terça-feira, 16 de setembro de 2014


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A empresa Renley Watch ajudou o sudeste da China a desbancar a Suíça como polo da produção de relógios.
Agora, porém, a Renley, assim como muitas fábricas de relógios, está cogitando uma mudança para o interior dol país.
Funcionários públicos em Chongqing, no oeste chinês, estiveram recentemente com executivos do setor relojoeiro e ofereceram um pacote atraente para que eles transfiram suas fábricas para lá, disse Stanley Lau, executivo da Renley. Os incentivos incluíam terrenos com grandes descontos, inspeções ambientais mais brandas e salários mais baixos.
Quando alguns executivos manifestaram preocupação com os custos da mudança, a resposta foi imediata. "O governo de Chongqing afirma que não há razão para preocupações, pois paga os custos da mudança das fábricas para cá", afirmou Lau, acrescentando que pelo menos dez fábricas de relógios já se preparam para mudar.
Tais reuniões são cada vez mais comuns, à medida que a economia chinesa passa por uma desaceleração gradual. Com a queda nos investimentos estrangeiros, Províncias no interior estão competindo entre si para atrair indústrias domésticas, oferecendo-lhes incentivos financeiros e fazendo concessões em áreas cruciais como o controle ambiental.
Governos de Províncias costeiras argumentam que as empresas devem decidir onde instalar suas fábricas com base em critérios econômicos como a qualidade dos portos e das rodovias.
"Acho que os governos não devem dar dinheiro para as empresas se transferirem", opinou Li Chunhong, formulador de políticas econômicas na Província de Guangdong, no sudeste do país.
Essa Província foi a primeira da China a adotar o capitalismo no final dos anos 1970 e rivaliza com Xangai como um dos principais polos de exportação do país.
Dezenas de milhões de operários de toda a China foram trabalhar nas fábricas em Guangdong, que tem se destacado nacionalmente no combate à poluição por obrigar as fábricas a instalar novos equipamentos, a ficar longe de aglomerados populacionais ou até a encerrar suas atividades.
Atualmente, Guangdong está perdendo empregos de baixa remuneração para Províncias do interior. Os trabalhadores braçais são escassos na China e seus salários estão aumentando, pois o nível de escolaridade quintuplicou na última década e poucos estudantes que se formam querem trabalhar em fábricas.
Na busca por empregos, muitos migrantes escapam de viagens de ônibus e trem de até 30 horas até as Províncias costeiras, pois encontram trabalho perto de casa. Isso deixa as fábricas, sobretudo em Guangdong, desesperadas por pessoas que possam trabalhar em linhas de montagem.
Novas rotas ferroviárias do oeste da China para a Europa, assim como aeroportos com terminais de carga no interior do país, possibilitam despachar produtos de fábricas no interior diretamente para mercados estrangeiros, sem depender dos gigantescos portos de Guangdong e Xangai.
O processo de sedução começa pelos salários mais baixos. Embora a remuneração esteja em alta, ainda não assustam as empresas interessadas. Chongqing também tem terrenos em abundância.
A cidade cobra um terço a menos do que Dongguan, na Província de Guangdong, e os terrenos são próximos a grandes estradas e distritos comerciais.
Dongguan tem uma ocupação urbana tão densa que os únicos distritos novos ficam a várias horas de distância por estrada.
O controle ambiental é uma das questões mais delicadas. Lau disse que Chongqing exige que as fábricas instalem equipamentos para reduzir a poluição e adotem certos procedimentos, mas são feitas poucas vistorias para atestar o cumprimento das exigências.
Quatro agências municipais de Chongqing se negaram a fazer comentários sobre suas atividades.
A Renley Watch ainda não decidiu se vai se mudar. Este ano Chongqing ofereceu 2 milhões de yuanes (R$ 747.500) para cobrir as despesas de mudança para as primeiras 20 fábricas de relógios que se instalarem na cidade.
No entanto, um fator pode ser decisivo para que fábricas como a de Lau fiquem em Guangdong.
"Se nos mudarmos para Chongqing, será que meus assistentes e técnicos virão conosco?", indagou. "Temos de levar isso em consideração."

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