quarta-feira, 30 de janeiro de 2013








http://www.youtube.com/watch?v=PRcdr1A-cgQ







Atletas da equipe olímpica feminina do Japão divulgaram que eram maltratadas regularmente pelo treinador da equipe, que as agredia regularmente. O escândalo veio à tona após 15 jovens decidirem denunciar o comportamento de seu treinador ao Comitê Olímpico Japonês (COJ) no mês passado.
As judocas, algumas das quais participaram nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, acusaram o treinador Ryuji Sonoda de agressões e golpes com espadas de bambu, como as utilizadas no Kendo, uma modalidade de arte marcial. "Pedimos à Federação Japonesa de Judô que investigue e adote as medidas necessárias se os fatos forem confirmados", declarou nesta quarta-feira um dirigente do COJ.
O presidente da Federação de Judô, Koshi Onozawa, assegurou que Sonoda e outros treinadores admitiram os fatos e foram advertidos pela entidade. "Em setembro passado, recebemos informações sobre o fato de Sonoda ter maltratado fisicamente suas atletas. Nós o interrogamos e a veracidade das denuncias foi confirmada", informou Onozawa em coletiva de imprensa.
Os agressores foram advertidos pela Federação, mas não suspensos, e ameaçados com "sanções mais fortes se tais fatos se repetirem", completou Onozawa.
Estas informações vieram a público semanas após o suicídio de um estudante que era regularmente maltratado por seu treinador de basquete. De acordo com um relatório publicado em janeiro de 2011, quatro crianças morrem em treinos de judô a cada ano no Japão.
O Google publicou um mapa da Coreia do Norte em que podem ser identificados os campos de concentração do regime comunista, assim como um centro de pesquisa nuclear. "Durante muito tempo, a Coreia do Norte permaneceu como uma das mais amplas zonas com dados cartográficos limitados. Atualmente, estamos remediando isso", escreveu em seu blog Jayanth Mysore, diretor do Google Map Maker. O mapa do país no Google Maps foi elaborado a partir do serviço Google Map Maker e graças às contribuições de usuários, seguindo em parte o modelo da enciclopédia Wikipedia, principalmente com base de imagens de satélites. Esse mapa mostra uma vista mais detalhada de Pyongyang, com escolas, hotéis, hospitais, uma catedral, um mercado e parques de um lado e do outro do rio Taedong, que atravessa a capital. Os norte-coreanos vivem em um dos países mais isolados e censurados do mundo.

Passar fome melhora a memória, garante um estudo realizado com moscas-das-frutas (Drosophila) por um grupo de cientistas do Instituto Metropolitano de Ciências Médicas de Tóquio, no Japão. Os experimentos, realizados com dois grupos do inseto, um sem alimentação e outro devidamente alimentado, demonstrou que a fome desperta um hormônio que reduz o açúcar no organismo e ativa uma proteína no cérebro capaz de ajudar a memória, informou a emissora de televisão NHK. A equipe traça um paralelo dos resultados com os seres humanos, que contam com essa mesma proteína no cérebro. Mas eles afirmam que ainda precisam de mais tempo para tirar conclusões definitivas. Desta forma, o estudo publicado nesta sexta-feira (25) na prestigiada revista americana Science indica que o melhor horário de estudos seria o anterior às refeições. Durante os experimentos, os cientistas expuseram os dois grupos de moscas-das-frutas a um tipo de cheiro e, logo depois, a descargas elétricas. No dia seguinte, aplicaram esse mesmo odor e outro diferente de forma simultânea. O experimento determinou que 70% dos insetos que não tinham sido alimentados selecionavam diretamente o cheiro que não provocava os choques, enquanto as demais se mostravam indiferentes e incapazes de selecionar o odor sem descarga elétrica. No entanto, os cientistas apontaram que moscas-das-frutas que ficaram privadas de alimentação por mais de 20 horas demonstraram resultado inverso, ou seja, perda de memória e não conseguiam diferenciar o "cheiro do choque".

