quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ver imagem em tamanho grandeKim Chae-young frequenta um curso extracurricular cinco vezes por semana, até tarde da noite. Mas, ao contrário da maioria dos jovens sul-coreanos que passam horas em escolas especiais para reforçar as aulas de inglês ou de matemática, ela estuda passos de dança e músicas animadas.
"Quero me tornar um ícone do k-pop [ou pop coreano], como o Psy", disse Chae-young, 13, referindo-se ao rapper sul-coreano do viral "Gangnam Style". "Todas as horas que eu passo aqui são meu investimento para esse sonho."
Há quatro anos, ela treina passos de hip-hop na Def Dance Skool, em Seul, que está entre as milhares de escolas do tipo na Coreia do Sul. Mesmo as escolas particulares tradicionais de música e dança -mais acostumadas a ensinarem balé- alteraram seus currículos para torná-los mais pop.
Elas estão atendendo a uma crescente demanda. Numa pesquisa feita no ano passado pelo Instituto Coreano de Educação Vocacional e Treinamento, a carreira artística, junto com o magistério e a medicina, eram as escolhas mais populares dos alunos como futuras profissões -algo muito distante de uma era mais tradicional, em que o trabalho como artista era considerado ocupação inferior. Agora, a música pop é uma das mais disputadas carreiras universitárias, sob o nome de "música prática".
"Há 11 anos, quando criei esta escola, os pais achavam que só adolescentes delinquentes vinham para cá", disse Yang Sun-kyu, que dirige a Def Dance Skool. "A atitude dos pais mudou."
Isso se deve, em grande parte, à ampliação das oportunidades de carreira. A golfista Se Ri Pak dominou a temporada da Associação de Golfe Profissional Feminino, e a patinadora Kim Yu-na conquistou o ouro olímpico. Aí apareceu Park Jae-sang, mais conhecido como Psy, mostrando em "Gangnam Style" uma dança esquisita e uma letra que ironizava a rígida estrutura social da Coreia do Sul.
A Def Dance Skool, que em 2006 tinha cerca de 400 alunos, hoje tem mil. Quase metade deles está tentando entrar para alguma das principais agências sul-coreanas de k-pop, que recrutam e treinam jovens talentos para colocá-los em bandas adolescentes.
Alguns desses grupos, como Girls' Generation, Super Junior e Big Bang, produzem clipes que geram milhões de acessos no YouTube. Fãs de toda a Ásia e de outros lugares viajam à Coreia do Sul para participar de lançamentos de álbuns, shows e premiações envolvendo seus ídolos.
O faturamento das três principais agências sul-coreanas de k-pop -SM Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment- saltaram de 106,6 bilhões de wons em 2009 para 362,9 bilhões (US$ 326 milhões).
"Na minha época, empenhar-se nos estudos era tudo, mas agora há outras opções", disse a dona de casa Lee Byeong-hwa, 48, cuja filha Kim En-jae, 11, sonha em fazer carreira como estrela do k-pop.
Num dia recente, Lee e En-jae estavam sentadas entre milhares de jovens num ginásio de Incheon, a oeste de Seul. Elas estavam entre os 2 milhões de aspirantes a participar do "Superstar K", a versão sul-coreana do "American Idol".
Woo Ji-won, 18, tentava pelo terceiro ano. "Meus colegas estão ralando para passar no vestibular", disse ela. "Mas eu vou a um curso de k-pop sete noites por semana. Depois de chegar em casa, passo horas estudando vídeos do k-pop no YouTube."
Críticos dizem que a Coreia do Sul tem produzido apresentações sem imaginação. Hong Dae-kwang, quarto colocado no "Superstar K" do ano passado, partilha dessa opinião, mas disse que a febre do k-pop ajudou a mudar sua vida. Ele, que antes dividia um apartamento de um quarto, entregava pizzas e se apresentava nas ruas, agora participa de um programa de rádio, mora em um apartamento de três dormitórios e tem um agente.

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