domingo, 14 de agosto de 2011

Moad Arqoub, um estudante de graduação palestino, estava navegando na internet outro dia e encontrou um site que o surpreendeu e o atraiu. Era a página do Facebook onde israelenses, palestinos e outros árabes conversam sobre tudo ao mesmo tempo: as perspectivas de paz, é claro, mas também futebol, fotografia e música.
"Eu aderi imediatamente, pois neste momento, sem um processo de paz e com israelenses e palestinos fisicamente separados, é realmente importante interagir sem barreiras", disse Arqoub, sentado em um café ao ar livre nesta cidade palestina.
Faz quase dois anos que líderes israelenses e palestinos deixaram de negociar o futuro dos seus povos. Mas a página do Facebook surpreendeu os envolvidos pelo entusiasmo que provocou, sugerindo que as revoluções conduzidas através do Facebook na Tunísia e no Egito também podem oferecer orientação para esforços de coexistência.
Chamado Facebook.com/yalaYL, o site, criado por um ex-diplomata israelense e claramente ligado a Israel, teve 91 mil visitas em seu primeiro mês. Dos seus 22.500 usuários ativos, 60% são árabes -na maioria, palestinos, seguidos de egípcios, jordanianos, tunisianos, marroquinos, libaneses e sauditas.
"A comunicação hoje é na internet -sexo, guerra, negócios-, por que não a paz?", perguntou Uri Savir, presidente do Centro Peres para a Paz e fundador do site. Savir foi um negociador da paz para Israel nos anos 1990.
"Hoje, não temos líderes corajosos em nenhum dos lados, por isso estou recorrendo a uma nova geração, a geração do Facebook e da Praça Tahrir", disse Savir, 58.
O YL no nome do site significa "young leaders" (jovens líderes). "Yala" significa "vamos" em árabe. Savir disse que vê a página como um lugar onde a próxima geração de inovadores regionais pode se encontrar. A página recebeu mensagens de Shimon Peres, o presidente de Israel, e Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, assim como de Tony Blair, o ex-primeiro-ministro britânico, que serve como enviado internacional dos palestinos.
No site, árabes e israelenses falam abertamente sobre seu desejo de saber mais uns sobre os outros.
"Esse é o meu primeiro contato com israelenses", disse Lyth Sharif, um estudante palestino de 18 anos na Universidade Birzeit, na Cisjordânia. "Faz com que eu compreenda a diferença entre Israel e ocupação."
Hamze Awawde, estudante de 21 anos aqui em Ramallah, disse que recebeu pedidos de amizade no Yala de Marrocos e do Egito. "Eu perguntei a um egípcio por que ele tinha me contatado e por que estava participando disso, e ele disse: 'Depois da revolução, tudo é permitido. Eu quero ver como são os israelenses'."
Nimrod Ben Ze'ev, um estudante de 25 anos de estudos do Oriente Médio na Universidade de Tel Aviv, disse que grande parte da interação no site ainda é estranha, mas ele é otimista.
"O que é ótimo é que as discussões não são mediadas -somos pessoas de 15 a 30 anos conversando", ele disse. "Não falamos sobre uma solução de dois Estados ou de um Estado, mas sobre ser jovem em Israel ou na Palestina. Obviamente, nossas experiências são muito diferentes, mas temos uma frustração comum sobre as grandes potências que nos restringem. Isso é mútuo."

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