Antes de eles se casarem, em 2009, Tan Yong admitiu a Li Yan que espancava suas três ex-esposas. Ele prometeu mudar. As promessas não duraram, disse Li Dehuai, irmão de Li Yan. Logo após o casamento, Tan começou a abusar fisicamente de sua esposa. "Ele apagava cigarros no rosto e nas pernas dela. Ele segurava seu cabelo e batia a cabeça dela contra a parede. Ele a trancou na varanda por horas durante o inverno", disse Li Dehuai em entrevista por telefone de Chongqing, no sudoeste da China. O abuso se prolongou por mais de um ano. Hoje, Tan está morto: ele foi espancado até a morte por Li Yan com o cano de sua pistola de ar durante uma discussão, em novembro de 2010, e Li Dehuai tenta salvar a vida de sua irmã enquanto ela aguarda, em uma prisão na província de Sichuan, o cumprimento de sua pena de morte pelo crime de assassinato.
O caso causou revolta entre juristas e feministas chineses, para quem a condenação de Li ressalta as sentenças severas demais que geralmente são impostas às mulheres que revidam e ferem ou matam maridos abusivos. "O caso de Li Yan diz às pessoas que tragédias extremas ocorrerão caso as mulheres agredidas não consigam obter ajuda efetiva nos comitês de bairro, na federação das mulheres e na polícia", disse Feng Yuan, funcionária da Rede Contra a Violência Doméstica, sediada em Pequim. "Enquanto aqueles que detêm o poder não conseguirem fazer justiça, as mulheres abusadas encontrarão sua própria maneira de obter a justiça, de uma maneira infeliz e equivocada", disse Feng. A lei chinesa exige que o histórico de violência doméstica seja considerado em casos como esses. Li foi especialmente macabra: depois de matar o marido (crime que ela confessou inicialmente, ao pedir para um vizinho que ligasse para a polícia), ela o desmembrou e ferveu algumas partes do corpo. Se esse comportamento é difícil de desculpar, pense no seguinte, disse Feng: ela não estava em seu juízo perfeito.
"Há uma coisa chamada síndrome das mulheres abusadas, e ela tinha essa condição. Uma mulher como essa pode perder a razão e perder o controle", disse Feng, uma das centenas de pessoas que enviaram petições aos tribunais para que Li seja julgada novamente – desta vez, com a devida consideração ao abuso sofrido por ela. O abuso sofrido por Li não foi considerado em seu primeiro julgamento, o que transformou seu caso em um erro da justiça, dizem eles. Entre outras pessoas que se juntaram à causa de Li pela realização de um novo julgamento estão advogados, deputados da Assembleia Nacional Popular e pessoas que atuam na Anistia Internacional, organização que, na semana passada, emitiu uma pedido urgente para que as autoridades chinesas não executassem Li. A sentença pode ser cumprida a qualquer momento, dizem os ativistas, provavelmente antes da véspera do Ano Novo Lunar, em 9 de fevereiro próximo.
As penitenciárias femininas estão cheias de mulheres que feriram ou mataram maridos abusivos, de acordo com a Rede Contra a Violência Doméstica, que cita estudos realizados por federações de mulheres locais e por estudiosos. Elas respondem por 60% das detentas em uma prisão de Anshan, na província de Liaoning, e por 80% das mulheres que cumprem penas longas em uma prisão de Fuzhou, na província de Fujian. Em um estudo realizado por Xing Hongmei, da Universidade Feminina da China, de 121 detentas que cumpriam pena por atacar ou matar parceiros violentos em uma prisão de Sichuan, 71 foram inicialmente condenadas à prisão perpétua ou à pena de morte (às vezes, comutada, adiada ou anulada após apresentação de recurso), e outras 28 foram condenadas a penas de pelo menos 10 anos. Isso significa que mais de 80% dessas mulheres receberam as sentenças mais longas possíveis por homicídio ou lesão corporal, segundo o estudo. Antes de matar Tan, Li procurou a ajuda das autoridades do condado de Anyue, na província de Sichuan – onde eles viviam –, durante meses, disse o irmão dela. "Se bem me lembro, ela ligou para a polícia em maio de 2010, depois de uma surra, mas eles disseram que era um caso que deveria ser resolvido entre marido e mulher, e desligaram", disse ele. Então, ela foi até o comitê de seu bairro. "Eles a aconselharam a ir até a associação de mulheres. A associação de mulheres disse que ela deveria ir à polícia. A polícia lhe disse para ir ao comitê de seu bairro", e assim por diante, disse ele. "Ela foi enviada de um lugar para outro e não sabia o que fazer". Funcionários do departamento de justiça local, aos quais ela perguntou sobre a possibilidade de divórcio, lhe disseram que a menos que Tan concordasse, ela poderia ser deixada na miséria. Segundo eles, ela ficaria melhor se continuasse tolerando o abuso.
