"O Japão não pode permitir que as futuras gerações, que não têm nada a
ver com a guerra, sejam predestinadas a pedir desculpasNo 70º
aniversário do fim da guerra, expresso meu sentimento de condolência
eternaShinzo Abeprimeiro-ministro do Japão
O premiê do Japão, Shinzo Abe, expressou nesta sexta (14) "condolências
eternas" às vítimas da Segunda Guerra em seu país e no exterior, mas
disse que futuras gerações "não devem ser predestinadas" a pedir
desculpas pelo passado militar do país.
Abe falou durante ato que lembrou o 70º aniversário da rendição japonesa.
"O Japão reiterou muitas vezes seu sentimento de remorso profundo e suas
desculpas sinceras por seus atos na guerra", afirmou. "As posturas
expressadas pelos governos precedentes permanecerão inabaláveis no
futuro."
Ressaltando que 80% dos habitantes do país nasceram após a guerra, Abe
disse que "o Japão não pode permitir que as futuras gerações, que não
têm nada a ver com a guerra, sejam predestinadas a pedir desculpas",
disse Abe.
Aliado da Alemanha nazista na guerra, o Japão rendeu-se em 15 de agosto
de 1945 após os EUA lançarem duas bombas atômicas sobre o país, nas
cidades de Hiroshima e Nagasaki.
VIZINHOS
O discurso desta sexta era muito aguardado pelos vizinhos do Japão,
especialmente a China e a Coreia do Sul, que sofreram com o militarismo e
a expansão imperial do país entre 1910 e 1945.
"Nós gravamos em nossos corações as histórias de sofrimento dos povos da
Ásia, (...) como Indonésia, Filipinas, Taiwan, República da Coreia e
China, entre outros", disse o premiê. "No 70º aniversário do fim da
guerra (...), expresso meu sentimento de pena profunda e minha
condolência eterna e sincera."
Desde o fim da guerra, a Constituição japonesa tem um caráter pacifista.
Mas o governo de Abe tem apresentado medidas no sentido de
remilitarizar o país e buscar uma posição mais ativa na área de Defesa
nacional, o que tem provocado protestos.
No discurso, Abe afirmou que o Japão permanecerá pacífico, mas fez
críticas veladas às atividades da China em águas disputadas na região.
Os dois países asiáticos reivindicam soberania sobre o território
marítimo em torno de ilhas desabitadas chamadas de Diaoyu pelos chineses
e Senkaku pelos japoneses.
Abe disse, por fim, que o Japão jamais poderá repetir a devastação da guerra, dizendo que aquelas mortes deixam-no em luto.
"A história é dura. O que foi feito não pode ser desfeito", afirmou.
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