989, Par Par Lay, figura de proa do grupo, foi preso por quase um ano. "Nós nos tornamos mais prudentes, mas não queríamos nos deixar intimidar", declara Lu Maw.

Em 1996, Par Par Lay fez uma piada inconveniente durante uma reunião autorizada do partido de oposição de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (NLO). "Piadas sobre as panes de eletricidade, o trabalho forçado, e a falta de recursos nas escolas", ele lembra. Na sala, militares disfarçados de simpatizantes. Toda a trupe foi presa. "Eles nos espancaram, nos interrogaram, temi por minha família", ele diz. A família foi solta, mas para Par Par Lay e Lu Zaw - o terceiro irmão, hoje aposentado por questões de saúde - , o veredicto foi implacável: sete anos de trabalho forçado. "Tínhamos de quebrar pedras com barras de ferro o dia inteiro. Quando minha mulher veio me ver, ela não me reconheceu de tanto que eu tinha mudado. Um guarda teve de lhe indicar qual dos prisioneiros era seu marido", conta Par Par Lay.
Graças à Anistia Internacional, a condenação dos artistas foi reduzida para cinco anos e meio de prisão. "Ficávamos em uma cela isolada, proibidos de nos comunicar com os outros prisioneiros", continua Par Par Lay.
Quando saiu da prisão, em 2001, os militares o forçaram a assinar um documento que o comprometia a não se apresentar mais. Mas quando ele voltou para casa, uma grande festa o aguardava. "Nós atuamos durante uma semana na rua sem maquiagem nem figurino, e dizíamos: não estamos atuando, estamos mostrando como seria se atuássemos".
Desde então, os Moustache Brothers se apresentam todas as noites para os turistas. Eles exibem as correntes que Par Par Lay usava no campo de trabalhos forçados, convidam os piratas da Somália a sequestrar os militares da junta que eles oferecem como suvenir, brandem cartazes onde estão escritos os nomes dos serviços secretos do mundo inteiro, colocando um dedo sobre os lábios e sussurrando: "Há espiões por toda parte, talvez até mesmo entre vocês, caro público!" Eles satirizam o casamento da filha do número um - "um monstro que tentam disfarçar com diamantes" - com um homem "apavorado de estar lá". Contam que antes ela havia se apaixonado por um ator de televisão que preferiu deixar o país para fugir do casamento forçado. Os Moustache Brothers zombam dos dirigentes, acusando-os de viver em palácios ostentatórios financiados pelo tráfico de drogas e de armas, enquanto o povo empobrece.


"Além da repressão, os birmaneses hoje sofrem com a pobreza, e a diferença entre os ricos e os pobres se aprofundou desde que Mianmar deixou de ser socialista", lamenta Lu Maw, enquanto se troca nos bastidores. Mianmar abandonou o socialismo em 1989.
O espetáculo chega ao fim. Os turistas são convidados a se mobilizarem em seus países para defender o povo birmanês.
Lu termina com sua piada favorita: "Outro dia tive dor de dente. Fui até um dentista em Bancoc. O dentista me disse: 'Mas por que veio de tão longe para cuidar de seus dentes?' Eu respondi: 'Porque em Mianmar não temos o direito de abrir a boca'".







Os verbos chineses não possuem tempo. Eu também não.
Hilda Hist

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Trocando seus Blackberries por esfregões de limpeza e suas mansões por barracos, um grupo de jovens está deixando os indianos vidrados na TV, refletindo a luta do país contra a enorme desigualdade social.
Sunnny Sara, 28, dono de uma casa noturna em Mumbai, foi um dos destaques de um novo e popular reality show de TV chamado "The Big Switch" ("a grande troca"), em que participantes ricos passaram um mês morando numa favela para ajudar a comunidade local.
"Não havia água corrente, ar condicionado, nenhuma das amenidades aos quais eu estava acostumado. Eu senti falta do meu Blackeberry e das minhas motos", disse Sara. "Foi uma experiência que mudou minha vida."
Mais de um terço dos 1 bilhão de indianos sobrevivem com menos de um dólar por dia, segundo um relatório de 2007 da ONU, enquanto o número de milionários (em dólar) subiu quase 23 por cento no mesmo ano, o ritmo mais acelerado do mundo.
O programa estreou no final do mês passado, quase um ano depois de o premiado filme "Quem Quer Ser um Milionário", de Danny Boyle, mostrar ao mundo como é ser miserável em Mumbai, onde mais de metade dos 18 milhões de habitantes mora em favelas ou nas ruas.
"A maior parte da audiência televisiva na Índia é de classe média", disse Zarina Mehta, da UTV Bindass, que transmite "The Big Switch."
"Quando você traz as pessoas dos estratos mais ricos e as coloca com os mais pobres entre os pobres, isso dá um ótimo programa de TV. Nosso programa trata também de esperança e do fato de que você pode trabalhar para sair da pobreza", afirmou Mehta.
No programa, dez participantes ricos formam dupla com dez favelados, para desempenharem tarefas como engraxar sapatos em estações ferroviárias ou vender coisas nos semáforos.
Cada tarefa completa vale pontos. Cabe ao participante rico cumprir as tarefas e afinal conquistar o prêmio de 1 milhão de rúpias (21,6 mil dólares), que deverá servir para que seu parceiro favelado realize um sonho.
O programa, que vai até a última semana de janeiro, foi gravado em uma favela da periferia de Mumbai, habitada por pescadores. Os participantes, que também incluem um ator e uma ex-miss Índia, tiveram de viver com seus parceiros em um barraco de um só cômodo.





