quarta-feira, 18 de novembro de 2009

David Luyet, viticultor de profissão, faz parte dos cidadãos suíços que se pronunciarão pela proibição da construção de minaretes na Suíça, durante um plebiscito no dia 29 de novembro. Segundo pesquisas, 35% dos eleitores poderão dizer "sim" a essa iniciativa lançada pela União Democrática do Centro (UDC, direita populista) e pela direita evangélica, em nome de uma "recusa inequívoca" de uma "islamização da Suíça".
Luyet, ex-piloto de corridas e católico praticante, próximo dos integristas de Êcone, entrou pessoalmente na batalha. À frente do minúsculo Comitê Questão Islã, esse morador de Valais de 42 anos luta para superar a propaganda da UDC.
Em um país onde se vota várias vezes por ano, e onde a arte dos cartazes políticos provocadores é uma tradição, ele não hesitou em distorcer a foto oficial do Conselho Federal (governo). Nessa fotomontagem, os quatro conselheiros federais (ministros) homens posam de terno e gravata, enquanto as três colegas mulheres usam uma burca azul. "Paremos de esconder o rosto", diz o slogan. O cartaz que provocou protesto geral deveria ser afixado nas dez principais cidades do país. Mas em 6 de novembro a chancelaria federal em Berna o vetou, julgando que a imagem dos "sete sábios" não podia ser explorada com fins políticos. Uma nova versão foi elaborada: as três mulheres de burca azul continuam a aparecer, com uma citação apresentada como um hadith (fala) do profeta Maomé: "Uma nação que confia seus problemas a uma mulher nunca poderá ter sucesso".
A quem observar ao viticultor de Valais que a Suíça abriga hoje somente 4 minaretes em 200 locais de culto e de prece para muçulmanos, ele responde que quer agir "de maneira mais preventiva do que curativa". "Primeiro são exigências para construir minaretes, depois para fazer chamadas às orações, e finalmente para impor os princípios do islamismo em nosso país", ele se angustia, enquanto "as igrejas estão vazias".
No início de outubro, foi um dos cartazes do Comitê de Iniciativa administrado pela UDC, ainda afixado nos quatro cantos da Suíça, que criou a polêmica. Ali se vê a bandeira suíça sob minaretes e uma mulher coberta por um véu, com olhar ameaçador. Algumas cidades, entre as quais Basileia, Lausanne, Friburgo e Neuchâtel, o proibiram, julgando a mensagem discriminatória e hostil, e temendo pela paz social. Zurique e Genebra, pelo contrário, consideraram crucial preservar a liberdade de opinião pública.
A menos de três semanas da votação, o nervosismo é palpável entre os adversários da iniciativa que reúne o Conselho Federal, bem como quase todos os círculos políticos e econômicos. Na terça-feira (10), Eveline Widmer-Schlumpf, ministra da Justiça, declarou que a iniciativa anti-minaretes violava os princípios de liberdade religiosa e de não-discriminação inscritos na Constituição suíça. E que não existia problema de integração para os cerca de 400 mil muçulmanos, entre os quais 50 mil praticantes, que vivem no país. Mas há alguns dias, ela acabou por dar mais argumentos para aqueles que querem proibir os minaretes, ao se declarar pessoalmente contra o uso da burca





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