sábado, 10 de outubro de 2015


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As empresas americanas de tecnologia querem desesperadamente conquistar pessoas como Rakesh Padachuri e sua família.
Padachuri, dono de uma construtora, usa seu smartphone para comprar ingressos de cinema pelo BookMyShow e para pedir pizzas da rede Domino’s. Sua mulher, Vasavi, encomenda roupas da Myntra e da Amazon.com. Sua cunhada Sonika gosta de publicar selfies no Facebook e acompanha no YouTube a comediante indo-canadense Lilly Singh.
Todos eles se mantêm em contato pelo WhatsApp, serviço gratuito de mensagens que pertence ao Facebook. “Não há necessidade de ligarmos uns para os outros”, disse Padachuri. Mal há necessidade, aliás, de sair de casa, já que mantimentos, bolos de aniversário e até um cabeleireiro podem ser trazidos por aplicativo.
O amor da família Padachuri pela tecnologia ajuda a explicar por que a Índia e os seus 1,25 bilhão de habitantes se tornaram a mais atrativa oportunidade de crescimento —a nova China— para empresas de internet dos EUA.
“Elas estão olhando para a Índia e pensando: ‘Há cinco anos, era a China, e eu provavelmente perdi o trem por lá. Agora eu tenho uma chance de conseguir’”, disse Punit Soni, ex-executivo do Google que recentemente foi atraído de volta à Índia para se tornar diretor de produto da Flipkart, start-up de comércio eletrônico com sede em Bangalore.
Dois anos atrás, a ascensão da Índia como nação digital era difícil de imaginar. A penetração da internet era modesta, as redes de telefonia celular eram exasperantemente lentas e os smartphones eram exceção.
Desde 2013, no entanto, o número de usuários de smartphones disparou na Índia, devendo chegar a 168 milhões neste ano, segundo estimativas da empresa de pesquisas eMarketer, que prevê um total de 277 milhões de usuários da internet no país.
A Índia já realiza mais buscas via celular no Google do que qualquer outro país, com exceção dos EUA. No entanto, “mal começamos a arranhar a superfície da disponibilidade da internet para as massas”, disse Amit Singhal, vice-presidente-sênior de buscas do Google, que emigrou da Índia para os EUA há 25 anos.
Os indianos sempre adoraram a internet, sendo responsáveis por grande parte do crescimento inicial de redes sociais como o Friendster. Portanto, não surpreende que o Facebook já tenha 132 milhões de usuários indianos, ficando atrás apenas dos EUA.
Como parte de uma ampla iniciativa chamada internet.org, o Facebook também está colaborando com uma operadora de celular local para oferecer um pacote de serviços gratuitos, incluindo notícias, listas de empregos e versões do Messenger e do próprio Facebook apenas com textos, para quem não tem condições de pagar um plano de dados.
Embora o faturamento por enquanto seja pequeno, as empresas da internet dizem que estão mirando no longo prazo, concentrando-se em trazer cada vez mais pessoas para a rede com a intenção de lucrar mais tarde.
O Google, por exemplo, quer que 500 milhões de indianos estejam on-line até 2017. A maioria desses recém-chegados usará telefones com o sistema operacional Android, do Google, que responde pela maior parte do mercado indiano de smartphones. Isso permitirá que o Google exponha esses usuários a outros serviços seus, como o YouTube, assim como a anúncios.
O esforço para levar mais indianos à internet, porém, obriga as empresas de tecnologia a rever premissas fundamentais. Apenas um em cada seis indianos sabe inglês o suficiente para navegar num site nesse idioma, mas há poucos sites em hindi e nas outras 21 línguas oficiais da Índia.
Para lidar com as deficiências nas conexões de dados na Índia, o Google está comprimindo sites em seus servidores para que usem 80% menos dados, o que permite que sejam carregados quatro vezes mais rápido.
É claro que nada disso importa para quem jamais usou a internet. Para alcançar esse contingente, o Google formou uma parceria com a Intel e com uma instituição beneficente local para enviar tutoras que ensinem rudimentos tecnológicos a mulheres em milhares de aldeias rurais.
A imaturidade do mercado de internet permite que empresas como o Twitter, que tem apenas 20 milhões de usuários no país, tratem a Índia como um laboratório. “É um mercado onde podemos fazer testes”, disse Pathak Amiya, diretor de gestão de produto do Twitter. “A gente experimenta primeiro na Índia. Se dá certo, levamos para outros mercados.”

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