sexta-feira, 28 de setembro de 2012


O Irã apertou o cerco à internet ao bloquear ontem o site de busca Google e seu serviço de e-mail gratuito Gmail sob pretexto de retaliar a divulgação do trailer anti-islã filmado nos EUA que gerou revoltas em países islâmicos.
O corte havia sido anunciado na véspera pelo governo, que também confirma planos de criar uma internet nacional possivelmente isolada da rede mundial.
"Atendendo a pedidos do povo, Google e Gmail serão bloqueados em todo o país até nova ordem", disse à mídia estatal no domingo Abdolsamad Khoramabadi, assessor do órgão que regula e censura a internet.
Agências de notícias iranianas afirmaram que a medida é uma represália pela recusa do Google em retirar do seu site de vídeos, o YouTube, o filme "Inocência dos Muçulmanos", que satiriza o profeta Maomé.
Apesar da alegação de que a censura atende uma demanda popular, houve poucos protestos no país. Boa parte dos iranianos não estava interessada na polêmica.
Não está claro por quanto tempo os sites ficarão bloqueados, mas especula-se que a medida seja temporária.
Enquanto o bloqueio vigorar, internautas iranianos continuarão navegando livremente graças a programas antifiltros que permitem acessar todos os sites vetados. Em fevereiro, o governo conseguiu anular os programas antifiltros. O bloqueio geral, que durou três dias, foi amplamente visto como alerta de que os engenheiros do governo são mais poderosos que os da sociedade.
Teerã alega que o Ocidente usa a internet para fomentar a dissidência e minar as fundações da República Islâmica, além de frear o programa nuclear com vírus informáticos devastadores.
Nesse contexto, o regime disse no domingo ter implementado a primeira fase de uma internet nacional, segura e moralmente lícita.
"Nos últimos dias, todas as agências e escritórios governamentais foram conectados à rede nacional", disse Ali Hakim-Javadi, vice-ministro das Comunicações.
A segunda fase, segundo ele, conectará os cidadãos à rede, que deve operar plenamente em meados de 2013.
Alguns setores, inclusive dentro do governo, pressionam para que a rede nacional seja complementar, mas não corte a internet global. 

Nenhum comentário: