segunda-feira, 13 de julho de 2015


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Kim Cheol-woong sentou-se em seu piano em 2001 para praticar uma música que estava planejando tocar quando ele pedisse sua namorada em casamento. Eles se conheciam desde que tinham oito anos; começaram a tocar piano juntos.
Era uma balada, A Comme Amour, de Richard Clayderman. Normalmente, o risco de tocá-la é que talvez não agrade a quem não goste de melodias excessivamente açucaradas. Mas na Coreia do Norte, o perigo de tocar essa música, ainda que seja dentro de sua própria casa, é bem maior.
Alguém ouviu Kim tocando a canção francesa e o denunciou para o Departamento de Segurança.
"Eu não tinha me dado conta de que tocar uma música banida podia ser algo tão perigoso", disse Kim. "Onde você ouviu essa música pela primeira vez? Quem a ensinou?", questionaram agentes do governo, em um interrogatório que durou horas.
O pianista explicou que aprendeu a canção quando estudava na Rússia e que ele havia a decorado, para tocar para sua namorada quando ele voltasse para casa.
Seu talento como pianista foi identificado muito cedo e logo após sua graduação em uma universidade de elite em Pyongyang, ele foi enviado para estudar em um conservatório famoso em Moscou.
Nos cafés da Rússia, ele ouviu jazz pela primeira vez - e ficou encantado.
O governo ordenou que ele enviasse um pedido de desculpas de 10 páginas por tocar o tipo errado de música - o que o deixou chocado.
Ele disse que pelo fato de pertencer a uma família poderosa, foi poupado de punições. Mas conta que a experiência o fez pensar profundamente sobre o tipo de país onde ele vivia.
"Em Moscou, muita gente criticava a Coreia do Norte, mas eu me sentia mais patriota do que nunca. Pensava 'não importa o que eles dizem, não vou me preocupar, vou apenas fazer o meu melhor, ser leal e servir meu país com minha música'", disse.
"Mas eu comecei a perceber que teria de sacrificar muitas coisas para viver como um pianista na Coreia do Norte, e eu me senti desiludido. Passei três anos em agonia, tentando decidir se eu deveria ou não fugir do meu país."
No fim, ele decidiu fugir. Apesar de se preocupar com sua família, ele acreditava que eles apoiariam sua decisão.
E então ele deixou um bilhete para a namorada: "Não espere por mim". E partiu sem se despedir.
"Não havia como falar com ninguém sobre minha fuga. Eu tentei atravessar o rio Tumen para chegar à China."
Carregando US$ 2 mil, ele chegou ao rio no meio da noite. "Estava com muito medo e quando comecei a atravessar, um policial me apontou uma arma e disse: 'Mãos para cima'. "
"Então eu ergui minhas mãos e me lembrei do dinheiro. Dei tudo para ele, e ele me ajudou a atravessar até a China."
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