sábado, 15 de novembro de 2014


http://hdwallpapers1080p.net/wp-content/uploads/2014/03/3d-race.jpg

Os casamentos no Irã há muito são assunto suntuoso, com as famílias gastando milhares de dólares para celebrar uma união. Mas agora alguns casais estão esbanjando seu dinheiro em uma forma diferente de celebração nupcial: as festas de divórcio.
Veículos locais de mídia e blogs fervilham há meses com notícias sobre essas celebrações, que são precedidas de convites sarcásticos e comemoradas com bolos engraçados para os casais que se separam. O fenômeno se tornou tão comum em Teerã e outras grandes cidades que um importante religioso caracterizou os promotores dessas festas de "satânicos".
Essas celebrações sinalizam uma tendência inegável: o divórcio está em alta no Irã. Desde 2006, o total cresceu mais de 150%, e agora 20% dos casamentos acabam.
Nos dois primeiros meses do ano pelo calendário iraniano (do final de março ao final de maio), mais de 21 mil divórcios foram registrados, segundo estatísticas oficiais.
Essa alta no número de casais que optam pela separação irritou os conservadores do Irã, que veem a alta nos divórcios como afronta aos valores da República Islâmica.
No mês passado, Mustafa Pour Mohammadi, líder religioso e atual ministro da Justiça, disse que ter 14 milhões de casos de divórcio no Judiciário "não é digno de um sistema islâmico", de acordo com a Agência de Notícias dos Estudantes Iranianos.
Algumas das causas de divórcio no Irã, como em muitos outros países, incluem problemas econômicos, adultério, vício em drogas ou abusos físicos. Mas o aumento no número de divórcios aponta para uma mudança mais fundamental na sociedade iraniana, dizem especialistas.
"Houve grande crescimento do individualismo no Irã, especialmente entre as mulheres. Elas estão com melhor educação e ganharam poder financeiro", diz Hamid Reza Jalaipour, sociólogo da Universidade de Teerã.
"Antes, uma mulher se casava e tinha de se conformar. Agora, se não estiver feliz, se separa. Não é mais um tabu."
Mãe de uma adolescente, uma mulher de 41 anos formada em química e diretora de relações públicas em uma fábrica de Teerã disse ter se divorciado porque seu marido era viciado e a agredia.
Foram precisos quatro anos para lidar com a burocracia do governo. "Eles não gostam de divórcios que venham do lado da mulher", disse sob condição de anonimato. Mas no ano transcorrido desde o divórcio, disse estar no "paraíso".

Nenhum comentário: