terça-feira, 20 de outubro de 2015


Nova rota da seda China amplia caminhos para comércio exterior

"Os paióis grãos de todas as cidades estão repletos de reservas, e os cofres cheios de tesouros e ouro em valor de trilhões", escreveu Sima Qian, historiador chinês do século 1 a.C. "Há tanto dinheiro que os cordões usados para manter moedas unidas apodrecem e se quebram, uma quantia inimaginável. Os paióis de grãos da capital estão tão cheios que os grãos se espalham pelas ruas, apodrecem e não podem ser comidos".
Ele estava descrevendo os lendários superavits da dinastia Han, uma era caracterizada pela primeira expansão chinesa rumo ao oeste e sul, e pelo estabelecimento de rotas comerciais que mais tarde se tornariam conhecidas como "Rota da Seda", que se estendiam de Xi'an, a capital chinesa do período, a Roma.
Passado um milênio ou dois, a conversa sobre expansão volta a surgir, em um período de alta dos superavits chineses. Não há cordões para organizar os US$ 4 trilhões em reservas do país —as mais altas do planeta— e além de silos repletos de alimentos a China também tem superavits de imóveis, cimento e aço. 
Especialista em políticas econômicas globais, o economista afirma que a queda recente das Bolsas chinesas e a desvalorização cambial "mal conduzida" mostram que as autoridades chinesas superestimaram seu grau de controle sobre a economia.
"O Brasil, o beneficiário mais proeminente da ascensão chinesa, também foi o mais prejudicado pelo enfraquecimento subsequente. Com o impasse político impedindo redução significativa do deficit, o país subitamente vê a dinâmica de sua dívida em trajetória explosiva."
Frieda afirma que a única saída para evitar um agravamento da economia brasileira é que as contas correntes se ajustem o suficiente para lidar com saídas de capital anormalmente grandes.
"A única solução é uma forte desvalorização cambial e aperto monetário que, em primeira instância, exacerbará a pressão pela redução do endividamento e o prejuízo com transações de crédito."
Para isso, seria importante que a China se recuperasse por meio de "um forte estímulo fiscal do governo central orientado ao consumo e não à infraestrutura e reformas no mecanismo de intermediação de crédito e na previdência social", consideradas politicamente difíceis.
"A pressão por desvalorização do yuan é um efeito colateral dos erros cometidos nas políticas do passado. Permitir que essa pressão escape (...) causará uma onda de deflação no planeta."

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