Há alguns registros da violência sofrida por Li, incluindo fotografias das lesões tiradas pela polícia e um relatório médico preenchido após tratamento hospitalar, disse o irmão de Li. Mas tanto o Tribunal de Sichuan, que a condenou, quanto o Supremo Tribunal de Pequim, que revisa todas as sentenças de pena de morte, não levaram essas evidências em consideração ao condenar Li, disse seu irmão. Na semana passada, ele e alguns ativistas disseram que o Supremo Tribunal manteve a sentença de pena de morte para Li. "Todos esperávamos que o tribunal reconhecesse a tortura que ela sofreu durante esses anos", disse ele. "Mas isso não aconteceu". "Eu sei que o que minha irmã fez foi errado, mas desde que isso aconteceu, eu estudei muitos casos de violência doméstica, e eu sei que a situação dela não é incomum", disse ele. Ele ainda não conseguiu contar a sua mãe nem à filha de Li, que tem 18 anos de idade e é fruto de um casamento anterior, que ela poderá ser executada a qualquer momento. "Eu acho que, de alguma forma, a minha sobrinha sabe", disse ele. "Mas minha mãe não conseguiria suportar a verdade". O pai deles, que morreu no ano passado, trabalhou na mesma fábrica de seda que Li e Tan, e não gostou do homem desde o início, disse o irmão de Li. "Meu pai ficou tão deprimido com a situação de Li", disse ele. "Eu acredito que ele morreu de desgosto".
Wang Haifeng gostaria de ter, pelo menos uma vez, a oportunidade de conversar com Yao Ming. Não para falar sobre esportes. Para o gigante do basquete, adorado pelos jovens chineses, esse empresário diria que ele está enganado quanto à pesca de tubarões. No vilarejo de Puqi, 500 quilômetros ao sul de Xangai, onde mais de 500 pessoas trabalham com processamento do peixe, ninguém gosta muito do engajamento do astro do basquete contra o consumo da apreciadíssima sopa de barbatana de tubarão. "Está tendo um impacto sobre nossos negócios", se irrita Wang, diretor da fábrica Haideli, que escoa mil toneladas de tubarão por ano. "Os jovens que não conhecem bem essa iguaria são dissuadidos de consumi-la, talvez para sempre". Na fábrica, o sangue é lavado com uma mangueira. As peles espalhadas pelo chão exalam um forte odor marinho. Em vários cestos, há cabeças de tubarão azul empilhadas. Colocadas sobre grades mantidas por cavaletes, milhares de barbatanas secam ao ar livre, ocupando a maior parte do pátio da fábrica. Ninguém saberia dizer desde quando esse grande vilarejo costeiro se especializou em corte de tubarão. "Bem antes da libertação da China", explica Li Weijie, presidente de uma empresa concorrente, referindo-se ao ano de 1949. Quando era jovem, os métodos eram mais básicos: "Uma faca e um saco de sal", ele lembra. Hoje, "não é mais um bom negócio", se preocupa Li. Os dois atribuem a responsabilidade a essas intervenções publicitárias nas quais apareceu o ex-jogador da NBA; uma primeira campanha em 2009, outra um ano atrás. Ali o campeão declara, com um ar sério: "Quando o consumo acabar, o massacre também acabará". "A sociedade está se voltando contra nós; é por causa de todos esses artigos na mídia", pensa Wang Haifeng. "Estão tentando fazer com que pensem que todos os tubarões são protegidos, mas é mentira!" De fato, somente três espécies de tubarões fazem parte da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Perigo de Extinção (Cites): o tubarão-baleia, o tubarão-elefante e o grande tubarão branco. Países como o Japão, a Indonésia e a China são contra o acréscimo de outras espécies a essa lista. No entanto, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), das 270 espécies avaliadas, 55% estão ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção, devido à pesca excessiva. O tubarão-martelo estaria "em risco mundialmente". No mês de março de 2010, essa espécie teria chegado perto de ser incluída na lista negra da Cites. Com 75 votos a favor e 45 contra, o tubarão-martelo não atingiu a maioria de dois terços requerida para proibir seu comércio. Logo, em Puqi, Wang Haifeng não hesita em tirar do congelador do armazém uma embalagem a vácuo contendo três fetos de tubarão-martelo, com cerca de 20 centímetros cada um, retirados do ventre de uma fêmea. Alguns metros adiante, seu concorrente conta que essa espécie é a mais apreciada pelo seu sabor. Esses empresários de Puqi se sentem abandonados pelo poder público chinês. Eles não acreditam que isso possa ser por preocupação ambiental, mas sim por simples populismo. "Nossa indústria é modesta e Yao Ming é muito respeitado, portanto o governo não nos apoia, é frustrante", lamenta o dono da fábrica Haideli. Em Puqi, eles negam comprar dos pescadores as barbatanas retiradas na costa antes de atirar o animal agonizante ao mar, prática criticada pelas associações. Os empresários dão como prova as inúmeras carcaças que recobrem o chão. Eles até negam que a prática possa existir. "Impossível, as outras partes do tubarão têm valor!", diz Li Weijie. Já Wang se gaba de não desperdiçar nada do animal: o estômago pode ser frito; da espinha dorsal se extrai o pó de cálcio; a carne é consumida na província ou exportada depois de salgada para o Sri Lanka; os dentes viram pingentes. A barbatana é a parte mais vendida. Ela representa somente 4% do corpo do animal, mas pelo menos 30% do faturamento da empresa de Li Weijie. As quantidades restritas justificam seu preço proibitivo no cardápio dos restaurantes. De cada 5 quilos brutos de barbatanas, a empresa só tira uma libra de produto final, segundo Wang. É preciso contar 1.000 yuans por quilo (cerca de R$ 320) de barbatana de tubarão azul processado pela fábrica Haideli. Nenhum dos dois acha que a população de tubarões está em declínio. "Os recursos continuarão a crescer", quer acreditar Wang Haifeng. "É isso que Yao Ming não entende, as quantidades no mar não diminuíram. Existe bastante tubarão".