David Luyet, viticultor de profissão, faz parte dos cidadãos suíços que se pronunciarão pela proibição da construção de minaretes na Suíça, durante um plebiscito no dia 29 de novembro. Segundo pesquisas, 35% dos eleitores poderão dizer "sim" a essa iniciativa lançada pela União Democrática do Centro (UDC, direita populista) e pela direita evangélica, em nome de uma "recusa inequívoca" de uma "islamização da Suíça".
Luyet, ex-piloto de corridas e católico praticante, próximo dos integristas de Êcone, entrou pessoalmente na batalha. À frente do minúsculo Comitê Questão Islã, esse morador de Valais de 42 anos luta para superar a propaganda da UDC.
Em um país onde se vota várias vezes por ano, e onde a arte dos cartazes políticos provocadores é uma tradição, ele não hesitou em distorcer a foto oficial do Conselho Federal (governo). Nessa fotomontagem, os quatro conselheiros federais (ministros) homens posam de terno e gravata, enquanto as três colegas mulheres usam uma burca azul. "Paremos de esconder o rosto", diz o slogan. O cartaz que provocou protesto geral deveria ser afixado nas dez principais cidades do país. Mas em 6 de novembro a chancelaria federal em Berna o vetou, julgando que a imagem dos "sete sábios" não podia ser explorada com fins políticos. Uma nova versão foi elaborada: as três mulheres de burca azul continuam a aparecer, com uma citação apresentada como um hadith (fala) do profeta Maomé: "Uma nação que confia seus problemas a uma mulher nunca poderá ter sucesso".
A quem observar ao viticultor de Valais que a Suíça abriga hoje somente 4 minaretes em 200 locais de culto e de prece para muçulmanos, ele responde que quer agir "de maneira mais preventiva do que curativa". "Primeiro são exigências para construir minaretes, depois para fazer chamadas às orações, e finalmente para impor os princípios do islamismo em nosso país", ele se angustia, enquanto "as igrejas estão vazias".
No início de outubro, foi um dos cartazes do Comitê de Iniciativa administrado pela UDC, ainda afixado nos quatro cantos da Suíça, que criou a polêmica. Ali se vê a bandeira suíça sob minaretes e uma mulher coberta por um véu, com olhar ameaçador. Algumas cidades, entre as quais Basileia, Lausanne, Friburgo e Neuchâtel, o proibiram, julgando a mensagem discriminatória e hostil, e temendo pela paz social. Zurique e Genebra, pelo contrário, consideraram crucial preservar a liberdade de opinião pública.
A menos de três semanas da votação, o nervosismo é palpável entre os adversários da iniciativa que reúne o Conselho Federal, bem como quase todos os círculos políticos e econômicos. Na terça-feira (10), Eveline Widmer-Schlumpf, ministra da Justiça, declarou que a iniciativa anti-minaretes violava os princípios de liberdade religiosa e de não-discriminação inscritos na Constituição suíça. E que não existia problema de integração para os cerca de 400 mil muçulmanos, entre os quais 50 mil praticantes, que vivem no país. Mas há alguns dias, ela acabou por dar mais argumentos para aqueles que querem proibir os minaretes, ao se declarar pessoalmente contra o uso da burca








domingo, 8 de novembro de 2009


Esqueçamos as negras tatuagens no braço, no ombro ou no peito. O artista coreano Kim Joon usa-se do corpo todo e das mais variadas cores. E vai mais além: agrupa corpos masculinos ou femininos entrelaçados em posições sensuais sobre os quais desenha padrões contínuos que os fundem numa massa corporal única, subjugados pelo desenho e pela cor
Apesar do seu estilo denunciar um cunho vincadamente oriental, Joon não se limita aos costumeiros dragões e serpentes. Ao invés, qualquer material lhe serve como padrão pictórico, sejam motivos florais, logótipos de marcas comerciais ou comics do Superman, cujo potencial gráfico é enorme e é inteligentemente explorado pelo artista.
Obra original e, ousamos dizê-lo, profundamente humana...