segunda-feira, 17 de agosto de 2015


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Nas últimas semanas, o rabino Stuart Weinblatt tem sido procurado por membros de sua sinagoga, nos arredores da capital americana, com uma preocupação bem mais terrena que as habituais dúvidas espirituais: o acordo nuclear com o Irã.
"Alguns chegam com lágrimas nos olhos", DIZ Weinblatt, um proeminente líder da comunidade judaica de Washington. "O temor é real".
A preocupação com os riscos à segurança de Israel é compartilhada por uma parcela considerável da comunidade judaica americana. Mas muitos de seus integrantes apoiam a iniciativa, por confiarem na tese do presidente Barack Obama de que ela neutraliza o potencial iraniano de produzir armas nucleares e reduz a ameaça a Israel.
As diferenças de opinião se transformaram em uma batalha midiática movida a milhões de dólares entre os principais lobbies pró-Israel dos EUA, com o objetivo de convencer o público e membros do Congresso, onde o acordo será votado em setembro.
Na última quinta (6), o time do "não" ganhou um aliado de peso. O senador democrata Chuck Schumer, considerado o político judeu mais influente do Congresso, declarou que não apenas votará contra o acordo, mas se esforçará para persuadir seus colegas do partido governista a fazerem, o mesmo.
A decisão, explicou Schumer em um longo comunicado, foi tomada após leitura cuidadosa do acordo alcançado em julho entre Irã e o grupo P5+1, formado por EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha.
Embora o governo americano tenha lançado uma cruzada de relações públicas para defender o trato, para o senador os argumentos do lobby contrário foram mais convincentes: o sistema de inspeções é insuficiente, o fim das sanções econômicas ajudará o Irã a financiar atividades terroristas e, em dez anos, o país estará livre para desenvolver armas atômicas.
"O risco de que o Irã não se tornará moderado e usará o acordo para alcançar seus objetivos nefastos é grande demais", afirmou Schumer.
A decisão foi uma das maiores vitórias do principal lobby pró-Israel dos EUA, o Comitê Americano-Israelense para Assuntos Públicos (Aipac, na sigla em inglês).
Determinado a torpedear o acordo no Congresso e desacreditá-lo ante o público, o Aipac investirá de US$ 20 milhões a US$ 40 milhões numa campanha que inclui anúncios na TV e palestras.
O foco, segundo o jornal "Washington Post" são as áreas onde há forte presença judaica e os congressistas democratas judeus, vistos como fiéis da balança na votação do acordo. Será uma tarefa difícil: para barrar um veto presidencial à eventual reprovação do pacto no Congresso, são necessários ao menos 44 votos democratas na Câmara e 13 no Senado. 
Obama, no entanto, não quer correr nenhum risco de ver uma das maiores conquistas em política externa de seu governo ser derrotada.
A conversa com aliados na semana passada, incluindo outro grupo pró-Israel, J Street, o presidente pediu para que não baixem a guarda. "O lobby do outro lado é feroz e implacável", disse.
Criado em 2009, ano em que Obama tomou posse, o J Street se espelha na tradição da esquerda israelense de que a paz com os vizinho é a melhor forma de garantir a segurança de Israel.
Embora tenha muito menos recursos financeiros que o Aipac, o grupo também lançou sua campanha sobre o acordo com o Irã, travando um duelo nas páginas de jornais e canais de TV que exacerbou as diferenças entre os principais lobbies judaicos.
O racha transcende a política, diz Greg Rosenbaum, presidente do Conselho Nacional Judaico Democrata, ligado ao partido de Obama.
"Passamos do ponto de ter um debate civilizado, [a disputa] agora é quase fratricida", disse ele a jornalistas israelenses. "Já não sei se podemos reparar o estrago."

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