http://www.guardian.co.uk/society/2013/jan/28/one-billion-rising-feminist-campaign







http://www.youtube.com/watch?v=xz6Prj3VFb8

terça-feira, 29 de janeiro de 2013







http://www.youtube.com/watch?v=KOiqTzgo7Vg




http://catracalivre.folha.uol.com.br/2013/01/universidade-de-harvard-abre-inscricoes-para-programa-de-estagio/




http://noticias.uol.com.br/album/2013/01/28/mulheres-dao-a-cara-da-primavera-arabe.htm?abrefoto=2#fotoNav=1
Folha de São Paulo  Terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Teerã prende 14 jornalistas e reaviva temor de repressão
Profissionais são acusados de cooperar com mídia estrangeira pró-oposição
País é um dos que têm mais jornalistas presos; cerco à mídia cresceu após a eleição de 2009, supostamente fraudada
SAMY ADGHIRNIDE TEERÃ
O governo do Irã prendeu no fim de semana pelo menos 14 jornalistas, entre eles um conhecido editor-chefe, sob acusação de cooperar com veículos de mídia estrangeira favoráveis à oposição.
A operação espalhou pânico no meio jornalístico iraniano. Muitos profissionais temem uma escalada repressiva no período prévio à eleição de junho, que encerrará a Presidência de Mahmoud Ahmadinejad, impedido por lei de concorrer novamente.
Agentes à paisana com mandado de prisão invadiram redações de quatro jornais, uma revista e uma agência de notícias para efetuar as capturas, que consolidam a presença do Irã entre os países com maior número de jornalistas presos (45, sem contar a ação do fim de semana).
A Folha ouviu relatos de que funcionários das redações tentaram impedir à força a prisão dos colegas, gerando tumulto e nervosismo.
Um dos detidos é Javad Daliri, editor-chefe do jornal reformista "Etemaad", que já havia sido preso por suposta colaboração com a oposição.Não estão claros a situação jurídica dos jornalistas e seu paradeiro após a captura.
Só foi divulgada pela mídia oficial a acusação de que passavam notícias a órgãos de mídia "antirrevolucionários" que divulgam informações no idioma local farsi, aparente referência à BBC Persian e à Voice of America.
As duas emissoras, financiadas por Reino Unido e EUA respectivamente, são banidas no Irã. Mas suas transmissões de rádio e TV são amplamente acessadas por parabólicas clandestinas, tornando-se a principal fonte de notícia para milhões de iranianos críticos de seu governo.
Com programação claramente antirregime, a BBC Persian e a VOA são vistas por Teerã como instrumento de propaganda para derrubar as fundações ideológicas da Revolução Islâmica de 1979.
As prisões ocorrem uma semana após o procurador-geral da república islâmica, Gholam Hossein Mohseini Ejehi, ter ameaçado punir jornalistas com ligações à "mídia estrangeira hostil".
Repórteres iranianos ouvidos pela Folha especulam que os detidos abastecessem órgãos baseados no exterior devido às restrições locais.
"A eleição está chegando e há informações importantes que não podem circular aqui. Alguns repassam a colegas no exterior", disse um deles, acrescentando que as redações da BBC Persian e da VOA são essencialmente compostas por iranianos exilados.
O Irã apertou o cerco à imprensa após a última eleição presidencial, em 2009, quando uma onda de revolta contra a reeleição supostamente fraudulenta de Ahmadinejad se alastrou pelo país.
Um dos jornalistas também enxergou possíveis motivações financeiras. "A situação econômica no Irã está péssima. Eu mesmo estou com salário atrasado. Pode ser tentador para alguns receber um dinheiro extra em dólar para repassar informações."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013




O Irã conseguiu lançar um macaco ao espaço e recuperá-lo vivo depois do pouso, disse a agência estatal de notícias Irna na segunda-feira, em um avanço para um programa espacial e de mísseis que causa alarme no Ocidente e em Israel. Não houve confirmação independente da notícia, e potências ocidentais não haviam relatado nenhum lançamento iraniano no final da semana passada.




http://obviousmag.org/archives/2007/08/feng_jiang_foto.html
Taiwan e seus 23 milhões de habitantes futuramente serão absorvidos pela China, que alega que ela é uma província separatista, por um processo de osmose econômica. É o pensamento predominante entre muitos empresários e alguns diplomatas. Ou não? E se em vez da China mudar Taiwan, Taiwan pudesse mudar a China? Taiwan tem uma arma poderosa à sua disposição: uma identidade nacional inclusiva que absorve e celebra a diferença, disse Mark Harrison, um especialista em Taiwan da Universidade da Tasmânia. "Taiwan é de fato muito importante para o futuro da China", disse Harrison. "Ela aponta o caminho para uma política de formação de identidade." Porque o que a China parece não conseguir fazer – e provavelmente permanecerá assim por muito tempo– é isto: construir uma definição amplamente atraente do que significa ser "chinês" para todos os seus vários grupos étnicos, incluindo os cada vez mais rebeldes tibetanos e uigures, e assim unir genuinamente as vozes diferentes dentro de suas fronteiras, disse Harrison. Além disso, ela não pode, por ora, mostrar ao mundo que a sociedade chinesa pode ser aberta, tolerante e democrática. Mas Taiwan pode. Essa inclusão está claramente em exposição na mídia, na cultura e academia abertas de Taiwan, mas também aqui, na cidade de Tainan, no sul, onde o Museu Nacional de Literatura Taiwanesa, com uma década de idade, celebra uma rica variedade de narrativas das culturas que compõem a história altamente diversa da ilha. Em um belo prédio com colunas datado de 1916, projetado pelo arquiteto japonês Moriyama Matsunosuke e belamente modernizado desde então, dezenas de vozes são documentadas em exposições: os indígenas austronésios ; nativos que falam taiwanês, a língua local; os colonizadores holandeses que a governaram no século 17; os chineses do final da dinastia Ming e da dinastia Qing que vieram do continente; os colonizadores japoneses; e os nacionalistas chineses que se retiraram para Taiwan em 1949, após sua derrota para os comunistas na guerra civil. Para uma antiga moradora de Pequim, a capital de um Estado que acentua uma visão rígida de identidade nacional e tenta restringir até mesmo a disseminação de suas principais línguas regionais, como o cantonês, uma visita a este museu foi empolgante. Aqui está a história de um Estado "chinês" –taiwanês, na realidade– que celebra a existência de vozes diferentes, críticas, e reconhece livremente os erros do passado, quando tentou suprimi-las. Ele até mesmo oferece algumas exposições de digrafia, uma mistura de caracteres chineses e o alfabeto latino que alguns acadêmicos, tanto chineses quanto não chineses, dizem ser importante para a modernização chinesa, mas que é rejeitada por um governo de Pequim que busca preservar a "pureza" linguística. Tudo isso oferece uma lição para a China, disse Harrison, ao enfrentar a insatisfação das populações nas vastas regiões de fronteira do Tibete e de Xinjiang. "De algum modo os chineses precisam deixar os tibetanos e uigures sentirem que são chineses, eles precisam repensar sua identidade de uma forma que torne isso possível, e eu acho que os taiwaneses mostram como pode ser feito", ele disse. "Mas o governo chinês nem mesmo começa a pensar nesses termos. Eles têm um ponto de vista colonialista: ‘Nós estamos fazendo muito por esses povos, por que não estão satisfeitos?’" "Para os chineses, ser chinês é um fato objetivo. Você não pode se tornar chinês. Você nasce chinês. Mas para os taiwaneses há a possibilidade de escolher ser taiwanês", um processo que permite diferenças culturais significativas apesar de fazer parte de uma nação, ele disse. "A atitude deles é: ‘Nós todos estamos aqui agora nesta ilha, nós temos que aprender a viver juntos, nós todos devemos ser taiwaneses’", ele disse. "É uma identidade pós-colonial. Inclusiva. Aberta." Ele a chama de voz Formosa, o nome dado pelos portugueses à ilha de Taiwan. As coisas nem sempre foram assim aqui. Por décadas após 1949, os nacionalistas, que se agarraram às suas raízes da China continental, governaram com mão de ferro. Mas o processo de formação da identidade está fermentando sob a superfície. Ele ganhou força após a suspensão da lei marcial em 1987 e nos últimos 20 anos está em marcha acelerada. Certamente, acrescentou Harrison, "ainda há muitas outras vozes a serem realmente ouvidas, incluindo a dos trabalhadores imigrantes e estrangeiros. Mas está sendo moldada." Ninguém espera que a China comece a ouvir Taiwan tão cedo. Após tentar ameaças militares para intimidar a ilha a aceitar a reunificação, na última década sob o presidente Hu Jintao, a China tem oferecido incentivos financeiros e aumentou o comércio para encorajar a reunificação, apelidada por alguns de diplomacia "hongbao", uma referência ao hábito chinês de dar pacotes vermelhos com dinheiro em ocasiões especiais, como casamentos. Mas não é impossível que, algum dia, a China se veja com problemas tão sérios, tentando manter unido um Estado baseado nas fronteiras da última dinastia imperial e negociando interesses díspares em seu interior, a ponto de começar a olhar para Taiwan em busca de algumas respostas. "O que Taiwan diz é que não há nada imutável em ser chinês, e há muitas outras formas de pensar sobre ser chinês além do nacionalismo da República Popular da China", disse o dr. Harrison. Esse modelo poderá futuramente convencer as minorias étnicas de que são realmente membros iguais do Estado chinês. Se o Estado estiver ouvindo.

sábado, 26 de janeiro de 2013


Mais dois homens foram mortos no Egito ontem, na nova onda de violência que começou nos últimos dias e já deixou ao menos 52 mortos. As mortes de ontem ocorreram em Port Said, a 200 km da capital, e no Cairo, onde a vítima aparentemente não tinha ligação com protestos. Em três cidades, manifestantes desafiaram o toque de recolher imposto pelo governo do presidente islamita Mohamed Mursi. Em Port Said, Ismailia e Suez, o toque de recolher das 21h às 6h foi ignorado logo na primeira noite de sua vigência.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


Durante 20 anos, a transexual Aviva, 48, trabalhou nas ruas do bairro comercial desta cidade mediterrânea. Alona, 40, veio com seus pais da Ucrânia para Israel no início da década de 1990. Sua situação degenerou-se rapidamente após ela deixar de trabalhar em um cassino para viver da prostituição. "Eu esqueci muitas coisas, incluindo como cuidar de mim mesma e me amar", disse Alona. Agora, as duas concluíram um curso gratuito de estilismo e varejo de moda e, junto com outras ex-prostitutas que tiveram treinamento semelhante em criação de roupas e costura, pretendem trabalhar no mundo da moda. Sempre há demanda por vendedoras nas movimentadas lojas de Tel Aviv, e uma mulher formada em um desses cursos entrou em uma escola de design profissional com uma bolsa de estudos. A fundadora do programa, Lilach Tzur Ben-Moshe, trabalhava como redatora e editora de moda em um importante site de notícias em hebraico e como voluntária no centro municipal de assistência a vítimas de estupro, quando, há quatro anos, foi morar no decadente bairro de Shapira, perto da estação rodoviária central. O cenário degradante de seu novo bairro a despertou para todo o sofrimento envolvido na indústria do sexo, e ela resolveu ajudar as mulheres a se libertarem disso. "Eu não queria apenas atender telefonemas em um centro de apoio", afirmou. "Queria oferecer algo mais otimista e mais belo, o oposto daquele mundo terrível da prostituição". Ativistas contra a prostituição dizem que essa indústria movimenta mais de US$ 500 milhões por ano. Israel, cuja população é de cerca de 8 milhões de pessoas, tem entre 15 mil e 20 mil prostitutas. Embora agenciá-las e ter um bordel sejam atividades ilegais no país, a prostituição não é crime em Israel. Até poucos anos atrás, Israel era um destino preferencial de traficantes de mulheres. Calcula-se que, a cada ano, 3.000 mulheres eram trazidas, principalmente do Leste Europeu, para trabalhar na indústria do sexo. No entanto, segundo o Relatório sobre Tráfico de Pessoas divulgado em 2012 pelo Departamento de Estado dos EUA, esse número caiu desde que Israel aprovou uma lei contra o tráfico humano em 2006. Na época da mudança de Tzur Ben-Moshe para Shapira, foi inaugurado nas redondezas o Saleet, o primeiro albergue de Israel para mulheres que queriam deixar a prostituição e estavam em reabilitação. Tzur Ben-Moshe montou o primeiro curso com Ido Recanati, um estilista local, oferecendo às mulheres do albergue treinamento em modelagem, em tecidos e em costura. Em seguida, passou a atuar com Stern Levi, que trabalhara por 20 anos no centro de assistência a vítimas de estupro. Ambos formaram a associação Virando as Mesas [Turning the Tables] e são diretores do programa, cujas aulas semanais se estendem por meses. Para Tzur Ben-Moshe, tais iniciativas são "nossa pequena contribuição para mostrar que há uma saída". Aviva veio com sua família da Índia para Israel em 1979 e, ainda homem, fez o serviçomilitar obrigatório. Posteriormente, Aviva fez a transição para se tornar mulher, mas não conseguiu achar trabalho. A solução foi cair na prostituição. Após concluir o curso de moda, ela espera ter um emprego como costureira. Alona ouviu falar do albergue após visitar um apartamento de emergência mantido por ele perto da estação rodoviária, no qual as prostitutas de rua podiam tomar banho e descansar. Ela disse que queria se tornar estilista em uma loja de roupas e havia lido bastante sobre impérios de moda como o de Coco Chanel. "É uma vida nova", disse.

