segunda-feira, 18 de julho de 2011

Talvez poucas coisas sejam tão estigmatizadas e carregada de conceitos — e preconceitos — como um corpo nu. Mas o nu não precisa necessariamente estar carregado de significados para ser belo – ou contemplativo.
Nada mais natural ou simples que o corpo sem roupas, que são muito mais um disfarce do corpo que uma identidade — ou individualidade. No entanto, e talvez justamente por isso, nada mais difícil de ser aceito — ou compreendido — como o corpo assim, desnudo e sem vergonha. Mas estar nu é, também, um destino inevitável do ser humano.
“Eu acho mágico morar em Brasília”. Kazuo Okubo, fotógrafo e publicitário, parece ser daquelas almas cosmopolitas que não perdem a capacidade de criar apego. É um apaixonado por Brasília e o seu céu. Há os que dizem que Brasília é assim, um lugar de predestinados. Talvez seja verdade e Kazuo Okubo seja mesmo um predestinado da vida.
Nascido em Brasília, quando pequeno seu pai abriu um cine foto. E um dia, por esses acasos — ou quem sabe coisas do destino —, Kazuo Okubo resolveu se aventurar a atender um cliente quando seu pai estava fora em uma pescaria. Daí começou sua experiência com fotografia.
E sabe-se lá por que motivos ou razões do destino — ou seriam do coração? —, seu trabalho voltado à publicidade começou a rumar para a fotografia artística. Logo estaria a fotografar pessoas desavergonhadamente sem roupa. Sim, porque mesmo em nosso momento mais sozinho, em frente ao espelho do quarto, o nosso primeiro olhar ao corpo desnudo é sempre o mais crítico. Desejamos uma perfeição que — quase sempre — não corresponde ao reflexo do espelho. É quando maldizemos o nosso destino e sentimos vergonha de nossa nudez.
Mas sem ocultar as imperfeições — serão mesmo imperfeições? — do corpo assim tão despido, Kazuo Okubo fotografa a delicadeza ingênua da nudez, em uma das infinitas possibilidades de beleza do corpo humano. Desavergonhadamente, fotógrafo e fotografados — artista e seu trabalho — parecem se divertir com a nudez. Afinal, é preciso também se despir de culpas, críticas e pecados.
Essa é a sensação ao observar o trabalho de Kazuo Okubo: uma sensualidade suave e quase que inocente, dessas que ousam desvelar o corpo como algo muito natural — e naturalmente belo, descaradamente belo.
Coisas desses predestinados que insistem em enxergar mágica no meio da arquitetura de concreto. Mas estar nu é um destino inevitável do ser humano. Fatalidades — ou brincadeiras — desse destino arteiro, ou artista.

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