Quando uma mulher de 78 anos se matou em agosto bebendo pesticida na frente de uma prefeitura, sua história chamou a atenção para um problema que até recentemente fora abafado: na Coreia do Sul, onde o respeito pelos mais velhos é um dos esteios da ordem social, idosos estão cometendo suicídio em um ritmo alarmante. A mulher, uma viúva que vivia sozinha, recebia uma pensão do Estado até julho, quando o governo municipal soube que seu cunhado há muito tempo desempregado havia encontrado um emprego em um estaleiro. As autoridades ignoraram seus apelos de que ela não podia mais pagar o aluguel, citando regulamentos que negam benefícios a pessoas cujos filhos adultos são considerados capazes de sustentá-las. "Como vocês podem fazer isso comigo?", dizia o bilhete que ela deixou, segundo a polícia. "A lei deve servir às pessoas, mas não me protegeu." Uma estatística envergonha os sul-coreanos: o índice de suicídios no país -medido para cada 100 mil pessoas- é o mais alto entre os membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Ele aumentou de 13,6, em 2001, para 31,2, em 2010. Mas ainda mais perturbador é o índice de suicídios entre os sul-coreanos maiores de 65 anos. No mesmo período, ele inchou de 35,5 para 81,9. A tendência é resultado da ruptura do tradicional contrato social da época de Confúcio, no qual os mais velhos podem contar com o respeito e o apoio de seus filhos e netos. Como um investimento nos cuidados que receberiam na velhice, os coreanos hoje idosos se dedicaram obsessivamente à educação e ao sucesso profissional dos filhos. "Os filhos eram tudo o que eles tinham para o futuro -para tratamentos de saúde, apoio financeiro e uma vida confortável na velhice", disse Park Jiyoung, professora de assistência social na Universidade Sangji, em Wonju. Mas a transição da sociedade coreana de agrícola para industrial espalhou a geração mais jovem para as cidades ou para o exterior, dissolvendo a base de apoio familiar de forma mais rápida do que a criação de uma rede de segurança financiada pelo Estado. O sistema nacional de aposentadorias só começou em 1988, por isso muitas pessoas hoje na faixa de 80 anos não tiveram oportunidade de aderir. O programa de assistência social do governo continua baseado no princípio de que cuidar dos idosos é responsabilidade das famílias. Mas a vida dos próprios filhos ficou mais precária, especialmente desde a crise financeira asiática dos anos 1990. O número de idosos que vivem sozinhos mais que duplicou desde 2000.
"Os velhos sentem-se traídos ou pensam que são um peso para seus filhos, principalmente os que têm doenças crônicas cujas contas médicas os filhos lutam para pagar", disse Park. "Sua crença na família como uma entidade com um destino comum os leva a afastar-se dela, removendo o peso." Kim Sungwhan, diretor do distrito de Nowon, em Seul, foi um dos primeiros administradores a abordar a crise dos suicídios. Ele treinou cerca de mil voluntários para reconhecer sinais de advertência e conectar idosos com tendências suicidas aos serviços sociais. Kim Man-jeom, 73, foi uma dessas pessoas. Depois da morte de seu marido, no ano passado, ela caiu em depressão. Ficou decepcionada porque seus filhos não a convidaram para morar com eles, mas também temia tornar-se um fardo para a família. "Quando vi uma gravata, pensei em me enforcar", disse. A população da Coreia do Sul está envelhecendo mais depressa do que a de outros países desenvolvidos. Sociólogos dizem que o baixo índice de nascimentos deriva da relutância dos jovens casais a imitar seus pais e gastar suas economias na educação dos filhos, deixando pouco para sua velhice. "Nossa sociedade deu ênfase à eficiência econômica ao custo da condição humana", diz Kim.

domingo, 20 de janeiro de 2013

http://www.nolayout.com/digital-library/


















http://artsy.net/?dns_source=art.sy











http://www.lesinrocks.com/2013/01/20/actualite/syriart-des-artistes-se-mobilisent-pour-la-syrie-11343542/
Um programador de software dos EUA teve uma ideia: se milhares de empresas pelo mundo lucram buscando na Ásia serviços feitos por funcionários com piores salários, por que ele não poderia fazer o mesmo com o próprio emprego?
Trabalhando em casa, "Programador Bob", o codinome do funcionário, contatou um colega em uma consultoria da cidade chinesa de Shenyang, certificou-se de que ele poderia fazer seu trabalho e combinou pagá-lo mensalmente menos de um quinto de seu salário.
O resto do tempo Bob dedicava ao que quisesse, incluindo horas assistindo a vídeos no YouTube e surfando na internet em sites como Reddit e eBay.
O programador só foi descoberto -e demitido- porque a empresa para que trabalhava contratou a gigante de telecomunicações Verizon para apurar suspeitas de que seus sistemas estavam invadidos por hackers da China.
"O código para que ele entrasse no sistema mostrava Bob conectado na China, quando o empregado estava bem aqui, sentado na sua mesa", disse Andrew Valentine, investigador-sênior da Verizon que trabalhou no caso.
"O próprio empregado foi à central para as investigações, porque suas credenciais haviam sido usadas para iniciar e manter uma conexão privada à distância a partir da China", disse Valentine, citado pela BBC Brasil.
Segundo Valentine, o empregado era "inofensivo e calado", mas também um programador talentoso capaz em várias linguagens de programação.
Segundo as investigações, há evidências de que Bob fazia isso com várias empresas -e pagava US$ 50 mil aos chineses anualmente.
"Se é OK para a Apple [produtora de Iphones e Ipads] e outras firmas, você se pergunta, por que não é para o Programador Bob? Fina questão retórica", ironizou o jornal britânico "The Telegraph".
Para o jornal, em tempos de crise na Europa e nos EUA, Bob está sendo visto como mais um produto melancólico do vazio da crescente estagnação contemporânea.

domingo, 13 de janeiro de 2013


Folha de São Paulo
Domingo, 13 de janeiro de 2013
Operação antigay
Com a bênção dos aiatolás, governo do Irã incentiva e subsidia cirurgias de mudança de sexo em nome de manter o país 'livre do homossexualismo'

Fotos Maryam Rahmanian
Mahsa (esq.), ao lado de sua parceira, Ahura, em cafeteria de Teerã; os dois querem fazer operação para mudar de sexo
Mahsa (esq.), ao lado de sua parceira, Ahura, em cafeteria de Teerã; os dois querem fazer operação para mudar de sexo
SAMY ADGHIRNIDE TEERÃ
Quando criança, Sara preferia jogar futebol com os meninos a brincar de boneca. Mocinha, ela passou a sofrer todo dia por ter que usar véu e roupas femininas.
Hoje com 17 anos, Sara diz ter certeza de que nasceu com o sexo errado. Se conseguir convencer as autoridades, ela ganhará permissão e subsídio para ser operada e adotar uma nova identidade, com nome masculino.
A República Islâmica do Irã abençoa e incentiva operações de troca de sexo, em nome de uma política que considera todo cidadão não heterossexual como espírito nascido no corpo errado.
Com ao menos 50 cirurgias por ano, o país é recordista mundial em mudança de sexo, após a Tailândia.
Oficialmente, gays não existem no país. Ficou famosa a frase do presidente Mahmoud Ahmadinejad dita a uma plateia de estudantes nos EUA em 2007, de que "não há homossexuais no Irã". A homossexualidade nem consta da lei. Mas sodomia é passível de execução.
Já transexuais, aos olhos dessa mesma lei, são heterossexuais vítimas de uma doença curável mediante cirurgia.
Essa visão partiu do próprio fundador da república islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini, que emitiu em 1984 um decreto tornando o procedimento lícito.
Khomeini comoveu-se com o caso de Feyreddun Molkara, um devoto xiita que o convencera de que era mulher presa em corpo de homem.
A bênção aos transexuais continuou após a morte de Khomeini, em 1989, apesar da objeção de alguns clérigos.
Prevaleceu a corrente que defende a mudança de sexo como prova de que o islã xiita, dominante no Irã, capta melhor a mensagem divina.
"Sunitas dizem que é mexer com a criação divina. [...] Mas ninguém está mudando o atributo na natureza criada por Deus. O humano continua humano", escreveu o clérigo Mohammad Mehdi Kariminia, simpatizante dos transexuais. "Trata-se apenas de sintonizar corpo e mente."
SUBSÍDIO
No início dos anos 2000, o Estado passou a subsidiar um terço do valor total das operações, que variam entre US$ 8 mil e US$ 10 mil.
A adolescente Sara quer candidatar-se a esse benefício. Ela deu o primeiro passo rumo ao sonho de virar homem numa manhã recente, ao apresentar-se de tênis e calça baggy numa clínica de Teerã credenciada para atender transexuais.
Nervosa e agitada na sala de espera, ela não quis falar com a Folha. A avó, que a criou desde a separação dos pais, a acompanhava.
"Ela nunca rezou, mas fez promessa de cumprir com as orações para o resto da vida, caso consiga ser operada", disse a avó, após Sara entrar na sala do cirurgião Bahram Mir-Jalili, pioneiro no Irã.
Formado na França, Mir-Jalili afirma que candidatos à operação passam por reiteradas sessões com médico, psicólogo e psiquiatra antes da elaboração de um parecer.
"O processo leva meses até descartar casos como esquizofrenia e selecionar apenas pessoas com transtorno profundo de identidade de gênero", diz o médico. Ele avalia em 40 mil o número de transexuais iranianos, diagnosticados ou não.
À comprovação clínica sucede o trâmite jurídico. Se declarada transexual, Sara deverá apresentar-se a um juiz, que validará ou não o parecer, após nova avaliação por médicos legistas.
Confirmado o laudo, ela poderá acionar a Organização do Bem-Estar Social, que administra os subsídios.
"O regime tem muitos problemas, mas é inegável que a assistência social funciona bem", afirma Mir-Jalili, que diz ter feito 320 mudanças de sexo nos últimos dez anos.
Um dos casos mais recentes operados pelo médico é o de uma professora de primário de 34 anos que de agora em diante se chama Daniel.
Ainda em observação após a retirada dos seios e colocação de prótese peniana, Daniel espera com ansiedade a emissão da nova identidade.
Mas teme voltar para a cidade de interior onde vive. "Meu pai e irmãos não sabem da cirurgia, só contei para a minha mãe e uma irmã."
Daniel afirma que continuará usando véu na escola em que trabalha enquanto espera ser removido para outra cidade, onde pretende começar do zero a vida como homem, ao lado da namorada.
PRECONCEITO
O preconceito é queixa unânime dos transexuais no Irã. Roya, 34, não conseguiu emprego desde que tornou-se mulher, há quatro anos.
"Só poderei trabalhar num lugar em que ninguém desconfie do meu passado", diz a transexual, que voltou a ter voz masculina após interromper o tratamento com hormônios devido às graves perturbações de humor.
Outra transexual chamada Roya, loira artificial de 27 anos carregada de batom rosa choque, diz não precisar trabalhar, pois o marido ganha bem. Mas diz sofrer assédio dos policiais toda vez que é levada para a delegacia.
"Quando percebem que sou transexual, me oferecem dinheiro por sexo. Uma vez o delegado quis transar comigo mesmo sabendo que meu marido me esperava lá fora."
Todos os transexuais iranianos ouvidos pela Folha, incluindo os que se disseram muçulmanos devotos, relataram problemas com a família. "Rezo todo dia para minha mãe me aceitar e para conseguir o dinheiro da operação", emociona-se Mahsa, 25, que vive no limbo dos transexuais clinicamente reconhecidos, mas sem condições de arcar com a cirurgia.
Mahsa namora Ahura, 18, na mesma situação. Ele já se considera mulher e anda na parte feminina dos transportes públicos. Ahura não usa véu e tem pelo no rosto de tanto injetar testosterona.
"Há sempre alguém insultando Mahsa quando andamos na rua. Queria partir para cima, mas não tenho força de homem", diz Ahura, cuja mãe acaba de recuar da decisão de pagar sua cirurgia.
Após várias tentativas de suicídio, Mahsa e Ahura vivem de favor na casa de amigos. Juram não ter vida sexual. "De que jeito? Não reconhecemos nossos órgãos sexuais. Só ficaremos à vontade depois de operados", diz Mahsa. Ela deseja ter uma vagina criada a partir de um pedaço de intestino, conforme técnica do doutor Mir-Jalili.
Já Ahura quer um formato de pênis que privilegie a sensibilidade em detrimento da forma. Mas o casal foi alertado por amigos sobre a má qualidade das operações iranianas. "Passei por três cirurgias para corrigir a primeira", diz Roya, a solteira.
Uma transexual operada confidenciou um sentimento amplamente compartilhado em silêncio: "Não teria mutilado meu corpo se a sociedade tivesse me aceitado do jeito que eu nasci".



Autoridades chinesas pediram aos habitantes de Pequim, principalmente idosos e crianças, que permanecessem em suas casas após o nível de poluição do ar na capital atingir níveis alarmantes. Estima-se que o ar de Pequim tenha chegado ao seu pior estado de qualidade desde que medições começaram a ser feitas, no ano passado. O órgão municipal responsável por fazer esse monitoramento anunciou que a situação continuará preocupante nos próximos três dias. Segundo especialistas, a alta poluição chinesa deve-se a sua rápida industrialização, ao uso excessivo de carvão, ao crescimento explosivo da compra de carros e ao desrespeito às leis ambientais. No inverno, a situação do ar piora devido às necessidades de aquecimento. Em Pequim, as autoridades culparam a neblina e a falta de vento pela alta concentração de poluentes atmosféricos. Ao menos 46 pessoas morreram, entre elas 27 adultos e 19 crianças, após um deslizamento de terra ocorrer na província de Yunan, sudoeste da China, informou a agência oficial "Xinhua". As causas do acidente, que destruiu as casas de 16 famílias na aldeia Gaopo, na comarca Zhenxiong, ainda não foram esclarecidas. O porta-voz do governo de Zhenxiong, Wu Liang, disse que esse tipo de desastre natural ocorre ocasionalmente na região, propensa a terremotos e fortes chuvas. Por outro lado, os moradores da área assinalaram que a exploração desenfreada do carvão na região pode ter originado o deslizamento, já que esse tipo de indústria produz erosão no solo e desestabiliza as encostas. A denúncia recebeu uma rápida resposta de um oficial do governo da comarca, Xiong Changkai, que assegurou que o desmoronamento não tem qualquer relação com a exploração carvoeira: "Temos um sistema de prevenção de deslizamentos. Desta vez foi um acidente". Mais de mil agentes de socorro trabalharam no local do acidente.